quarta-feira, 23 de setembro de 2020

[NO PAÍS DOS SONHOS] HERBIE MANN: BATTLE HYMN OF THE REPUBLIC


 Acordou nu, com a claridade difusa permeando os cortinados. Voltou-se e continuou a sonhar...

Algures numa planície, caminhava no meio de prados e de campos de trigo. O coração como que lhe saltava da caixa - de emoção - mas não sabia porquê.

A pouco e pouco, foi vendo a linha diáfana do horizonte e do dia a nascer. Parecia que tudo se ia tornar  claro. 

Porém, a claridade tão desejada não lhe trouxe senão os silvos das balas e o estrondo dos canhões. 

A mortífera guerra civil era o cenário no qual estava  marchando novamente, com os seus companheiros. Marchavam ao encontro dos do outro lado, que faziam exactamente como ele. 

Sentiriam eles o mesmo que ele? Certamente! 

Todos sabiam que este morticínio entre irmãos era a maior estupidez e acto criminoso, que se podia conceber. Mas, ele não tinha coragem para desertar. A probabilidade de ser apanhado era alta. Isso equivalia a morrer e da pior forma. 

Mas, depois de ter visto o que a guerra realmente era, a única vitória que almejava era a da Paz. Era essa, somente, a esperança de sobreviver, de regressar para junto dos seus, de participar na reconstrução da casa, longe dos campos de batalha, para onde o arrastaram. 


Acabou por acordar, rememorando o que sonhara antes: então, inventou nova versão do «Battle Hymn Of The Republic», com flauta e tantos outros instrumentos, mas sem letra:  um Novo Hino... um hino à Paz e ao que nos une, humanos de todas as raças e crenças. 

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Mentiras, Malditas Mentiras e Estatísticas de Saúde

MÉDICOS PELA VERDADE (ESPANHA) 
             (Vídeo censurado pelo Youtube)                           

 Como complemento, pode-se ler um excelente ponto da situação da utilização da epidemia pelo governo britânico:

PS1: Esta Carta Aberta dirigida às Autoridades públicas de Saúde da Bélgica foi subscrita por 394 doutores em medicina 1,340 profissionais de saúde e 8,897 cidadãos, até agora (23/09/2020).

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

HUMANISMO CONTRA A BARBÁRIE


................

 “If all mankind minus one were of one opinion, mankind would be no more justified in silencing that one person than he, if he had the power, would be justified in silencing mankind.”

~ John Stuart Mill, On Liberty ch. 2 (1859)


Perante a monstruosa falsificação da epidemia de coronavírus em «pandemia» e da sua gestão por entidades como os governos e a OMS, verifica-se o reforço de um dispositivo de censura, instalado anteriormente, mas posto agora a funcionar em pleno. 

Tanto como a «plandemia» de COVID, o que marca este tempo é a PANDEMIA DE CENSURA. Com efeito, são inúmeros os casos de supressão de artigos, entrevistas, de opiniões, de vídeos, nas chamadas redes sociais: Youtube, Twitter, Facebook, Google... Os actos de censura são «justificados» por tais opiniões serem «contrárias às regras de conduta acordadas pelos assinantes», mas quem interpreta essas supostas violações são equipas de censores anónimos. Estes designam-se por «fact-checkers» na distópica linguagem orwelliana de hoje. Quanto aos media tradicionais, tvs, radios e jornais... Estes têm uma censura interna muito mais férrea ainda, os jornalistas que aí trabalham ou são recrutados pela sua conformidade ao paradigma dominante, ou são obrigados a prostituir a sua dignidade de jornalistas ocultando, ou fechando os olhos para todos os factos e situações que eles sabem vir contradizer a narrativa dominante.

Assim, a «ortodoxia» é ditada por um corpo supostamente neutro e supostamente internacional, a OMS, mas na verdade, completamente capturado pelos interesses das grandes farmacêuticas, pelas fundações filantrópicas como a de Bill Gates. Os médicos que não se conformam ficam relegados para as margens, por mais legitimidade que tenham e por mais sérios que sejam os seus argumentos científicos; se saírem fora da ortodoxia propalada pela OMS, estão excluídos. Aliás, as redes sociais utilizam como desculpa para eliminarem artigos, entrevistas, vídeos, etc., destes não estarem em «conformidade com a posição da OMS»...

Agora, verifica-se a continuação da «mascarada carnavalesca» mas sem nenhum aspecto libertador, irreverente, que o Carnaval teve nos países onde era comemorado. Um triste Carnaval, triste circo, que se quer impor com nova vaga de lockdowns, a pretexto de uma inexistente e fabricada nova vaga de coronavírus!

Enquanto isso, a economia vai-se deteriorando. Os economistas mais sérios e reputados dizem que a crise económica está só no princípio. Na Europa, há vozes respeitadas que apontam para a real possibilidade de falências em série dos bancos «sistémicos» devido ao desmoronar do castelo de cartas dos chamados «produtos derivados». Estes produtos, meras apostas sobre acções e índices financeiros, têm sido negociados «fora dos livros», ou seja, não aparecem nos balanços dos bancos ou outras instituições financeiras. No entanto, só o Deutsche Bank, terá múltiplos do PIB alemão, em contratos de derivados. O pior disto é que há um efeito catastrófico, devido à enorme alavancagem, à espera de acontecer. Pode um decréscimo ou acréscimo de uns poucos porcento, num índice, implicar que sejam accionadas clausulas de salvaguarda, em que serão usados os activos dados em garantia. A partir daí, desencadeia-se o desmoronar do castelo de cartas.  

Este imenso casino financeiro é bem pior que um verdadeiro casino, pois no primeiro caso, os «dados» estão - com toda a certeza - viciados, mas ninguém à partida consegue que seja exercido um verdadeiro controlo, apesar de existirem entidades «controladoras». Para os casinos «clássicos», com roleta, black-jack, etc., existe fiscalização externa (de entidades do Estado) que pode multar, ou mesmo fechar, locais de jogo que estejam a proceder de forma ilegal. 

Torna-se clara a intenção de disfarçar o descalabro financeiro e económico, que já começou e que vai continuar a piorar, com toda a certeza, usando o pretexto do COVID. Este pretexto está - no entanto-  a perder credibilidade a cada dia que passa, assim como a própria media corporativa, que insiste em ser porta-voz da propaganda estatal e globalista. 

Creio que irá acontecer o mesmo que com a chamada «Guerra ao Terror», que nos aterrorizou a todos, com os ataques e guerras criminosas no Médio Oriente, com os ataques de falsa bandeira nos países ocidentais. No fim, viram que o público questionava demasiados aspectos parciais dessa narrativa e tornava-se cada vez mais difícil construir cenários que «justificassem» a continuação das campanhas terroristas dos Estados. Veio então, em boa hora (para eles, globalistas), a pandemia do COVID.

Apenas um tribunal do tipo do de Nuremberga poderá produzir a justiça que tarda em ser aplicada a estes genocidas, psicopatas e sociopatas. Note-se que, aqueles que governam os povos, não são, nem de longe, os únicos responsáveis. Basta ver a «gente de Davos», os muito ricos e poderosos, possuidores de ramos inteiros de indústria, de impérios como a Amazon (cuja valoração é superior ao  PIB da Suíça!) ou de «fundações filantrópicas», como as fundações Rockefeller, Bill e Melinda Gates, Carnegie Mellon, Ford, etc, etc.

Na realidade, a riqueza e o poder neste mundo estão distribuídos de forma completamente assimétrica, como nunca estiveram jamais, na História humana. Nem os Faraós do Egipto, nem os Reis da Babilónia, nem quaisquer outros, até hoje... possuíram tanto e controlaram tantos recursos. 

Aquilo que pretendem as oligarquias - que irão reunir-se em Davos, em Janeiro do próximo ano - é uma radical modificação da estrutura produtiva dos países, a pretexto de uma «Green New Deal». Eles usam o termo «New Deal» que foi usado pela primeira vez para descrever a política de F.D. Roosevelt, na sequência da Grande Depressão de 1929-1936. Mas - ao contrário dessa primeira «new deal» - esta política irá criar um vazio em termos de indústrias, de capacidades produtivas; vai implicar uma austeridade permanente para os "servos", somente. Sobretudo, vai exacerbar o controlo absoluto, por umas poucas mega-corporações, sobre os circuitos de produção, distribuição e venda. A tendência já vem de trás, mas a crise do COVID veio acelerar a concentração, com falências em série de pequenas empresas industriais e do pequeno comércio.

A oligarquia reinante ao nível mundial costuma fazer «conspirações abertas», isto é, anunciam aquilo que se preparam para fazer; assim podem dar uma pseudo-legitimidade à sua actuação:

- Por um lado, ficamos como que coniventes, pois sabíamos - mais ou menos - o que estava planeado.

- Por outro, desarmam os críticos, dizendo que estes são lunáticos que vêm conspirações por todo o lado.

- Por fim, conseguem que um exército de «idiotas úteis», ecologistas da treta «à la Thunberg», venham apoiar e fazer publicidade a este edifício, que afinal é o mais anti-verde, o mais anti-progresso, e o mais anti-humanista que se possa imaginar.

A minha esperança - face a este quadro, bastante negro - é pequena, mas é racional: 

- espero que muitas pessoas compreendam e se liguem entre si, das mais diversas formas, encontrem modos de resistência, de oposição activa, criativa e pacífica aos causadores disto tudo.

- espero que haja um efeito catalítico e que quem ainda esteja semi-adormecido, iludido, enganado, compreenda como foi manipulado... e se junte aos dissidentes desta ordem totalitária globalista.

- espero que estes megalómanos globalistas, malthusianos, percam esta guerra, pelas mesmas razões pelas quais perderam os ditadores do passado (Napoleão, Hitler ...): quiseram abocanhar algo demasiado grande para eles

 

PS (10/10/2020) : Um aspecto muito importante, desenvolvido no artigo abaixo: a guerra híbrida, levada a cabo pela oligarquia globalista contra a China e sua relação com os objectivos da política de «Green New Deal» ... 

http://thesaker.is/western-lockdown-to-shut-down-china/


 PS (07/12/2020): Mike Whitney coloca a questão dos fins eugenistas ocultos da vacinação contra o COVID:  https://www.unz.com/mwhitney/the-covid-19-vaccine-is-the-goal-immunity-or-depopulation/

domingo, 20 de setembro de 2020

ADN ANTIGO E A NOVA CIÊNCIA DO PASSADO HUMANO


                                    Uma magnífica lição pelo Prof. David Reich


[David Reich, Professor, Department of Genetics, Harvard Medical School; Investigator, Howard Hughes Medical Institute; Senior Associate Member, Broad Institute of Harvard and MIT]

Conferência importante pelo seu conteúdo. Os avanços recentes da ciência mostram com clareza que não existe nem nunca existiu nenhuma «raça pura», ou seja, que o conceito de «raça» é um conceito vazio de sentido em termos biológicos. Penso que isso deveria ser mais enfatizado nesta época em que são assoprados os ventos do ódio «racial». Realmente, a biologia diz-nos que somos todos um puzzle de traços genéticos de muitas origens. Devia ser consensual - não apenas entre biólogos mas toda a gente - que a aparência física superficial não traduz a profundidade da nossa herança genética.

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

«ECONOMIA DE CASINO» TORNOU-SE UMA METÁFORA DEMASIADO TÍMIDA ...

 


A «economia de casino», presidida pelos bancos centrais dos países ocidentais, com a FED (Reserva Federal dos EUA) à cabeça, passou a ser uma economia em roda livre, correndo para o precipício.

Com efeito, a constante criação monetária, engendrando um aumento brutal da folha de activos dos bancos centrais, acoplada com uma permanente repressão monetária, forçando juros próximos de zero e agora mesmo negativos, tem consequências graves e de longo prazo.
Por exemplo, a FED  expandiu a sua folha de activos de 4,2 triliões de dólares em Março deste ano, para 7,2 triliões à data de 10 de Junho. Para alguém não familiarizado com tais números astronómicos, isto pode não parecer demasiado preocupante, mas o caso muda de figura, se essa mesma pessoa souber que os primeiros 3 triliões de dólares, na folha de balanço da FED, demoraram quase um século a acumular-se: desde o início de 1914 até Março de 2013, segundo David Stockman. 
Infelizmente, o mesmo comportamento é observável nos outros grandes bancos centrais ocidentais. Tudo indica que a MMT «moderna teoria monetária», tomou controlo das mentes dos banqueiros centrais, uma teoria que afirma que não importa a quantidade de dinheiro que é despejado numa economia, que a criação monetária pode ser manejada como se se tratasse de um acelerador de um carro: ora aumentando um pouco mais, ora diminuindo a velocidade de criação monetária, consoante o estado da economia. 
Porém, nada disto é verdade. 
Mesmo antes da crise do COVID-19, multiplicavam-se, nas economias ocidentais, as falências, as empresas zombies, a estagnação ou mesmo contracção - em termos reais  - do PIB. 
Isto, apesar de - desde 2008 - ter sido constante a injecção de liquidez nas economias e a repressão das taxas de juro. Levou-se a redução ao absurdo, com taxas negativas em 70% dos empréstimos obrigacionistas nos países ocidentais.  
Não apenas os «remédios» não surtiam efeito, como a economia mostrava sinais de persistente fraqueza.
O objectivo de 2% de inflação é tão absurdo, que apenas uma opinião pública completamente anestesiada não se indigna quando bancos centrais e governos insistem em apontar isso como objectivo económico, «justificando» as medidas que são postas em prática. Pois bem; nem sequer esse famigerado «objectivo dos 2% de inflação» é atingido após 8 anos de persistentes esforços. 
A característica da loucura, já dizia Einstein, é aplicar sempre a mesma medida, a mesma fórmula, ensaio após ensaio, apesar de se verificar que ela não produz o resultado pretendido.
Eu acrescentaria que se trata de comportamento obsessivo-compulsivo, perfeitamente comum em determinado tipo de instituições: as instituições psiquiátricas.
O mundo está a assistir, impávido, ao destroçar final das divisas. O facto de se ouvir falar de que o dólar é mais forte ou mais fraco é apenas conversa fiada, pois TODAS as moedas «fiat» estão descendo até ao seu valor intrínseco, que é zero (*). 
A política de criação «non-stop» de divisas está na base da inflação, em todos os países. O que está em causa é a destruição do valor do dinheiro, ganho por biliões de trabalhadores e empresários, no mundo inteiro. 
A minha previsão, é que vamos assistir a uma espiral de inflação, a qual poderá transformar-se numa hiper-inflação. Ou seja, destroem completamente o valor dos bens monetários e financeiros.
Os bancos centrais e os governos sabem isso perfeitamente e contam com isso para o «Great Reset»: Assim, a classe super-rica (o 0,001%) consegue acumular ou concentrar riquezas (reais, tangíveis), em escala nunca antes vista. Além disso, pode moldar as novas regras do sistema (o «reset» é essencialmente isso), conservando o controlo das alavancas do poder monetário, financeiro e económico.     

----------------
(*)

PS1: Veja o gráfico abaixo, produzido pelo BIS, retirado do artigo de Zero Hedge, aqui: a taxa de crescimento da dívida em relação ao PIB, subiu vertiginosamente nos últimos tempos.





quinta-feira, 17 de setembro de 2020

[Bob Dylan] «SHELTER FROM THE STORM» /«abrigo da tempestade»

                             

                         https://www.youtube.com/watch?v=-gsDBuHwqbM


Bob Dylan foi uma potente inspiração na minha vida. Não tentei nunca plagiar o bardo da minha geração, mas tentei emular o poeta na sua fulgurante adequação da palavra à essência, ao essencial, àquilo que realmente conta. Ou seja, Bob Dylan, para mim e para muitos da minha geração, não foi uma espécie de "modelo da moda" mas antes, um exemplo de  comportamento: alguém que não abdicava da sua ética, por mais sucesso e mediatização que tivesse*. 

(*Algumas das canções que mais me marcaram, estão nestes links: aqui, aqui e aqui)

------------------------

Shelter from the Storm

WRITTEN BY: BOB DYLAN

’Twas in another lifetime, one of toil and blood

When blackness was a virtue and the road was full of mud

I came in from the wilderness, a creature void of form

“Come in,” she said, “I’ll give you shelter from the storm”


And if I pass this way again, you can rest assured

I’ll always do my best for her, on that I give my word

In a world of steel-eyed death, and men who are fighting to be warm

“Come in,” she said, “I’ll give you shelter from the storm”


Not a word was spoke between us, there was little risk involved

Everything up to that point had been left unresolved

Try imagining a place where it’s always safe and warm

“Come in,” she said, “I’ll give you shelter from the storm”


I was burned out from exhaustion, buried in the hail

Poisoned in the bushes an’ blown out on the trail

Hunted like a crocodile, ravaged in the corn

“Come in,” she said, “I’ll give you shelter from the storm”


Suddenly I turned around and she was standin’ there

With silver bracelets on her wrists and flowers in her hair

She walked up to me so gracefully and took my crown of thorns

“Come in,” she said, “I’ll give you shelter from the storm”


Now there’s a wall between us, somethin’ there’s been lost

I took too much for granted, got my signals crossed

Just to think that it all began on a long-forgotten morn

“Come in,” she said, “I’ll give you shelter from the storm”


Well, the deputy walks on hard nails and the preacher rides a mount

But nothing really matters much, it’s doom alone that counts

And the one-eyed undertaker, he blows a futile horn

“Come in,” she said, “I’ll give you shelter from the storm”


I’ve heard newborn babies wailin’ like a mournin’ dove

And old men with broken teeth stranded without love

Do I understand your question, man, is it hopeless and forlorn?

“Come in,” she said, “I’ll give you shelter from the storm”


In a little hilltop village, they gambled for my clothes

I bargained for salvation an’ they gave me a lethal dose

I offered up my innocence and got repaid with scorn

“Come in,” she said, “I’ll give you shelter from the storm”


Well, I’m livin’ in a foreign country but I’m bound to cross the line

Beauty walks a razor’s edge, someday I’ll make it mine

If I could only turn back the clock to when God and her were born

“Come in,” she said, “I’ll give you shelter from the storm”

Copyright © 1974 by Ram's Horn Music; renewed 2002 by Ram’s Horn Music


quarta-feira, 16 de setembro de 2020

UMA ECONOMIA EUROPEIA ZOMBIFICADA...


 As pessoas em geral, mesmo as que se informam sobre o que se passa na economia europeia, não fazem ideia disto: cerca de 550,000 firmas alemãs, numa economia que se portou razoavelmente em relação à crise do coronavírus, estão na categoria «firmas zombies» segundo estudo da agência de crédito Creditreform. O fenómeno é similar na Suíça.

Uma empresa é considerada zombie quando a sua sustentação - durante largo período de tempo - depende de conseguir crédito no mercado para cobrir os juros de outros empréstimos que já contraíra, ou seja, em que os rendimentos líquidos de sua actividade são insuficientes para pagar os juros de empréstimos. Para fazerem face às obrigações, em termos de crédito, continuam a ir obtendo - junto da banca ou junto do Estado - «dinheiro fresco», que vão gastando, sem que a situação se modifique para melhor. 

A política do BCE (Banco Central Europeu) de fornecer crédito a juro praticamente zero, à banca comercial, durante todo o tempo desde a Grande Recessão de 2008-2009, teve como consequência que a banca comercial aceitava emprestar a firmas que não preenchiam as condições para obter um empréstimo, em situação normal dos mercados. Isto é, a banca comercial sabia que muitos empréstimos às empresas acabariam em crédito mal-parado, mas contava com o amparo do BCE e dos Estados, que não deixariam, que fariam tudo para impedir, que estas instituições de crédito, sobretudo os grandes bancos ditos «sistémicos», declarassem falência.   

Temos assim exemplos de empresas que acabam por ser resgatadas da falência várias vezes, pelo respectivo Estado, como a espanhola Abengoa, resgatada 3 vezes em 5 anos.

O mesmo se passa em Portugal, em Itália, na Grécia e também noutros países da União Europeia, de economia mais «forte». Nestes últimos, pelos vistos, a situação tem tendência a regredir ao nível dos chamados «PIGS».

A crise iniciada com o «lockdown», que destruiu irreversivelmente um grande número de pequenas empresas, também levou os Estados a encontrar «habilidades» para manter toda a espécie de empresas em funcionamento e evitar/adiar despedimentos em massa dos trabalhadores.

Não se pense que o Reino Unido, recém saído da UE, esteja melhor. As companhias «zombie» britânicas representam um terço do total europeu. São 20% em relação à totalidade de companhias do Reino Unido, tendo esta percentagem crescido de 4%, desde Março. Nos sectores mais atingidos, na Grã-Bretanha, a percentagem de zombies atinge os 26%.

A emissão de dívida ao nível mundial, por companhias que estão abaixo do nível de investimento, aumentou imenso, tendo atingido, nos 8 primeiros meses deste ano, o equivalente a todo o ano de 2019.

Isto significa que se vai para uma economia europeia e mundial zombificada, ou seja, em que as empresas não são capazes de gerar rendimento líquido suficiente para cobrir os juros das dívidas, mas são mantidas «a flutuar», graças à política coordenada dos bancos centrais e dos governos, forçando  a descida dos juros para valores próximos de zero. 

Neste contexto, a contracção da economia é inevitável pois, segundo investigadores do Banco BIS de Basileia, para cada aumento de uma unidade percentual do número de firmas zombie, vai haver um decréscimo de 0.25% na taxa de emprego e uma diminuição de 17% na taxa de investimento de capital. Estes valores são compreensíveis, dado que a maioria das empresas zombies têm uma produtividade reduzida e que os capitais investidos nelas não serão aplicados noutras empresas e sectores, que poderiam gerar retornos positivos.

A multiplicação desta situação dos Estados - directa ou indirectamente - sustentarem empresas zombies, tem tendência a acentuar-se, no curto prazo. Tal não deixará de ser factor preponderante na criação dum clima de marasmo, de deflação. 

Por outro lado, os governos - a braços com uma crise de desemprego monumental - vão pôr em marcha um «salário mínimo para todos» como foi anunciado hoje por Ursula von der Leyen, que preside à Comissão Europeia. Isto significa que os valores do trabalho e das pensões serão completamente submersos pelo dinheiro «grátis» desse salário mínimo para todos. Isto vai significar uma entrada da Europa numa espiral de hiperinflação, ainda mais cedo do que eu previa. Com efeito, as necessidades do comum dos mortais serão satisfeitas com dinheiro «fresco», saído dos «fornos da BCE», mas o resultado é que - perante a mesma quantidade, ou uma diminuição dos bens disponíveis no mercado - os preços vão aumentar. Quanto ao dinheiro capturado pelos investimentos especulativos, desde as acções e outros produtos financeiros, até a certos sectores do imobiliário, servirá para uma hipertrofia das bolhas, uma «histerese». Aliás, isso verificou-se com as hiperinflações no Zimbabue e na Venezuela; em ambos os casos, os valores bolsistas subiram a alturas nunca antes vistas.

Talvez a Comissão Europeia e os Governos pensem que assim irão mitigar a crise (que eles próprios provocaram com o lockdown). Mas, eu não vejo uma saída, que não passe pela destruição daquilo que pesa, para que se dê um renovo económico e social, com aquilo que tem futuro. 

A minha previsão é que esta política irá conduzir à ruína completa das pequenas empresas, ao quase desaparecimento da «classe média» e à acumulação de capital nas mãos de uma oligarquia ainda mais reduzida (neo-feudalismo). 

O «grande renovo» (great reset) que os poderes que controlam a UE desejam será financeiro, monetário, feito por e destinado a beneficiar os 1%. Mas, não será solução para os problemas estruturais; estes, apenas se resolvem com uma nova base para a economia, centrada nos valores da equidade, liberdade e iniciativa.