Oiçamos primeiro uma versão de Traüme, com Jonas Kaufmann e a Orquestra da Ópera de Berlim.
Aqui abaixo, uma interpretação por Jessye Norman, do ciclo completo das cinco peças.
Estas célebres peças dedicadas a Mathilde Wesendonck foram escritas por Wagner sobre poemas da mesma Mathilde, esposa de um dos patronos de Wagner.
Parece que o compositor se apaixonou pela esposa do rico comerciante de sedas Otto Wesendonck. Ao certo, não se sabe se conseguiu consumar os seus intentos.
Ele escreveu uma carta, que foi interceptada por Minna, esposa de Wagner.
De qualquer maneira, o ciclo de Lieder sobre poemas de Mathilde é um ponto alto do reportório romântico.
Träume
Sag, welch wunderbare Träume
Halten meinen Sinn umfangen,
Daß sie nicht wie leere Schäume
Sind in ödes Nichts vergangen?
Träume, die in jeder Stunde,
Jedem Tage schöner blühn,
Und mit ihrer Himmelskunde
Selig durchs Gemüte ziehn!
Träume, die wie hehre Strahlen
In die Seele sich versenken,
Dort ein ewig Bild zu malen:
Allvergessen, Eingedenken!
Träume, wie wenn Frühlingssonne
Aus dem Schnee die Blüten küßt,
Daß zu nie geahnter Wonne
Sie der neue Tag begrüßt,
Daß sie wachsen, daß sie blühen,
Träumend spenden ihren Duft,
Sanft an deiner Brust verglühen,
Und dann sinken in die Gruft.
5. Lied der "Wesendoncklieder", vertont von Richard Wagner (1813-1883)
Text: Mathilde Wesendonck, geb. Luckemeyer (1828-1902)
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Sonhos (Tradução)
Diz, que maravilhosos sonhos
Me exaltam o espírito,
Sem se desfazerem
Como espuma vazia no desolado nada?
Sonhos que em cada hora
Em cada dia, florescem mais belos
E que, com a sua mensagem divina,
Me atravessam a mente como bênçãos.
Sonhos que, como raios celestiais
Me penetram a alma
Para nela pintarem uma imagem eterna:
Tudo esquecer, um só lembrar!
Sonhos que, como o sol primaveril
Beijando as flores libertas da neve
E, entre delícias insuspeitadas,
lhes dá as saudações do novo dia,
As faz crescer, desabrochar, espalhar,
Sonhando, a sua fragrância,
Murchar suavemente no teu peito
E descer, depois, à sepultura.
E descer, depois, à sepultura.
Poema de Mathilde Wesendonck (1828-1902)