quinta-feira, 18 de abril de 2019

PORTUGAL - DEPENDÊNCIA DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

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Portugal atravessou, nesta semana, um episódio breve de grande angústia por causa de uma greve de camionistas transportadores de materiais perigosos, nos quais se incluem os combustíveis. Estes transportam para todos os postos de abastecimento do país o gasóleo e a gasolina que depois são consumidos pelos mais diversos utilizadores. Igualmente as instalações industriais, hospitalares e outras, estão sujeitas a um abastecimento periódico de combustível.
Este episódio, de curta duração, desencadeou um movimento de pânico que secou várias bombas de gasolina, nos diversos postos de abastecimento. A tendência das pessoas para açambarcar, quando percebem que o combustível está em risco de esgotar, pode parecer exagerada, mas revela, sem sombra de dúvidas, que o país está fortemente dependente do combustível líquido para os seus afazeres quotidianos.
Porém, não nos preocupamos com a possibilidade de uma «greve» exterior, ou seja, não virem os navios-tanques que abastecem as refinarias de Sines e de Matosinhos, as quais são a fonte quase exclusiva de combustível refinado neste país. Muitas situações podem ocorrer que impeçam que os navios transportando petróleo cheguem aos nossos portos. A mais evidente das quais, dado o facto de o petróleo importado ser sobretudo proveniente de países do Golfo (Arábia Saudita, Oman, Emirados Árabes, Quatar...) seria uma guerra, ou uma crise séria que implicasse bloqueio da navegação ou uma impossibilidade por excessivo perigo. O Médio Oriente e, em particular, as zonas do Mar Vermelho e Golfo Pérsico, estão permanentemente em grande perigo por causa de guerras que aí existem, como a do Iémen, ou que têm potencial de deflagrar a qualquer momento. Temos também de ter em conta as zonas de África Oriental que estão também desestabilizadas.  
Há algum tempo atrás li com interesse um resumo de um livro, escrito nos EUA e relativo à realidade deste país (mas que, em muitos aspectos, é transponível para o nosso), que relatava como em poucos dias de falha de combustível, a economia toda parava. Os transportes para abastecimento de víveres, matérias-primas industriais e todo o tipo de mercadorias são quase exclusivamente assegurados por camionagem. Os supermercados têm muito pouco em reserva: ficarão em ruptura, passados poucos dias sem abastecimento. A tendência do público para açambarcar agrava a situação. Num espaço de tempo de três dias, de interrupção da cadeia contínua que abastece o consumo nos grandes centros, estes entrariam em colapso, com o pânico, os saques e violências. Os desmandos de alguns seriam razão suficiente para o Estado impor um recolher obrigatório, suspender as liberdades e garantias, ou seja, instaurar um regime de excepção. 
A razão principal para se diversificar as fontes de abastecimento de petróleo não é económica, mas geo-estratégica. É preocupante que Portugal seja tão frágil neste aspecto. 
Deveria olhar para a Alemanha e ver que, apesar das óbvias dificuldades de relacionamento com a Rússia, nestes últimos anos, os seus dirigentes teimam em garantir o abastecimento em gás natural e petróleo russos, numa percentagem elevada, a partir de gasoduto e oleoduto submarinos - o projecto Nordstream II - quase concluído. Isto, apesar das fortes pressões que vêm sofrendo da parte dos EUA. Com certeza que se trata, para a Alemanha, de algo muito importante. 
Eles têm razão: do ponto de vista geo-estratégico e não apenas económico, faz sentido abastecerem-se junto do vizinho do Norte. 
A Europa meridional e -em particular, a mediterrânea - tem baseado o seu abastecimento demasiado no Norte de África, sobretudo na Argélia  e na Líbia, em países com uma situação política volátil, que podem, a qualquer momento, não estar em condições de manter fornecimentos regulares à Europa. 
O petróleo do Mar do Norte, explorado pela Noruega e pelo Reino Unido, está em nítido decréscimo, vai ser consumido sobretudo pelos mercados internos destes países. 
A dependência europeia ocidental em relação aos combustíveis fósseis é que é o verdadeiro problema de sociedade e não o pseudo- «aquecimento global»,  a maior fraude político-científica dos últimos 20 anos. Ainda não foi totalmente desmascarada junto da opinião pública, devido à media, que vem ocultando ou difamando todas as vozes críticas desse tal «aquecimento global». Um dia, será óbvio que se trata de uma fantasia avançada pelos governos aliados aos grandes conglomerados bancários, para conseguirem a transição que lhes convém, que os mantém no controlo, conforme eu várias vezes assinalei neste blogue. 

Existem motivos de segurança global, além dos aspectos de poluição (SO2, NO, CO, ozono... note-se que o CO2 não é um poluente!), para diversificar e, sobretudo, incentivar a reconversão produtiva.
Existem óbvias medidas a tomar, que não passam por encarecer o preço dos combustíveis: melhorar substancialmente as redes de transporte público, dar incentivos às pessoas para usarem mais o transporte colectivo, descongestionar os grandes centros, construir habitações sociais com um bom padrão de qualidade, em zonas próximas dos centros urbanos, incentivar o isolamento térmico das habitações e a poupança de energia, sob todas as formas, quer pelos particulares, quer pelos negócios e indústrias... 

Da forma como são utilizados eólicas e painéis fotovoltaicos, apenas constituem opção vantajosa para alguns utentes, à custa de uma política de encarecimento da energia eléctrica para a população em geral, a qual vai - ao fim e ao cabo - «pagar» as menores facturas de electricidade dos consumidores que aderem a tais energias «renováveis».  
Eu preconizo antes a existência de redes de energia e instalações autónomas, sob controle da aldeia ou freguesia urbana, que possa assegurar a distribuição directa, injectando energia vinda de painéis fotovoltaicos dos diversos utentes numa rede local. Do mesmo modo, a um nível local, podem-se aproveitar os cursos de água, com pequenos geradores de energia, sem os efeitos gravosos no ambiente das grandes barragens. 
Infelizmente, as pessoas são desviadas para uma atitude passiva, que se resume a «exigir» dos governantes que façam isto ou aquilo. Os pseudo-movimentos ecologistas que promovem isso estão na verdade a perpetuar a dependência em relação ao Estado e Governo, em vez de incentivarem as pessoas a encontrar, dentro das comunidades, as soluções para os seus problemas. 
No âmbito geral, Portugal padece dum desequilíbrio múltiplo, que se traduz pela fraca produção agrícola e florestal, apesar de ser um país com enorme potencial nestes domínios. A substituição de importação de géneros alimentares (sobretudo) deveria ser uma prioridade nacional, o que iria proporcionar as condições para re-colonizar o interior do país. Infelizmente, isso não se vai passar com a geração na casa dos 20 anos, que agora entra no mercado de trabalho, esta vai emigrar (como as anteriores) e fornecer bom trabalho a países (sobretudo europeus) que beneficiarão, sem terem gasto nada com sua formação: trata-se do «brain-drain», na sua forma mais completa. 
O país fica depauperado de jovens gerações, submisso ao estrangeiro, com uma economia frágil, dependente do petróleo a 100%, sem perspectivas, senão de continuar a ser o «paraíso» para o patronato, pelos baixos salários e pelas condições de exploração. 
Quanto a Portugal se ter tornado, nos últimos 3 anos,   uma estância de férias «na moda»: isso quer dizer que pode deixar de o ser no próximo ano; neste caso, o turismo entrará em colapso, arrastando muitos negócios associados com ele.   

Um programa integrado de desenvolvimento na agricultura e indústria, usando inteligentemente as energias renováveis e as potencialidades do interior, poderia transformar Portugal. Deixaria de ser deficitário na balança de pagamentos, não precisando de importar tantos combustíveis, e melhorava o nível de vida das pessoas, garantindo condições de vida e de emprego para as gerações presentes e futuras.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

PRELÚDIO E FUGA BWV 847 POR ANDRÁS SCHIFF (piano)


                                         https://www.youtube.com/watch?v=eAAXAckjLko

Nesta gravação do Prelúdio e Fuga em Dó menor BWV 847, do 1º livro do Cravo Bem Temperado, ouvimos uma interpretação, que eu considero muito «clássica», por András Schiff.
O que me agrada mais nesta interpretação é que «não tem pressa de chegar ao fim».
Fizeram desta peça uma espécie de teste de velocidade, de corrida desenfreada... Apesar da expressividade, tão evidente em Bach, ficar perdida na correria!
No tempo de Bach (e mesmo depois), a humanidade não podia ter uma experiência sensorial de deslocar-se a maior velocidade que a do cavalo a galope. Este, porém, nunca podia dar sua máxima velocidade durante longo tempo, estando limitado pela sua biologia. 
Assim, as pessoas podiam desenvolver uma técnica de dedos permitindo-lhes correr no teclado a grande velocidade, mas tal não significa que as composições tivessem de ser interpretadas na velocidade máxima possível. Com efeito, as interpretações ultra-rápidas parecem mecânicas, sem calor humano, vazias.

No presente, tenho verificado que a rapidez de execução é tomada como coisa excelente, quando deveria antes ser a escolha do andamento certo e apropriado para uma dada peça. 

segunda-feira, 15 de abril de 2019

REFLEXÃO: O QUE SIGNIFICA SER CRISTÃO?

Quando Cristo foi traído, não foi o primeiro, nem o último, a ser vendido por dinheiro, ou por algum privilégio conferido pelo opressor aos súbditos que se alinhassem com ele, renegando a resistência do seu povo.
A existência e realidade fundamental da vida e morte de Jesus não pode ser negada, razoavelmente. Pode ser posta em causa a transcendência desse momento da humanidade, perante a insofismável traição das igrejas que se dizem seguidoras de Cristo, pois elas perpetuam a devoção ao poder, a submissão perante uma «autoridade», que nunca se coibiu de espezinhar o fraco, em nome de um «direito» do mais forte. 

Existe uma narrativa completamente silenciada nas igrejas, em relação aos muitos milhares de escravos que foram supliciados na Via Ápia, aquando da repressão sangrenta da revolta de Spartacus. São milhares que sofreram a lenta agonia da morte na cruz, assim como Jesus Cristo a sofreu. 

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Aquela igreja cristã dos primeiros tempos, a das catacumbas, que seguia o ensinamento de Jesus,  foi anulada de diversas maneiras, a mais impressionante das quais (à distância de tantos séculos), é de ter sido transformada na religião dos poderosos, do império que a perseguiu.


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Os defensores desta versão do cristianismo, da versão imperial, expurgada de todo e qualquer elemento subversivo das instituições e da sua radicalidade, deformam tudo, afirmando que se trata do seu «triunfo». Eu diria que é antes uma contrafacção, um simulacro, da mensagem da primeira Igreja, a mensagem mais subversiva, no seu tempo.

E, no entanto, a radicalidade do cristianismo é tal que  - hoje em dia - a sua mensagem de fraternidade, de igualdade perante Deus e a Vida, não conseguem, os responsáveis pelas traições e renúncias, abafá-la completamente. 
Se o próprio Deus não faz uma distinção de género, de raça, ou de estatuto social... como condição para entrar no «Reino dos Céus», com que legitimidade alguns se servem de tais distinções para oprimir os outros? 
As igrejas instituídas estão empenhadas em fazer esquecer a exigência igualitária, que transporta, no seu âmago, o cristianismo
Porém, todas as doutrinas políticas e sociais produzidas a partir do século XIX - quer tenham a etiqueta de socialista, de comunista ou de anarquista - foram beber ao ideário cristão, são uma laicização do mesmo. Tal deveria ser aceite como algo inequívoco, por todos, cristãos e não cristãos.  

Não é minha intenção, com este texto, escandalizar ninguém. Ele pretende somente ajudar meus semelhantes a questionarem-se... 
O que é ser cristão? O que é estar em conformidade - no espírito e na prática - com os ensinamentos de Cristo?

domingo, 14 de abril de 2019

J.S. BACH: PRELÚDIO EM DÓ MENOR PARA ALAÚDE



Na sua simples genialidade, nada pode ser mais tranquilizador para o meu espírito, do que ouvir, com toda a atenção e devoção, este prelúdio.
Com efeito, ele é extremamente simples, na sua concepção: acordes quebrados, que se sucedem até atingir o auge e depois se resolvem num acorde perfeito em dó maior.

Sim, para a Semana Santa também vêm a propósito as duas Paixões (segundo S. João e segundo S. Mateus), monumentos de grande envergadura, com coros, solistas e orquestra. 
Mas hoje, prefiro entregar-vos esta pequena jóia musical, este pequeno refúgio de beleza e espiritualidade.

Páscoa com Pax Universalis!

sexta-feira, 12 de abril de 2019

UMA FROTA DE CISNES NEGROS ...

Jim Willie faz uma descrição dos numerosos sinais que têm mostrado que a evolução para fora do dólar US está em marcha.

Não conheço fonte mais rica em factos, sobre a economia ao nível mundial, que nós normalmente não vemos na media «mainstream». Também, o contexto em que as transformações ocorrem, torna-se perfeitamente inteligível.

Indispensável ver e ouvir... 


quinta-feira, 11 de abril de 2019

A EXTRADIÇÃO DE JULIAN ASSANGE PARA OS EUA PODE EQUIVALER A UMA SENTENÇA DE MORTE

                     

A notícia da prisão de Julian Assange surgiu esta manhã e a ideia que fica deste processo é que as autoridades britânicas são de facto mais do que coniventes, são parte activa num crime contra os direitos humanos, são parte activa na violação da lei internacional, que garante a protecção aos exilados políticos, tudo isto para agradar ao seu chefe, ao Big Brother, os EUA. 
A informação que é produzida em muitos media apenas reproduz o discurso oficial, o qual é um chorrilho de mentiras e de deformações. Nem sequer dá a palavra a outras vozes, a começar pela advogada de defesa de Assange. 
Este processo mostra o poder sem máscara.
Tudo o que se está a passar mostra como regrediram a liberdade de informar e os direitos humanos, no Ocidente, onde uma grande parte da media se transformou em prostituta do poder, como é o caso de demasiados órgãos da media «mainstream».

Abaixo um link para um dos poucos sites que esclarece correctamente o que se passa, em todo este processo.

      Discuss: Julian Assange Arrested

HOMO LUZONENSIS: O QUE NOS CONTA ESTA DESCOBERTA SOBRE NOSSO PASSADO

                



                       

Esta descoberta, agora anunciada, de Homo luzonensis, mas cujo sítio arqueológico vem sendo escavado desde há alguns anos, reforça o facto da arvore evolutiva do género Homo

             


ter uma estrutura arborescente, que nos foi ocultada pelo facto da espécie Homo sapiens (a nossa) ter invadido e dominado todos os habitats da Terra, tendo sido um factor decisivo na extinção doutras espécies concorrentes, do género Homo [H. neanderthaliensis, H. denisovans, H. floriesensis, H. luzoniensis (?)], que connosco coexistiram. 
Esta visão é reforçada com a descoberta numa gruta na ilha de Luzon, Filipinas. Esta descoberta vem no seguimento de outra, a de Homo floriesensis, em 2004, na Ilha das Flores (Indonésia). 
Um facto importante é o de que Homo erectus, cuja existência se estende por mais de um milhão de anos, saiu de África e dispersou-se pelo continente asiático, atingindo os arquipélagos do que são hoje a Indonésia e as Filipinas. Porém, esta dispersão geográfica e no tempo originou variantes e novas espécies que se especializaram em determinados ambientes. 
Não irei reproduzir aquilo que escrevi a propósito de Homo floriesensis. Mas é evidente que tanto a espécie alcunhada com o nome de «Hobbit», como esta de Luzon, só podem ter como ascendência o Homo erectus. Aliás, isto é reforçado pela existência de instrumentos de pedra e marcas de talhe em ossos de rinoceronte com 700 mil anos, encontrados não longe da gruta de Callao o local, nas Filipinas, onde foram descobertos os restos de Homo luzonensis.

Quanto ao «grande feito» de o género Homo ter alcançado ilhas hoje distantes, penso que existe uma certa exploração sensacionalista nas notícias:
- primeiro, porque nos longuíssimos intervalos de tempo da evolução do género Homo, existiram vários episódios em que os níveis dos oceanos foram muito mais baixos (lembremos o estreito de Behring e a língua de terra chamada Beríngia, de onde vieram os primeiros colonizadores do continente americano). Em certas épocas, a separação entre as ilhas britânicas e o continente europeu (as costas francesas de hoje) era tão pequena, que manadas a atravessavam e no seu encalço, iam bandos de humanos...

- e segundo, não é nada espantoso que estes hominídeos tenham fabricado jangadas ou canoas escavadas em troncos de grandes árvores: a indústria lítica é apenas a que subsiste, após muitas centenas de milhares de anos, mas sabemos - por outras culturas ditas da «idade da pedra» - que os artefactos de pedra eram sempre uma minoria. Calcula-se que as culturas do paleolítico tinham cerca de 80% de instrumentos em madeira, fibra vegetal ou peles e tendões animais ; por que motivo o Homo erectus, que fabricava instrumentos de pedra, não teria também artefactos em madeira? 

Não me parece razoável imaginar que um desenvolvimento separado, a partir de símios, viesse dar origem a seres com características típicas da linhagem humana. Antes favoreço a hipótese de que um longo isolamento - decorrente da transformação de penínsulas em ilhas  - tenha separado definitivamente as populações iniciais de Homo erectus presentes, quer na Ilha das Flores (Indonésia), quer na Ilha de Luzon (Filipinas). 
Se, de facto, existem sinais inequívocos de indústria lítica e de caça com 700 mil anos, é provável que a população desse tempo tenha evoluído em total isolamento até cerca de 50 mil anos, modificando-se para se adaptar às condições singulares do ambiente. 
É bem conhecida a tendência para o nanismo em muitas populações de mamíferos isoladas durante longos anos em ilhas. O mesmo aconteceu com as populações de H. erectus naquelas ilhas asiáticas.