quinta-feira, 5 de outubro de 2017

COMO É CALCULADO O ÍNDICE DE INFLAÇÃO?

Esta reflexão ocorreu-me pela leitura dum excelente artigo de Charles Hugh Smith, intitulado «tenha cuidado sobre o que deseja». Com efeito, no supracitado artigo demonstra que o índice de inflação para os EUA está completamente dissociado da realidade. Os valores descontam toda uma série de factores de aumento de preço em produtos diversos. Por exemplo, novos carros vêm com melhorias ao nível de sistemas de segurança e de vários acessórios, sendo benefícios reais e como tal contabilizados nesse sistema de avaliação de preços, mas realmente trata-se de um cálculo artificioso, pois pura e simplesmente o comprador do carro novo não tem a opção - em muitos casos - de comprar o tal novo modelo, mas por menos uns 10 mil dólares e sem os tais benefícios que estavam ausentes na série anterior. Esse mesmo fenómeno é geral e notório em equipamentos electrónicos e computadores. Os que calculam os preços descontam sistematicamente a parte no preço que eles estimam ser devida a inovações incorporadas no novo produto, por comparação com o anterior. Os casos mais escandalosos são os dos custos da saúde e dos estudos. Como se estes factores não tivessem uma incidência elevada nas despesas das famílias. Dirão que o fenómeno é mais preocupante num país como os EUA, onde a saúde é cara, essencialmente entregue a companhias de seguros privadas, onde as universidades também são privadas e cobram somas abismais para um ensino nem sempre de grande qualidade. Sim, é verdade. Mas na Europa e em Portugal, as mesmas coisas ocorrem, os mesmos aumentos para os mesmos serviços, com a única diferença que, neste país,  muito mais pobre que aquilo que se costuma pensar quando se invoca «a Europa», um número impressionante de pessoas não tem sequer real acesso a saúde de qualidade e o número dos que frequentam o ensino até ao nível de licenciatura ou mais é muito menor, do que nos restantes países do «espaço euro». 

O valor da inflação em Portugal é uma construção dos governos e administrações, um fraco reflexo, ou mesmo uma completa ficção, daquilo que os portugueses comuns experimentam no dia a dia. Porém, este «índice» estabelece uma série de valores de aumentos, desde as pensões até aos ordenados da função pública. É com base neste índice que são calculados os aumentos das rendas de casa, ou as prestações sociais. 
Por causa deste número fictício e completamente manipulado, o próprio PIB é calculado usando como índice «deflator», um valor muito menor do que deveria ser, permitindo exibir uma ligeira progressão, quando, na verdade, o país se encontra em depressão há vários anos a esta parte.  

A tabela abaixo, retirado desta página, mostra como as inflações mensais são tão erráticas, o que não deixa de colocar várias interrogações. 

Tabelas - IPC Portugal actuais e histórico

IPC PT últimos meses

 períodoinflação
 agosto 20171,136 %
 julho 20170,902 %
 junho 20170,909 %
 maio 20171,451 %
 abril 20171,979 %
 março 20171,370 %
 fevereiro 20171,553 %
 janeiro 20171,331 %
 dezembro 20160,878 %
 novembro 20160,575 %

IPC PT últimos anos

 períodoinflação
 agosto 20171,136 %
 agosto 20160,724 %
 agosto 20150,658 %
 agosto 2014-0,359 %
 agosto 20130,153 %
 agosto 20123,077 %
 agosto 20112,906 %
 agosto 20101,980 %
 agosto 2009-1,330 %
 agosto 20083,015 %

Outros números de inflação

 países/regiõesinflaçãoperíodo
 IHPC DE1,789 %agosto 2017
 IHPC BE1,998 %agosto 2017
 IHPC EUR1,497 %agosto 2017
 IHPC FR0,993 %agosto 2017
 IHPC NL1,500 %agosto 2017
 IPC BE2,009 %setembro 2017
 IPC US1,939 %agosto 2017
 IPC NL1,400 %agosto 2017
 IPC JP0,602 %agosto 2017
 IPC RU3,293 %agosto 2017


A primeira das quais é saber se, sendo o país largamente importador, que efeito terão as oscilações doutras divisas e das suas cotações, relativamente ao euro. Verifica-se, se colocarmos em paralelo uma tabela com cotações do euro em dólares, em libras ou noutras moedas, que existe um maior aumento da inflação quando o euro em sido mais forte em relação a todas as moedas com as quais Portugal faz comércio frequente (ver valores de Agosto de 2017, em que a cotação do euro atingiu um máximo em relação ao dólar). Isto é bastante insólito. 
A segunda interrogação incide sobre as oscilações importantes de inflação de um mês para o outro: não sabemos se os cálculos contemplam a existência, ou não, de fatores corretivos devidos à sazonalidade de certas despesas (por exemplo, gabardinas em Agosto ou artigos de praia em Dezembro). A terceira interrogação e talvez a mais importante é a que tem a ver com a ausência completa de referências sobre os critérios e procedimentos estatísticos utilizados. 
Provavelmente, uma pessoa muito interessada, poderá pedir ao INE (Instituo Nacional de Estatística) algumas informações sobre os critérios usados para cálculo do índice de inflação. Mas, a imensa maioria contenta-se em aceitar o «dado» de que a «inflação de Agosto de 2017 foi de 1,136%» coisa que é impossível de validar ou de invalidar. É decretada assim, sendo todos os cálculos (pelo menos os oficiais) baseados nestes dados numéricos. 
Daqui decorrem duas consequências importantes: como estes dados estão geralmente fora da realidade e enviesados no sentido de diminuírem o valor real da inflação, as pessoas vão perdendo poder de compra, vão sentindo cada vez maior aperto  mas não sabem ao certo o que se passa. Têm a sensação vaga do seu ordenado ou pensão valer cada vez menos, mas sem - porém - poderem relacionar com os dados mais gerais da situação económica. 
Outra consequência: as pessoas podem ouvir que a situação do país está a melhorar e que - por azar - elas estão pior, mas que a situação das pessoas terá melhorado, em média. Satisfaz portanto o papel de propaganda discreta do governo e de contenção das despesas do mesmo, em relação a obrigações do Estado, desde pensões e prestações sociais, até aos ordenados dos funcionários. 

De facto, estes números são tão falsos em relação à realidade económica das famílias e das empresas - do país em geral - como eram os dados estatísticos do bloco soviético, na era da guerra fria (nos anos 50 a 80 do século passado). 
O facto de economistas e investigadores se basearem em dados completamente falseados mostra até que ponto a economia não é uma ciência, mas apenas um discurso feito à medida das necessidades de justificar este ou aquele discurso de poder, como esclareci em detalhe aqui.

A nossa capacidade em tomar decisões acertadas, quer ao nível pessoal, quer ao nível de empresas, está completamente dependente da nossa capacidade em avaliar com justeza a dinâmica da situação económica, seja a um nível global, regional ou nacional. Se tais instrumentos forem escamoteados ou falseados, é inevitável que as pessoas cometam erros de avaliação, tanto maiores quanto mais forte for a sua crença na propaganda disfarçada em «factos económicos», produzida pelas agências governamentais  ou afins.

O cálculo dos índices de inflação, é - em resumo - uma enorme trapaça, servida pelos governos, para enganar as pessoas comuns, os «servos da gleba» modernos.


quarta-feira, 4 de outubro de 2017

SEMENTES DE DESTRUIÇÃO (OGM) F. W. ENGDAHL

Nesta conferência F. W. Engdahl dá uma série de razões que demonstram que os Rockefeller e outros se dedicaram a concretizar projectos de eugenia e de redução programada da população (malthusianismo).
É assustador porque é absolutamente não demagógico, só factos, muito documentado.


terça-feira, 3 de outubro de 2017

DE CADA VEZ QUE OCORRE UM MASSACRE...

SEJA NOS EUA, SEJA ONDE FOR, AQUILO QUE ACONTECE É QUE PESSOAS INOCENTES  são cobardemente massacradas.

Mas, para além da tragédia humana, deveríamos ter um espírito crítico, pois essas ocorrências são muito suspeitas: 
- Um atirador isolado consegue atirar a matar para uma multidão, a meio quilómetro de distância, durante esses fatídicos 10 minutos, de um 32º andar de um hotel? 
- Um homem sem antecedentes criminais de qualquer espécie,  comete um  crime assim premeditado? 
- Escolhe um sítio com o qual está bastante familiarizado, parece que ele era um jogador frequente em Las Vegas? 
- Apesar das câmaras de vigilância que há no hotel em causa, consegue transportar 10 armas de fogo para o quarto?

A lista de interrogações é muito maior do que os dados biográficos que são veiculados a conta-gotas por uma média cúmplice de todo este Carnaval sangrento, pois esconde a realidade dos factos. A começar pela enorme inverosimilhança de um indivíduo de 64 anos, sem quaisquer antecedentes se lembrar (?) de fazer uma coisa destas. Uma das coisas elementares numa investigação policial é o motivo do crime. 
Claro que - convenientemente - o (suposto) autor da matança se suicidou, dizem eles, antes de a polícia ter arrombado a porta do quarto do hotel. 

Mas e se as coisas não tivessem sido exatamente assim? E se o homem tivesse sido morto quando um grupo de atiradores irrompeu no quarto e só então começou  tiroteio causando os mortos no concerto, lá em baixo? Como profissionais, eles podem muito bem ter planeado a sua saída do local, sem dar nas vistas... 
Uma das coisas mais chocantes é que nestes casos todos, o que efetuou o crime nunca sobrevive, morre sempre de suicídio ou pelas balas da polícia. Não há portanto lugar a julgamento, com a possibilidade do acusado falar «demais», de dizer algo inconveniente sobre cumplicidades insuspeitas, para ficar registado num processo e julgamento. 

A grotesca farsa de atribuir às armas o papel que cabe aos indivíduos, mesmo admitindo que estes «patsys» sejam, eles próprios, os que premiram o gatilho, deixa-me sempre com o sentimento de que se trata de montagens, de formas que o Estado e os seus lacaios têm de desviar a atenção do público: Não são as facas... responsáveis pelos crimes causados com facas; porque motivo seriam as armas de fogo responsáveis por isso, afinal? 

Na verdade, a sociedade americana é uma sociedade psicopática. Os doentes mentais estão muito pior tratados, que noutros países «ocidentais». É frequente serem medicados com psicofármacos e depois deixados a eles próprios, sem qualquer acompanhamento. Muitos, deixam subitamente de tomar medicamentos, substâncias psicotrópicas, causando uma psicose induzida pela retirada da substância. Estas drogas medicamentosas têm semelhanças - ao nível dos mecanismos de ação - com «droga», no sentido vulgar do termo: causam adição e síndrome de privação.
  
Quer seja a alucinação de um psicopata cujo tratamento foi interrompido, ou uma montagem policial (e/ou de agências ao serviço do Estado profundo), o certo é que estes banhos de sangue têm sido regulares, causados por cidadãos dos EUA, sem ligação conhecida com redes terroristas de qualquer espécie.

Afinal, estes casos acontecem com imensa frequência nos EUA, mas em mais nenhum outro país do mundo: num país como o Iraque, por exemplo, as mortes são causadas por atentados terroristas, com motivação política, ao fim e ao cabo. 

Existem muitos países do mundo em que o número de cidadãos que possuem armas e andam com elas é ainda maior que nos EUA. Por exemplo, na Colômbia ocorrem mortes frequentes, mas causadas por ajustes de contas, relacionados com o tráfico de droga. Nunca são massacres completamente destituídos de motivação aparente, como se verifica nos EUA. 

De facto, este país violento trata de modo violento, não apenas os povos que submete, como cidadãos dos EUA que não estão de acordo ou incomodam o Estado profundo. Há uma cultura de violência política e social entrincheirada na cultura americana, que não é de agora. Basta pensar nos assassinatos de presidentes, políticos, sindicalistas, líderes cívicos e religiosos, pessoas comuns perseguidas e imoladas por causa de sua etnia ou posições políticas (ou ambas). 


segunda-feira, 2 de outubro de 2017

RICHARD WAGNER Wesendonck Lieder - Traüme

Oiçamos primeiro uma versão de Traüme,  com Jonas Kaufmann e a Orquestra da Ópera de Berlim.

                       


Aqui abaixo, uma interpretação por Jessye Norman, do ciclo completo das cinco peças.

                                

Estas célebres peças dedicadas a Mathilde Wesendonck foram escritas por Wagner sobre poemas da mesma Mathilde, esposa de um dos patronos de Wagner.
Parece que o compositor se apaixonou pela esposa do rico comerciante de sedas Otto Wesendonck. Ao certo, não se sabe se conseguiu consumar os seus intentos. 
Ele escreveu uma carta, que foi interceptada por Minna, esposa de Wagner. 
De qualquer maneira, o ciclo de Lieder sobre poemas de Mathilde é um ponto alto do reportório romântico.


Träume

Sag, welch wunderbare Träume
Halten meinen Sinn umfangen,
Daß sie nicht wie leere Schäume
Sind in ödes Nichts vergangen?

Träume, die in jeder Stunde,
Jedem Tage schöner blühn,
Und mit ihrer Himmelskunde
Selig durchs Gemüte ziehn!

Träume, die wie hehre Strahlen
In die Seele sich versenken,
Dort ein ewig Bild zu malen:
Allvergessen, Eingedenken!

Träume, wie wenn Frühlingssonne
Aus dem Schnee die Blüten küßt,
Daß zu nie geahnter Wonne
Sie der neue Tag begrüßt,

Daß sie wachsen, daß sie blühen,
Träumend spenden ihren Duft,
Sanft an deiner Brust verglühen,
Und dann sinken in die Gruft.


5. Lied der "Wesendoncklieder", vertont von Richard Wagner (1813-1883)
Text: Mathilde Wesendonck, geb. Luckemeyer (1828-1902)

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Sonhos (Tradução)


Diz, que maravilhosos sonhos
Me exaltam o espírito,
Sem se desfazerem
Como espuma vazia no desolado nada?


Sonhos que em cada hora
Em cada dia, florescem mais belos
E que, com a sua mensagem divina,
Me atravessam a mente como bênçãos.


Sonhos que, como raios celestiais
Me penetram a alma
Para nela pintarem uma imagem eterna:
Tudo esquecer, um só lembrar!


Sonhos que, como o sol primaveril
Beijando as flores libertas da neve
E, entre delícias insuspeitadas,
lhes dá as saudações do novo dia,


As faz crescer, desabrochar, espalhar,
Sonhando, a sua fragrância, 
Murchar suavemente no teu peito
E descer, depois, à sepultura.

Poema de Mathilde Wesendonck (1828-1902)

sábado, 30 de setembro de 2017

REFLECTINDO SOBRE O NACIONALISMO

Catalunha, País Basco, Escócia, Flandres, etc... São frequentes nos últimos anos os casos de nações europeias, incluídas à força dentro das fronteiras de um estado, que tentam separar-se do estado, obtendo a independência por meios democráticos. 

                                  Foto de Pepe Escobar.

Porém, a arquitetura da Europa da UE não é nada favorável, com a sua rigidez, com as suas burocracias meticulosamente repartidas entre seus estados-membros, com os seus tratados que têm como um dos principais aspetos a manutenção do status quo. Vemos a difícil separação da Grã Bretanha da UE, o famoso «Brexit». Estes movimentos centrífugos e de recusa do ultra-centralismo, quer seja ao nível de estados-nações, quer ao nível de super-estado (U.E.), têm sido mais vigorosamente expressos nas nações cujo território encerra indústrias ou recursos naturais que permitiriam uma economia viável, fora do conjunto nacional no qual se encontram incluídas. 
Noutros pontos do globo, como nas zonas habitadas por curdos da Síria, Iraque (com potencial para se alargarem para partes do território Turco e Iraniano), verificamos tentativas de avanço para maior autonomia no caso da Síria e para uma completa independência (Curdos iraquianos).  Os traçados de fronteiras artificiais resultantes da 1ª guerra mundial e do desmoronar do império otomano, são responsáveis pela situação, mas também o próprio princípio centralista dos Estados, concentrando ao máximo o poder político, administrativo e económico.
As proclamações da ONU sobre os direitos dos povos à autodeterminação e independência, que foram um importante  apoio à luta e ao triunfo dos movimentos independentistas anti-coloniais, implicava também uma aceitação tácita das fronteiras arbitrariamente desenhadas pelos vários colonizadores. Esta situação fez com que - em África - não existe (que eu saiba) nenhum estado, presentemente, cuja população seja etnicamente homogénea, longe disso. Há zonas de povoamento de etnias cortadas por fronteiras entre estados; há etnias que são muito hostis uma em relação à outra e - no entanto - são obrigadas a coexistirem dentro do mesmo estado, a viverem sob o mesmo governo. 
Os estados e organizações supra-estatais de âmbito regional (como a UE) ou internacional (como a ONU) são totalmente incapazes de se auto-reformarem de modo a que seja mais fácil e natural a separação de povos que vivem dentro de suas fronteiras nacionais. 
O federalismo, como era entendido pela República espanhola , tinha permitido uma larga autonomia das nações que a constituíam.  Os princípios federativos da URSS (embora a prática fosse coisa totalmente distinta) também permitiam uma larga autonomia e a independência, em princípio.
O federalismo de Proudhon e de Bakunin foi largamente inserido nos princípios da 1ª Internacional, que a 2ª Internacional (dos partidos social-democratas e socialistas) herdou. É porém notável verificar-se que os herdeiros (nominais) de tais organizações - como o PSOE - têm uma posição claramente centralista.
Os processos de desagregação dos estados europeus, ou de outras paragens, é sintoma de senescência destas estruturas. Porém, sua decadência pode durar vários séculos.
Estou convencido que a esclerose dos estados vai de par com um maior autoritarismo, o que equivale - na prática - a maior centralização. Nunca se viu uma deriva autoritária de um poder, que não fosse centralizadora. 
Pelo contrário, a descentralização verdadeira, ou seja, a aplicação dum federalismo autêntico, faz com que as uniões entre várias entidades acabam por ser mais sólidas e duradoiras porque não se revestem do odioso duma etnia a oprimir outra, ou outras. 

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

APRESENTAÇÃO: CADERNOS SELVAGENS DE SETEMBRO

                               Foto de Fábrica de Alternativas.

Mais uma edição dos «Cadernos Selvagens», boletim trimestral da Fábrica de Alternativas de Algés, que será apresentada e debatida no Sábado 30 de Setembro, pelas 18:30. 
Após a sessão haverá um jantar vegetariano (quem desejar jantar tem de se inscrever em:  fabrica.de.alternativas@gmail.com )
A seguir ao jantar, será apresentado um documentário: "David Lynch: a vida arte"

Compareçam!

(PÁGINA FACEBOOK: https://www.facebook.com/CadernosSelvagens/ )

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

SOBRE A AUTO-DETERMINAÇÃO CATALÃ

O sumário do documento estabelece, em parte, que:
«Estes esforços são realizados sobre as prévias tentativas da Catalunha em consolidar a governância representativa para a cidadania catalã dentro e conjuntamente do estado democrático espanhol. Quatro peritos internacionais reconhecidos foram convidados pelo governo catalão a examinar a controvérsia gerada pelo referendo de auto-determinação. Este foi convocado apesar da oposição das autoridades espanholas que contestam a sua legalidade, ao contrário de exemplos recentes de tendência ao reconhecimento da auto-determinação, o mais saliente dos quais é o referendo da Escócia pela independência...»
O estudo conclui: «Da perspectiva do direito internacional, torna-se claro que não existe uma disposição legal internacional que proíba uma entidade sub-estatal (regional) em decidir o seu destino por auscultação da vontade do seu povo. Tanto a lei como a prática dos estados, apoiam esta conclusão»
As manobras do governo de Madrid para impedir a expressão do povo catalão, sob forma de referendo, são medida de desespero, pois desprezam a consequência nefasta de exacerbar as tendências extremas. É irresponsável no mais alto grau, pois não serão estas medidas que irão impedir que, num futuro mais ou menos próximo, de uma ou doutra maneira, o inevitável se dê. 
Porém o modo como tudo isto se desenrola é muito importante, não apenas para a Catalunha, mas igualmente os restantes povos ibéricos, em geral. 
Com efeito, este processo mostra que as tentativas pacíficas de auto-determinação irão ser inviabilizadas pela rigidez de um poder «imperial».