Não, hoje não lhe vou falar de esoterismo, de distantes galáxias, ou de outras banalidades de vendedores de banha da cobra modernos. Vou falar da intensa sensação de estranheza que se tem quando se olha e reflecte para/face a um espelho.
A exposição agora na Gulbenkian, «do outro lado do espelho», é um mundo de mundos paralelos. Um mundo em que artistas tão diversos na índole, além de terem pertencido às mais diversas culturas, quiseram «brincar» com o espelho como forma e metáfora, a velha metáfora da superfície do lago, no mito de Narciso. Mas também como metáfora da passagem do tempo, aquele aperto no coração quando se descobre, ao espelho, mais um cabelo branco.
Gostava de contar todas as sensações que tive, todas as evocações, divagações e sugestões... em face destas obras tão emblemáticas da nossa civilização, afinal!
Gostava, mas não vou fazê-lo, porém. Vou antes convidar-me (e convidar-te) a renovar a sensação estranha e deliciosa, de estar a mergulhar do outro lado do espelho...
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