From Comment section in https://www.moonofalabama.org/2024/03/deterrence-by-savagery.html#more

The savagery is a losing card. By playing it the US and the West are undercutting every ideological, normative and institutional modality of legitimacy and influence. It is a sign that they couldn't even win militarily, as Hamas, Ansarallah and Hezbollah have won by surviving and waging strategies of denial and guerilla warfare. Israeli objectives have not been realized, and the US looks more isolated and extreme than ever. It won't be forgotten and there are now alternatives.
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sábado, 16 de maio de 2020

A PRESENTE EXPANSÃO MONETÁRIA E O SEU PREVISÍVEL RESULTADO

                            Final Currency Debasement to Zero Has Started | GoldBroker.com

Em consequência da crise artificialmente desencadeada com a paragem - por ordem dos governos do Ocidente - de metade da produção mundial, temos agora que enfrentar a crise económica mais profunda, desde a grande depressão de 1929-1934. 
O resultado da crise, que agora apenas começou e que irá durar provavelmente uma década ou mais, não será fácil de antecipar nos planos social e político
Embora seja certa - desde já - uma quebra dos padrões de bem-estar e de riqueza, mesmo nos países ocidentais outrora afluentes, as agitações sociais, causadas pelo empobrecimento brusco de grande parte da classe média, são imprevisíveis. 
Mas, o meu propósito - neste artigo - é enfatizar as consequências directas das políticas económicas dos governos, apoiados pelos respectivos bancos centrais.  
A expansão extraordinária da massa monetária, levada a cabo pela FED, o banco central dos EUA, e imitada pelos outros bancos centrais, tem consequências aparentes e ocultas. 
Quanto às consequências aparentes, pode-se constatar a obtenção de meios monetários praticamente ilimitados pelos Estados, para fornecer apoios extra em muitas direcções:
- aos trabalhadores e às famílias, que ficaram - de repente - sem recursos (o chamado «dinheiro de helicóptero») 
- às empresas de pequena e média dimensão, salvas da falência, graças ao crédito concedido pela banca. Mas, este crédito somente é concedido porque está garantido pelo erário público.
- aos bancos, em situação real de falência, com balanços cada vez mais negativos, à medida que a crise se vai avolumando: mais e mais devedores deixarão de pagar suas prestações hipotecárias, simultaneamente com a desvalorização do que foi dado em garantia dos empréstimos, etc...
- aos Estados, através da compra sistemática das suas emissões de dívida. Este financiamento dos Estados pelos bancos centrais, embora anátema face à ordem neoliberal, é hoje praticado pelos mesmos neoliberais.
Esta aceleração do crédito e da emissão monetária, está a causar uma expansão brutal dos activos da  FED, emissora do dólar, principal moeda de reserva mundial e das trocas comerciais.  A FED troca dinheiro líquido pelas mais diversas «garantias», incluindo agora «junk bonds» (obrigações cuja segurança é considerada abaixo do limiar de investimento). Apenas no espaço de um ano, estima-se em 62% a expansão dos activos da FED.  
O mesmo se passa com outros bancos centrais. Esta situação equivale à «nacionalização» de grande parte da economia, mas sem que exista um verdadeiro controlo e pilotagem, por parte dos governos respectivos. Vão ser os bancos centrais a decidir, na prática, as políticas concretas dos Estados e dos governos. Note-se que coloquei «nacionalização» entre aspas, pois os bancos centrais, da maior parte dos países ocidentais, são privados: é o caso da FED, do Bank of England, do ECB, etc.; são conglomerados de entidades bancárias privadas que detêm o controlo. Existe uma supervisão dos Estados, mas sem a possibilidade destes decidirem sobre as políticas monetárias.  

O que descrevi acima, pode deixar indiferente alguns, que não percebem o alcance destas mudanças, porém, as suas consequências serão muito amargas para todos. 

De entre as consequências ocultas, a mais preocupante, é uma inflação descontrolada. A inflação não poderá ser contida, como até agora. Ela não se confinará aos mercados financeiros, às acções, obrigações e produtos financeiros derivados. 
Outra consequência oculta, é a destruição do valor real das divisas (do seu poder de compra), que se vai acelerar. 
Só poderá tirar benefício desta situação, neste contexto, uma pequena minoria, que detém bens duradoiros, com potencial para gerar rendimento:
- terra agrícola, imobiliário, ou as poucas empresas rentáveis, apesar da depressão que aí vem. 
Mesmo dentro de cada categoria de activos, será necessário diferenciar: por exemplo, o imobiliário comercial não será rentável, neste contexto; talvez apenas poderá sê-lo no médio-longo prazo.
A destruição do valor das divisas obrigará à reestruturação da ordem monetária existente. 
Haverá que estabelecer, num ponto ou noutro do futuro, um acordo global entre as diversas potências, algo equivalente a um novo «Bretton Woods».
Mas ninguém pode, hoje, saber quais os resultados desse futuro «Bretton Woods». No entanto, existem numerosos indícios de que se chegou ao fim do ciclo do domínio mundial pelo Ocidente, com os EUA à cabeça. 

É um caso de «suicídio» civilizacional: estamos a presenciar o resultado conjugado da ilusão decorrente da «hubris», da arrogância e da ganância da oligarquia, da sua miopia política, da demagogia...
Os povos dos países ocidentais não têm responsabilidade directa, embora tenham caído na ilusão de que podiam «decidir pelo voto» as políticas dos Estados e governos respectivos. 
Serão os «de baixo» a pagar o custo - pesado e amargo - dos desmandos da oligarquia estúpida e corrupta que os explora. Esta, tudo fará para continuar como o parasita que suga o sangue do hospedeiro, mesmo enfraquecendo-o ao ponto de o matar...