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segunda-feira, 15 de abril de 2019

REFLEXÃO: O QUE SIGNIFICA SER CRISTÃO?

Quando Cristo foi traído, não foi o primeiro, nem o último, a ser vendido por dinheiro, ou por algum privilégio conferido pelo opressor aos súbditos que se alinhassem com ele, renegando a resistência do seu povo.
A existência e realidade fundamental da vida e morte de Jesus não pode ser negada, razoavelmente. Pode ser posta em causa a transcendência desse momento da humanidade, perante a insofismável traição das igrejas que se dizem seguidoras de Cristo, pois elas perpetuam a devoção ao poder, a submissão perante uma «autoridade», que nunca se coibiu de espezinhar o fraco, em nome de um «direito» do mais forte. 

Existe uma narrativa completamente silenciada nas igrejas, em relação aos muitos milhares de escravos que foram supliciados na Via Ápia, aquando da repressão sangrenta da revolta de Spartacus. São milhares que sofreram a lenta agonia da morte na cruz, assim como Jesus Cristo a sofreu. 

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Aquela igreja cristã dos primeiros tempos, a das catacumbas, que seguia o ensinamento de Jesus,  foi anulada de diversas maneiras, a mais impressionante das quais (à distância de tantos séculos), é de ter sido transformada na religião dos poderosos, do império que a perseguiu.


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Os defensores desta versão do cristianismo, da versão imperial, expurgada de todo e qualquer elemento subversivo das instituições e da sua radicalidade, deformam tudo, afirmando que se trata do seu «triunfo». Eu diria que é antes uma contrafacção, um simulacro, da mensagem da primeira Igreja, a mensagem mais subversiva, no seu tempo.

E, no entanto, a radicalidade do cristianismo é tal que  - hoje em dia - a sua mensagem de fraternidade, de igualdade perante Deus e a Vida, não conseguem, os responsáveis pelas traições e renúncias, abafá-la completamente. 
Se o próprio Deus não faz uma distinção de género, de raça, ou de estatuto social... como condição para entrar no «Reino dos Céus», com que legitimidade alguns se servem de tais distinções para oprimir os outros? 
As igrejas instituídas estão empenhadas em fazer esquecer a exigência igualitária, que transporta, no seu âmago, o cristianismo
Porém, todas as doutrinas políticas e sociais produzidas a partir do século XIX - quer tenham a etiqueta de socialista, de comunista ou de anarquista - foram beber ao ideário cristão, são uma laicização do mesmo. Tal deveria ser aceite como algo inequívoco, por todos, cristãos e não cristãos.  

Não é minha intenção, com este texto, escandalizar ninguém. Ele pretende somente ajudar meus semelhantes a questionarem-se... 
O que é ser cristão? O que é estar em conformidade - no espírito e na prática - com os ensinamentos de Cristo?