A IIIª Guerra Mundial tem sido, desde o início, guerra híbrida e assimétrica, com componentes económicas, de subversão, desestabilização e lavagens ao cérebro, além das operações propriamente militares. Este cenário era bem visível, desde a guerra na Síria para derrubar Assad, ou mesmo, antes disso.

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

OS CÃES DA GUERRA LADRAM, A CARAVANA - DA NOVA ROTA DA SEDA - PASSA

                       
                                           Mulheres e crianças em Djibouti


Leia o artigo de Pepe Escobar, no «Asia Times»: 

Sei que Pepe Escobar é um óptimo advogado do sistema político chinês mas, através dos seus artigos temos um contra-peso à propaganda baixa da media ocidental «mainstream». Essa media, quase exclusiva fonte de informação num país como Portugal, apenas tem estado preocupada em servir seus donos (grupos económicos, governos, ou até as antenas locais da CIA, MI6, etc). 
Ela apenas pega em aspectos problemáticos (que existem, sem dúvida) da política interna ou externa chinesa, para insinuar a ideia de que a China, com a sua expansão, está querendo por em cheque a dominação hegemónica dos EUA, para se tornar ela própria a super-potência dominante
No entanto, os países africanos não vêem isso assim, tendo eles sofrido séculos de opressão colonial, de escravatura, massacres, sub-desenvolvimento, depredação das riquezas, às mãos da «civilização» ocidental.   

Para que uma expansão seja considerada imperialista, quais os critérios? O que deveria ser observado, caso houvesse uma situação dessas?

- A força expansionista deve subjugar ou colocar numa situação de subordinação clara os governos e Estados sobre os quais estende o seu poder.
- A potência dominante extrai recursos, sem contrapartida que arranque os países explorados à sua miséria.
- Pressiona os países subjugados a apoiarem suas posições e sua política nas organizações internacionais.
- Ela dita aos países subjugados com quem estes devem ou não desenvolver relações e obriga-os a aceitar as suas escolhas nas relações internacionais
- Instala bases militares em múltiplos locais (sob comando continental unificado, como no caso da AFRICOM), usadas para quaisquer finalidades que ache convenientes, como - por exemplo - operações bélicas em países vizinhos, sem ter em conta o governo do país onde se instalou. 
  
Não vejo nada disso, nas relações da China com Angola, ou Moçambique, ou outra das ex-colónias portuguesas de África. Na verdade, através de contactos diversos, eu teria - com certeza - informações sobre tais acções ou comportamentos da China, se existissem realmente, pois tenho amigos e conhecidos que trabalham/trabalharam nestes países e tenho conhecimento através da imprensa e redes sociais, de vários aspectos doutros países e sociedades africanas. 
Embora haja prepotência e autoritarismo em certos governos africanos, não se pode atribuir a responsabilidade disso à influência chinesa. São eles próprios, governantes e seus apoiantes, que estão a trilhar esses caminhos. 
A não-ingerência, vista sob o prisma do governo chinês, quer dizer que eles não se vão imiscuir nos assuntos internos, na política dos Estados com os quais têm projectos em comum. 
Não creio que exista um imperialismo «benévolo», seja ele qual for, seja qual for a sua bandeira e ideologia; mas também não me parece lícito projectar na China a intenção maléfica de repetir  aquilo que - no passado - as nações orgulhosas do «ocidente» fizeram, durante e depois da era colonial. 

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

O QUE HÁ DE ESTRANHO COM ESTAS IMAGENS?





Face a uma derrota política iminente, o governo britânico usa o velho método de culpar o «inimigo» externo (supostamente).
As conversações para uma saída amistosa da UE falharam.
Theresa May recorre - de novo - ao truque para não ter de enfrentar uma opinião pública cada vez menos complacente com as mediocridades do seu governo que, aliás, está a cair aos bocados...
A descoberta e prisão dos supostos agentes russos, alegadamente executores dos envenenamentos dos Skripal, é mais um passo da monstruosa campanha.
A oligarquia no poder na Grã-Bretanha está desesperada e precisa de desviar as atenções do fracasso completo da transição do «brexit».
Theresa May tem de novo aquela atitude típica de fuga para a frente, usando o caso Skripal como arma para forçar uma «união nacional» (ou, pelo menos, da bancada conservadora) em torno do governo.
Não tem vergonha na cara e insiste, sem dar prova nenhuma, na culpabilidade do governo russo.
Agora, é o «perigo russo»; antes, era o «perigo soviético»...



O artigo abaixo, no excelente blog «Moon of Alabama», coloca as questões pertinentes e mostra como os poderes desprezam o público, tomado por imbecil completo, de tal maneira que querem fazer-lhe engolir histórias fantasiosas, sem qualquer prova!

Compreende-se porque razão os globalistas estão tão preocupados AGORA com a censura à internetAs tais «fake news»... são eles próprios os principais fabricantes, afinal.

A CENSURA DA INTERNET CHEGA PELAS MÃOS DA COMISSÃO EUROPEIA

Está em estádio final para aprovação uma lei que obriga plataformas e redes sociais (como Google ou Facebook) a censurar tudo o que é considerado «discurso de ódio». 

                       Resultado de imagem para censura imprensa estado autoritário

A notícia em questão é literalmente de arrepiar os cabelos:


Os novos censores arrogam-se o direito de obrigar estas plataformas a retirar imediatamente o que é considerado conteúdo «terrorista». Note-se que o problema nesta questão é saber quem decide que tal ou tal conteúdo é «terrorista». A liberdade de expressão é directamente ameaçada pois os censores podem censurar «legalmente» tudo o que achem que ponha em causa de forma enérgica o status-quo, incluindo discursos anti-autoritários, anti-capitalistas, anti-monopólios, anti-censura, etc. Ou seja, está instalada ao nível de toda a UE uma enorme rede de censura.
Nesta questão é importante traçar a linha separando o que é legítimo do que não é: é legítimo processar o autor ou editor de um escrito que viole as leis dum país. Mas neste caso, a acusação é trazida perante um tribunal, onde um juiz tem de decidir se o caso é pertinente, se a acusação tem fundamento e se sim, qual a pena a aplicar. No caso de censura, típica de um estado totalitário, o escrito ou video é retirado,  é censurado, não havendo lugar para o público julgar por si se o tal escrito ou vídeo é efectivamente contra as leis, se é «incitamento ao ódio» se é ou não «terrorista», etc. Portanto, além de servir como instrumento indiscriminado para calar oposições pouco cómodas, para o poder, é uma forma de manter o público «protegido» de notícias e opiniões «perigosas», como se o público fosse constituído por «pobres de espírito» que ficariam transtornados por lerem ou verem isto ou aquilo. 

O pior disto tudo é a indiferença de «pessoas de bem», que não suspeitam sequer de que o uso destas leis não é para o que é declarado, mas para coisas muito mais negras e vergonhosas. Introduz-se um Super-estado fascistoide, sempre com o pretexto de «proteger» o público, ou a segurança, etc. 

Não vejo que esta lei sobre conteúdos da internet tenha uma real diferença com o regime de censura prévia aos jornais e comunicação social instaurado por Salazar, continuado por Caetano e apenas abolido com o 25 de Abril de 1974!
Sob pretexto de «tecnologias da informação», estamos a recuar para os tempos mais negros do século passado, o das ditaduras diversas, fascistas ou «comunistas», em que o poder decidia aquilo que o público podia saber e aquilo que lhe era interdito.   

terça-feira, 4 de setembro de 2018

PERSPECTIVA DE SAÍDA DA GRÃ-BRETANHA SEM ACORDO COM A UE

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Esta perspectiva de um «hard brexit» está a levar a que investidores vendam uma grande quantidade de obrigações do tesouro britânico, ou que deixem estas chegar a termo. 
O efluxo de capitais deve-se ao facto de que uma eventual ruptura negocial não será nada favorável para a City de Londres. Muitos bancos e firmas financeiras têm estado a sair ou têm planos de transferência para as zonas mais afluentes do continente europeu, Alemanha, Luxemburgo, etc... 
Sem dúvida, uma grande quantidade de legislação de origem europeia foi automaticamente incorporada nas leis britânicas e não poderá manter-se sem modificação, pois estas mesmas leis foram passadas no pressuposto da pertença à UE. 
A complexidade dos aspectos legais não se fica por aqui, pois existem numerosas directivas, seja para protecção ambiental, para protecção dos consumidores, etc. que instituem normas aos fornecedores de bens e serviços e estes têm de continuar a respeitar essas normas, para além do «brexit», não apenas para poderem exportar para os países da UE; o próprio mercado interno britânico não poderá ficar - dum momento para o outro - sem essas protecções.    
Evidentemente, os mercados são feitos por pessoas e, tal como as pessoas, não são infalíveis. Porém, revelam a tendência, o sentimento geral. O sentimento nunca foi tão pessimista sobre a relação «pós-divórcio» entre a UE e o Reino Unido. 
Do ponto de vista geoestratégico, penso que é inevitável também, pois as «apetências» das oligarquias de um e doutro lado da Mancha são divergentes. 
O Reino Unido tem tido o papel de «cão de guarda» dos EUA, quer no seio da NATO, quer da UE. 
Além disso, têm feito tudo para manter a City de Londres como grande placa giratória dos capitais, não apenas do continente europeu, como asiáticos. O governo britânico é favorável a uma máxima cooperação financeira com a China, como por exemplo fazendo parte do banco asiático de desenvolvimento e oferecendo Londres como plataforma para a negociação de obrigações em Yuan. 
Os alemães, por outro lado, o principal motor da economia europeia, querem que Frankfurt - onde está situada a sede do BCE - receba uma parte significativa dos negócios que hoje em dia se situam nas margens do Tamisa. Quanto aos industriais alemães, estes fazem pressão constante pelo levantamento das sanções contra a Rússia. Estas sanções têm feito perder muito capital alemão investido e limitado a expansão da indústria alemã. 
Como se vê, há variados motivos para os mais fortes agentes económicos do Continente europeu desejarem uma saída do Reino Unido. 

No curto prazo, a não conclusão de negociações ou a obtenção de um acordo que deixe de lado as questões de maior fricção entre as duas partes, poderá desencadear uma crise de grandes proporções, não apenas no Euro, como também noutros planos, incluindo o militar, com a NATO.

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

domingo, 2 de setembro de 2018

COLAPSO DAS MOEDAS DOS PAÍSES EMERGENTES

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Os mercados de divisas são ordens de grandeza maiores que os mercados de acções, ao nível mundial. As moedas da Argentina (peso), da Turquia (lira) e da Índia (rupia) e muitas outras, estão a perder da ordem de 40 a 60% em relação ao dólar

                         Turkish lira external dollar debt

Isto significa que existe, ou vai existir dentro pouco tempo, hiperinflação nestas economias. As pessoas e as empresas estão a ser fortemente atingidas. 

Os países a braços com esta crise monetária, que se traduz na desvalorização súbita da sua moeda nacional, tinham pedido emprestado grandes quantias, sob forma de emissão de obrigações soberanas denominadas em dólares. Beneficiando de taxas de juro muito baixas, preferiram endividar-se, nessa altura, em dólares.
Agora, as taxas de referência da FED estão a subir, o dólar está a experimentar um movimento ascendente. Um outro factor para isso, é a entrada de maiores quantidades de dólares nos EUA por repatriamento das grandes multinacionais, beneficiando de perdões fiscais e garantias, assim como de taxas e impostos mais baixos. 

No conjunto, os países periféricos (emergentes) e mesmo a economia da China, a segunda potência económica mundial, estão em maus lençóis, porque importaram a inflação, que os EUA exportou. 
Ao pagar em dólares bens e serviços ao resto do mundo, dólares esses imprimidos a custo zero, os EUA não apenas possuem sobre o resto do mundo um privilégio exorbitante, devido ao facto de serem a moeda de reserva, como têm meios de controlar os mercados e de usar o dólar como uma arma: Assim o fizeram recentemente, com a Turquia, como têm feito, ao longo dos anos, com a Rússia, o Irão e com quem ponha em questão a sua hegemonia mundial.   
Mas agora, tanto o Irão como a Turquia estão a encontrar processos de comerciar usando a troca directa, ou contratos feitos nas respectivas moedas nacionais. O modelo para tornear - há alguns anos atrás - as sanções e a guerra económica, foi o da compra de petróleo pela Índia ao Irão, usando como pagamento  ouro, comprado ou depositado na Turquia e entregue a bancos privados iranianos.

 Vários mecanismos para contornar as sanções estão de novo a funcionar, mas agora não apenas relativamente ao Irão. O processo desenvolvido pelo Irão, serviu de exemplo e modelo para muitas situações. Agora, mesmo sem sanções, os parceiros comerciais não desejam mais ter bancos de Wall Street como intermediários obrigatórios, como é o caso, quando as trocas são saldadas em dólares. 
O mesmo se passa com a criação de sistemas internacionais de pagamento alternativos ao SWIFT, o qual é controlado pelos EUA.

Quanto a repercussões desta crise das divisas dos países emergentes, talvez a mais grave e que tem merecido mais atenção seja relativa ao efeito sobre os bancos europeus, particularmente espanhóis, franceses e italianos, muito expostos à dívida soberana turca e à doutros países emergentes. 
Muitos bancos europeus (a começar pelo Deutsche Bank) estão demasiado expostos aos produtos derivados. Neste contexto, uma desvalorização acelerada de obrigações soberanas dos países emergentes, que eles detêm em grande quantidade, significará - para muitos - insolvência. 
Esta situação precipita a crise no sector bancário europeu, já muito frágil. A banca italiana, em particular, tem cada vez mais dificuldade em manter uma aparência de solvência. 

A «máquina impressora» (QE = impressão de dinheiro) do BCE (ECB) nunca deixou de funcionar para acudir à banca em dificuldades, porque não tinha escolha. No momento em que o BCE deixar de comprar dívida dos países do sul (ditos «PIGS»: Portugal, Italy, Greece, Spain), os juros desta subirão a pique. Haverá crise, seguida de colapso.

Entretanto, o movimento de ouro do Ocidente para o Oriente prossegue, a um ritmo acelerado. Em pouco tempo, a Rússia, a China e outras potências multiplicaram as suas reservas de ouro, guardadas nos bancos centrais. Igualmente, tem havido uma política dos Estados para incentivar a compra de metais preciosos pelos cidadãos. De qualquer maneira, os orientais nunca deixaram de considerar o ouro e a prata como forma de reserva de valor, de protecção perante uma desvalorização do papel-moeda. 

Quando rebentar o sistema financeiro mundial, baseado exclusivamente na dívida (as divisas são dívida, sem qualquer garantia física por detrás!), o Ocidente ficará pobre e o Oriente rico, quer isso aconteça amanhã, ou dentro de alguns anos. 
É revoltante constatar que uma camada muito diminuta de parasitas, beneficiários do actual sistema, tem conseguido desviar o público - em particular as classes médias - do investimento em metais preciosos, como garantia de preservação do valor das suas poupanças. 
No entanto quem, nos países em crise, adquiriu ouro antes desta crise se declarar, com os seus pesos, as suas liras, rupias, etc., está agora protegido, tem capacidade económica. 
Quem comprou ouro antes da crise, consegue resistir, até em países onde a capacidade aquisitiva da moeda caiu para cerca de metade, desde Janeiro deste ano. 
Quanto às restantes pessoas, elas ficaram brutalmente empobrecidas. Isto é um facto, mesmo para quem tinha «muito», em produtos financeiros, acções, obrigações, depósitos a prazo, etc. Este exemplo, bem meditado, fala por si. 
Se reflectir e procurar documentação, saberá - com certeza - encontrar o melhor caminho para defender o seu poder de compra, o seu modo de vida. 

Perante um tsunami, não devemos esperar pelo último instante, para nos pormos a salvo.

sábado, 1 de setembro de 2018

MAQUIAVEL ERA ITALIANO...NÃO ESQUEÇAMOS!

Num artigo intitulado «Ministro Savona: o Euro é o plano do Reichsbank alemão de 1940, a Itália devia retirar-se dele!» (1), o GEFIRA  retraça os dilemas e as escolhas da elite italiana, a que está discretamente a puxar os cordelinhos do teatro do poder,  qualquer que seja o governo de turno: de «esquerda», «direita» ou mesmo «populista». 

 É muito interessante notar a enorme divergência das contas correntes entre a Alemanha e restantes países do Euro (ver gráfico, retirado do referido artigo). 
O facto é que este sistema, embora altamente favorável para a Alemanha, não é sofrível pelos restantes países, sobretudo, os que tiveram anos de medidas de austeridade, retracção brutal do poder de compra da população e altos níveis de desemprego e de emigração.

                         

O artigo é extenso e merece ser lido na íntegra. Segundo ele, será a elite italiana que irá determinar o momento do «grande terramoto» da saída do Euro. A população apenas é ouvida e atendidas as suas aspirações, quando isto é compatível com os planos da tal elite. 

Considero que é um artigo muito informativo e bem pensado sobre a relação da Itália com a UE. Resta  tirar as consequências práticas do mesmo, pois o que é previsto para Itália, também terá repercussões importantes em Portugal. 

Neste cenário político-económico-financeiro, caminha-se, ou para o abandono puro e simples do Euro, ou para sua transformação em moeda contabilística, para cálculo do «deve e haver» com o exterior, com a lira a circular novamente no mercado interno do país.  

O artigo termina com o parágrafo seguinte (tradução minha): 
«O establishment italiano compreende que é a classe no poder, não o povo, que gere o país. Que o Euro seja abandonado  ou não, isso não é assunto do povo.  
Se e quando eles decidirem fechar o interruptor do Euro, irão fazê-lo de modo que o público aplauda. Ao fim e ao cabo, Maquiavel era italiano.»