A IIIª Guerra Mundial tem sido, desde o início, guerra híbrida e assimétrica, com componentes económicas, de subversão, desestabilização e lavagens ao cérebro, além das operações propriamente militares. Este cenário era bem visível, desde a guerra na Síria para derrubar Assad, ou mesmo, antes disso.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

OPUS. VOL. III 3. ODOR IRRESISTÍVEL!



 Um odor que tresanda

Mistura de suor, sujidade, sangue, lixívia

E tanto mais forte, quanto as pessoas

Fingem não se aperceber de nada

De pouco serve perfume, desodorizante, ou loção 

É fedor que se escapa de certos corpos

Por mais que disfarcem 

De nada serve toda a técnica de ocultação

Atravessa os salões, insinua-se nos carros

Existem variantes, é certo

Mas, a camuflagem odorífera neles todos

Não disfarça a nota de fundo, o típico

Agridoce de cadáver no início do apodrecimento 

Será fortuito encontro, numa mesa de anatomia,

De pedaços de corpo humano e de animal

Será essa a nutrição de requintes perversos

Mas nem todas as pessoas são assim

É preciso ter o estômago bem resistente 

Esse odor que tresanda, mas encanta

Que ninguém repara, mas todos sentem

Que intoxica, mas que se respira

Material ou imaterial; em metal, papel

Ou digital, é disso que estou a falar:

O  odor do dinheiro


( 02- 14  ANNUS HORRIBILIS 2024)





JACQUES SAPIR: «OS BRICS: EM DIREÇÃO A UMA VIRAGEM MUNDIAL?»


 

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

DMITRY ORLOV: «A OTAN JÁ PERDEU O JOGO»


 Dmitry Orlov já tem sido citado neste blog. É cidadão americano de origem russa, cujos pais emigraram para os EUA, quando Dmitry tinha cerca de 6 anos. A partir de um certo ponto, considerou que já não se sentia bem na sociedade americana, tendo emigrado para a Rússia e tornando-se cidadão russo. Mas, independentemente do percurso pessoal, Orlov tem mostrado uma visão acutilante, tanto da sociedade russa em  crise aguda, durante a presidência de Yeltsin, como da sociedade americana nos anos mais recentes. Ele tem uma grande agudeza na análise dos acontecimentos e das grandes fraturas ocorrendo neste momento. Não significa que tenhamos que endossar as suas análises, mas temos vantagem em refletir sobre os seus pontos de vista, por mais audaciosos que sejam; eles não são destituídos de fundamento na realidade e de lógica. 

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Burocratas da UE em pânico perante protestos dos agricultores

 Lena Petrova traz-nos imagens da insurreição europeia dos agricultores (aos quais se juntam os camionistas) contra a «Agenda 2030». Esta agenda é um grande objetivo de Davos, da ONU, da UE e dos globalistas mundiais reunidos. A agricultura europeia está condenada, por decisão política dos seus próprios dirigentes. Preferem ter a população europeia refém de «ajudas» alimentares, tal e qual acontece com populações do Sul Global esmagadas pela guerra e pela dependência; situações criadas e mantidas pelos globalistas.

Dentro deste vídeo, além dos clips mostrando os protestos dos agricultores, podeis ver clips de John Kerry e de Úrsula von der Leyen: ambos mostram O SEU DESPREZO pelos agricultores: Úrsula, num modo hipócrita, Kerry num modo cínico.



No artigo publicado em 04 de Fevereiro, 2024, pode-se obter mais informação sobre os planos da UE e dos seus dirigentes globalistas:

AGRICULTORES EUROPEUS JÁ COMEÇARAM A TER VITÓRIAS


domingo, 11 de fevereiro de 2024

A RADICALIDADE DO PENSAMENTO DE FRANCIS COUSIN

 Acabei de visualizar um recente vídeo de entrevista do filósofo marxista radical Francis Cousin. Este inspirou-me a escrever algo novo.

                       

Na verdade, a atualidade não se pode entender, em profundidade, seja qual for a escola de pensamento a que se pertença, se não houver uma compreensão aprofundada do movimento da História.
Este movimento da História baseia-se, na visão de Francis Cousin, na evolução do valor de troca da mercadoria. Como marxista que é, defende que há uma diminuição inelutável, no longo período, da taxa de lucro, durante o processo produtivo e durante todo o circuito da mercadoria, enquanto tal. Tenho contestado a inelutabilidade dessa diminuição tendencial, essa «lei» do marxismo clássico. Já expliquei em detalhe, porque considerava que tal «lei» não existia, na verdade (ver: https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/03/sera-queda-da-taxa-geral-de.html) .

Mas, entendo a retórica de Francis Cousin e reconheço-lhe certo grau de coerência. Não sou marxista e, no entanto, não tenho complexos em considerar que os processos materiais, nomeadamente, a produção de utensílios, de géneros alimentares, etc., resultantes das indústrias humanas, desde os alvores da História - ou seja, desde o neolítico - tiveram um papel de grande importância, não apenas na geração de um excedente de alimentos facilmente estocáveis, como os cereais, mas também a definição de uma primeira separação de tarefas, a existência de agricultores, de pastores, de artesãos, de soldados, de sacerdotes. A perpetuação destes grupos ia de par com uma estratificação social e logo uma divisão assimétrica da riqueza (sob forma de excedentes) produzida.
Mas, a criação de valor de troca, em si mesma, o método de produção, a abundância com que é produzida, a utilização de instrumentos mecânicos ou outros, que multiplicam a capacidade produtiva dos indivíduos, não determina, só por si, a estrutura política e social na sociedade onde tal valor de troca é produzido. Penso que a apropriação privada dos excedentes, essa sim, tem a maior importância na definição das classes sociais; embora este aspeto seja necessário, não é suficiente. Com efeito, para existirem classes, é preciso que se dê a perpetuação de geração em geração das prerrogativas de agricultores e de artesãos, ou como guerreiros-defensores da casta no poder. Tanto o grupo dominante, como os dominados, sujeitos pela coação mais ou menos brutal, vão submeter-se a desempenhar o seu papel respetivo na estrutura social.
Acredito que não exista uma correlação total, unívoca, entre a infraestrutura produtiva e as diversas superestruturas: a divisão em classes, a organização política, a religião, a cultura, etc. Penso que existem muitas possibilidades de variação, em estádios bastante semelhantes do desenvolvimento das forças produtivas. Seriam assim tão diferentes, em termos de forças produtivas, processos de produção, de produtividade primária, a China e a Europa medieval, no período do ano 1000 A.D. a 1300 A. D.? Creio que não. Porém, havia grandes diferenças ao nível da estrutura de classes, do poder político, etc. O mesmo se pode dizer em relação às civilizações Maia ou Azteca, no mesmo intervalo de tempo, com a Europa medieval ou daquelas, com a civilização Chinesa.
A História é contingente e caótica, na minha visão: Pretender, como o faz Cousin, de que exista uma inelutável progressão conduzida pelo processo material, ou seja, um determinismo, como ele faz com a «evolução do valor de troca das mercadorias» (ou com outro fator singular), parece-me não corresponder à verdade da História. Sei que existe nas sociedades, ao longo dos séculos, uma acumulação de saber científico-técnico, que se traduz na facilidade cada vez maior em produzir excedentes; que estes permitem a existência de «classes ociosas», não envolvidas no processo produtivo, diretamente. Estas podem, no entanto, desempenhar um papel na estrutura da sociedade conducente á sua perpetuação, sendo por isso classificadas como úteis, socialmente.

Igualmente, a sua profecia de que o capitalismo estaria moribundo porque tem de «se negar a si próprio», através de esquemas que são - na verdade - destinados à «não-produção», parece-me exagerada.
Não é falso que a crise do COVID tenha sido largamente manufaturada para congelar a produção e diminuir a pressão do excedente de produtos (principalmente chineses) nos mercados. Também não é falso que as políticas de Zero Carbono, advogadas pelo FEM, pela ONU e por vários governos poderosos, sejam o meio de estabilizar a produção e o consumo a um nível mais baixo, permitindo assim uma «folga», que salvaria os mercados do congestionamento; sendo o «Aquecimento do Clima», uma explicação aberrante, para uso das massas.
Eu diria que o capitalismo pode transformar-se noutra coisa diferente, que não se viu antes. Mas, infelizmente, ela não terá que ver, prevejo, com modelos de socialismo que se implantaram no século passado e que (alguns) sobreviveram. Tenho uma visão pessimista de uma sociedade à «Huxley», onde a maioria está completamente alienada, com pequenos «brinquedos» e uma satisfação elementar, quer tenha  emprego, ou no desemprego, com rendimento mínimo, de miséria, para não se atrever à revolta.
Os processos produtivos vão-se tornando mais e mais automatizados, robotizados, utilizando Inteligência Artificial, chegando a invadir os domínios das profissões ditas intelectuais e antes consideradas ao abrigo de tais ingerências. Isto tornará possível uma acumulação de capital, sem ter que o repartir, seja de que forma se encare, com o trabalho. Daí, que eu esteja em total desacordo com Francis Cousin, que pensa que haverá uma limitação á mais-valia que é retirada ao trabalho humano. Ora, se houver um menor componente de trabalho humano, o rendimento que o capital irá  obter dessa produção, será maior; o lucro, ou mais-valia,  serão maiores. Por outro lado, o trabalho humano precarizado fica desvalorizado; o trabalhador será obrigado a vender-se bem abaixo do que são os custos  do processo automatizado, com utilização de  robots.
Estamos na via da eliminação progressiva do trabalho humano, mas como a mudança se faz sob o capitalismo, com estrita divisão de classes, os patrões poderão dispensar grande número de trabalhadores, que deixaram de ser indispensáveis ao processo produtivo. A questão do «rendimento mínimo universal», põe-se neste momento histórico, porque há que manter a capacidade de funcionamento do mercado, o escoamento das mercadorias e dos serviços:
- Se a classe trabalhadora estiver desempregada numa enorme proporção, ela não poderá consumir de modo significativo: Seria o próprio mercado capitalista que se iria desmoronar. Além disso, criar essa dependência relativa ao «rendimento mínimo» é o meio dos Estados gerirem as massas trabalhadoras em «subemprego crónico» e evitarem a revolta dos desapossados.


Quanto à sua interpretação dos Evangelhos, no sentido de fazer de Jesus um «comunista», não deixa de ser um anacronismo. Tanto Jesus, como as comunidades cristãs iniciais, banhavam e eram herdeiras de uma cultura em que o dinheiro era raro, não era o dinheiro que «mandava» em todos os domínios, como foi o caso desde o triunfo do capitalismo, até hoje.
A radicalidade do cristianismo primitivo envolvia a não aceitação da «lei temporal», a elevação das pessoas a «filhas e filhos de Deus»: estavam todas em igualdade diante de Deus. A partilha dos bens materiais e a Eucaristia, como Corpo e Sangue de Cristo, é literalmente o «corpo» da Eclésia (que quer dizer, em grego, Assembleia da Comunidade).
Se não considero correto designar Jesus, ou os primeiros cristãos como «comunistas», inversamente, reconheço que o cristianismo foi inspirador das várias tendências de libertação social que existiram. Entre muitos exemplos, vejam-se os movimentos dos camponeses alemães e holandeses, no século XVI; a missionação jesuíta no Novo Mundo (do séc. XVI a XVIII), catequizando os indígenas, etc.
O cristianismo foi, certamente, uma das inspirações das diversas vertentes de comunismos e socialismos, incluindo o socialismo libertário ou anarquismo.

sábado, 10 de fevereiro de 2024

Ínfima homenagem a Françoise Hardy



 Não a vi nunca, pessoalmente. Nem à distância, numa sala de espetáculos. Porém, poucas artistas marcaram, tanto como ela, a minha vida. Na infância, adolescência, idade adulta e nesta idade, já perto do fim. Apercebi-me, agora que ela partiu, como foi importante em toda a minha vida. 

Autora e compositora, além de sublime intérprete da canção francesa, foi reconhecida nas várias línguas* em que cantou. Mas, a língua francesa deve-lhe algo muito especial. Foi imensa a sua irradiação artística: Com a sua voz inconfundível, ela exprimiu a música intrínseca dos poemas, os seus e os de uma profusão de poetas.

 A qualidade das letras, das melodias e das orquestrações parece-me patente na discografia de Françoise Hardy: Foi o que procurei ilustrar, nesta amostra, com as mais belas canções**. São das que eu ouço sem me enfastiar: a cada vez, encontro algo de novo,  que me tinha escapado até então. 

Até amanhã na outra vida, Françoise Hardy.


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* Canções em inglês, alemão, italiano, espanhol...



** Playlist por Manuel Banet:

«FRANÇOISE HARDY - INFIME HOMMAGE»


sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

O ANO DO DRAGÃO


                     


 O dragão é o animal mítico que vai presidir ao novo ano lunar, que começa no sábado 10 de Fevereiro. Os povos orientais estão muito ligados a esta contabilidade lunar. Com efeito, é nesta ocasião que se dão os encontros da família alargada, quando há um período de tréguas (vários dias de feriado) do duro trabalho, em que se comem deliciosas iguarias e se bebe também. Mas, sobretudo, nestas reuniões familiares ocorrem as íntimas celebrações em memória dos defuntos*. A família reúne-se para ofertar aos antepassados as libações de comida e bebida, em primeiríssimo lugar. Depois, é a vez dos familiares vivos também fazerem o seu ágape (termo grego que tanto designa banquete, como amor altruísta). Tudo isto é colocado sob o signo do ano lunar.


Relevo com dragão numa tumba da dinastia Liao  (916–1125)


Ora este ano que vem, é o ano do Dragão. O animal mítico que estaria na origem do povo chinês. E de muitos outros povos orientais, que -simbolicamente - se colocam debaixo do auspicioso Dragão.   

Assume-se que o dragão sabe proteger o seu povo; que ele é feroz nessa defesa; que tem um sentido muito profundo do dever; tem  obrigação de guardar os tesouros do seu povo, o qual é descendente do dragão.

O famoso e recém-descoberto Homo longi (Homem de Longi) é o «homem-dragão», pois o rio Longi, perto do qual foi encontrado, é o rio Dragão: Que esta espécie extinta tenha contribuído para o mosaico que formou a espécie humana atual, não tenho praticamente nenhuma dúvida. Que seja a mesma espécie que o famoso homem denisovano (primeiro «encontrado» sob forma de ADN arcaico extraído de osso do dedo mindinho, presente na gruta Denisova do Altai- Sibéria), seria lógico. No entanto,  não temos provas definitivas. Porém, temos abundantes provas de que os primeiros colonizadores humanos (Homo sapiens) das Américas, foram povos vindos da Sibéria. Os que se designam hoje como «americanos» são, quase todos,  invasores mais ou menos recentes no continente americano. 

No meu modo de ver, ser-se forte é um elemento necessário na sabedoria dos povos e do governo dos Estados, caso contrário, não estarão ao abrigo de visitas inoportunas, nem de serem obrigados a fazer a guerra para defender o seu território. O lema de «mais vale prevenir do que remediar», aplica-se! 

Também as pessoas do ocidente deveriam pensar agora com a cabeça fria, e não com a cabeça escaldada pela propaganda que recebem da media (esse veneno contemporâneo!). 

O ano lunar é para todos, afinal! É a mesma Lua que gira em torno da Terra, assim como o mesmo Sol que a ilumina: Um bom ano lunar do Dragão, para todos, estejam onde estiverem!

                            

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*Subsistem cerimónias em culturas ocidentais, nomeadamente em países latinos, sob forma de culto dos mortos, em 30-31 de Oubro e 1º de Novembro.