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quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA, PARTE XIII

[PARTES ANTERIORES DA SÉRIE: VI ; VII ; VIII ; IX ; X ; XI ; XII ]

SOBRE A ASCENÇÃO DO TOTALITARISMO E ALGUMAS VERDADES AMARGAS DE PERMEIO 

Um golpe de Estado instaurando uma ditadura, é um acontecimento súbito. Pode ter anos de preparativos, mas o acontecimento, em si mesmo, é rápido. Pelo contrário, a instauração dum totalitarismo é um processo dilatado no tempo, é algo cumulativo, insinuante.
A mudança totalitária é tornada possível, porque as pessoas não reconhecem logo uma série de decisões e de medidas, como sendo transformações qualitativas e não pontuais, tais como o sistemático recurso à governação por decreto, a censura e outros entorses graves aos direitos humanos fundamentais, mas sempre em nome de algo aparentemente sensato, como «preservar a saúde e a segurança» das populações.
Existe uma grande massa obnubilada  (iludida) pela propaganda. Nesta massa, muitas pessoas estão num estado de tipo hipnótico, não estão nada recetivas para ouvir argumentos que contradizem a sua narrativa (psicologicamente) tranquilizadora.
Porém, estas pessoas em denegação, podem ser acordadas por algo que esteja em contradição com a narrativa do poder, mas com uma condição: É que existam uma ou várias contracorrentes, com uma voz suficientemente audível, capazes de veicular outra leitura (*) dos acontecimentos, da realidade.
Isto é válido, tanto no domínio da pandemia de COVID, como em qualquer outro âmbito coletivo da sociedade. Somente no caso de haver uma alternativa racional e um discurso explicativo do que se está a passar, um certo número irá mudar progressivamente, «virando» o seu ponto de vista. Pode-se fazer a analogia com placas tectónicas, que se deslocam no longo tempo geológico. Nunca é algo que ocorra dum momento para o outro.
Por este motivo, os poderes totalitários instauram a censura, ou seja, a proibição de falar verdade sobre certos assuntos. Em todos os regimes totalitários da História, falar-se verdade sobre assuntos inócuos foi tolerado; apenas se exercia censura em relação a assuntos sensíveis para o domínio totalitário. As narrativas, nas quais assenta a falsa legitimação das decisões e atos dos poderes totalitários, não podem jamais ser postas em causa. Quem entrar em contradição com a narrativa dominante, está sujeito à difamação, à segregação, à discriminação e à repressão a quente.
Estamos - o Mundo está - nesta malfadada descida para o autoritarismo, com tendências claras para o totalitarismo. Os verdadeiros liberais, libertários, democratas e todas/os humanistas no sentido lato, não podem deixar-se enganar: Estamos num momento histórico decisivo.
O que fizermos, ou deixarmos de fazer, vai decidir o futuro. Pois, se revelamos medo, e se nos mantemos divididos perante o poder opressor, este não hesitará em impor as mais drásticas medidas liberticidas.

Os sociopatas e psicopatas, os déspotas e seus apoiantes, sabem bem donde vem o perigo para eles. O que eles defendem, acima de tudo, são seus interesses de grupo. Se observarmos bem o seu jogo, ele consiste em manterem-se no grupo dos que possuem privilégios associados ao poder. O que os divide é exatamente a mesma coisa: Ou seja, o aliado de hoje, pode amanhã ser o rival, na luta pelo poder (ou para manter o poder).
Eles só sabem raciocinar em termos de relações de força. Não sabem o que são valores: Quando lhes perguntam os valores em que acreditam, eles respondem: «Está a perguntar-me que ações cotadas na bolsa, eu acredito irão subir?» ou algo parecido.

                                         
                                               Alice combate o monstro

Do lado positivo, finalmente vejo o despertar duma resistência cada vez mais madura, apostando na desobediência civil, na não-violência ativa, na união de todas as pessoas, por cima das clivagens políticas, ideológicas, religiosas, etc.
Tento ajudar sem demagogia, para que se construa essa consciência: ao longo dos anos, tenho insistido em fazer deste blog um espaço aberto, onde recebo e reenvio opiniões, pontos de vista, criticas neste ou aquele domínio, reflexões próprias e alheias.

Devo muito a familiares e amigos, em vários aspetos da minha vida e atividade, a quem agradeço de todo o meu coração. Porém, também devo agradecer aos que me seguem anonimamente, que são a imensa maioria, consultando estas páginas de reflexão e crítica. Graças a todos eles, esforço-me por fazer o meu melhor. São 600 a 700 visualizações/dia, em média diária. Isto significa que muitos são seguidores regulares.

Para todos um Natal em Paz e um Ano Novo de Coragem e Esperança!

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Abaixo, uma amostra de alguns cientistas e outras personalidades que responsavelmente têm colocado objeções à narrativa oficial ou «oficiosa» e têm sido «banidos» do espaço público por censores anónimos que se erigem em vigilantes da «ortodoxia»:













https://www.zerohedge.com/political/covid-19-pandemic-fear-manufactured-authorities-yale-epidemiologist


terça-feira, 1 de junho de 2021

PONTO DE VIRAGEM (DENTRO E FORA)

 Atingimos o ponto de viragem ...

Estamos lá, não há dúvida; se existem ainda muitas pessoas que acreditam que se irá voltar ao «antes», isso não significa que a razão e o bom senso estejam do seu lado. A realidade - aliás - irá fazer-lhes mudar de opinião. 

O problema não está em «uma maioria» ter consciência de qualquer coisa. A maioria não é a fonte de sabedoria, nem de cientificidade. 

Sócrates, o filósofo, sozinho perante os que representavam o povo, preferiu tomar o veneno mortal, a cicuta, a ter de conceder que estava a «depravar» a juventude. Bastava ter dito que sim, teria a vida salva, mas estaria condenado a viver na vergonha.

Na ciência, temos o exemplo de  Galileu que disse - correndo o risco da fogueira - «e pur si muove» («e no entanto move-se»). Referia-se aos movimentos de rotação e translação da Terra.

Na história, são inúmeros os casos em que a mentira acaba por ser desmascarada. Os bandidos, os corruptos, os genocidas e os seus cúmplices, são quem irá perder, de um modo ou de outro, para que nasça, ou renasça, uma nova civilização. 

As pessoas sábias, com experiência de vida, têm de dizer, ensinar, explicar, dar a conhecer aos outros, especialmente, aos jovens: não devem esconder, não devem calar-se, com medo. O pior é a ignorância espalhar-se, como uma sombra, sobre os povos.  

Goethe dizia que «até os deuses lutam em vão contra a estupidez humana». Ele tinha razão, mas um humano é capaz de iluminar outros humanos. Pode mostrar os erros que eles próprios acreditaram ser «verdade», mas que afinal, não eram mais do que um conjunto de crendices.

Não tenham medo! Tudo é examinável, tudo é questionável! Todas as verdades são suscetíveis de ser analisadas, de ser postas à prova...

A pessoas jovens têm agora a oportunidade de se organizar, fora do capitalismo degradado, perverso, corrupto e corruptor, para construir uma nova sociedade. Não só isto é possível, como é urgente que se (auto)organizem para a construir, sem esperar por uma mítica revolução. A haver uma «revolução», ela deverá ter lugar no interior de cada pessoa; modificando o modo como cada um se relaciona com o próximo. 

domingo, 14 de agosto de 2016

A VERDADE OU O CONTRÁRIO DA SABEDORIA


Estamos fortemente condicionados para ver a realidade de um modo unidimensional, ou composto por «sins» e «nãos» apenas. Essa «realidade» que nós inteiramente construímos ou que nos construíram quando éramos pequeninos, está tão entrincheirada no nosso subconsciente, que se torna um exercício muito penoso e problemático vermo-nos livres dessa maneira de encarar as coisas.
Mas é de facto necessário nos colocarmos fora dessa forma de pensar confortável mas inteiramente equivocada, das «verdades» simples, dos «sins» e «nãos» que forram o nosso cérebro e que nos iludem. A nossa fantasia faz-nos vogar num mar desconhecido, com a ilusão de ter uma bússola. A bússola é a «verdade», a certeza, todas as certezas, as que são evidentes, as que não precisam de comprovação.
Nem tudo, porém, pode ser do domínio da verdade ou certeza. Muitas coisas estão aquém de tal estatuto de «certezas»: Tais são os factos, as situações, que nós procuramos deslindar, de uma forma ou de outra. Como fazemos isto?
 Normalmente através de uma série de «testes», que nós acreditamos permitir decidir aquilo que é «verdadeiro», daquilo que não é. Porém, os «testes de verdade» são meros reforços de nossos preconceitos, não são realmente testes cientificamente validados: 
- Quando obtemos um resultado contrário aos nossos preconceitos/convicções, simplesmente ignoramos ou damos como não pertinente ou como defeituoso o tal «teste de verdade». 
- Pelo contrário, se ele vier confirmar as nossas convicções/preconceitos, o teste e o resultado que dele emana é tido como válido.

Tragicamente, este tipo de pensamento, completamente equivocado, não é utilizado nos domínios exteriores a nós próprios, como a astronomia, a física, a biologia, etc. 
Este modo de pensar, absolutamente tendencioso, perverso mesmo, aplica-se sobretudo a todas as relações com os nossos próximos, familiares, amigos e colegas. É no domínio das relações pessoais que este género de autoconvencimento e de autocondicionamento opera. 
É assim que certa imagem interior desta ou daquela pessoa próxima se infiltra na nossa mente, fazendo com que tenhamos a ilusão de conhecê-la «por dentro». 
O nosso universo relacional está formado por uma teia de preconceitos, que nós tecemos constantemente em relação aos outros, mas também dos outros em relação a nós próprios. 
Por isso, muitas vezes ficamos admirados e angustiados, quando alguém mostra que afinal não nos compreende. Somos muito sensíveis às falhas de compreensão dos entes que nos são próximos. Estimamos que eles têm a chave da nossa personalidade, que nós não temos segredos para eles. 
Porém, as pessoas são completamente opacas umas para as outas. O que julgamos ser o outro, nada mais é do que o nosso reflexo subjetivo da imagem do outro, na nossa mente. Esta constatação é válida, não importa qual o grau de intimidade e de interação efetiva que exista entre nós e o outro.
Como confusamente ou instintivamente sabemos que nada é tão simples assim, que as nossas «verdades» são somente categorias que nos ajudam a dar um sentido à espessura impenetrável do real, muitos de nós vamos procurar uma forma ou outra de religião. 
Quando falo de religião, não estou a mencionar apenas as convencionais, as religiões organizadas, com igrejas ou comunidades estruturadas, com os seus ritos, suas tradições etc. Também me estou a referir a sistemas de crenças desde a astrologia, ocultismo, esoterismo até às diversas ideologias políticas, etc…
Precisamos desesperadamente de «certezas» infundidas por uma qualquer religião, precisamos desse conforto de estar dentro de determinada ortodoxia, nem que esta «ortodoxia» seja heterodoxa em relação à imensa maioria das pessoas que nos rodeia.
A necessidade é real, não é portanto para se desprezar, para se rejeitar com um movimento de ombros, como coisa absolutamente fútil e desprezível. Todas as civilizações têm a sua religião, ou religiões. A humanidade não construiu nenhuma estrutura social, até hoje, onde não esteja no centro, explícita, uma ou outra forma de crença religiosa. 
Alguns poderão objetar que as sociedades em que nós vivemos, as chamadas democracias de modelo ocidental, são isso mesmo, sociedades onde não reina nenhum modelo religioso, onde uma pessoa é livre de pensar o que quiser e de comunicar esse pensamento, sem haver qualquer impedimento, desde que isso não ponha em causa a liberdade dos outros. 
Pois aí está um credo religioso, o neoliberalismo, que se tenta naturalizar, fazendo com que as pessoas adotem como única visão possível e desejável uma sociedade regida pelo «ter» sobrepondo-se ao «ser», pela posse ou propriedade investida de valor absoluto, ao ponto de definir o valor dos indivíduos (o teu valor é o da tua conta bancária), uma sociedade que deífica o dinheiro, convencida de que «ele» existe, de que é a «coisa mais real» que existe. Chega-se ao cúmulo de atribuir vida, vontade própria, a esse símbolo…
Se desconstruirmos as teias de ilusões que nós próprios tecemos e que nos mantêem dentro de uma «matrix», poderemos experimentar inicialmente a sensação de estranhamento, de perda de referências, de desorientação. Mas se persistirmos, vamos nos libertar e teremos toda a vantagem nisso. 
O caminho a trilhar consiste em procurar, não a «verdade» das outras pessoas ou seres, mas sim a relação, as relações entre as coisas/seres umas com as outras e a interação dessas coisas/seres connosco próprios. 
Se adotarmos este ponto de vista filosófico, muito simples e fácil de aceitar, teremos ainda que pô-lo em prática, no quotidiano e isso afigura-se mais difícil. Mas as dificuldades serão compensadas pela capacidade de lidar melhor com a realidade, de não nos auto iludirmos com as «realidades» que fabricamos dentro das nossas mentes, mas que não são reais.
A nossa vida torna-se então mais harmoniosa, as nossas decisões mais sábias e mais apropriadas às circunstâncias particulares das nossas existências.
Queríamos que «a realidade se conformasse com as nossas convicções», não podia ser maior o engano. Ao nos livrarmos dessa ilusão, livramo-nos dos medos, das angústias, das ansiedades, pois descobrimos a causa desses sentimentos.