Este monumento da região de Cambridge é absolutamente ímpar, tanto pela sua monumentalidade - durou três séculos a ser edificado - como pelo enorme significado que encerra para a história de Inglaterra.
Tive imenso prazer em deambular nesta floresta de pedra, onde se sucedem o estilo românico tardio, o gótico primitivo e o gótico flamejante.
Muitas das esculturas de santos que estavam inicialmente em nichos, foram removidas pelos iconoclastas, fundamentalistas protestantes da época, que consideravam a representação dos santos como uma adoração de imagens e portanto blasfémia e contrária à sã doutrina cristã, segundo eles.
Só se salvaram umas esculturas lá muito no cimo, praticamente inalcançáveis, no exterior da igreja.
A capela de Sta Maria era revestida de frisos de altos relevos nas quatro paredes, com cenas do antigo e novo testamento.
As esculturas foram vandalizadas também nessa ocasião; cortaram as cabeças dos personagens representados, mas as partes dos corpos que restam e as pregas dos tecidos, mostram que foram obra de grandes mestres do final da idade média.
Uma bomba destruiu - na II Guerra Mundial - a parte lateral da fachada, a qual assim permanece até hoje.
Apesar de todos os danos do tempo, da incúria, estupidez e selvajaria dos homens, este monumento respira paz.
Foi concebido pelos monges beneditinos como prece erguida em louvor a Deus.
Hoje em dia, à distância de um milénio desde o ínicio da sua construção, visitar esta catedral é ocasião de autêntico êxtase perante a harmonia do conjunto.
Na sequência da presença do
Cacique Ládio Veron e do Jantar Benefit/Debate realizados na Fábrica de
Alternativas vamos apresentar o filme "Martírio" sobre a luta dos
Indios Guarani Kaiowas pelo seu direito à vida, à sua cultura e às terras onde
sempre viveram e o massacre a que foram sujeitos.
Título: «Martírio» (Original)
Dirigido por: Vincent
Carelli
Brasil 2016 / 160 minutos
Documentário Nacional
Martírio” é um documentário imperdível. Imperdível porque é essencial para
compreender um dos mais longos e violentos conflitos de terra do Brasil: o
genocídio contra os Guarani-Kaiowá e Ñandeva no Mato Grosso do Sul.
Realizado pelo documentarista e antropólogo, Vincent Carelli (que também
dirigiu o excelente Corumbiara), o filme exibe cenas de quase 30 anos de
experiência do director com os povos indígenas do Mato Grosso do Sul.
Classificar a situação dessas populações indígenas como genocídio está longe de
ser um exagero. Afinal, como classificar uma situação na qual fazendeiros
organizam milícias armadas que invadem aldeias (tanto faz se é de noite ou
durante o dia) atirando a esmo contra crianças, idosos e mulheres? Ou ainda as
emboscadas de pistoleiros ou atropelamentos propositais contra lideranças
indígenas? E ainda os aviões dos fazendeiros que lançam veneno sobre as casas e
roçados das aldeias, acampamentos e retomadas; os estupros de mulheres e
crianças e uma das maiores taxas de suicídios do mundo. Suicídios que expressam
a calamidade vivida por esse povo. Sem sua terra original, sem poder plantar
seu roçado e manter seu modo de vida, tirar a própria vida tornou-se uma via de
fuga desesperada entre os Kaiowás.
Nos últimos 12 anos foram assassinados mais 400 Kaiowás e Ñandevas no Mato
Grosso do Sul, segundo dados do Conselho Missionário Indigenista (CIMI). É mais
de 30 assassinatos por ano, uma verdadeira Palestina dentro do Brasil. Mas quem
já foi numa aldeia e ouviu os relatos sobre as barbaridades cometidas pelos
fazendeiros e pistoleiros sabe que o número é bem maior. Há um número
incontável de desaparecidos, atropelados e gente morta por envenenamento que
não figuram nas estatísticas.
Quando se está na região meridional do Mato Grosso do Sul, porção do território
originário dos Kaiowás, é preciso ter cuidado com o que fala e com quem fala. O
racismo é brutal. Simpatizantes da causa indígena não são bem-vindos e podem sofrer
retaliações. Também é preciso tomar cuidado quando se percorre as estradas
cruzando imensas plantações de soja em direcção às aldeias e retomadas. Uma
emboscada pode lhe esperar logo ali à frente. Por isso, não é nada estranho
saber que o documentário não está em cartaz em nenhuma sala de cinema do Mato
Grosso do Sul.
Esse medo e tensão estão presentes em “Martírio” que, em suas três horas de
duração, resgata a longa marcha de resistência dos indígenas. Nos séculos XVI e
XVII foram vítimas das temíveis bandeiras paulistas. Depois, no final do século
XIX, suas terras foram tomadas e arrendadas aos grandes produtores de erva
mate. Nessa época, os Kaiowás se tornaram escravos nas grandes plantações,
atados pelo sistema de peonagem ou escravidão por dívida em lojas comerciais.
Na década de 1940 foram definitivamente expulsos de suas terras por meio de
projetos de colonização. Foram, assim, confinados como bichos em oito pequenas
reservas indígenas que juntas não somavam 1% de seu antigo território original.
Veio a “revolução verde” e o “moderno” agronegócio nos anos 1970 que varreu
quaisquer vestígios das imensas florestas que cobriam a região. Hoje, um mar de
soja e cana cobrem aquela terra vermelha. Enquanto isso, o antigo SPI (e depois
Funai), a partir de uma perspectiva eurocêntrica ainda incrustada na sociedade
brasileira, tentam aniquilar a população indígena e incorporá-los à suposta
“civilização”.
Entretanto, nas décadas de 1970 e 1980 veio a resposta indígena com as
retomadas dos seus antigos territórios. Foi nessa época que surge aos olhos do
mundo e do país a luta Kaiowá. Marçal de Souza Tupã-Y foi o seu porta-voz. Em
1980 discursou para o papa João Paulo II e três anos depois foi assassinado com
tiros na boca. Mas os indígenas não se calaram e as retomadas seguiram. Novas
lideranças e mártires surgiram como o cacique Marcos Veron, Genivaldo Vera,
Rolindo Vera, Nísio Gomes, Semião Fernandes Vilhalva e muitos outros que
poderiam encher essa página.
“O que tá pegando a gente é o capitalismo”, explica em guarani uma jovem
liderança indígena em uma das cenas de “Martírio”. A imagem foi captada numa
Aty Guasu (assembleia dos caciques Kaiowás e Ñandeva) em 1988 e demonstra a
total clareza dos indígenas sobre quem são seus inimigos e contra quem se deve lutar.
O documentário também mostra vários minutos dos discursos de políticos
ruralistas no Congresso Nacional. A bancada do agronegócio não se constrange em
destilar ódio, racismo e inventar absurdas mentiras sobre as populações
indígenas, classificados de vagabundos, inimigos do progresso e privilegiados
por viverem de… cestas básicas…
O filme também exibe os famosos leilões de bois realizados por fazendeiros para
arrecadar dinheiro e organizar milícias contra os indígenas. É preciso ter
estômago para ver essas cenas. Talvez seja por isso que o espectador tenha
vontade de pular de alegria quando o documentário exibe a cena em que centenas
de indígenas invadem o plenário da Câmara dos Deputados e literalmente botam os
parlamentares para correr. A cena é de abril de 2016 quando foi realizada uma
marcha nacional indígenas contra a PEC 215 que transfere a demarcação das
terras indígenas para o Congresso.
A covardia e a conivência dos governos petistas também são escancaradas. E não
é só porque Kátia Abreu (ministra da Agricultura do governo Dilma), ao lado de
Ronaldo Caiado, está presente no leilão da morte. Mas porque mostra um governo
de joelhos aos latifundiários quando a ex-ministra da Casa Civil de Dilma, a
senadora Gleisi Hoffmann (PT) promete, em audiência na Comissão de Agricultura
da Câmara, que as demarcações seriam suspensas. Uma cena repulsiva e
humilhante.
Em 2007, a Funai se comprometeu a identificar e demarcar 39 territórios
indígenas. Mas nessa mesma época o agronegócio dá um salto, financiado,
sobretudo, pelo dinheiro público. A emblemática declaração do então presidente
Lula chamando os usineiros de “heróis” foi uma expressão da aliança dos
governos do PT com o agronegócio. O resultado é que nenhum terra Kaiowá foi
regularizada em todo o período dos governos do PT. Certa vez, em conversa com
uma liderança Kaiowá, descobri que Lula sequer se prontificou em receber as
lideranças indígenas. “Lula nos traiu, nos trata como se a gente fosse bicho”,
disse a liderança. “Até o Fernando Henrique nos recebia”, confessou sem
disfarçar sua revolta.
“Escovar a história a contrapelo” é a instrução dada por Walter Benjamin em
suas famosas teses sobre História. O documentário de Vincent Carelli consegue
fazer isso com competência. Dá a voz àqueles que sempre tentaram calar na bala.
Traz à luz o drama dos invisíveis e vulneráveis que continuam a lutar pela sua
Tekoha – palavra guarani que significa lugar da vida. Um documento
imprescindível para entender o Brasil e para se indignar e lutar. Terra,
justiça e demarcação!
A canção, aqui interpretada por Lotte Lenya, é uma das mais célebres do duo Brecht/Weill. As «songs» estavam inseridas em peças teatrais, pontuavam a acção em certos momentos ou eram parte de peça predominantemente musical, como a «Ópera dos Três Vinténs». Pese embora a circunstância da sua criação, a de peças teatrais «políticas», assim como a forte influência da música popular da época (a canção de rua, o jazz, o blues, os musicais da Broadway...) estas canções têm algo de duradouro. São recriadas - geração após geração - por inúmeros interpretes, são traduzidas, imitadas e adaptadas das mais diversas maneiras.
Uma das características destas canções é a sua letra fortemente ligada à fala popular. Outra, é a utilização de frases ditas, não cantadas (recitativo), interpoladas. A melodia é fácil de decorar e de cantar e o seu ritmo é vincado. Frequentemente, o acompanhamento revela ousadias harmónicas, mas discretas: ao analisarmos a partitura, percebemos que são composições da vanguarda dos anos 20.
Ich war jung, Gott, erst sechzehn Jahre
Du kamest von Birma herauf
Und sagtest, ich solle mit dir gehen
Du kämest für alles auf.
Ich fragte nach deiner Stellung
Du sagtest, so wahr ich hier steh
Du hättest zu tun mit der Eisenbahn
Und nichts zu tun mit der See.
Du sagtest viel, Johnny
Kein Wort war wahr, Johnny
Du hast mich betrogen, Johnny, in der ersten Stund
Ich hasse dich so, Johnny
Wie du dastehst und grinst, Johnny
Nimm die Pfeife aus dem Maul, du Hund.
Surabaya-Johnny, warum bist du so roh?
Surabaya-Johnny, mein Gott, ich liebe dich so.
Surabaya-Johnny, warum bin ich nicht froh ?
Du hast kein Herz, Johnny, und ich liebe dich so.
Zuerst war es immer Sonntag
So lang, bis ich mitging mit dir
Aber schon nach zwei Wochen
War dir nicht nichts mehr recht an mir.
Hinauf und hinab durch den Pandschab
Den Fluß entlang bis zur See:
Ich sehe schon aus im Spiegel
Wie eine Vierzigjährige.
Du wolltest nicht Liebe, Johnny
Du wolltest Geld, Johnny
Ich aber sah, Johnny, nur auf deinen Mund.
Du verlangtest alles, Johnny
Ich gab dir mehr, Johnny
Nimm die Pfeife aus dem Maul, du Hund.
Surabaya-Johnny, warum bist du so roh ?
Surabaya-Johnny, mein Gott, ich liebe dich so. Surabaya-Johnny, warum bin ich nicht froh ?
Du hast kein Herz, Johnny, und ich liebe dich so. Ich hatte es nicht beachtet
Warum du den Namen hast
Aber an der ganzen langen Küste
Warst du ein bekannter Gast.
Eines morgens in einem Sixpencebett
Werd ich donnern hören die See
Und du gehst, ohne etwas zu sagen
Und dein Schiff liegt unten am Kai.
Du hast kein Herz, Johnny
Du bist ein Schuft, Johnny
Du gehst jetzt weg, Johnny, sag mir den Grund.
Ich liebe dich doch, Johnny
Wie am ersten Tag, Johnny
Nimm die Pfeife aus dem Maul, du Hund.
Surabaya-Johnny, warum bist du so roh ?
Surabaya-Johnny, mein Gott, ich liebe dich so. Surabaya-Johnny, warum bin ich nicht froh ?
Du hast kein Herz, Johnny, und ich liebe dich so.
I was young, I was just sixteen then
When you came up from Burma one day
And you told me to pack up my suitcase
And I did, and you took me away
I said, "Do you work nice and steady
Or do you go sailing and roving out to sea?"
And you said, "I have a job on the railroad
And baby, how swell it's all gonna be"
You said a lot, Johnny. It was all lies
You sure had me fooled, right from the start
I hate you when you laugh at me like that
Take that pipe out of your mouth, Johnny
Surabaya Johnny. Is it really the end?
Surabaya Johnny. Will the hurt ever mend?
Surabaya Johnny. Ooh, I burn at your touch
You got no heart, Johnny, but oh, I love you so much
Oh, at first you were kind and gentle
'Til I packed up and went off with you
And it lasted two weeks until one day
You laughed at me and hit me too
You dragged me all over the city
Up the river and down to the sea
Now I look at myself in the mirror
And some old woman looks back at me
You didn't want love, Johnny, you wanted money
I gave you all I had. You wanted more
Oh, don't look at me that way
I'm only trying to talk to you
Wipe that grin off your face, Johnny
Surabaya Johnny. Is it really the end?
Surabaya Johnny. Will the pain never mend?
Surabaya Johnny. How I burn at your touch
You got no heart, Johnny, but oh, I love you so much
When we met I forgot to ask you
Why they called you that funny name
But in every hotel on the seacoast
I found out, and I loved you all the same
I'm tired. I'm worn out
The sea's pounding in my ears
And I reach out my arms to hold you
You're not here and who even cares?
You got no heart, Johnny. You're just no good
You going now? Oh, tell me why
I love you after all, Johnny, like that very first day
Esqueçam tudo o que sabem sobre o Médio-Oriente, ou melhor, tudo o que julgam saber, visto que temos estado literalmente a sofrer sucessivas lavagens ao cérebro, acerca das guerras na bacia do Mediterrâneo e no Oriente-médio.
Com efeito, os media apresentam sempre a grelha de leitura do conflito religioso, na sua vertente sectária, entre muçulmanos xiitas e sunitas. Nada é mais falso do que esta leitura «confessional» para explicar o fundamento profundo destas guerras.
É preciso realmente recuar a 1971 e ao repúdio de Bretton Woods pelos EUA, a superpotência sob cuja égide foram firmados estes acordos. Do repúdio unilateral de Bretton Woods nasceu o petrodólar, resultante do acordo da monarquia saudita com Kissinger em só aceitar dólares em pagamento do petróleo contra uma proteção total pelo exército dos EUA.
Só assim se compreenderá que a batalha que se trava é económica e financeira antes de mais; que envolve parcerias estratégicas para controlar os mercados estratégicos de «ouro negro» (petróleo e gás natural) e do ouro, propriamente dito.
Finalmente, para se possuir uma perspetiva realista sobre a reorganização do mundo ao nível do padrão monetário, o chamado «reset», teremos que compreender o seguinte: quem controlar os fluxos de capitais, controlará o futuro, ora o capital real não é o dólar, ou petrodólar ou euro dólar, mas antes as matérias primas estratégicas, nomeadamente e em primeiro lugar os combustíveis fósseis, assim como o ouro, o valor de reserva em última instância.
Quem quiser perceber algo das lutas, das guerras, dos terrorismos, terá de se distanciar das narrativas dos media de «referência». Só fazendo uma pesquisa individual poderá adquirir algum saber, para além do ecrã de propaganda. Só quem puder ou souber manter-se ao corrente da situação, diversificando as suas fontes, poderá construir sua visão geral de geoestratégia e de política.
A crise entre o Qatar e os outros países do Conselho do Golfo (formada pela Arábia Saudita e os Emirados) é reveladora da transição para fora do petrodólar e da perda de hegemonia dos EUA.
Neste gigantesco jogo de tronos ... as populações, principalmente os civis inocentes, são as grandes vítimas.
Mas também estamos a assistir a isto tudo, porque a «nação excepcional» e seus aliados europeus, decidiu - há muito tempo - que as políticas focalizadas nos «direitos humanos» só se aplicavam a países de Leste e à Rússia (ou à União Soviética). Apenas usadas como arma de contra-propaganda ao «comunismo e socialismo» (ou, mais precisamente a quaisquer alternativas populares, mesmo as mais reformistas...).
Quanto às monarquias do Golfo, cada qual mais reacionária que a outra, completamente corrompidas, tinham de ser acarinhadas por «realismo político». Aqui, pouco importava elas não serem propriamente modelos de virtudes humanitárias (veja-se a guerra contra os civis no Iemen, largamente ignorada, veja-se a guerra por procuração, contra um dos poucos regimes laicos, o sírio...).
Mas, como mostra a crise dos países do Golfo com o Qatar, chegou o momento de certos aliados mudarem de campo, o que acontece também com a Turquia. Por outras palavras, a grande mudança, o «reset», está a desenrolar-se diante dos nossos olhos.
Quem não observar as coisas tal como elas são, irá fatalmente tomar decisões erróneas, a todos os níveis, porque irá considerar como sólido aquilo que se está a desmoronar, irá investir em miragens, para ficar com uma «mão cheia de nada».
Tanto no plano financeiro, como no sentido de «investimento emocional», as pessoas deveriam questionar - antes que seja tarde demais - as suas certezas. Aquilo que tomam como «dado adquirido» resulta - muitas vezes - da perpétua propaganda que se abate sobre todos nós.
Quem ler os dois artigos supra-citados e os comparar com a narrativa que nos é constantemente vendida nos media, terá um elemento comparativo e de avaliação. Não me parece exagero dizer que temos estado sujeitos a endoutrinamento, neste assunto, como em muitos outros.
Infelizmente, isso acontece um pouco por todo o mundo, talvez mais maciçamente nos países onde o nível cultural geral é baixo. Mas, onde o público é mais sofisticado, a mentira também o é!
Uma alegria, exuberante de vida, este concerto para órgão, baseado num concerto para violino e cordas pelo seu ilustre aluno Johann Ernst, Duque de Saxe-Weimar.
Aqui, interpretado por Simon Preston aos órgãos da Catedral de Luebeck, a melhor versão que consegui captar no youtube.
De novo, estava neste baile,
tentando ver, entre o nevoeiro de fumo, onde se encontrava a moça com quem
tinha já dançado, mas que me escapou, no torvelinho dos corpos suados...
Os pares evoluíam pela pista, um
soalho de madeira gasta, envolvidos numa atmosfera irreal. Uns tímidos,
outros apaixonados, sem nunca perder a compostura, dançavam enlaçados os
slows e os swings.
A orquestra, do cimo do palco,
dominava tudo. Punha essa gente toda a rodar, a voltear, e revoltear, sem
quebra de ritmo. Eram marionetas de tamanho natural, puxadas por invisíveis
cordas, deslizando na pista sem nunca se cansarem.
Assim que ela me viu, esboçou um
sorriso encorajador; compreendi que me concedia a próxima dança. Um pouco
de conversa, uns passos de dança, um convite para tomar um refresco no bufete,
era o máximo que podia esperar. Talvez houvesse um encontro posterior... Mas,
haveria mesmo?
Muitos anos depois, encontrei-a
de novo. Não, não estava envelhecida... mas era como saída de sonho
sonhado há séculos.
Agora... nem sei se continuo a
sonhar, ou se estou acordado, saído duma longa hibernação...
Fools rush in Where angels fear to tread And so I come to you my love My heart above my head
Though I see The danger there If there's a chance for me Then I don't care
Fools rush in Where wise men never go But wise men never fall in love So how are they to know
When we met I felt my life begin So open up your heart and let This fool rush in
Tem sido para mim um dos temas que mais gosto de visitar em Bob Dylan, pela especial adequação entre as complexidades escondidas da letra e a natureza pouco sofisticada da melodia e dos arranjos, embora estejam em perfeita sintonia com o espírito geral da canção. Vejam a letra da canção e a minha tradução...
WATCHING THE RIVER FLOW
What's the matter with me
I don't have much to say
Daylight sneakin' through the window
And I'm still in this all-night cafe
Walkin' to and fro beneath the moon
Out to where the trucks are rollin' slow
To sit down on this bank of sand
And watch the river flow
Wish I was back in the city
Instead of this old bank of sand
With the sun beating down over the chimney tops
And the one I love so close at hand
If I had wings and I could fly
I know where I would go
But right now I'll just sit here so contentedly
And watch the river flow
People disagreeing on all just about everything, yeah
Makes you stop and all wonder why
Why only yesterday I saw somebody on the street
Who just couldn't help but cry
Oh, this ol' river keeps on rollin', though
No matter what gets in the way and which way the wind does blow
And as long as it does I'll just sit here
And watch the river flow
People disagreeing everywhere you look
Makes you want to stop and read a book
Why only yesterday I saw somebody on the street
That was really shook
But this ol' river keeps on rollin', though
No matter what gets in the way and which way the wind does blow