sábado, 15 de setembro de 2018

CRÓNICA DE PEQUIM: O IMITADOR VOCAL HAI YANG * - POR EDUARDO BAPTISTA


(*) traduzido do inglês : 
  
                     

                  


"Não importa o país para aonde eu vá, toda a gente aprecia a minha arte por uma simples razão: é um reflexo da natureza", observa o mestre de imitação Hai Yang, relinchando como um cavalo para ilustrar a universalidade de kouji, uma arte tradicional de imitação sonora.

O nativo de Henan, de 39 anos, teve um ano produtivo: em 2017, como membro da Sociedade Acrobática de Beijing, passou um mês nos Estados Unidos a atuar à frente de dezenas de milhares com o seu talento e sentido de humor. Após o seu regresso à China, Hai foi convidado a integrar a equipa de efeitos sonoros do “Wolf Warrior 2”, o filme chinês com o maior  sucesso de bilheteira de sempre. Para este filme de guerra, Hai Yang imitou explosões de mísseis, tanques barulhentos e outros sons muito para além do repertório tradicional desta arte antiga.

Aqui está uma amostra do repertório moderno de Hai:

                       

Os registos históricos mostram que kouji (口技), literalmente "acrobacia da boca", existe na China há mais de 2300 anos. Hai narra com entusiasmo a famosa história do primeiro-ministro do Estado de Qin, Mengchangjun, um estudante de Confúcio que viveu durante o Período dos Reinos Combatentes (475-221 AC).

Em 299 AC, Mengchangjun foi acusado de espiar no seu estado nativo de Qi e posto na prisão, juntamente como os seus servos. O ministro buscou a ajuda da concubina favorita do rei de Qin, Yan Fei, que, em troca, exigiu um casaco de pele de raposa branca que Mengchangjun já tinha oferecido ao rei. Preso num dilema, um servo jovem e leal, decidiu usar kouji. No meio da noite, depois de escapar da sua cela, chegou à porta dos aposentos do rei e começou a imitar o som de cães a latir, distraindo os guardas o tempo suficiente para que ele pudesse infiltrar-se no quarto do rei e roubar o casaco.
Mas, depois de fugirem das celas do palácio Qin, Mengchangjun e os seus servos deparam-se com um outro problema ao chegarem à fronteira Qin-Qi (na atual província de Shaanxi), bem guardada por uma base militar. Mas antes que as tropas do rei Qin alcançassem os fugitivos, o jovem servo de Mengchangjun imitou o cacarejar dum galo e todos os galos nos arredores seguiram. Os porteiros, não tendo nenhuma espécie de relógio, pensaram que a manhã estava quase a chegar, abriram o portão e deixaram Mengchangjun e os servos passar.

                       
  
Imitar a música deste tordo era uma das formas artísticas de representar beleza feminina na China antiga.

Durante a dinastia Song (960-1279), a arte de kouji recebeu patrocínio imperial. O chilrear dos pássaros era um som que os cortesãos gostavam particularmente (de acordo com Hai, o canto dos pássaros era uma das quatro metáforas naturais para a beleza feminina, junto com as flores, o salgueiro e a lua).
A capacidade dos artistas kouji de imitar este som deu-lhes um lugar permanente nas festas de banquetes do Estado. Composições feitas exclusivamente de sons de kouji, incluindo “O canto dos cem pássaros” (鸟鸣), eram especialmente populares devido à boa sorte simbolizada por 100 pássaros.

Hai afirma que kouji alcançou tal nível de mestria nessa dinastia que o canto de certos mestres de kouji superava o pássaro que eles estavam imitando.
Um tal indivíduo, Zhang Kun Shan (张坤 ) conseguia fazer com que um tordo morresse de exaustação ao tentar cantar mais alto do que Zhang Kun Shan, ganhando-lhe a alcunha de Hua Mei Zhang (画眉 ), huamei sendo o nome chinês para a espécie de tordo que Zhang Kun Shan conseguia imitar. O próprio Hai lembra-se alegremente de exibir as suas habilidades à frente de tordos em gaiolas, deixando-os num estado de frenesim, e o seu dono algo chateado.
 Todos os chineses com educação básica têm algum conhecimento da arte, graças ao ensaio "Kouji", que faz parte do currículo do segundo ciclo. O texto, escrito pelo erudito Lin Si Huan ( ), descreve vividamente uma atuação teatral de kouji: O público senta-se à frente de uma tela, atrás
da qual o artista de kouji conta uma história com efeitos sonoros - cachorros latindo, um bébé horando, louça caindo - usando apenas a boca,
um bloco de madeira e um leque. O público preenche as lacunas com a sua imaginação.

                    
                  
                     A ilustração de “kouji” mostra como os sons
                    produzidos pelo artista kouji conseguem criar
                        imagens vívidas nas mentes do público.

 Ao contrário dos seus antecessores imperiais, Hai não foi preparado desde uma tenra idade para se tornar um mestre de kouji. Quando ele ainda era
criança, sentiu-se atraído pela imitação vocal puramente por diversão; a sua primeira imitação foi de um galo na sua aldeia. Ele ri-se ao descrever
o seu passatempo de imitar sotaques, como o do amolador, enganando os vizinhos que saíam de casa segurando dezenas de facas só para descobrir
que não havia ninguém na rua. Na escola, ele sentava-se ao lado da janela, ouvindo os sons de fora e imitando-os, hábito ao qual os seus professores não achavam piada nenhuma, especialmente quando se tratava da sirene de uma ambulância.
 Foi o programa de televisão, «Luo Sang Estuda Arte» (洛桑 ), que plantou as sementes do sonho que Hai perseguiria nos próximos 20 anos
da sua vida. Apresentado pelo virtuoso mestre kouji Luo Sang (洛桑) e pelo comediante Yin Bolin (尹博林), o programa forneceu uma plataforma nacional à arte de kouji. Transmitido desde 1993 até ao final de 1995, quando Luo Sang morreu num acidente de automóvel aos 27 anos, o programa fez Hai Yang aperceber-se que era possível fazer carreira de imitar sons, por mais que os seus professores dissessem que seu talento era inútil e infantil.
 “Quando vi pela primeira vez Luo Sang a fazer a sua imitação de trompete e trombone, não achei que os seus sons eram difíceis de produzir, nem
achava que meu nível estava abaixo do dele”, lembra Hai, que tinha 14 anos naquela altura.
Acreditando que a morte de Luo Sang tinha criado uma vaga para a sua subida ao palco, Hai começou a estudar o reportório de Luo Sang, na
esperança de eventualmente viajar para o norte, para Pequim, aí encontrar o ex-parceiro de Luo Sang, Bolin, e começar um novo show juntos. Na era pré-internet, porém, era mais fácil falar de tais planos do que os executar.

Foi no exército que Hai esteve próximo de se transformar num artista kouji a tempo inteiro.  Ele candidatou-se para a trupe de artes da sua região, mas ficou surpreendido ao não ter sido escolhido na primeira ronda de entrevistas.




Determinado, dirigiu-se sozinho ao prédio onde as selecções estavam a decorrer. Pondo-se à frente da porta da sala, surpreendeu os líderes da trupe lá dentro ao “tocar” a famosa banda sonora do filme de guerra francês “Adieu l'ami” (1968). Ele foi convidado imediatamente a juntar-se à trupe, recebendo ordens para fazer as malas e tratar das despedidas. Mas pouco depois de chegar à sua nova divisão, um jipe chegou e trouxe-o de volta para a sua antiga divisão. Nesse momento ele soube o motivo de ter sido deixado fora da lista de candidatos: o seu sargento estava tentando
impedi-lo de deixar sua divisão. Hai, como subordinado, não teve escolha senão aceitar.
Quatro anos depois, outra tentativa foi frustrada pela mesma cadeia militar de comando, e o desiludido Hai acabou por tornar-se um trabalhador de colarinho branco em Pequim.

Anos mais tarde, Hai ouviu falar de um famoso mestre kouji que fazia parte da Sociedade Acrobática de Pequim, Niu Yuliang (牛玉亮). Através de uma combinação de favores e de sorte, Hai conseguiu acesso a um evento da Sociedade onde Niu estaria presente. Seis meses depois, ele tomou uma ausência injustificada do trabalho para poder assistir a um ensaio que contava com a presença do velho mestre, que já passava dos 70 anos. Hai Yang ofereceu-se para ajudar o mestre a caminhar e a descer e subir ao palco. Finalmente, aos 33 anos, Hai tornou-se aprendiz do velho mestre. Em 2014, Hai recebeu o título formal de "estudante" de Niu, entrando numa linhagem de artistas que perdura à mais que 2.000 anos.

Mais de 20 anos depois de ter visto pela primeira vez “Luo Sang Estuda Arte”, Hai começou a sua carreira como artista kouji.  O tour da Sociedade Acrobática pelos Estados Unidos levou kouji a lugares como o Kennedy Center, em Washington D.C., onde Hai, de 36 anos, foi um sucesso, atraindo fãs que o seguiam em todas as suas actuações na capital. Ele até recebeu elogios de Ivanka Trump, filha de Donald Trump, que nomeou a actuação de Hai como uma das suas favoritas da festa do Ano Novo Lunar organizada pela Embaixada chinesa em Washington. Enquanto trabalhava na pós-produção de “Wolf Warrior 2”, o desempenho de Hai recebeu orientação da maior especialista de efeitos sonoros da China, a amiga de Steven Spielberg, Wei Junhua.

                     
 Hai Yang (extrema direita), numa foto de grupo com Ivanka, a sua filha Arabella e outros dois artistas

Hai diz que tornar-se num mestre de kouji se baseia em 98% de esforço e 2% de sorte. Todos os dias Hai explora todos os movimentos possíveis da sua boca e garganta, todas as formas de inalação e exalação e todas as possíveis combinações de sons. O essencial é dominar todas as variações dum som: Hai demonstra as suas diferentes imitações de animais caninos, começando com o uivo dum lobo faminto, terminando com o ganir dum cachorrinho deprimido.

Audio - aqui:

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Hai está agora preparando-se para assumir as responsabilidades do seu mestre, que fará 80 anos no ano que vem. Isso envolve aprender certas composições clássicas, assim como encontrar novos sons que nunca tinham sido imitados antes, como o xun (), um antigo instrumento de sopro em forma de ovo, o bawu () instrumento tocado pelas minorias étnicas da província de Yunnan no sul da China e até mesmo o canto estridente da ópera pequinesa.

“A transmissão do kouji tem os seus limites, pois só pode ser transmitida oralmente”, observa Hai, resumindo o desenvolvimento da arte usando o ditado, 青黄不接 (“a safra antiga e a nova não se juntaram”). Hoje, há apenas um punhado de artistas kouji treinados na China e cultivar novos talentos não é fácil: ao contrário dos ginastas que atuam ao lado de Hai, os artistas kouji atingem o nível de artista muito mais tarde, e só alcançam o status de “mestres” após décadas de treino.

No entanto, Hai tem começado a treinar alguns alunos e a sua crença no valor intrínseco do kouji cresceu à medida que ele tem recebido mais acolhimento positivo de públicos estrangeiros.
  "Você não precisa falar uma palavra de chinês para desfrutar da minha arte,” diz Hai, imitando uma solene trombeta de um funeral militar.
“O Kouji não tem fronteiras, tudo o que desejo é continuar a mostrar esta arte ao mundo inteiro”, declara ele. Logo a seguir, exibe uma amostra da sua composição mais recente, terminando como a sirene de ambulância que o punha de castigo quando era criança.
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*Original em língua inglesa em: 

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

SOMOS TODOS HÍBRIDOS - FALSIDADE DO RACISMO

A propósito da recém-descoberta dum híbrido entre neandertal e denisovano na caverna de Denisova e comunicado em Agosto deste ano.



O género Homo evoluiu ao longo de muitos milhares de anos; se apenas considerarmos o referido género Homo, ele surge há mais de 2,5 milhões de anos, com Homo habilis (o primeiro da série).

                     Una de las propuestas de árbol evolutivo de los hominidos bipedos.

Quando passamos para o Homo sapiens antigo, com cerca de 300 mil anos (segundo reavaliação de fósseis descobertos em Marrocos), verifica-se que efectuou desde muito cedo migrações para fora de África, quer pela travessia do estreito que separa a África Oriental da Península da Arábia, quer pela ligação terrestre entre o Egipto e a Palestina, ou ainda pelo Norte de África, através do Estreito de Gibraltar, para a Península Ibérica.
Ora, em vários períodos, houve encontros, fecundos - no sentido literal - entre os vários representantes do género Homo, incluindo a nossa própria espécie.
Houve hibridação há 50 mil anos entre neandertais e denisovanos (estas duas espécies surgiram entre 500 e 400 mil anos relativamente ao presente): é bastante provável que tenha havido também cruzamentos de H. erectus com denisovanos. Os diversos representantes do género Homo cruzaram-se entre si e com humanos modernos, Homo sapiens, saídos do berço africano em várias migrações.

A construção da espécie humana é, portanto, o resultado de uma partilha de genes entre várias estirpes, raças e espécies que se cruzaram e produziram híbridos. Muitos deles eram portadores de variantes vantajosas de determinados genes, pelo que essas mesmas variantes foram conservadas e difundidas, pelo mecanismo  da selecção darwiniana
As variantes neandertais de certos genes presentes nas populações de origem europeia ou asiática, mas não nos africanos negróides, foram estudadas. O facto destas partes do genoma neandertal terem sido conservadas no nosso genoma, mas não outras, mostra que a sua conservação teve e tem um papel importante, em termos de selecção natural. 
As populações africanas subsarianas actuais não possuem genes de origem neandertal. Porém, sabe-se que nos seus ancestrais também houve hibridações com raças ou espécies hoje desaparecidas, cujos vestígios se podem retraçar em certos genes destas populações sub sarianas.
Um dos grupos actuais com maior percentagem de ADN denisovano é a população nativa da Papua-Nova-Guiné, o que mostra que não existe população, hoje em dia, que apesar de bastante isolada, não tenha tido uma contribuição de hibridação vinda de outras raças ou espécies.

Está, assim, validado um modelo polifilético de evolução  da humanidade: ou seja, em que os ancestrais provêm de vários filos ou origens genéticas. Isto não exclui, evidentemente, que tenha havido uma série de adaptações decorrentes da selecção natural. Mas, a «matéria-prima», os genes sobre os quais esta selecção se exerceu, teve várias origens.

O racismo é falso, completamente. Contudo, não foram precisos estudos com o ADN neandertal e denisovano, recentemente, para o demonstrar: já os estudos de genética «clássica» utilizando plantas ou animais, nos inícios do século passado tinham demonstrado que as raças ou linhagens ditas «puras» (obtidas experimentalmente) eram as mais deficientes ou frágeis, em termos de sobrevivência, enquanto os híbridos eram dotados de maior vigor e robustez. 

Infelizmente, uma versão ideológica da Teoria da Evolução que não era propriamente devida a Darwin, atribuía uma "escala de evolução" às diversas etnias humanas, designando-as de «grupos raciais». 
Esta visão totalmente falsa da biologia humana serviu como «justificação» para os maiores crimes contra a humanidade: o Colonialismo, o Apartheid, o Nazismo, etc.     

Em termos populacionais, a existência simultânea de várias versões de um mesmo gene é vantajosa, pois tal população terá maiores hipóteses de sobrevivência em circunstâncias de grande fragilidade para a maioria, para os portadores da versão mais comum do mesmo gene. Nomeadamente, se um determinado gene conferir resistência a um agente infeccioso, ele será conservado na população, mesmo que tenha ligeiras desvantagens para os portadores desse gene, quando o referido agente infeccioso não esteja presente. Mas, de tempos a tempos, pode haver uma epidemia e os portadores do gene ficarão em vantagem, relativamente aos restantes. 

As ciências biológicas, em particular a biologia evolutiva, devem ser ensinadas com rigor, mesmo que esse ensino se faça dum modo adaptado à idade dos alunos. É grotesco que sejam os professores de História, no nosso sistema de ensino, a ter a incumbência de ensinar aos adolescentes as primeiras etapas da evolução humana, um assunto de biologia humana, de paleo-antropologia, não de história ou pré-história. 
Os alunos portugueses, salvo excepções, saem do ensino secundário com um grau de conhecimentos em Biologia Evolutiva muito baixo, por comparação com outros temas de Biologia. 
Mas a Biologia, toda ela, só faz sentido hoje em dia à luz da Evolução: compreende-se que eu me tenha batido (e continue a bater-me) para que haja uma mudança de visão nos programas do ensino básico e do secundário. 
Acresce que poucos alunos vão ter uma «exposição» a um estudo mais aprofundado da Evolução, pois isso somente poderá acontecer nos 3 anos do secundário, para aqueles que escolheram áreas/ramos onde a Biologia é matéria obrigatória. Todos os outros não têm aulas de Biologia no secundário: Ficam estes com os conceitos que aprenderam até ao 9º ano; isto é muito pouco, de facto.

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Um esquema-resumo muito bem construído, no link abaixo: 
https://www.nytimes.com/2018/03/20/science/david-reich-human-migrations.html







DISPLACING THE NEANDERTHALS
As modern humans moved through Eurasia, they eventually displaced the Neanderthals, who were extinct by around 40,000 years ago.
EUROPE
European
hunter-
gatherers
NEANDERTHAL
RANGE
MIXING WITH NEANDERTHALS
Dr. Reich helped prove that a wave of modern humans leaving Africa interbred with Neanderthals, likely in the Near East 54,000 to 49,000 years ago. Living humans outside Africa still carry traces of Neanderthal DNA.
AFRICA
BANTU EXPANSION
A migration from West Africa beginning about 4,000 years ago spread agriculture to southern Africa. Bantu-speaking farmers displaced some hunter-gatherers and mixed with others, such as central African pygmies and the San in southern Africa.
DENISOVANS
A finger bone from a Siberian cave yielded the genome of a previously unknown lineage of humans called Denisovans, a diverse group who split from Neanderthals roughly 400,000 years ago.
Denisova
Cave
TO THE AMERICAS
Genetic evidence suggests there were at least four prehistoric migrations into North America, with the first at least 15,000 years ago and the last around 1,000 years ago.
CHINA
ASIA
East Asian
hunter-
gatherers
Ancient
shorelines
INTO AUSTRALASIA
Modern humans had arrived in Australia by at least 47,000 years ago.
Aboriginal
Australians
Dr. Reich helped show that this group interbred with a branch of Denisovans, probably somewhere in Southeast Asia, 49,000 to 45,000 years ago.
AUSTRALIA



quinta-feira, 13 de setembro de 2018

RÚSSIA E CHINA: EXERCÍCIOS MILITARES CONJUNTOS E GRANDES PROJECTOS EURO-ASIÁTICOS





O VÍDEO ACIMA,  SOBRE OS EXERCÍCIOS MILITARES de VOSTOK enfatiza a dimensão dos meios envolvidos e a presença dum contingente e de equipamento chineses.

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O artigo sobre o FÓRUM DO LESTE DA ÁSIA EM VLADIVOSTOK descreve a integração em curso das economias e dos caminhos comerciais terrestres, que em breve permitirão o trânsito de mercadorias da península coreana, através da Sibéria, até aos mercados da Europa.
                 
                   Resultado de imagem para far east economic forum vladivostok



Tanto num caso como noutro, existe um efeito de «blackout» na media ocidental. Não são noticiados ou são, mas de forma tão secundária, que é como se não tivessem nenhuma importância, os factos que podem fazer duvidar da adequação das medidas punitivas dos EUA em relação a potências concorrentes. Entretanto o reinado do dólar com tudo o que ele implica, está a chegar ao fim, como se atreve a dizer cada vez maior número de  personalidades do mundo da finança.

Os «neocon», os «falcões», os lacaios do império, não querem que o público saiba isto; estão desesperados porque todos os planos de domínio mundial estão a ir por água abaixo. Num mundo onde o controlo da média se tornou tão importante, eles tentam desesperadamente controlar a percepção das massas, tentam controlar a narrativa, mas já não conseguem. 
Tornou-se inviável uma censura generalizada, apenas lhes resta a lavagem ao cérebro generalizada, mas mesmo isso é muito difícil de alcançar: Neste contexto, a possibilidade de uma guerra generalizada, apenas pode ser mitigada pela exibição de força militar, do lado oposto. 

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

O PÚBLICO ESTÁ A SER MACIÇAMENTE CONDICIONADO PARA UMA GUERRA


A loucura do império anglo-americano é mais aparente do que real: segundo George Galloway ela obedece a uma lógica. Esta loucura será do tipo «frio», ou seja, dos sociopatas que os chefes têm demonstrado ser.

Entretanto, a criminalização da Rússia prossegue, tendo o coro da imprensa «mainstream», como prostituta de serviço, feito tudo para que o público esteja completamente informado sobre quão «mau» é Putin e o seu regime!

Mas nenhuma encenação é perfeita e a cadeia de televisão russa RT conseguiu desmascarar um pseudo ataque, que tinha sido preparado pelos «White helmets» (supostamente humanitários, na realidade, membros do ramo da Al Quaida síria). Preparavam-se para fabricar outro falso ataque químico, em coordenação com John Bolton, o neocon que fanfarronou que «um novo ataque da Síria com armas químicas iria receber outra resposta».

Pergunta-se, face à completa montagem, absurda e inverosímil, do envenenamento dos Skripal e da atribuição do mesmo a agentes russos, o que não poderão os anglo-americanos tramar numa situação realmente impossível de avaliar, pelo menos no curto prazo, como o cenário da guerra na Síria
O verdadeiro motivo da reviravolta da administração Trump em relação à Síria tem a ver com a chantagem exercida pelos lobbies dos sionistas e do armamento em Washington.
Em troca de não concretizarem a ameaça de impeachment (um bluff, porque realmente não existe base legal, jurídica, para o fazer) querem obrigá-lo a inflectir a sua política externa, que inicialmente se caracterizava por uma retirada das tropas e conselheiros dos vários teatros de guerra em que os EUA se envolveram nos mandatos dos dois anteriores presidentes, tendo para isso que realizar um apaziguamento com os russos, para conseguir um grau mínimo de coordenação, aquando das retiradas da Síria e do Afeganistão. É este plano estratégico que os neocon (todos eles notórios pró-sionistas) que dominam desde há duas décadas, pelo menos, os meandros da política externa do Império, tinham de sabotar.
Não se pode saber agora - a 12 de Setembro 2018 - qual o resultado dos esforços de uns e de outros. Se houver um apaziguamento e a operação de limpeza de Idlib for coroada de sucesso, sabemos que em Washington prevaleceu a linha fiel ao desígnio inicial de Trump. Se houver uma escalada, com um crescendo de agressividade verbal de lado a lado, seguido eventualmente de um «incidente», seja ele uma acção de «falsa bandeira» ou não, e uma confrontação generalizada,então os neocon venceram.
Chamo a atenção para as análises de pessoas corajosas e lúcidas, como Paul Craig Roberts, sobre o funcionamento do poder em Washington: eu não estou especulando, estou a fazer uma síntese de informações sobre assuntos que acompanho. 
Com esta divulgação de dados e  o desmascarar das manobras espero contrariar a narrativa permanente que a media corporativa tem despejado.
 A perda completa de objectividade, a propaganda de tipo «Big Brother» (Orwell), é que me faz crer que a guerra esteja iminente. É que as guerras modernas são precedidas por salvas de propaganda mortífera, antes de haver salvas de artilharia.


terça-feira, 11 de setembro de 2018

CRÓNICA DE PEQUIM - EDUCAÇÃO VOCACIONAL NA CHINA*... - POR EDUARDO BAPTISTA

                          




Educação vocacional na China: a peça-chave que falta

Na última década, a cobertura da  educação chinesa pela media concentrou-se quase exclusivamente no Gaokao, o exame de admissão para universidade na China. Sendo um dos dias mais importantes no calendário chinês, é natural e correto que tal fenómeno seja noticiado, ano após ano. Artigos escritos por correspondentes de grandes jornais ocidentais têm-se focado muito na pressão que tal sistema impõe à juventude chinesa. Contudo, é importante saber que há alternativas em discussão na China que, caso sejam desenvolvidas, poderão vir a tirar um grande fardo das costas de milhões de jovens chineses da classe baixa.

"Quando se trata das regras do Gaokao, o exame e as suas características, não estou minimamente interessado; são apenas o sintoma de um problema mais amplo, a falta de opções do ensino pós-secundário para os jovens chineses”, disse Wang Shu Guang (王曙光), professor de economia da Universidade de Pequim.

Wang tem estado na vanguarda de discussões académicas sobre o desenvolvimento económico da China rural. Oriundo de uma pequena aldeia em Shandong, uma província no nordeste da China, o Gaokao era a sua única saída. Tendo conseguido entrar na prestigiada Universidade de Pequim, a primeira pessoa na sua aldeia a realizar tal feito, Wang nunca mais sairia desta universidade, construindo uma carreira respeitável.

A sua história de sucesso alimenta a visão generalizada que a maioria do público chinês tem do Gaokao: como sendo a única oportunidade de um jovem chinês pobre "mudar o seu destino" (改变 他 的 命运)。

De acordo com Wang, no entanto, as premissas originais sobre as quais o Gaokao foi instituído já não se aplicam hoje em dia. Durante os anos 80 e o início dos anos 90, quando as taxas de entrada na universidade ainda estavam abaixo de um em cada dois candidatos, quando simplesmente entrar numa universidade era um feito incrível aos olhos de uma ampla gama de empregadores, qualquer jovem de estatuto social baixo podia olhar para o Gaokao com esperança, pois havia uma alta probabilidade de que o resultado desse ao jovem acesso a um lugar numa universidade nas grandes cidades, e por consequência, um emprego urbano com um salário muito mais alto do que o dos pais.

Hoje em dia, quando as taxas de ingresso na universidade excedem 80%, entrar na universidade não é garantia de que os estudantes de baixo estatuto social obtenham as habilitações ou o prestígio de que precisam para subir na escala social. De facto, os estudiosos observaram que tem havido uma tendência crescente de graduados universitários de segunda ou terceira linha, de famílias rurais, que não conseguem encontrar um emprego adequado, forçando-os a voltar para a casa dos pais.

Universidades de prestígio como a Universidade de Pequim, Tsinghua e meia dúzia doutras são as únicas excepções a essa tendência. A garantia de um emprego bem remunerado depois de se formar nessas universidades é suficientemente alta para que a baixa probabilidade de entrar valha a pena ser tentada. De facto, para os jovens chineses rurais com boas notas, essas chances só os tornam mais competitivos e ansiosos nos seus últimos dois anos do ensino secundário.

Shao Xin (劭 鑫), de 25 anos, estudante de Mestrado em Engenharia Elétrica na Universidade de Pequim, conhecida como “Beida”, é um caso exemplar. Oriundo duma aldeia rural de Shanxi, ele afirma que, mesmo enquanto criança, ele e muitos outros já estavam bem conscientes de que a mudança para as cidades era o único objectivo de cada um, sendo a escola o meio para esse fim.

Nos seus últimos anos do ensino secundário, especialmente no ano em que ele retomou o décimo segundo por não ter conseguido entrar na Beida nessa primeira vez, estava sob enorme pressão: do seu pai, um cultivador de batata-doce que não conseguiu terminar o ensino secundário, pressão também da sua escola, ansiosa por colher os benefícios de ter um aluno em Beida e, acima de tudo, da sua própria pessoa, exigente e com baixa auto-estima.

"Eu sempre soube que minha inteligência não era fora do normal, por isso dependia do meu esforço, ninguém conseguia acompanhar o meu ritmo nessa altura", disse Shao. No fim, Shao chegou à terra prometida e agora está a poucas semanas de começar seu novo trabalho, muitíssimo bem pago, na Huawei, a rival chinesa da Apple.

Apesar do apelo romântico de tais histórias, o fato é que casos como Shao Xin estão tornando-se cada vez mais raros. Até ao ano passado, quando o governo introduziu cotas de entrada, a proporção de estudantes em Beida e Tsinghua vindos de famílias rurais estava diminuindo anualmente, caindo para os 15% em 2016, uma estatística que muitos académicos viam como demonstrando a necessidade de reformar o Gaokao. A realidade é que, para a grande maioria dos jovens de zonas rurais, que nem são incrivelmente dotados, nem capazes de trabalhar tão arduamente quanto Shao, o Gaokao e a escola secundária, em geral, não são tão atraentes como dantes.

É precisamente por causa disto que estudiosos como Wang acreditam que mais atenção deve ser dada a outra instituição educacional: as escolas vocacionais.

"A China carece de trabalhadores com espírito de artesão" (gongjiang jingshen, 工匠 精神) precisamos de pessoas capazes de construir belas canalizações, alguém que possa coser roupas, abrir pequenas lojas, ter iniciativas empreendedoras. Este é o futuro dos chineses nas classes sociais médias e baixas, especialmente os agricultores”, argumentou Wang, mencionando o sistema educacional de elite da Alemanha como um modelo a ser seguido.

Muitos obstáculos sócio-culturais se perfilam no caminho para tal futuro. Ir para a universidade e receber uma educação académica traz prestígio social na China. O Centro Nacional de Educação e Economia publicou um relatório em 2013 em que observava que um dos maiores desafios enfrentados pelo sistema de ensino e aprendizagem vocacional da China era o baixo prestígio deste na mente do público.

"Olhar de cima para baixo o artesanato é uma consequência de preconceitos educacionais provenientes da China antiga. Naquela época, uma boa educação era ler obras de literatura, não se dava valor a habilidades mais práticas e manuais. Estes pensamentos fazem parte da filosofia confuciana chinesa que continua a impedir que os jovens chineses façam escolhas práticas no início das suas vidas ”, observou Wang.

O outro lado da moeda é a continuação da deificação de universidades de prestígio em Pequim e Xangai, tanto nos meios rurais como urbanos.

"A partir do momento em que o meu irmão mais novo e eu nascemos, o meu pai tornou os nomes Beida e Tsinghua sagrados em nossa casa", relembra Shao Xin.

"Foi-me inculcando, desde a mais tenra idade, que eu deveria procurar estudar numa universidade de primeira classe", disse Ge Xi Zheng (葛 煕 正), um jovem de 18 anos duma família urbana de classe média, que fez os exames do Gaokao este ano.

"Mesmo que eu não queira fazer isso no futuro, o facto de estar numa universidade de primeiro nível terá mais influência sobre mim do que estando numa faculdade vocacional. As pessoas comportam-se de maneira diferente, tanto na fala como no comportamento”, afirmou Ge.

No entanto, a qualidade geral do ensino nas universidades chinesas tem diminuído recentemente. Os cursos excessivamente teóricos e com pouca relação com o mercado de trabalho têm sido o principal motivo de preocupação. De acordo com Wang, mesmo os diplomas técnicos em universidades não fornecem as habilitações necessárias para desenvolver um “espírito artesanal”. Ele usou o exemplo da indústria, que teria sido promissora, dos artigos de laca na cidade de Yangzhou, no sul do país.

"Os artigos de laca sempre foram uma indústria dominada pelo Japão, mas há alguns anos o mercado chinês começou desenvolver-se em Yangzhou. A Universidade de Yangzhou ofereceu um curso popular centrado na construção de artigos de laca, mas não foi prático o suficiente. Os estudantes tornaram-se especialistas em fazer o design dos objectos em laca, mas não da sua construção. Cada vez que precisavam de algo feito, iam directamente à fábrica e pediam a um trabalhador para fazer a peça, mas como o número de trabalhadores com esse tipo de habilidade era muito pequeno, a oferta não acompanhou  a procura e o mercado murchou", observou Wang.

Ao mesmo tempo, os problemas do sistema de educação profissional da China não são segredo para o Ocidente. No referido relatório do NCEE, foi relatado que a maioria dos curricula das escolas profissionais da China era "ultrapassada e irrelevante para as necessidades da indústria".

Em Pequim, no entanto, um instituto vocacional tem vindo a ganhar o reconhecimento nacional há mais de uma década. As origens da Universidade Bailie (培黎 职业 学院), uma instituição privada, não são convencionais, segundo os padrões chineses. Fundada em 1983 por um dos mais famosos apoiantes estrangeiros da China comunista do século XX, o neozelandês Rewi Alley, o nome Bailie é em homenagem ao amigo de Alley, Joseph Bailie, que iniciou um movimento educacional na China nos anos 50 que enfatizava a integração da teoria à prática.

Elogiada pelos líderes políticos da China, o maior feito da Bailie ocorreu no ano passado, quando Xi Jinping escreveu uma carta formal à escola, dando-lhe os parabéns por ter criado trabalhadores altamente qualificados, algo que terá de ser recriado em muitos outros lugares do país, se Xi espera realizar a sua promessa de fazer com que a China chegue ao estatuto de país “moderno”, de acordo com os patamares do Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, antes de 2050.

"Nós ocupamos o meio termo entre as escolas vocacionais tradicionais que apenas ensinam aos seus alunos um determinado saber-fazer  e as universidades como Beida e Qinghua", disse o diretor de Peili, Wang Yu Lin (王 余 临).

"Houve um tempo em que tentámos lutar para alcançar a reputação académica daquelas duas escolas, mas depois percebemos que isso era impossível, o que nos obrigou a sermos mais pragmáticos em relação às competências dos nossos alunos. Afinal de contas, não há muitas vagas no funcionalismo público, temos que nos certificar de que nossos alunos seriam capazes de ter sucesso noutros cargos mais práticos”, continuou ele.

Assegurar que cada curso tem conexões próximas com a indústria relevante tem sido a principal prioridade da Peili, que manteve uma taxa de emprego pós-licenciatura acima 95% durante a última década. Mais importante ainda, é a qualidade do emprego obtida pelos estudantes de Peili, que começa aproximar-se da dos formandos de Beida e Tsinghua. Uma professora de ciências de computação, que quis permanecer anónima, observou orgulhosamente que tinha alunos que conseguiram - logo após a formatura - obter empregos em que ganhavam mensalmente 16.000 ou 19.000 RMB (outra designação do Yuan; Rem Min Bin = a moeda do povo).

"Se você olhar para Zuckenberg, ele deixou a sua universidade de prestígio para fazer algo mais prático e útil para a sociedade. Eu sinto que Peili me ajudou a amadurecer e tornar-me numa pessoa que poderá fazer empreendedorismo no futuro ”, disse Rong Tong Tongde (荣 童童), um estudante de 20 anos de ciências  da computação na Peili.

Os estudantes universitários como Rong beneficiam imenso por estarem situados em Pequim: eles vão regularmente a Beida e a Tsinghua para assistir a palestras. E numa cidade tão grande como Pequim, que possui quase três vezes a população de Portugal, as oportunidades de emprego são numerosas.  
No entanto, ainda não existe certeza de que mais escolas da qualidade de Peili possam vir a ser criadas, fora de Pequim e Xangai.

"Muitos agricultores gostariam que os seus filhos estudassem algo de útil, mas o problema é que não há escolas", disse Wang Shu Guang.

"Acho que o sucesso de Peili se deve à extrema necessidade de que o sistema de ensino profissional seja liberalizado, em todos os lugares", observou Wang Yulin. O director realçou que, se não fosse pelo legado histórico e pela localização de Peili, teria sido impossível de alcançar a taxa de emprego de 95%. 
Tanto Wang Shu Guang quanto Wang Yulin estão cépticos quanto à possibilidade do governo contribuir mais para o desenvolvimento das escolas vocacionais na China.

"O governo cria programas de 5 a 10 dias que fornecem treino básico em competências técnicas, como o uso de um computador, mas o custo destes é incomparável ao da construção de um instituto vocacional. Um instituto destes é mais barato que o duma universidade, mas os fundos fora de Beiing e de Xangai ainda são escassos para tais projectos", observou Wang.

"Além da mercantilização, os empresários chineses, como Jack Ma e outros que seguem seus passos, são as pessoas com quem devemos contar para financiar o desenvolvimento e a reforma das escolas vocacional na China", continuou Wang.

Embora a filantropia educacional de Jack Ma ainda não se tenha alargado ao sistema educacional vocacional, Wang está convencido de que se, a China quiser fazer uma transição de economia abaixo dos Estados Unidos, na escala global de valores, para uma sociedade de inovação altamente qualificada, terá de investir pesadamente no sector vocacional, seja de que maneira for.

"Recorde as minhas palavras: As escolas profissionais na China vão crescer exponencialmente no futuro", diz Wang.

Original em inglês:

AS RAZÕES PARA A INTERVENÇÃO AMERICANA NA SÍRIA

               

Os esforços para a paz na Síria e a limpeza dos terroristas do ISIS e do ramo local da AL QUAIDA em Idlib, estão a ser abertamente sabotados pelos EUA e por suas forças militares, que continuam ocupando ilegalmente partes do território sírio
Para compreender a razão disto, vale a pena visionar o video abaixo. Ele aponta o verdadeiro motivo e alcance das manobras dos EUA e de Israel nesta região.

https://www.youtube.com/watch?v=605G8FMeO6Y