Onde estão os dias da minha juventude
Em que dançávamos embevecidos pelos sons
Que nos pareciam dizer o que nos ia no coração
Em que as raparigas eram atraentes e prudentes
Para nos darem esperança de namoro somente
As infinitas discussões politicas, as ilusões
Podeis rir ou desprezar; eu tenho boas recordações
São minhas, são vossas, rapazes e moças desses anos
Não importa que sejais avós, que estejais na reforma
Este período da nossa história coletiva foi
Entre exaltações, ilusões e trambolhões
O tempo único de florescimento
O desabrochar de mil canções
Que nos encheram corações e almas
De esperança
Não será isso o mais importante?
- Aquilo que nos faz viver,
Nos transporta além do nosso ego
- Aquilo que vence a estupidez
A mesquinhez e a cupidez?
Serei sempre adolescente
Na alma, não por passadismo
Mas por escolha, depois de ter
Visto a miséria em que se transformou
Boa parte dos adultos de hoje:
O seu "ideal" é encaixar no sistema!
Perdoo tudo, menos a covardia
O não ter coragem de fazer
O que seja preciso, para repor
A justiça e dignidade no seu entorno
Podem ter muita "competência", etc. mas
Onde está a vossa decência?
Se quiserdes, podeis viver "com a espinha direita"
É vossa escolha...
Digo-vos ser bem pior
Viver rastejando e espezinhado.
- Tudo o resto é bem pouco, indigno
E fracassado, não tenham ilusões:
O "vencer na vida" que eles apregoam
É vencer no concurso
Para escravo abjeto dos Senhores
Se é este o vosso objetivo, lamento,
Mas não terei qualquer palavra de apreço
Pela vossa entrega ao serviço das bestas
Do momento; só poderei lamentar.
Os outros que me seguem
Sabem que eu não lhes tento vender
Esta ou aquela ideologia
Apenas que sejam livres, humanos,
Dando e recebendo amor
O amor verdadeiro que não
Se vende nem compra
Que pode ter ou não ter
Uma componente física.
Tem de ser genuíno.