sábado, 6 de fevereiro de 2021

A GERAÇÃO DE MÚSICA ROCK E POP DOS ANOS SESSENTA

                           

Muitas pessoas, incluindo as que não conheceram «ao vivo», apreciam a música dos anos sessenta. É preciso ser-se musicalmente surdo ou não ter qualquer réstia de energia, para não se apreciar os «furacões» musicais que surgiram - no mundo anglo-saxónico, principalmente - nos anos sessenta.

Mas, estes momentos mágicos não surgiram do nada. O rock-and-roll surgiu nos EUA do boom, da época doirada em que a classe operária sentia que - mesmo que não tivesse o mundo a seus pés - tinha, pelo menos, um enorme potencial de prosperidade: acreditava que qualquer um podia alcançar um bem-estar real. Nestes anos houve realmente «um sonho americano».                                           https://www.youtube.com/watch?v=IRF6nmqcbxo

                       
Do lado de cá do Atlântico, os jovens tinham também aspirações de se emanciparem dum conjunto de constrangimentos sociais, incluindo na vida amorosa, que implicavam uma ruptura, não apenas com os costumes tradicionais ainda largamente vigentes, como também passava por terem uma forma de se exprimir por uma música que era só deles, que eles foram buscar, além-Atlântico à geração rock do imediato pós-guerra: Chuck Berry, Little Richard, Elvis Presley e muitos outros, foram copiados e plagiados pelos grupos (ainda obscuros) que se estreavam nos clubes. Alguns desses clubes proporcionaram a estreia ou rampa de lançamento de grupos celebérrimos. O Marquee Club de Londres (Rolling Stones) ou a Cavern de Liverpool (Beatles), são os mais conhecidos.

                            

                       https://www.youtube.com/watch?v=SfLa2tFAqa4

Os Rolling Stones foram buscar o próprio nome do grupo a um título de canção («Rollin' Stone») do célebre cantor de blues, Muddy Waters
Mas, os grupos tinham uma enorme «escola»: Actuavam - noite após noite - em clubes, onde jovens vinham dançar, conviver e ouvir música. Tornou-se imperioso para eles construírem um reportório, tendo que pegar nos sucessos rock de além-Atlântico, ou mesmo nos blues dos cantores negros, sobretudo do Sul dos EUA.  Estes foram inspiração para grupos como o de John Mayall e muitos outros, o que não deixa de ser paradoxal, visto que a música tradicional dos campos de algodão do Sul dos EUA estava ligada a um modo de vida marcado pela passada escravatura e pela situação de discriminação racial e marginalidade das comunidades negras. 

                          
De qualquer maneira, estes grupos dos anos sessenta e seus sucessores nos anos setenta, criaram algo que é muito particular, fundindo música de várias tradições, apropriando-se de êxitos alheios ou de músicas pouco conhecidas, para lhes darem um toque pessoal. 
Claro que também houve a exploração deste filão pelas marcas de discos, o que foi também perfeitamente adequado para a divulgação ampla desta música «jovem». 
Tenho recordação de ouvir o programa de rádio «Em Órbita», realizado por jovens que conseguiam fazer chegar aos nossos ouvidos as últimas produções dos nossos ídolos, muito antes destas estarem à venda nas lojas de discos portuguesas. Com efeito, nessa altura, por uma questão de estreiteza do mercado discográfico em Portugal, o número de lojas de discos que vendia música pop e rock era reduzido e havia poucos discos de importação directa dos EUA ou do Reino Unido.   

De qualquer modo, as transformações ocorridas na sociedade não podem ser compreendidas, sem se ter em conta a participação da cultura, em particular da música pop. 

Teve porém aspectos negativos, nas expressões musicais doutros países, nomeadamente, em França, Espanha, Itália, etc., onde cantores e grupos se puseram a cantar versões nas suas línguas nacionais, dos êxitos dos EUA e britânicos. Depois, alguns começaram a compor directamente em inglês, apesar de não terem verdadeiras raízes culturais anglo-saxónicas. Mas, a música era também um negócio.

Os anos que se seguiram, ainda tiveram alguma pujança e viram surgir algumas novas estrelas de música pop e rock. Diga-se que, muitas destas, começaram a ser conhecidas nos finais dos anos sessenta. A geração do festival de Woodstock (1969), foi uma espécie de florescimento de tudo o que tinha sido incubado ao longo da década. 

Depois, houve algo interessante, de um ponto de vista sociológico, o revivalismo dos anos 60. 

Este revivalismo começou logo a uma década ou duas de distância. Ou seja, houve um retomar dos êxitos e sobretudo das fórmulas de sucesso. Ainda aqui, o dinheiro soou mais forte. O sucesso, com retomas de êxitos dos grupos e artistas dos anos sessenta, estava razoavelmente garantido, pois havia sempre um público que vivera os tais anos e aderia ao que tinha sido tão significativo na sua adolescência.

Não digo que o veio de criatividade da música pop e rock se tenha esgotado, mas é sempre difícil ser-se original num contexto em que tudo o que se possa fazer remete, de uma forma ou de outra, para estilos caldeados 60 anos atrás: Como aguentar a confrontação com a primeira geração, com aquela frescura, espontaneidade, adesão entusiástica da juventude que (correcta ou incorrectamente) via na música o veículo para sua própria emancipação?



sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

[Manlio Dinucci] A NATO ESTÁ MOLDANDO O NOSSO FUTURO



RETIRADO DE:

https://www.globalresearch.ca/towards-2030-nato-shaping-future/5736393?print=1

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A NATO está olhando para o futuro. Por este motivo, o Secretário-Geral Jens Stoltenberg convocou estudantes e jovens líderes dos países da Aliança por videoconferência em 4 de Fevereiro, propondo “novas ideias para a NATO 2030”. A sua iniciativa insere-se no crescente envolvimento com universidades e escolas, também com um concurso com o tema: “Quais serão as maiores ameaças à paz e segurança em 2030 e como se irá adaptar a OTAN para as enfrentar?”

Para levar a cabo o tema, os jovens já têm o seu livro: “NATO 2030 / Unidos para uma Nova Era”. O relatório foi apresentado por um grupo de dez especialistas nomeados pelo Secretário-Geral. Entre esses especialistas está Marta Dassù , que, depois de ser conselheira de política externa do ex-primeiro-ministro D'Alema durante a guerra da NATO na Jugoslávia, ocupou cargos importantes em governos sucessivos e foi nomeada pelo ex-primeiro-ministro Renzi para o conselho de administração da Finmeccanica ( agora Leonardo), a maior indústria de guerra italiana.

Qual é a “nova era” que o grupo de especialistas prevê? Depois de definir a NATO como “a aliança de maior sucesso da história”, que “pôs fim a duas guerras” (estas guerras contra a Jugoslávia e a Líbia foram desencadeadas pela NATO), o relatório pintou o quadro de um mundo caracterizado por «Estados autoritários que procuram expandir o seu poder e influência », colocando aos aliados da NATO« um desafio sistémico em todos os domínios da segurança e da economia ».

Invertendo os factos, o relatório afirmava que, enquanto a NATO estendia amigavelmente a sua mão à Rússia, a Rússia respondeu com “agressão na área euro-atlântica” e, na violação dos acordos “provocou o fim do Tratado sobre Forças Nucleares Intermédias“. A Rússia, apontaram os dez especialistas, é “a principal ameaça que a NATO enfrenta nesta década”.

Ao mesmo tempo - argumentaram - a NATO enfrenta crescentes “desafios de segurança colocados pela China”, cujas actividades económicas e tecnologias podem ter “um impacto na defesa colectiva e na preparação militar na área de responsabilidade do Comandante Supremo Aliado na Europa (O Comandante Supremo é sempre um general dos EUA nomeado pelo Presidente dos Estados Unidos).

Depois de dar o alarme sobre estas e outras “ameaças”, que viriam também do Sul do Mundo, o relatório dos dez peritos recomendava “cimentar a centralidade da ligação transatlântica”, ou seja, a ligação da Europa com os Estados Unidos na aliança sob o comando dos EUA.

Paralelamente, recomendou “o reforço do papel político da NATO”, sublinhando que “os Aliados devem fortalecer o Conselho do Atlântico Norte”, principal órgão político da Aliança que reúne a nível de Ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros e dirigentes de Estado e Governo. Uma vez que o Conselho do Atlântico Norte toma as suas decisões, de acordo com as regras da NATO, não por maioria, mas sempre “por unanimidade e por acordo mútuo”, está basicamente de acordo com o que foi decidido em Washington, o fortalecimento do Conselho do Atlântico Norte significa mais enfraquecimento dos Parlamentos europeus, em particular do Parlamento italiano, já privado de verdadeiros poderes de decisão em matéria de política externa e militar.

Neste contexto, o relatório propõe o reforço das forças da NATO em particular no flanco oriental, dotando-as de “capacidades militares nucleares adequadas”, adequadas à situação criada com o fim do Tratado de Forças Nucleares Intermediárias (que foi dilacerado pelos NOS). Em outras palavras, os dez especialistas pediram aos Estados Unidos que acelerassem o tempo de implantação na Europa não apenas das novas bombas nucleares B61-12, mas também de novos mísseis nucleares de médio alcance semelhantes aos Euro -mísseis dos anos 1980.

Eles pediram especialmente para “continuar e revitalizar os acordos de compartilha nuclear”, que formalmente permitiam que países não nucleares, como a Itália, se preparassem para o uso de armas nucleares sob o comando dos EUA. Por fim, os dez especialistas lembraram que é fundamental que todos os aliados mantenham o compromisso, assumido em 2014, de aumentar o gasto militar para pelo menos 2% do PIB até 2024, o que significa que a Itália deve aumentar de 26 para 36 biliões de euros por ano. Este é o preço a pagar para desfrutar daquilo que o relatório chamou de “as vantagens de estar sob a égide da NATO”.

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Este artigo foi publicado originalmente em italiano no Il Manifesto.

Manlio Dinucci é Pesquisador Associado do Center for Research on Globalization.

PROF. RAOULT DESTROI MITOS RELATIVOS AOS NÚMEROS DO COVID


 Infelizmente, a pseudo-elite científica que se pavoneia nos jornais e tvs (em especial neste país, Portugal), está completamente divorciada da realidade. Os dados fornecidos com total objectividade, pelo Prof. Raoult, demonstram que a pandemia foi jogada no registo sensacionalista, para amedrontar o público incauto. 
Mostra também um artigo, de uma das maiores autoridades mundiais em epidemiologia o Prof Ioanides da Univ. de Standford (EUA), que  compara os regimes de confinamento e demonstra que estes não tiveram o suposto papel benéfico de travar a pandemia. 

É muito difícil «esgrimir» argumentos racionalmente com pessoas desonestas nos media dominantes, que «ignoram» os dados e conclusões científicas das maiores autoridades na matéria, quando estas não lhes agradam... 

Tais pessoas «têm as costas quentes», porque os proprietários dos grandes media são bilionários interessados em criar e alimentar o síndroma de pânico, para melhor impor as medidas liberticidas. 

Estas medidas podem verificar-se em termos práticos, seja por confinamentos sem sustentação sanitária, mas que são um bom ensaio ou treino para futuros estados de sítio, seja em termos de legislação também, com a ultrapassagem das liberdades fundamentais inscritas nas constituições. Por fim, a implementação discreta da «grande reiniciação» (Great Reset) está em curso, de um modo que lhes permite controlar o processo.

Mas, aqueles criados dos grandes senhores feudais são dispensáveis como quaisquer outros, neste universo distópico de economia robotizada, onde se prepara a redução radical dos efectivos de «gado» humano...

Porém, os neo-malthusianos que se escondem atrás de  associações e fundações «filantrópicas» são demasiado ambiciosos. Eles não terão possibilidade de controlar o mundo. O mundo é demasiado complexo, não poderá jamais ser controlado por uma entidade, mesmo que ela recrute os mais devotos adeptos e os mais inteligentes (embora sem ética) cientistas.

A deriva autoritária e seus projectos megalomaníacos defendidos, entre outros, pelo Fórum de Davos irão ruir, quando uma faixa grande da população compreender como a estiveram a alimentar de mentiras.

Grande número de pessoas já está lúcida e alerta. Estas, não serão susceptíveis de serem enganadas pelos novos «hitlers», mas ajudarão a abrir os olhos das restantes.


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

QUAL A MELHOR COBERTURA PARA PRÁTICAS PEDÓFILAS E SATÂNICAS?



Comentando a notícia surgida em RT: «Freiras alemãs alugavam crianças órfãs a homens de negócios para orgias e bacanais – notícia suprimida, vista pela media»

A cobertura ideal será a de uma instituição, tal como uma ordem religiosa de freiras, numa sociedade muito «civilizada», como a Alemanha dos anos 70... E as práticas serão efectuadas - discretamente - por distintos cavalheiros com gostos pedófilos, sobre rapazes... dos 8 aos 14 anos.

Lamento que, sob a capa de instituições da Igreja Católica, se tenham praticado e talvez ainda se pratiquem, os crimes mais horrendos, especialmente os que envolvem crianças e depravações sexuais. 

Nunca tive especial atracção pelo Catolicismo, devo dizê-lo, mas imaginei que os casos de pedofilia de padres fossem casos isolados, sem grande representatividade. Mas não, quando há uma congregação de freiras em peso, com órfãos à guarda, que fornece «carne fresca» para orgias, não pode ser algo pontual. É algo que foi continuadamente do conhecimento do arcebispado, do topo da hierarquia, pelo menos em Colónia, na parte da Alemanha onde se situa esta instituição. 

Sabe-se que os muito poderosos são frequentemente pessoas imbuídas de sua «excepcionalidade»: Consideram-se, portanto, acima da moral da «ralé». 

A pedofilia está - muitas vezes - associada a cultos satânicos. O satanismo adopta o inverso da moral sexual cristã típica, daí que a homossexualidade e pedofilia sejam práticas correntes nesses círculos. 

O escândalo não se pode circunscrever à Alemanha: coisas deste teor - ou semelhantes em gravidade, no abuso dos direitos humanos e, em particular, das crianças - devem ser investigadas internacionalmente, por uma comissão, sem conflitos de interesses e 100% independente da hierarquia católica. 

Segundo uma perspectiva teológica, não é de surpreender que a Igreja de Cristo - refiro-me à comunidade alargada dos cristãos, sem distinção de congregação ou corrente teológica - seja penetrada pelo espírito do maligno. 

De um ponto de vista laico, a capa perfeita para cometer o mal, o crime continuado, na impunidade total, é ele ocorrer em instituições «acima de qualquer suspeita».


PS1: artigo sobre este assunto, em francês, em

  https://francais.rt.com/international/83486-pedophilie-cardinal-cologne-coeur-scandale-refuse-publier-rapport

PS2: O estranho «black-out» informativo, o pacto de silêncio que a media corporativa assinou, mas que foi ignorado por RT e por outras entidades, mostra onde se chegou, em termos de liberdade de informar e de ser informado. O controle da media é um facto. Quem tiver dúvidas, que analise o que se passou agora com este escândalo...

FERTILIDADE MASCULINA EM RISCO DEVIDO A SARS-COV-2

 


Segundo estudos publicados por universidades alemã e iraniana, os tecidos testiculares de pacientes são frequentemente infectados com Coronavírus. 
Os pacientes têm um decréscimo significativo da eficácia dos espermatozóides que se traduz pela redução da concentração no esperma em 516 por cento e da sua mobilidade em 209 por cento. 
A deformação celular ficava aumentada em 400 por cento.

Esta descida da fertilidade masculina vem potenciar o facto, reportado muito antes da crise do COVID pela revista científica The Lancet, de que a taxa global de fertilidade quase ficara reduzida a metade, para 2,4 em 2017 e com projecções a indicarem uma descida para os 1,7 por volta de 2100.

Uma taxa de nascimentos por mulher em idade fértil deve rondar os 2,3 para que a população se mantenha em equilíbrio global: Uma taxa de 1,7 resultaria numa quebra da população mundial.

Independentemente dos efeitos directos do Coronavírus sobre a fertilidade masculina e feminina, é previsível a descida acentuada dos nascimentos, por decisão dos casais em não procriar, ou em adiar a procriação. 

Com efeito, perante o cortejo de factores de instabilidade económica decorrentes da recessão mundial é absolutamente certa a descida acentuada dos nascimentos. 

Quase todos os países desenvolvidos experimentaram taxas negativas do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 e muitos continuarão a tê-las no ano corrente. A excepção é a China, que teve 2,3 % de crescimento do PIB em 2020.

  

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

NÃO HÁ COBERTURA DOS DISCURSOS DE PUTIN E XI JIN PIN EM DAVOS

 


No Ocidente, continuam os órgãos de comunicação social a  fazer o papel dos poderes, que preferem o black-out informativo, a realmente entrarem a contestar ou criticar aquilo com que não concordam. É evidente pelo conteúdo do discurso de Putin no fórum de Davos (em versão virtual), que este será um marco importante, que irá determinar não apenas a posição oficial russa, como também será um claro desafio aos partidários do imperialismo, neo-liberais, globalistas e toda a casta militarista altantista. 

Mas, eles preferem que os servos dos países ocidentais não tenham senão uma forma abreviada e muito edulcorada, das palavras fortes do presidente da Federação Russa. 

Mas, isto mostra somente a ausência de argumentos, mostra a ausência de razão, por parte dos atlantistas, não mostra absolutamente mais nada.   

Não teria conhecimento do importante discurso de Putin, se não fosse Pepe Escobar*, um jornalista brasileiro noticiando sobre as novas rotas da seda a partir da Tailândia, com largos anos como repórter no extremo-oriente. 

Goste-se ou não do presidente da Federação Russa, goste-se ou não das teses que defende, é absolutamente confrangedor verificar que estamos metidos numa redoma informativa (no Ocidente) e que não podemos confiar nos órgãos da media corporativa, pois eles se submetem sem limites ao mandamento do seu dono, o grande capital monopolista que os controla.

*O artigo em causa (clicar para aceder): XI and Putin Make the Case for Win-Win vs. Zero-Sum


PS1: Oiça o podcast do South China Morning Post sobre o discurso de Xi Jin Pin em Davos:

https://www.scmp.com/podcasts/china-geopolitics/3119767/xi-jinping-davos-and-global-reaction-analysing-china-eu

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

ESTAMOS NUMA ÉPOCA...BRUTA

 Estamos numa época bruta, mas não temos que nos deixar tomar pela onda de estupidez e intolerância, que chegam ao extremo do fanatismo. 

Sei que é impossível ser escutado pelas «massas» e depois? Tenho que me sujeitar, só para ser «popular»?  Desde quando é que as pessoas íntegras fazem ou deixam de fazer, por causa da maior ou menor popularidade?

Note-se, não tenho quaisquer pretensões elitistas, teria antes o oposto, o de me sentir irmanado com os meus semelhantes: Sou naturalmente e por educação tentado a considerar que os outros têm os mesmos sentimentos, preocupações comuns às minhas e capacidades intelectuais mais ou menos equitativamente distribuídas. 

E como chego a essa conclusão? 

- Pelo facto de ter ensinado muitos anos a fio, tanto adolescentes como alguns adultos, também. Não notei que tivessem capacidades cognitivas muito distantes uns dos outros, se considerarmos que aquilo que distingue o «bom aluno» do «mau», é a sua capacidade de auto-disciplina, de se impor as tarefas da aprendizagem, os hábitos de estudo regular, que eliminam grande parte da incerteza, que permitem encarar o teste, ou exame sem angústia, portanto, de modo mais eficaz. 

É tudo!

... Afinal, não se trata de algo inscrito nos genes! Eu, que sou geneticista, reclamo a primazia das condições ambientais, se considerarmos que estas incluem o ambiente humano e familiar, em particular, que cada indivíduo tem. O ambiente é factor mais marcante: condiciona o indivíduo, desde o berço, com mais ou menos estímulos, mais ou menos disciplina, mais ou menos oportunidades de cultura.

O que antecede, apenas é o intróito do que realmente desejo exprimir: A realidade é que não somos determinados pelos nossos genes, nem sequer pelo ambiente familiar e social, por  muito que desagrade ao pensamento determinista, o qual não tem cabimento nenhum na sociedade, na psicologia. O determinismo, quanto muito, poderia ser relevante nesta ou naquela disciplina científica, dita «dura» - ou seja, ciências físicas e naturais - embora, mesmo aí, tal conceito esteja ultrapassado.

Assim, as pessoas podem escrever o seu livro de vida de forma muito original, se quiserem, se tiverem oportunidade de acordar do estado letárgico, hipnótico em que a sociedade-redoma, a sociedade-crisálida os coloca. Nada está determinado, nada está inscrito no céu. Se a multidão se submete, não é senão por ter uma enorme preguiça de pensar, de reflectir, de caminhar segundo sendas que não sejam as muito batidas por todas as ideologias e religiões, o que a transforma em rebanho de carneiros...

Penso que, infelizmente, o antídoto para esta letargia social está por descobrir. Porém, a necessidade vai - em breve - acordar muitas pessoas, obrigando-as a porem em causa as suas «certezas». 

Como não pretendo «conduzir» seja quem for, apenas desejo que - nesse momento - quando despertarem, encontrem as formas apropriadas de renascer.