sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

ALGUMAS MEDIDAS PRÁTICAS PARA TEMPOS DIFÍCEIS

- O que é que dirão de uma pessoa que quer fazer um seguro da casa, quando esta já começou a arder?
- Ou de uma pessoa que, com doença potencialmente letal, mesmo assim não toma remédio nenhum, não aplica a si própria qualquer terapêutica, porque acha que «nada» pode curá-la?

Devíamos todos estar atentos ao que se passa FORA dos écrans da televisão, computadores, tablets ou smartphones!

Há um risco real de implosão da Eurolândia. Haja ou não tal implosão, em qualquer caso, o mais provável é que o presente ano e os anos mais próximos sejam de aprofundamento da crise económica, financeira e social, com reflexos garantidos para a nossa capacidade de manutenção do nosso bem-estar! 
Prevenir é sempre melhor do que remediar. 
Abaixo, deixo uma série de receitas a começar desde já!

A situação na Eurolândia é muito séria. Existem muitos indícios que nos levam a pensar que está iminente a sua desagregação. Para maior esclarecimento, remeto para o artigo aqui: Trata-se apenas de um, entre vários que tenho lido, com dados fundamentados e que desencadearam em mim uma «sineta de alarme» de perigo. 
Mas, na economia pessoal e familiar, as medidas de precaução devem tomar-se com a antecedência possível. No meu caso, já comecei a aplicar algumas das receitas que aqui apresento há anos atrás, noutros casos, há meses e vou começar - o mais cedo possível - a cumprir as restantes. 
Tomemos o nosso destino nas nossas mãos! Se não podemos mudar de forma segura o curso das coisas ao nível macro, certamente podemos fazê-lo ao nível micro. Com uma condição, porém; tem de ser agora, não podemos esperar até ao último minuto, pois então será tarde demais. 
Abaixo, listei uma série de receitas para enfrentarmos os tempos difíceis; pensem como assegurar a vossa autonomia e acesso a bens essenciais.


- Retirar dos bancos as poupanças. As contas poupança que tenham, perderão um juro insignificante, enquanto que se forem apanhadas por um «bail in», perderão muito mais! 
- Liquidar dívidas ao máximo, incluindo as dívidas de empréstimos à habitação. Haverá muito rapidamente uma subida de juros e as pessoas não irão ter um aumento paralelo dos seus rendimentos (estagnação de salários e pensões) e portanto vai-lhes custar muito caro, esse dinheiro que pediram emprestado!
- Comprar bens não perecíveis de valor seguro, úteis. Incluo nesta categoria: geradores de energia elétrica; bombas e filtros de água; melhorar o isolamento térmico de portas e janelas; etc.
- Comprar moedas de prata e de ouro, mas não as moedas com interesse numismático (a não ser que sejam já numismatas) apenas moedas que são fáceis de vender em qualquer loja ou feira (uma libra em ouro vale hoje cerca 265 €)
- Ter em casa um montante em dinheiro físico correspondente a um mês de despesas correntes, pelo menos (despesas de supermercado, transportes, àgua, electricidade, gás, telefone ...). 
- Ter em casa uma dispensa com alimentos que possam ser estocados por longos períodos, sem se estragarem (e fazer rotação, ou seja consumi-los antes que cheguem ao fim dos prazos de validade); ter um stock de medicamentos usuais (alguém com doença crónica deve contar com possibilidade de ruptura de abastecimento).

Isto são algumas medidas práticas.



quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

REUNIÃO DO MOVIMENTO «SOLUÇÕES PARA A PAZ» 8 FEV.

Consulta aqui abaixo na página do Movimento, a reunião agendada para as próxima 4ª feira, 8 de Fevereiro, às 21h, na Fábrica de Alternativas (Algés):

REUNIÃO DO MOVIMENTO «SOLUÇÕES PARA A PAZ» 8 FEV.

VERLAINE, FAURÉ ...ET FERRÉ

É verdade que Verlaine foi buscar o título «Romances sans Paroles» a uma célebre recolha de peças de Mendelssohn para piano.
Porém, não me parece que haja muito mais do que uma importação de título, neste caso. 

Pelo contrário, já a atmosfera das três peças de Gabriel Fauré, intituladas do mesmo modo e publicadas posteriormente à recolha de poemas de Paul Verlaine (recolha de poemas agrupados em três partes), se coaduna com a atmosfera de poesias de Verlaine, não apenas de «Romances Sans Paroles», como de outras recolhas. 

O impressionismo musical foi buscar tanto ao impressionismo pictórico quanto aos poetas «parnassianos», do qual Verlaine foi o expoente. 
A musicalidade dos versos de Verlaine inspirou muitos músicos a musicarem os mesmos. 
Se a poesia é toda ela música, não existe, a meu ver, poeta mais musical, em língua francesa. 
                                                         

  Romances sans paroles de G. Fauré                    
                                     

             Green

Voici des fruits, des fleurs, des feuilles et des branches
Et puis voici mon coeur qui ne bat que pour vous. 
Ne le déchirez pas avec vos deux mains blanches
Et qu'à vos yeux si beaux l'humble présent soit doux.

J'arrive tout couvert encore de rosée
Que le vent du matin vient glacer à mon front.
Souffrez que ma fatigue à vos pieds reposée
Rêve des chers instants qui la délasseront.

Sur votre jeune sein laissez rouler ma tête
Toute sonore encore de vos derniers baisers ;
Laissez-la s'apaiser de la bonne tempête,
Et que je dorme un peu puisque vous reposez.



Soleils couchants

Une aube affaiblie
Verse par les champs
La mélancolie
Des soleils couchants.

La mélancolie

Berce de doux chants
Mon coeur qui s'oublie
Aux soleils couchants.

Et d'étranges rêves,

Comme des soleils
Couchants, sur les grèves,
Fantômes vermeils,

Défilent sans trêves,

Défilent, pareils
A de grands soleils
Couchants sur les grèves.








Art poétique



De la musique avant toute chose,
Et pour cela préfère l’Impair
Plus vague et plus soluble dans l’air,
Sans rien en lui qui pèse ou qui pose.
Il faut aussi que tu n’ailles point
Choisir tes mots sans quelque méprise :
Rien de plus cher que la chanson grise
Ou l’Indécis au Précis se joint.
C’est de beaux yeux derrière des voiles,
C’est le grand jour tremblant de midi ;
C’est par un ciel d’automne attiédi,
Le bleu fouillis des claires étoiles !
Car nous voulons la Nuance encor,
Pas la couleur, rien que la Nuance !
Oh ! la nuance seule fiance
Le rêve au rêve et la flûte au cor !
Fuis du plus loin la Pointe assassine,
L’Esprit cruel et le Rire impur,
Qui font pleurer les yeux de l’Azur,
Et tout cet ail de basse cuisine !
Prend l’éloquence et tords-lui son cou !
Tu feras bien, en train d’énergie,
De rendre un peu la Rime assagie.
Si l’on y veille, elle ira jusqu’où ?
Ô qui dira les torts de la Rime !
Quel enfant sourd ou quel nègre fou
Nous a forgé ce bijou d’un sou
Qui sonne creux et faux sous la lime ?
De la musique encore et toujours !
Que ton vers soit la chose envolée
Qu’on sent qui fuit d’une âme en allée
Vers d’autres cieux à d’autres amours.
Que ton vers soit la bonne aventure
Éparse au vent crispé du matin
Qui va fleurant la menthe et le thym…
Et tout le reste est littérature.
                   
                             Léo Ferré chante Verlaine






quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

SE HÁ CASO EM QUE DETESTO TER RAZÃO...

Então, o caso é este:

A figura de Marine le Pen surge -por muito triste que isto seja - como uma tábua de salvação a muitos eleitores franceses, face à enorme podridão moral que infesta toda a casta política gaulesa. 

Como cidadão francês, causa-me especial nojo pensar que os socialistas abrigaram Cahuzac, o ministro das finanças, encarregue de perseguir pessoas culpadas de evasão ao fisco, sendo ele próprio um «belo» exemplo dessa mesma evasão! Ou agora, o candidato da direita, dita «civilizada» (supostamente republicana e gaullista), Fillon,  que dá o exemplo de «combate ao desemprego» recrutando sua esposa e filhos em empregos fictícios, pela bagatela dum milhão de euros  subtraídos ao erário público! 

Lamento dizê-lo, mas não existe possibilidade de outro desfecho senão a eleição de Marine le Pen. Não há hipótese de um sobressalto popular, pois o povo miúdo sente-se traído por um partido de «esquerda» que esqueceu completamente as suas raízes operárias e embarcou numa deriva de subserviência canina ao grande capital, ao imperialismo. 
Agora, parece-me inevitável que, em França, seja eleita como presidente alguém da extrema-direita. 
Este processo é «exemplar do que se não deve fazer». Os partidos tradicionais de esquerda e direita, com o seu comportamento deram a aparência de legitimidade à extrema-direita. 

Esta aparência de legitimidade foi potenciada pela política-espetáculo (= endoutrinamento massivo dos eleitores pela mass-media e sistema estatal), a qual foi habilmente utilizada pela extrema-direita, o que não surpreende, pois os seus inspiradores (Mussolini, Hitler, entre outros...) eram mestres em propaganda.

O resultado está aqui: 


Daqui a uns dias, o score para a faixa etária dos 18-35 anos será ainda mais negativo para os políticos «convencionais» e melhor para a candidata de extrema-direita. 
Remeto para o meu artigo de 18 de Janeiro deste ano. 

Escrevo isto com imenso pesar, porém sem aligeirar as responsabilidades das pessoas, organizações e dirigentes «de esquerda»!   

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

QUANDO A ESQUERDA É PARTE DO PROBLEMA


O QUE CARACTERIZA A EVOLUÇÃO/CAPITULAÇÃO DA ESQUERDA NESTE SÉCULO É A SUA TOTAL RENDIÇÃO À POLÍTICA IDENTITÁRIA E TER DESERTADO O TERRENO DAS LUTAS DE CLASSE.

ABAIXO, PONTOS DE VISTA CONVERGENTES SOBRE A ESQUERDA PELOS AUTORES  Iman Safi e Paul Craig Roberts

«To say that the Western “left” merged into the establishment would be an understatement. If anything, it underpinned the establishment’s position by setting itself up as one of its corner stones. In more ways than one, the “left” in the West did not only merge into the so-called “Imperial Empire” it was meant stand up against, but also became its face and organ. It was no longer a force for the kind of change that was initially promised and expected, and thus has inadvertently lost its stature and very definition of being “left”.» (Iman Safi)


«The liberal/progressive/left is demonstrating a mindless hatred of the American people and the President that the people chose. This mindless hatred can achieve nothing but the discrediting of an alternative voice and the opening of the future to the least attractive elements of the right-wing.» (Paul Craig Roberts)



A cegueira da «esquerda» em relação aos crimes de guerra e contra a humanidade de Obama e seus antecessores, o embarcar em campanhas de ódio e de deslegitimação do novo presidente dos EUA; no caso da Europa, a intervenção criminosa na guerra imperialista de agressão contra a Líbia e o apoio a terroristas apelidados de «rebeldes» na Síria... depois vertendo lágrimas de crocodilo sobre os refugiados. 
A esquerda está completamente desautorizada. Não tem nenhuma legitimidade moral (aqui, ou do outro lado do Atlântico) para falar de defesa dos direitos humanos. 
A sua política é vesga; o seu pacifismo é vesgo; a sua preocupação humanitária é vesga. 
A esquerda está a entregar o «palco político» à direita, conservadora, xenófoba, nalguns casos fascizante, porque as pessoas encontram nesta mais bom senso e uma defesa dos seus interesses. 
A política identitária substituiu-se completamente à política de classe. A direita não se tornou mais inteligente e mais populista; a esquerda é que se tornou mais estúpida e mais elitista.






A GESTÃO DAS CRISES PELA ELITE

A elite do poder e do capital só tem uma verdadeira preocupação: sobreviver!

A técnica apurada de lançar sucessivos casos com que entreter a opinião pública, generosa, mas crédula, tem-se verificado nos últimos tempos... basta pensar em toda a histeria inflamada pela media (ao serviço da elite) em torno da eleição de Trump, ou nas inúmeras reportagens sobre os refugiados que são retidos nas fronteiras da Europa (refugiados causados pela destruição de países, pela NATO e seus aliados do Estado Islâmico, Al Quaida, e outros... como está mais que provado).
Assim a extrema direita ou extrema esquerda têm «água para o seu moinho»... Mas o principal não é colocado nas primeiras páginas dos jornais! Isso é cuidadosamente mantido nos segmentos de negócios e nas publicações especializadas em finanças. Falo do maior ataque à liberdade nos países «ocidentais», mas que ninguém considera como grave. O plano agora até já é oficial, na UE, mas não emociona as «massas» entretidas com causas humanitárias que parece terem sido infladas a preceito para que não olhem para onde deveriam olhar!

Trata-se de banir o «cash», o que já está em curso pela impossibilidade de se pagar somas em «cash» para além de um certo montante, variando de país para país. A fase seguinte é o desaparecimento de notas de elevado valor. Veja-se o caso da Índia; funcionou como balão de ensaio.
A oligarquia que nos rege diz que se trata de banir o «cash» para evitar a evasão fiscal e melhor lutar contra o terrorismo. Esta falsidade já foi desmontada por mim aqui, assim como por outros autores, porém este assunto não tem eco nenhum nos media, porque o que se vê são transcrições acríticas das decisões das «autoridades monetárias e outras». Volto a insistir porque quando os poderes apresentam uma coisa como sendo em benefício da população é preciso desconfiar. Neste caso há vastas razões fundamentadas de desconfiar, pois a luta contra a evasão fiscal é simplesmente uma anedota, estes anos todos, em que os muito ricos (incluindo governantes) têm contas off-shore em paraísos fiscais, com pleno conhecimento das autoridades fiscais, policiais e judiciais!
 Quanto ao combate ao terrorismo: acabem com o apoio em armas, material, fundos etc. ao ISIS e outros grupos e deixem de chamá-los «rebeldes moderados», podiam ter feito isso desde 2014 pelo menos, teriam evitado a tragédia da Síria. Já agora, expliquem-me porque votaram a Arábia Saudita (culpada de crimes de guerra contra os civis no Iemen!) para presidir à comissão dos direitos humanos da ONU??? 
São «pequenos» factos como estes que lhes «destapam a careca»... espero as pessoas de boa fé deixem de ser enganadas!
O problema de a totalidade das transações ser feita electronicamente é o seguinte: os governos vão ter um controlo a 100% SOBRE O QUE CADA CIDADÃO FAZ OU DEIXA DE FAZER. Ou seja, o sonho molhado de qualquer TOTALITARISMO. Pior ainda: vão poder «matar economicamente», bloqueando o  acesso às SUAS contas bancárias, qualquer indíviduo suspeito de «terrorismo»: pode ser qualquer pessoa, basta uma denúncia anónima... Tu, leitor/a, podes estar a ser discretamente investigado/a, as tuas contas devassadas, os teus mails lidos, os teus telefonemas escutados...sem saberes rigorosamente nada sobre isso.

Esta mortal ameaça à liberdade está a pairar sobre todos nós, assim a elite globalista terá maior controlo, garantindo a transição para o GOVERNO DA NOVA ORDEM MUNDIAL.  
É certo que eles não o instalam de uma só vez, este processo está em curso... fazem-no discreta e camufladamente. 


segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

«VOCALISE» & «NUVENS»

Rachmaninov escreveu esta célebre «Vocalise» e Kiri Te Kanawa interpretou-a com a beleza expressiva e a riqueza tímbrica de que esta peça precisa. 




                        NUVENS*


Relevo de corpos outonais
Nomeados pelo reflexo oblíquo
Do olhar múltiplo 
Perplexo
Forma de Guitarras
Criação das nuvens
Vagueando tão altas
No Zodíaco
Distantes espectros
Suspensos no fumo
Separados de meu crânio
Denso
Esfaqueado na certeza
De sonhar
Pan-lúdico
Assim
Nesta
Feminina
Matriz.

(* do livro «Exercícios Espirituais», ed. MIC, 1985)