A IIIª Guerra Mundial tem sido, desde o início, guerra híbrida e assimétrica, com componentes económicas, de subversão, desestabilização e lavagens ao cérebro, além das operações propriamente militares. Este cenário era bem visível, desde a guerra na Síria para derrubar Assad, ou mesmo, antes disso.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

YUJA WANG hoje, 25 Janeiro NA GULBENKIAN


A MELHOR PIANISTA MUNDIAL  


YUJA WANG é solista num concerto NA GULBENKIAN. Irá interpretar o concerto nº5 de Sergei Prokofiev com a orquestra Gulbenkian dirigida por Lionel Bringuier.

Sobre as obras do referido concerto, consultar: aqui

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

[OBRAS DE MANUEL BANET] OUTROS POEMAS INÉDITOS DE «TRANSFIGURAÇÕES»*



[Deixo aqui outros textos da recolha «Transfigurações»*, que tenho vindo a publicar neste blog: ver aqui, aqui e aqui ]



                                   René Magritte: tempo transfixado


PRINCÍPIO

Fiquei calado, olhando a porta numa súbita hesitação que se apoderou de mim, sem qualquer motivo especial... Talvez apenas cansaço. Talvez desejo de escapar a mais um “tête-à-tête” comigo próprio.
A vacuidade de todos os gestos.
A imensa camada de tédio que me invadia, me esmagava ....
Agora sinto que as minhas pulsões se sobrepõem ao lógico, ao racional.
Tenho anos de solidão dentro de mim.
Não posso olhar em frente o meu reflexo no espelho.
Tenho medo de me confessar frágil, caprichoso, egoísta, “blasé”...

         Dêem-me algo a que me possa agarrar. Tenho de sentir perpassar dentro de mim o arrepio do instinto, de ser capaz de desejar algo até ao
                                                     fim.






SE ÉS POETA

Poeta, a tua exaltação percorre as margens da loucura narcísica. O teu isolamento é produto da tua não conformidade com a norma.
Estou cansado de te repetir que os outros não existem para ti, nem tu para os outros: Cada ser existe sobretudo para si mesmo. Somos moluscos que se entreabrem para renovar o oxigénio quando a água os recobre e se fecham com pequenos ruídos secos quando se retira a onda.
Devemos pois firmarmo-nos com a nossa concha á rocha do Tempo. Deixaremos a nossa marca, ficaremos inscritos nas pedras do passado.





SER HUMANO

Só existe um processo viável de nos perpetuarmos. Formando clones a partir de tecidos, de células de nós próprios.
A questão é saber se esses duplos de nós mesmos se tornarão ou não seres autónomos psiquicamente, independentes, filhos de um só progenitor mas dotados de personalidade, de sensibilidade distintas...

A humanidade dará um grande passo no dia em que a questão da individualidade já não se puser em termos orgânicos, mas antes em termos de experiência intelectual e emocional.





IDEIAS  I


Por mais estranho que pareça, esta ideia veio-me à cabeça: - será que este género de poesia pode seduzir os dementes?


IDEIAS   II


Produzir imagens/reflexo do que imagino através de um electroencefalografo  conectado a um computador.
Deve ser possível desencadear a imaginação de um computador.
Bastaria produzir um sistema de programação em “rede de Petri” e fornecer uma série de números aleatórios, dos quais apenas dessem entrada os que obedecessem a uma regra de programação.




ZENON JÁ NÃO MORA AQUI

Um ponto.
Um ponto movendo-se lentamente no espaço.
Movimento uniforme,
Velocidade constante,
Cada vez mais longe do observador.
Mas tão nítido como no início da trajectória.
Um ponto.
Apenas uma partícula, nem isso;
algo que não tem peso, nem volume, nem cor,
nem cheiro,
não tem nada...
é só um lugar ... mas não tem área,
é o cruzamento de duas rectas ... que não têm
senão uma dimensão !
Tudo isto aprendemos na escola !
Tudo isto devemos rever !

Das matemáticas á Sociologia, fala-se de
“ponto” com um à-vontade...
Uma coisa bem conhecida de todos nós,
não é verdade?

Todo o pensamento racionalista admite o ponto
Todas as leis da Física admitem, explícita
ou implicitamente que entre dois pontos
quaisquer cabe uma infinidade de pontos.

Pois bem: eu recuso o ponto !
Já estou farto de paradoxos e Zenon já não mora aqui !




A NOSSA POLÍTICA E A DOS OUTROS

Nós não viemos numa manhã de nevoeiro.
Nossa esperança não cabe num papel pintado.
E quando dizemos “futuro” nossos olhos dardejam.

Para nós a vida não vale a pena
Ser vivida solitária.

Somos as raízes de uma grande árvore.
Somos as gotas cristalinas de um grande rio.
Somos calmos como o mar, somos terríveis
Como a tempestade.

Nosso grito vem do fundo.
Nosso gesto não está á venda:
Damo-nos as mãos e acreditamos no amor.





A UMA DONZELA GENTIL


És minh’ alma, és meu corpo,
Meu desejo, meu sopro...
Anda ver o meu moinho
Anda comer meu pão, beber meu vinho...

Dentro de ti encontrarei
O sonho que nunca sonharei...
O castelo encantado por ti
Deixa abrir a porta. Parti...

... E fiquei mais triste
Por ter visto o que viste...
Dentro em breve te darei
O reino do meu bom rei...

No país das dunas e brumas
Te encontrei, num dia d’espumas
Deitada na cama da maré;
É tua, essa pressa de amar? – É ...






BAILARINA


És minh'alma, meu corpo,
Minha chama, meu sopro...

Vieste, bailarina,
passando a cortina
até mim e partiste
nem alegre nem triste,
sem saberes que sofri
em silêncio, por ti...





ALBA

Em ti morro, de ti renasço...
a minh’ alma se atiça
ao teu sopro leve...
            desejo que as areias alcança,
como havendo mar, há maré...

os cânticos matinais dos pássaros
dizem-me em segredo
que...
o amor está chegando.




VIA BUDA

                                    Para a Margaret e a Maria (§)

Vós sois irmãs na graça de viver
Como rolas nos beirais do castelo
Em phantasia.

Margaret, teus olhos são da cor do mar
Quando, sereno me reclino na areia
E afago o dorso de uma duna...

Maria, teu sorriso abre-se na tua boca
Como uma simples flor do campo
E eu não posso senão tanger
O meu clavicórdio, esperando
Que esteja no tom do teu violino.

[§ estávamos em Pest]

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*A recolha de poemas «Transfigurações» agrupa escritos dos anos 1983-1987





MUNDOS PARALELOS

Não, hoje não lhe vou falar de esoterismo, de distantes galáxias, ou de outras banalidades de vendedores de banha da cobra modernos. Vou falar da intensa sensação de estranheza que se tem quando se olha e reflecte para/face a um espelho.

                


A exposição agora na Gulbenkian, «do outro lado do espelho», é um mundo de mundos paralelos. Um mundo em que artistas tão diversos na índole, além de terem pertencido às mais diversas culturas, quiseram «brincar» com o espelho como forma e metáfora, a velha metáfora da superfície do lago, no mito de Narciso. Mas também como metáfora da passagem do tempo, aquele aperto no coração quando se descobre, ao espelho, mais um cabelo branco.

Gostava de contar todas as sensações que tive, todas as evocações, divagações e sugestões... em face destas obras tão emblemáticas da nossa civilização, afinal!
Gostava, mas não vou fazê-lo, porém. Vou antes convidar-me (e convidar-te) a renovar a sensação estranha e deliciosa, de estar a mergulhar do outro lado do espelho...

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

COLE PORTER: «ANYTHING GOES» + CARLOS BOTELHO: «BROADWAY»



«Anything Goes» do musical do mesmo nome, numa interpretação pelo compositor, Cole Porter



Cole Porter era compositor de muitos musicais da Broadway em 1939, quando Carlos Botelho pintou a tela a óleo abaixo. Muitas canções de Porter tornaram-se «standards» de jazz, sendo parte do reportório de inúmeros artistas interpretes, nessa altura e nas décadas seguintes. 


                                                Carlos Botelho Broadway - Nova Iorque 

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O TERRAMOTO, NA FILOSOFIA, NA TEOLOGIA E NAS ARTES

Vem esta crónica a propósito da exposição «anatomia de uma pintura» (1) que está em exibição no Museu Nacional de Arte Antiga.  

                                  

Esta pintura do célebre pintor da época, João Glama (c.1708-1792), descreve a sua memória do que presenciou; é o melhor testemunho directo, visto que não existia fotografia, nem registo sonoro, apenas os esquissos de artistas poderiam dar conta, para as gerações futuras, da catástrofe e das suas consequências.

                      

Para além do momento, para além da geografia, este terramoto, marcou uma ruptura. 
Por essa altura, a intelectualidade erudita da Europa, aquela que «pensava o mundo», estava envolvida em polémica, uma guerra de ideias. 
Os autores libertinos de espírito, mais ou menos deístas (como Voltaire) ou mais ou menos ateus (como Diderot), esgrimiam-se contra a Igreja católica e contra a religião instituída, em geral. 
Tudo servia como argumento para destronar as visões teológicas de uma «Causa Divina» ou «Providência», para os acontecimentos deste mundo. 
Voltaire difundia, nos seus panfletos, a ideia de que Deus fez o mundo, como uma máquina, dotada de leis maravilhosas e simples, como ensinara Newton, mas não se inquietou em o manter em funcionamento (a metáfora do Grande Relojoeiro). 
Outros, clandestinamente, tentavam provar que não existia Deus, que o Universo se poderia explicar simplesmente pelas forças materiais e pela conjugação dos átomos, retomando o modelo do atomismo grego (Demócrito) e tentando demonstrar que não é necessária a hipótese de Deus para compreender o mundo, que todos os fenómenos tinham uma causa natural.
Aquando do Terramoto de Lisboa, acontecimento terrível que parecia castigar sem piedade um reino inteiro e sua população, logo saltaram os habituais predicadores da moral dizendo que se tratava de um castigo, da «Providência divina». 
Nessa ocasião, a crença em Deus ainda estava profundamente ancorada nas mentes da pessoas. Não era como agora, em que acreditar em Deus e afirmá-lo é quase um acto heróico, pelo menos em certos meios. 

Leibniz salvaguardava Deus no concerto universal, afirmando que tudo estava feito desde o início, segundo «o melhor dos mundos possíveis», projectando a Providência divina para a eternidade, pelo que aquilo que nos pareciam crueldades e imperfeições da Natureza, na realidade, não o eram, mas apenas consequências, fenómenos inevitáveis da divina obra global, mas cujo plano e desígnio estavam para além da humana compreensão.
O debate entre filósofos centrava-se em torno da questão de saber se existia, ou não, uma «divina providência» e o terramoto de Lisboa serviu como argumento, pela impressão profunda de horror, de absurdo existencial («avant la lettre» !) que se desprendia de tal destruição. 
Não! A Natureza, nem sempre era boa e generosa, também era capaz de - num instante - destruir vidas inocentes, de riscar povoações inteiras do mapa, transformar em montão de ruínas as cidades mais formosas.

Carlos Maria Bobone escreveu um artigo (2) bastante aprofundado, muito legível, sobre esta relação do debate filosófico no século das luzes com o grande terramoto de Lisboa de 1755.

Embora de um período mais tardio ( cerca de 1790), a peça para órgão de Mozart (3), pode ilustrar este tema, pela profundidade trágica que emana dos seus acordes.


    
  

Mozart era mação, tinha uma visão da Divindade  como «O Grande Arquiteto». Deixou-nos, além dessa obra-prima imortal, A Flauta Mágica, algumas obras abertamente maçónicas, destinadas a lojas que frequentava. 
Viena dessa época era tanto mais tolerante para com a maçonaria, que ela estava imiscuída nas mais altas esferas do poder político. 
Porém, Mozart não renegou o catolicismo; deixou-nos muita música sacra em conformidade com o rito católico, de profunda inspiração espiritual.



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(1) http://www.museudearteantiga.pt/exposicoes/anatomia-de-uma-pintura

(2) http://observador.pt/especiais/terramoto-de-1755-a-tragedia-que-arrasou-lisboa-e-tambem-mudou-o-mundo/

(3) https://www.youtube.com/watch?v=Q9WHeha80RA

domingo, 21 de janeiro de 2018

ROSTOS DE CRIANÇAS Obras de Édouard H. Gandon e de Verónica O. Baptista



RETRATOS NA CASA DE FAMÍLIA

Quem olhe apenas para os móveis, os quadros, etc. vê que muitos correspondem a um passado anterior ao nascimento dos habitantes desta casa. Não estão, no entanto, dispostos como numa casa-museu. Esta, é uma casa viva, habitada, uma casa que respira. Nela, os objectos funcionam como pontes lançadas ao mundo dos antepassados. Estes entes queridos continuam a existir, por dentro da mente; eles partilham esta casa connosco, naturalmente.
 Assim, pode-se viver no meio de fantasmas, não no sentido trivial, mas etimológico do termo. Eles manifestam-se sob forma de retratos, belíssimos retratos que projectam olhares de tranquila e penetrante simpatia. 
Bem se poderia raciocinar que determinado olhar e expressão do rosto, tão perfeitamente captados, fossem dirigidos ao pintor, ou alguém que estivesse no campo de visão da pessoa retratada
Mas, de facto, a presença humana que se desprende de tais quadros é palpável. Quando contemplados, eles contemplam de volta o observador. 



RETRATO I                                                                  


                   


                         

Talvez o mais especial, para o autor deste blog, seja o pequeno quadro a óleo pintado pelo tio-avô, quando o sobrinho-neto tinha apenas seis anos: um rosto infantil, com um olhar sério e calmo, confiante.                                         
Que estaria esta criança pensando, no momento em que foi retratada? - Na verdade, o olhar vindo do interior do quadro, do passado,  dá-lhe um sentido de coerência e de totalidade. 
Porém, só muito tarde o Manuel teve consciência deste e de outros fenómenos. Distraído pelos afazeres da vida, triviais ou não, tinha ignorado aquela evidência! Ela tinha permanecido literalmente à frente dos seus olhos, durante várias décadas.  
Um dia, por acidente, o pequeno quadro foi danificado, ficou com um rasgão. Foi necessário um restauro. 
O restauro disfarçou o rasgão, mas alterou as subtis tonalidades da pele do rosto retratado. Presente no espaço familiar, o retrato deste menino de seis anos tem desempenhado um papel silencioso: o olhar da criança, perante o indivíduo adulto.


RETRATO II




RETRATO III
    


               




Verónica tinha herdado o talento de fazer viver um rosto, uma expressão, pela observação atenta e pelo traço que resume todo o mistério do ser, num sorriso, num olhar.            
Duas das suas obras mais notáveis são os retratos de sua irmã Joana P. Baptista, quando esta tinha oito anos e do seu irmão, Eduardo Baptista, quando este tinha cerca de seis anos. 
A Joana, tem o olhar fixado no longe; o olhar duma criança crescida, intensa, que procura o saber e a sabedoria.
O Eduardo, olha intensa e directamente para o observador, sorrindo. Seu olhar vai directamente ao encontro do nosso.


Murtal, 21 de Janeiro de 2018
Manuel Banet Baptista

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Sobre Édouard Honoré Gandon:












Sobre Verónica Oliveira Baptista:





http://manuelbaneteleproprio.blogspot.pt/2016/06/veronica-oliveira-baptista-obras-vol-4.html

sábado, 20 de janeiro de 2018

ESTADO ISLÂMICO, INSTRUMENTO DE TERROR IMPERIAL


                     US Gambling on the Islamic State to Undermine China and Russia’s Position in Africa


A guerra dita contra o «terror» foi um instrumento de dominação, planeado e executado pelos neocons, no aparelho de Estado (o chamado «Estado profundo») dos EUA. 
Mas, a partir da década de 2010, essa guerra «contra o terror» já estava claramente perdida com as derrotas humilhantes no Afeganistão e no Iraque, da maior superpotência que jamais infectou o planeta.
Assim, as «luminárias» da administração Obama, aproveitando a onda de contestação nos países árabes da orla do Mediterrâneo (Tunísia, Egipto, etc) produzida por um empobrecimento das pessoas e a manutenção de regimes corruptos e autoritários, desencadeia a operação chamada «primavera árabe».
Esta consistia em utilizar, nestes países, os elementos radicais islamitas, em geral de obediência sunita, onde a sociedade secreta, a Fraternidade Muçulmana, tinha muita força. 
F. W. Engdahl descreveu tal jogada, ocorrida durante a passagem de Hilary Clinton pelo Departamento de Estado dos EUA, pelo que não irei aqui desenvolver o assunto. 
Basta recordar que, muito antes de Trump, por volta de 2014, já era completamente claro o papel desastroso que esta política representava para o conjunto das nações do Médio Oriente. 
Com efeito, esta política, começada com a guerra terrorista contra a Líbia, continuou com a exportação dos Jihadistas usados como elementos no derrube do regime de Kadafi (em particular em Benghazi)  para a guerra «civil» Síria. 
Esta guerra «civil» foi claramente insuflada do exterior, numa coligação operacional que envolvia Israel, a Arábia Saudita e os Emiratos (nomeadamente o Quatar, proprietário da cadeia de tv internacional Al Jeezira), assim como os aliados / súbditos da NATO (Turquia, França, Alemanha, Grã Bretanha...). 
Mas esta guerra «civil» também não estava a correr bem: 
O regime de Damasco, em vez de ser derrubado, estava-se consolidando e começou a ser apoiado militarmente pela Rússia. Esta decidiu ir em socorro do seu aliado sírio, para contrariar estrategicamente a expansão da «Jihad» no seu território. Lembremos as Repúblicas de maioria muçulmana, da Federação Russa no Cáucaso, não apenas a Chéchénia, e das minorias muçulmanas presentes em muitas outras partes da Federação Russa.
Para contrariar a influência russa no Médio Oriente, o presidente Obama e seus conselheiros arriscaram montar uma «Segunda Al Quaida». A primeira, com Osama Bin Laden, foi também organizada pelos serviços secretos americanos, durante a luta contra a URSS, no Afeganistão. O resultado fatal e trágico é que, tal como os monstros do tipo «Frankenstein», estas organizações terroristas sempre escapam ao seu criador.  
A segunda Al Quaida foi baptizada ISIS (mas este nome não era conveniente, pois idêntico ao acrónimo oficial, em inglês, dos serviços secretos de Israel). Depois, o seu nome foi resumido para «IS» (Islamic State) ou Estado Islâmico (ou Daech).
Esta força consistia numa reunião heterogénea de mercenários jihadistas, equipados, treinados e financiados pelos serviços secretos dos EUA e diversos Estados vassalos (Turquia, Arábia Saudita, Quatar, Jordânia...).
Esta coligação manteve, durante algum tempo, o jogo duplo, de combater formalmente o Daesh, enquanto lhes fornecia equipamento e abastecimento necessários para a continuidade da guerra contra Assad, na Síria, o regime que o «Ocidente» queria a todo o custo derrubar. 
Cabe aqui reflectir no que seria hoje em dia o Médio Oriente, se estas ambições dos imperialistas se tivessem concretizado: 
- Estaríamos perante um Califado, a estender-se desde Bagdad até a Damasco. Este Califado seria de obediência fundamentalista islâmica. As minorias, árabes ou não, muçulmanas, cristãs, ou outras, seriam impiedosamente sujeitas a «limpeza étnica» (exactamente como fizeram no Kosovo com a minoria sérvia ortodoxa). Mesmo os muçulmanos não sunitas radicais (existem grandes minorias Chiitas, Alauitas, etc.) seriam submetidos, num reino de terror, como aconteceu nas zonas e cidades (Mossul, Raqqa, etc,) sob controlo do ISIS.
 Não se deve esquecer que sejam eles designados por Al Quaida, Estado Islâmico, etc. são fundamentalmente a mesma coisa: 
- uma organização de mercenários, fanatizados na versão  mais fundamentalista do Islão.

Apesar da aparente modificação (apenas retórica?) da doutrina oficial de «defesa» nacional dos EUA da era Trump, o facto é que estes continuam a apoiar estes grupos e agora planeiam usá-los* de modo encoberto, nas repúblicas (ex-soviéticas) da Ásia Central, que têm fronteiras com a Rússia e a China, com o claro propósito de colocar em cheque a Nova Rota da Seda. Desestabilizando estes vastos territórios, tanto no interior da China e Rússia, como nos Estados fronteiriços, os imperialistas continuam a apostar na política de guerra-fria, afinal mais e sempre mais guerra. 
Além do sofrimento das populações destas regiões, tais políticas podem desencadear uma guerra mundial entre superpotências. 

(*)