quinta-feira, 7 de setembro de 2017
segunda-feira, 4 de setembro de 2017
NOVO BANCO, NOVO GOLPE DA CLEPTOCRACIA
O «Fundo de Resolução» é a garantia última das pequenas poupanças, de que serão protegidas em caso de falência de uma instituição bancária.
O «golpe de génio», mas de génio do mal, é utilizar o referido fundo como garantia para a venda do Novo Banco, ele próprio resultante do maior cambalacho de que há memória, envolvendo não apenas os trapaceiros e falidos Ricardo Salgado e família, ex-donos do BES, como o anterior e o actual governos e o governador do Banco de Portugal...
Acrescente-se que a «Lone Star», a tal entidade compradora do banco (cujo capital é maioritariamente detido por portugueses, privados ou do Estado), é um fundo «abutre»!
Leiam este artigo, que mostra o que é - verdadeiramente - o governo deste país.
O Zé Povinho continua distraído por mil e uma coisas, quando, na verdade, a todos os níveis, tem sido esfolado.
A falta de preocupação com o que acontece com os dinheiros do Estado («não é meu, eles que se lixem!» parece que estou a ouvir pessoas ignorantes dizerem!) é que permite as piores gatunagens, dos que se sentam nas cadeiras dos conselhos de administração dos bancos e dos governos.
Todos são obviamente culpados ou coniventes, no mínimo, de atos administrativos destinados a lesar o erário público e o interesse dos depositantes na banca portuguesa, por outras palavras... toda a gente!
A própria ausência de fiscalização política e legal pela Assembleia da República, em relação a este processo, mostra - uma vez mais - como está podre e corrompida a «democracia» à portuguesa...
Mas como não existe indignação pública com isso, como não existe poder judicial independente do poder político... nada lhes acontece!!!!
TRES PALABRAS - BOLERO
O celebérrimo bolero - aqui interpretado por Nat King Cole - é uma obra-prima da música latino americana. Tem letra e música de Osvaldo Farrés, um dos grandes autores cubanos dos anos 50 do século passado.
Oye la confesión
de mi secreto,
nace de un corazón
que está desierto.
Con tres palabras
te diré todas mis cosas,
cosas del corazón
que son preciosas.
Dame tus manos, ven,
toma las mías
que te voy a confiar
las ansias mías.
Son tres palabras,
solamente mis angustias,
y esas palabras son:
cómo me gustas.
domingo, 3 de setembro de 2017
MUNICIPALISMO LIBERTÁRIO
Com a aproximação de uma campanha eleitoral para as autarquias (Municípios e Juntas de Freguesia) em Portugal, achei oportuno recordar algumas formas alternativas de se fazer política municipal. Não no sentido vago de algo que se mantém nas margens do sistema, sem no entanto o pôr em causa, mas justamente, aquelas experiências ricas de saber e prática. Aquelas experiências onde um sentido agudo dos objetivos estratégicos se alia com a noção realista e pragmática de quem intervém no seio das sociedades.
Irei expor, em artigos seguintes, algumas experiências de auto-gestão generalizada, de participação democrática genuína da população, que estão em curso.
Podem ser consideradas utopias realizadas, na medida em que as suas premissas teóricas estão próximas dum comunalismo/comunismo autêntico, ou seja, do comunismo anárquico que se desenvolveu ao longo dos séculos 19 e 20, tendo tido expressão em várias experiências históricas:
- As grandes e trágicas experiências da Comuna de Paris, de 1871, dos sovietes russos, que foram domesticados e esvaziados pelo poder Bolchevique, da Revolução Espanhola de 1936-1939. Mas também a gesta menos conhecida e estudada da Revolução da Macnovichina, em distritos rurais da Ucrânia, entre 1917 e 1923, que fez frente sucessivamente a exércitos Czaristas, Alemães, Nacionalistas Ucranianos e Bolcheviques e a gesta ainda menos conhecida dos anarquistas do extremo-oriente, sobretudo Coreanos exilados na Manchúria entre 1929-31, que constituíram comunas libertárias e lutaram contra exércitos inimigos (do Japão imperial, mas também do partido «comunista» Chinês) em território muito vasto, superior à superfície total da Bélgica e Holanda reunidas.
Nos finais do século XX, Murray Bookchin dava corpo teórico a uma forma de intervenção não burocrática, mas de democracia participativa, numa altura em que ainda não abundavam escritos e muito menos práticas de gestão territorial, seguindo os princípios libertários, em tempo «normal» e em grande escala.
Felizmente, a situação mudou, desde os anos noventa do século vinte: não têm faltado experiências às quais nos podemos referir, como inspiração, mais do que como modelo. Com efeito, os modelos são sempre coisas fossilizadas e tomando como idênticas as circunstâncias, as quais nunca são possíveis de transplantar, de um dado local geográfico e de um particular contexto sócio-histórico.
Irei escrever...
- sobre a rebelião Zapatista, no sul do México, em Chiapas, que trouxe formas vivas de auto-organização associadas com a resistência armada de um povo indígena, que não se quer deixar dominar pelo poder do dinheiro;
- sobre a Rojava, no Curdistão Sírio, onde uma forma anti-autoritária de vida comunitária se constrói, ao mesmo tempo que as forças de auto-defesa combatem (desde há quase 4 anos, por vezes, praticamente sozinhas) a investida brutal e obscurantista do ISIS ou Estado Islâmico.
- Também irei debruçar-me sobre experiências numa escala, não de regiões, mas de autarquias, de municípios e aldeias, como Marinaleda, na Andaluzia ou de comunidades autónomas no Sul Alentejano.
«... A recuperação e desenvolvimento da política deve, afirmo, tomar como ponto de partida o cidadão/cidadã, no seu entorno imediato, para além das áreas familiares e privadas de sua vida. Não pode haver política sem comunidade. E por comunidade quero dizer uma associação municipal de pessoas reforçada pelo seu próprio poder económico, a sua própria institucionalização da democracia de base, com o apoio confederal de outras comunidades vizinhas, organizadas numa rede territorial à escala local e regional. Os partidos que não participem nesta forma de organização popular não são políticos, no sentido clássico do termo. De facto, são burocráticos e opostos às políticas participativas e à participação dos cidadãos. A autêntica unidade de participação na vida política é o município, quer seja na sua totalidade, se ele for à escala humana, ou nas suas diversas subdivisões, nomeadamente, na vizinhança, no bairro...»
. . . The recovery and development of politics must, I submit, take its point of departure from the citizen and his or her immediate environment beyond the familial and private arenas of life. There can be no politics without community. And by community I mean a municipal association of people reinforced by its own economic power, its own institutionalization of the grass roots, and the confederal support of nearby communities organized into a territorial network on a local and regional scale. Parties that do not intertwine with these grassroots forms of popular organization are not political in the classical sense of the term. In fact, they are bureaucratic and antithetical to the development of a participatory politics and participating citizens. The authentic unit of political life, in effect, is the municipality, whether as a whole, if it is humanly scaled, or in its various subdivisions, notably the neighborhood. . . .
Retirado de «Libertarian Municipalism: The New Municipal Agenda» por Murray Bookchin»
sexta-feira, 1 de setembro de 2017
AGENTE DA CIA EXPÕE A EXTENSÃO E PODER DO ESTADO PROFUNDO
Este vídeo, pela sua clareza, dispensa comentário. Tenho pena de não dispor de uma tradução em português. Encorajo os leitores do blog a divulgarem ao máximo, pois estas verdades, ditas por alguém «de dentro», têm muito mais impacto.
quarta-feira, 30 de agosto de 2017
DA ESCRAVATURA MODERNA
A ESCRAVATURA COMO
MODO DE PRODUÇÃO
O sistema económico
esclavagista vigorou na antiguidade, sendo substituído a pouco e pouco pelo
feudalismo. Porém, algo da sociedade esclavagista permaneceu e teve um
renovo, na sequência da expansão ultramarina de potências como a Espanha e
Portugal, no século XV e XVI, às quais se juntaram a França, a Inglaterra, a
Holanda, nos séculos seguintes. A utilização em massa do trabalho escravo
apenas ficou confinada a algumas sociedades pós-coloniais, como os EUA onde,
no Sul, uma mão de obra escrava se ocupava das penosas tarefas de uma
agricultura orientada para a exportação de algodão e outras produções
tropicais. Porém, no decurso do século XIX os interesses económicos do
capitalismo industrial, expressos na ideologia liberal, forçaram a uma
abolição da escravatura, na maior parte dos países. Portugal foi um dos
primeiros a fazê-lo.
A ESCRAVATURA DA
DÍVIDA
A forma moderna de
escravatura chama-se dívida.
Ela não foi
inventada nos tempos modernos, pois já existia na antiguidade; era frequente
em sociedades arcaicas, alguém se entregar como escravo para saldar dívidas
acumuladas, por forma a preservar a propriedade e, portanto, a subsistência
da família, num tempo em que a agricultura era o modo de vida de quase toda a
população. Porém, nos tempos de hoje ela tornou-se muito mais refinada e
perversa. Vejamos como:
Os bancos centrais
emitem papel-moeda, aliás sob forma eletrónica em grande parte, nos dias de
hoje. Esse «papel» não tem contrapartida nenhuma, não tem a sustentá-lo nenhuma
quantidade de metal precioso (ouro ou prata), o qual era diretamente usado
como dinheiro durante mais de cinco mil anos, sendo depois armazenado nos
bancos centrais e sendo possível obter o equivalente em ouro ou prata em
troca de uma determinada soma em papel-moeda. Este sistema funcionou nomeadamente, durante
o século XIX e a primeira metade do século XX. Os grandes sobressaltos, como
as guerras (guerra de secessão dos EUA, primeira guerra mundial e segunda
guerra mundial) foram ocasião para os governos desvalorizarem forçadamente o
dinheiro, por forma a obterem os abastecimentos em matérias primas, armas,
víveres para continuarem a guerra. Fora desses períodos conturbados
verifica-se uma estabilidade monetária (ausência de inflação) e uma expansão
do comércio e indústria. O «padrão ouro» ou «padrão bimetálico» funcionou
razoavelmente bem no período que vai do fim das guerras napoleónicas até ao
início da 1ª Guerra Mundial.
Porém, o abandono
progressivo da convertibilidade das moedas em ouro foi levado a cabo pelos
governos no século XX, até à suspensão de Bretton Woods, por Nixon em 1971,
que fechou a janela de convertibilidade do dólar em ouro (a 35 dólares a onça
de ouro). Desde então, os bancos centrais e os bancos comerciais são as únicas
entidades emissoras de «dinheiro-papel». Estas entidades criam dinheiro a
partir de nada. São elas que detêm o verdadeiro poder. As pessoas têm de
obter dinheiro a troco de trabalho ou de venda de bens, os quais são ao fim e
ao cabo resultantes de trabalho, mesmo que seja por antepassados. Os
banqueiros apenas têm de digitar uns números.
No caso dos
banqueiros centrais, eles decidem, por exemplo, comprar títulos detidos pela
banca comercial. Estes títulos são adquiridos ao valor nominal, mas isso não
corresponde ao valor real. Assim, os bancos centrais ficam com uma carteira
de ativos monstruosa, mas que será muito difícil, senão impossível, de
reduzir. Por outro lado, os bancos comerciais recebem do banco central
dinheiro «fresco» que pode servir assim para reequilibrar as suas contas.
Quanto aos da banca
comercial, quando eles estabelecem um empréstimo a um cliente, estão a criar
dinheiro a partir de nada, ao digitarem uma soma na conta desse cliente.
Através do sistema de reserva fraccionária, é legal os bancos emprestarem (segundo
os casos) entre 10 a 30 vezes mais dinheiro que aquele que detêm em ativos.
O que os bancos fazem legalmente é emprestarem aquilo que não possuem: esse ato
é considerado crime se efetuado por uma pessoa «vulgar», dá direito a prisão…
HIPOTECA = PACTO
DE MORTE
A palavra
«mortgage» (hipoteca em Inglês) provém do francês arcaico e significa pacto
(gage) de morte. Assim, uma pessoa compromete-se a restituir o que pede
emprestado, nas condições do empréstimo, sob pena ficar devedora até à morte, ou seja, será
condenada à escravidão, caso não cumpra o referido contrato.
Durante os últimos
decénios, passou-se de uma economia de produção, no Ocidente, a uma economia
da dívida: as pessoas ficaram dependentes do sistema bancário para tudo. O
seu nível de vida foi melhorado durante a primeira parte do período (até aos
anos oitenta do século XX) mas começou a estagnar e mesmo regredir a partir
de então, para o conjunto dos países ditos «Ocidentais». Os salários
estagnaram devido a uma contraofensiva do capital, nos anos Thatcher-Reagan,
que se traduziu por uma «liberalização» /desregulamentação das relações
laborais. As famílias da classe trabalhadora que tinham atingido um certo
conforto material, tiveram de recorrer mais e mais ao crédito, a empréstimos,
a hipotecas, para obterem bens duráveis e perecíveis que, entretanto, se
habituaram a possuir. Por exemplo, o número de salários que um trabalhador
necessitava para comprar a sua habitação nos anos cinquenta do século XX, era
muito inferior aos que necessitaria hoje em dia, em média. Mas esse sistema da dívida atingiu hoje em
dia o paroxismo de muitas pessoas estarem sobre endividadas, com hipotecas
para a casa, para o automóvel, para os estudos, para o consumo (cartões de
crédito).
A EXPANSÃO DA
DÍVIDA
Desde o abandono
do sistema de Bretton Woods em 1971, a escravatura da dívida cresceu a um ritmo
exponencial. Nos EUA, a dívida total em 1971 somava 1 700 milhares de
milhões de dólares. Hoje, atinge mais de 67 000 milhares de milhões de
dólares. No início do século XXI, era de 30 000 milhares de milhões de
dólares, mais do que duplicou, nos 16 anos subsequentes. Se compararmos o
crescimento da dívida com o do PIB, vemos que nos EUA, desde 1971, a dívida
total foi multiplicada por 39 enquanto o PIB apenas foi multiplicado por 16.
Isto prova que o aumento do nível de vida se fez à custa de uma falsa
riqueza, uma riqueza que foi obtida por impressão monetária. Mas será isso um
problema? Sim, é um problema pois essa dívida nunca desaparece, simplesmente
ela é atirada para o dorso das futuras gerações. Os cálculos que se façam
para os Estados Unidos, aplicam-se, e com resultados muito semelhantes, a
outros países e para a economia mundial. Veja-se o quadro abaixo para ilustrar
o fenómeno:
Dívida mundial: 2
quadriliões de dólares
A impressão maciça de papel-moeda criou esta dívida monstra. O aumento da «liquidez» (ou seja, impressão monetária) para resolver o problema, apenas vai manter e agudizar o mesmo. O efeito devastador desta destruição do valor da moeda vai repercutir-se, cada vez mais, nos anos seguintes: como a impressão monetária é o único instrumento de que os bancos centrais dispõem, vão continuar a fazê-lo, tanto mais que os governos ficam gratos de uma diluição do valor das moedas; com efeito, isso corresponde a uma diminuição do valor relativo das dívidas. Os Estados têm dívidas diversas, obrigações diversas, que se exprimem em unidades de moeda que têm de pagar, no futuro. Se essas unidades estão desvalorizadas e o Estado paga a soma em dívida, a dívida ficou saldada… em termos contabilísticos, mas não em termos reais. Suponhamos uma pessoa, que tem descontado ao longo da sua vida profissional determinadas somas para o fundo de pensões (seja o fundo do Estado ou privado, o problema mantém-se). A partir do momento da reforma, começa a auferir uma soma fixa, mas essa soma corresponde à restituição de somas investidas ao longo de decénios. No entanto, se fosse calculado o juro médio correspondente a essas somas em todos os anos descontados, essa pessoa teria agora uma pequena fortuna, muito mais do que aquilo que irá receber nos anos que lhe restam de vida. É assim – de forma fraudulenta – que o Estado se descarta das suas obrigações. Um dólar actual, relativamente a um dólar dos anos 70 do Século XX, vale um sexto ou menos… As outras divisas mundiais têm uma perda de valor ainda mais acentuada.
UMA SOCIEDADE SEM
DINHEIRO-PAPEL
Os banqueiros e
governos sabem que dependem da escravatura da dívida para se manterem. Mas,
para isso ser possível, têm de obrigar as pessoas a manter o seu dinheiro
dentro das instituições de crédito. A ofensiva contra o dinheiro líquido (=em
papel) toma amplidão a partir do momento em que os Estados e Bancos Centrais
enveredaram por uma aventurosa e criminosa experiência de multiplicação
desenfreada do dinheiro em circulação. A isso se resumem os «Quantitative
Easing» e outras medidas, cujo o objetivo é «gerir» o ingerível, ou seja, dar
a ilusão de solvabilidade, de não haver bancarrota, quando na verdade, se se
olhar através de um prisma realista, todo o sistema está falido.
Inventaram então a
repressão financeira, ou seja, uma taxa de juro forçada, demasiado baixa, que
não corresponde aquilo que existiria resultando da oferta e procura de
capitais, ou seja pelo funcionamento capitalista clássico. Assim, os juros de depósitos a prazo, sendo
menores do que a inflação, as pessoas serão empurradas para arriscar o seu
dinheiro no casino da bolsa… o que explica, em grande parte, o crescimento
contínuo das mesmas, sem que haja real aumento do valor das empresas cotadas.
Mas para «honrar»
os compromissos e dívidas da banca, era necessário que as pessoas não
pudessem subtrair o seu dinheiro, não o pudessem levantar sob forma de papel,
tivessem de obrigatoriamente usar meios eletrónicos para os pagamentos. A
consequência é que num contexto de ausência de dinheiro papel, as pessoas não
poderão fazer nada senão recorrendo a cartões de crédito e outros meios de
pagamento, inteiramente controlados pelo sistema bancário. Para além da total
perda de privacidade e confidencialidade, os bancos e os Estados procuram
obter um controlo total, para taxarem a seu bel prazer os escravos. Os bancos
poderão retirar – legalmente- somas (o juro negativo) tão grandes quanto seja
preciso para sua manutenção… Os Estados poderão fazer um controlo total e «imposição
dos impostos» que entenderem, sem qualquer possibilidade de fuga. As pessoas,
muitas vezes pensam que os que fogem aos impostos são vilões e que o Estado é
uma entidade virtuosa que zela por nosso bem. A verdade é que o Estado é um
monstro frio e impessoal, que quer sempre devorar mais capital, ao fim e ao
cabo, o produto do trabalho, do engenho, do esforço e da criatividade
humanas.
A Suécia já está
praticamente no estádio da sociedade sem «cash». A coroa sueca, como outras
divisas, perdeu 99% do seu valor. Ninguém pode viver na Suécia sem fazer as
suas despesas no quotidiano por meios eletrónicos.
Isto está em vias
de acontecer com as outras divisas.
CONFISCAÇÃO DOS RENDIMENTOS POR VIA FISCAL
No reino do Big
Brother é muito conveniente o aumento insensível do nível de imposto, sem que
as ovelhas, incautas, se apercebam: assim, há um século o imposto designado
por IRS já existia, mas quase ninguém o tinha de pagar. Era apenas pago pelo
1% com maiores rendimentos. Os escalões foram-se mantendo, apesar da
inflação, pelo que hoje em dia, quase ninguém deixa de pagar o IRS, por mais
modesto que seja o seu rendimento real. Assim, em IRS (que atinge valores da
ordem de 20% de rendimentos médios, mesmo depois de descontos diversos), IVA
(com muitos bens comuns a 23% e apenas uma minoria com imposto reduzido),
imposto sobre combustíveis (cerca de 80% do preço da gasolina é para
impostos), IMI (valores de imposto para as famílias, os grandes detentores de
imobiliário, desde as empresas de imobiliário, igrejas, partidos, etc. estão
isentas), em impostos diversos… uma família média em termos de rendimentos e
de despesa, paga aproximadamente 50% ou mais de impostos ao Estado, sobre o
seu rendimento nominal. Se compararmos o mesmo índice há 50 ou 100 anos atrás,
veremos que o crescimento da fatia de rendimento que é capturada pelos impostos
aumentou muito mais do que o próprio aumento do rendimento disponível.
Pode-se dizer, sem receio de errar, que os impostos excessivos são um meio de extorsão,
porque a contrapartida em serviços públicos é cada vez pior, a qualidade está
ausente, a sua universalidade deixa muito a desejar e verifica-se que o
desmantelamento do «Estado social» atinge já um grau muito avançado, com
entrega à gula privada de sectores inteiros (saúde, educação, transportes,
estradas, etc…). É a escravatura da sociedade no seu conjunto, para benefício
de uma pequena minoria de financeiros, com os acólitos que controlam o aparelho
do Estado: estamos perante um novo feudalismo.
TODA A EXPANSÃO DE
CRÉDITO TEM UM FIM
O aumento dos
empréstimos dos Estados, principalmente nos países da OCDE («Ocidente») não
poderá continuar indefinidamente. Chega um ponto em que a carga de juros
aumenta para além da capacidade de pagamento dos Estados, caso esses juros
sejam fixos. Caso sejam variáveis, os juros são artificialmente suprimidos
por compra dos títulos de dívida pelo BCE (Banco Central Europeu) o que origina uma
distorção enorme do mercado. Num sistema capitalista, o preço do dinheiro é
um parâmetro fundamental. Se o dinheiro é demasiado barato, ou seja, se os
juros para obter empréstimos são demasiado baixos, vai ocorrer uma má atribuição
de capital pelos diversos agentes económicos: muitas vezes essa
atribuição não será prudente, não será produtiva no médio-longo prazo… Em
suma, haverá necessariamente uma má aplicação generalizada de capital. Que
outra coisa se vê, senão isso? Veja-se os empréstimos das empresas cotadas em
bolsa e que servem para compra das suas próprias ações em vez de servirem
para expansão do seu negócio, para aumentar a sua capacidade produtiva.
Veja-se o aumento especulativo absurdo do imobiliário em tantas cidades pelo
mundo fora (São Francisco, Toronto, Nova Iorque, Londres, Berlim, Lisboa…etc.).
Veja-se o afundamento da economia produtiva verdadeira, da que produz bens e
serviços reais, enquanto surge uma economia totalmente fictícia, tanto em
termos de valor acrescentado, como em termos de serviço real à comunidade; mas
é esta pseudo-economia que é louvada, acarinhada e incentivada na média
quotidianamente…
O Quadro acima
reflecte o Mercado global de obrigações, emitidas pelos Estados, seja em
dólares (note-se que vários países emitem dívida em dólares e não apenas os
EUA) seja noutras divisas, seja o mercado de obrigações de Economias
Emergentes (E.M.). Penso que este quadro resume a total desregulação dos
sistemas económicos mundiais. Pensemos no que acontece com essas somas
absurdas de dinheiro. Os Estados não as aplicam produtivamente. Mais dólares
disponíveis significa maior despesa em armamentos, em actividades improdutivas,
em desperdício e enriquecimento da cleptocracia que nos (des)governa.
Quando rebentar a crise, os países vão impor
controlo de divisas. Vão fechar todas as portas e janelas para impedirem os cidadãos de tomar medidas para preservar o seu dinheiro. Já têm o plano bastante avançado. O famoso «reset» de que tanto se fala, será provavelmente uma ocasião dos muito ricos
e poderosos ganharem ainda maior controlo sobre as riquezas materiais.
Como dizia um dos
primeiros banqueiros Rothchild: «Dêem-me o controlo da emissão de moeda e pouco me
importa quem estará aos comandos do Estado»
Para não se ser
esmagado por uma crise anunciada, a qual implicará num momento ou noutro, uma
hiperinflação, a única salvaguarda é fugir de bens financeiros, investindo em
bens reais: fazer um estoque de bens alimentares (conservas, cereais, massas
alimentares, água), de medicamentos (quer usados cronicamente, quer
esporadicamente). Investir em sistemas de purificação da água, geradores de
eletricidade, combustíveis…Dispor de moedas em ouro e prata; dispor de uma
soma em dinheiro-papel, para o caso de uma interrupção prolongada (ou um
racionamento) do fornecimento do dinheiro nas máquinas multibanco (ATM).
Não servirá de nada tomar estas medidas em cima do acontecimento: os sistemas financeiros (incluindo as máquinas ATM) entrarão em colapso; as redes de distribuição de bens alimentares irão parar, num espaço de uma semana, se a crise atingir uma gravidade maior, etc.
Portanto, as medidas apontadas só serão eficazes se tomadas antes desta crise vindoura estourar. Depois será demasiado tarde.
Não se deve ter a
ilusão de que os que estão ao comando do sistema vão trabalhar para salvá-lo
e nos salvarem também. Eles vão apenas garantir que a transição - inevitável,
por tudo o que ficou acima exposto – seja feita em seu proveito próprio. O
mínimo que podemos fazer é informar-nos, informar os outros de forma não
alarmista, mas consistente, na esperança de que um número significativo de
pessoas, tendo conhecimento, saber, sobre o que está sendo planeado, melhor
se defenderão. Serão essas pessoas que estarão em condições de subsistir e
construir uma nova economia, um novo mundo.
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terça-feira, 29 de agosto de 2017
EXPLORAÇÃO ACRESCIDA E AUSÊNCIA DE SINDICATOS COMBATIVOS
Leiam reportagens saídas hoje, «neste momento sinto-me escrava» e «risco de escravatura moderna»
Notícias deste tipo são quotidianas e basta olhar à roda, perguntar a familiares ou amigos, para constatar que estas notícias, longe de serem alarmistas reflectem aquilo em que se transformou o mercado de trabalho.
Os sindicatos estão ausentes dos locais de trabalho; as direcções estão fechadas nos seus gabinetes ou a fazer tudo menos aquilo para que foram eleitas. Sim, não falham uma «manif» da CGTP, se forem convocadas... mas fazerem o trabalho quotidiano e ingrato...
A ausência de sindicalismo sério e de classe torna as situações narradas impossíveis de defesa do ponto de vista dos explorados. Os patrões têm em Portugal um paraíso porque o «sindicalismo» se confunde com a militância política, que NÃO É.
A anexação e subordinação dos sindicatos por partidos (sobretudo de «esquerda») tem as consequências que se podem observar. Ninguém da «sacro-santa» esquerda quer dar o braço a torcer e reconhecer isto: os sindicatos são órgãos da classe trabalhadora toda. Cativá-los para lutas políticas e desmobilizá-los das lutas laborais é uma traição muito grave.
A anexação e subordinação dos sindicatos por partidos (sobretudo de «esquerda») tem as consequências que se podem observar. Ninguém da «sacro-santa» esquerda quer dar o braço a torcer e reconhecer isto: os sindicatos são órgãos da classe trabalhadora toda. Cativá-los para lutas políticas e desmobilizá-los das lutas laborais é uma traição muito grave.
Só quando a nova geração tiver varrido práticas enquistadas nos sindicatos; só quando houver um grau de consciência de classe que lhes proíba fazer como seus antecessores, poderão as coisas mudar no campo sindical e laboral.
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