Uma entrevista muito esclarecedora com Kevin Barret pelo site alternativo «Guns and Butter» sobre ataques de falsa bandeira
Penso que vale a pena ouvir atentamente e tomar conhecimento de todos os dados que mostram como os ataques da maior parte do que se designa como «islamismo radical», são na realidade, fabricações, pela própria polícia que penetra as organizações, pelos governos que beneficiam com a atmosfera de medo que é criada... O entrevistado é um professor universitário que foi expulso por ter as corajosas posições que mostra na entrevista e no seu livro.
domingo, 30 de outubro de 2016
sábado, 29 de outubro de 2016
SOLUÇÕES PARA A PAZ: SEG. 7 NOV. REUNIÃO ABERTA EM ALGÉS
Comparece e divulga a reunião de Segunda-feira, 7 de Novembro às 18:30 que se vai realizar na Fábrica de Alternativas (Algés)
«o caminho faz-se caminhando»
sexta-feira, 28 de outubro de 2016
COLONIALISMO CULTURAL / CRIAÇÃO AUTÓCTONE
Uma forma particularmente odiosa de colonialismo - pelo facto de ser insidiosa, não-detetável pelas pessoas pouco atentas, revestindo-se dos ouropéis do humanismo - é o chamado «colonialismo cultural».
A sua forma acabada corresponde à importação pelo colonizado dos valores que pertencem ao imaginário, à cultura do colonizador. Aqui, a colonização mental chegou ao seu apogeu e será muito difícil, embora não impossível, que o colonizado acorde dos seus devaneios de «pertencer ao mesmo mundo» que o dominador.
A maior fábrica de colonização cultural no momento presente são os media e sobretudo a chamada «indústria do entretenimento», que introduz uma forma específica de cultura de massas, com Holywood, com a música popular, os videojogos, as modas...
Essas «modas» variam a uma grande velocidade, funcionando como identificativo de cada «geração» de adolescentes/jovens adultos.
A utilização frequente e escusada de termos em inglês, nas línguas latinas é um sinal claro dessa colonização, ao nível mental mais profundo. As pessoas já não conseguem falar naturalmente sem introduzir anglicismos no seu discurso. Os termos na língua de origem que designam ou designavam os mesmos objectos ou conceitos, são agora descartados. A sua utilização, paradoxalmente, dá uma impressão de pedantismo, de elitismo.
A necessidade inconsciente de identificação com a cultura dominante, os «vencedores», suscita essa imitação, à primeira vista inócua. Porém, ela produz a aceitação e assimilação acrítica dos valores, modos, cultos, ideias... do opressor pelo oprimido.
Não tenho uma solução para o problema, além de verificar que é possível e desejável preservarmos as culturas de origem, de não cairmos na adoração imbecil do que vem da cultura dominante.
Não defendo, porém, que se caia na armadilha oposta do nacionalismo estreito, da xenofobia, da recusa do Outro.
Penso que a cultura de um povo deve evoluir a partir de dentro. Todas as culturas podem assimilar sem macaquear, adaptando o que vem de outras culturas à suas características próprias.
O papel genuíno dos intelectuais, dos educadores, das pessoas com maior relevo e influência dentro de uma comunidade, foi e será sempre a criação autóctone de objetos culturais - sejam eles objetos propriamente ditos, sejam eles bens imateriais.
Podíamos imaginar um «culturómetro», ou seja uma medida de quantos objetos culturais são produzidos por uma determinada estrutura, desde uma associação de bairro, até uma academia, ou um país inteiro. Poderíamos ponderar qual a difusão relativa dos produtos culturais próprios, em relação aos estrangeiros:
- Quantas horas de música de autores portugueses em comparação com as horas totais de emissão das diversas rádios.
- Quantos filmes portugueses projetados (quantos dias eles são visíveis e em quantas salas).
- Quantas exposições de arte apresentando um ou vários artistas portugueses e qual a sua frequência em termos de público, por confronto com a totalidade das exposições de arte, anualmente.
-Quantos livros portugueses editados e o volume das edições, comparados com livros estrangeiros, traduzidos ou não, editados em Portugal.
Se pudermos ter as estatísticas sobre um conjunto de indicadores, talvez até outros diferentes dos apontados acima, podemos acompanhar a evolução dos fenómenos.
Parece-me o primeiro passo: dar uma imagem da vitalidade das artes e cultura autóctones, face a uma cultura cosmopolita.
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
HOJE, COMO SEMPRE ... MOZART!
Mozart - Piano Concerto No. 21 in C, K. 467
Perante a estupidez humana, não há nada a fazer, senão observar com nostalgia as raras instâncias em que o espírito humano se uniu com a divindade e ser paciente.
Na época em que vivemos, a loucura suicida dos humanos excede tudo o que se possa dizer ou pensar. Só resta o refúgio da arte. Para mim este refúgio ainda existe, espero sinceramente que possa abrigar também o leitor/auditor.
A alegria, a tristeza, o entusiasmo e a nostalgia, tudo isso se exprime de dentro destas notas musicais que Mozart nos legou.
Serei parcial, mas paciência... Nunca - penso eu - a música terá atingido cumes mais altos que nas obras do mago de Salzburgo.
O que distingue o génio, do simples engenho?
Porém, uma música que apenas resulta do engenho, pode transmitir sensações muito prazenteiras; mas não passa disso...
terça-feira, 25 de outubro de 2016
CRÓNICA DE UM CRIME SILENCIOSO
A
História da Segurança Social, a peça central do funcionamento do chamado Estado
Social, é desconhecida da maior parte das pessoas. Mesmo as pessoas com uma
formação cívica e política relativamente elevada têm falhas gritantes a esse
nível, tão essencial para a compreensão da nossa História coletiva. Certamente
não sou a pessoa mais indicada para retraçar essa História, que se poderia
fazer iniciar muito mais cedo, mas que em termos práticos, nos países da Europa
ocidental e América, se pode situar no pós-II Guerra Mundial.
Nestes
países, quer fossem vencedores, quer vencidos, ou mesmo «neutrais» como
Portugal, houve uma transformação das relações de trabalho e da relação dos
cidadãos com o Estado. Já não era possível o Estado ser indiferente ao que se
passava com os trabalhadores, com os pobres, com os doentes e inválidos, com os
idosos. O chamado Estado Social foi a resposta do «Ocidente» ao perigo
vermelho, ou seja, ao efeito sedutor da propaganda do socialismo «real» nos
países do bloco de Leste, conferindo direitos e condições de proteção social
inauditas do lado de cá da «cortina de ferro».
Houve
negociação com os sindicatos sobre toda uma série de assuntos, criando-se uma
ideia de «parceria»: o conceito de que os parceiros sociais poderiam entender-se, numa sociedade
onde o patronato e os trabalhadores teriam interesses contraditórios, por
vezes, mas compatíveis. O papel de «conciliador» caberia ao Estado e seus
representantes vistos como neutros, como «fiel da balança», etc. Esta ficção
convinha a uns e a outros, impedindo uma viragem dos trabalhadores para uma visão
revolucionária, contentando-se estes em reivindicar dentro do quadro
institucional.
Esta
política só começou a sofrer fraturas quando houve uma série de crises sistémicas
que abalaram a visão interclassista de «coesão nacional». Esse período ocorreu
na década que vai de 1968-69 a 1978-79, variando os momentos agudos de país
para país, mas no geral, em quase todos os países do «Ocidente» (e mesmo,
vários países do Pacto de Varsóvia) houve momentos de grande desestabilização
política e social nessa década.
A
resposta do capital internacional, que saiu vitorioso do confronto, foi logo a
partir de 1980 e não se fez esperar: desmantelamento programado do «Estado
Social», mas peça por peça… para não gerar convulsões.
Em
Portugal, com o 25 de Abril de 1974 houve, não só uma revolução política, como
também foram desmanteladas fatias importantes do tecido produtivo.
- O país foi
acumulando défices, que eram preenchidos, nos orçamentos sucessivos, com
receitas da Segurança Social, através de «empréstimos» mais ou menos avultados,
a juro muito inferior ao dos mercados. A reposição destas verbas forçadamente
emprestadas, era tardia e como o juro era irrisório, isso equivaleu a uma
descapitalização dos fundos próprios durante dezenas de anos. Recorde-se que, nalguns
anos, as taxas de inflação eram acima de 10 %; isto foi um dos fatores mais importantes
para socavar a sustentabilidade do modelo de Segurança Social,
herdado do regime de Salazar-Caetano.
- O outro fator foi a destruição programada
(pela entrada na então CEE) dum tecido produtivo frágil, mas do qual dependia a
sobrevivência da população portuguesa: destruição da agricultura, das pescas, da
pequena e média indústria. Os grandes interesses financeiros/industriais e as
grandes «coutadas» agrícolas reapareciam, mas numa perspetiva de saque, pondo
os despojos a salvo em «offshore», protegidos do olhar intencionalmente míope dos
governos …
A
proporção capital/trabalho, no que toca à sustentação do Estado, é
completamente desequilibrada neste país. Existe também esse desequilíbrio noutros
países; também noutros países as classes mais abastadas conhecem e usam todas
as artimanhas para diminuir legalmente impostos ou praticam fraudes. Mas
aqui, em Portugal, o que o Estado extrai sob forma de impostos, dos que
trabalham ou trabalharam, para alimentar o orçamento, é sem dúvida muito mais, proporcionalmente.
Costumo
dizer que o Estado Português sujeita o povo trabalhador a um regime de impostos
de nível semelhante ao da Suécia. Porém, para nosso infortúnio, a qualidade dos
serviços que o Estado presta em retorno aos cidadãos não corresponde - em nada - à do povo sueco! Em qualidade de serviços públicos, a população
portuguesa pode realisticamente ser colocada ao nível do «Terceiro Mundo».
Na
verdade, o Estado impõe esse pesado nível de impostos áqueles que não podem
fugir, fazendo a retenção obrigatória do IRS (Imposto sobre Rendimento de Singulares)
nos salários e pensões, tendo aí a base de sua receita.
A partir daí, não faz muito
esforço para ir buscar os impostos às empresas, aos acionistas, em especial à
banca. Porém, em caso de insolvência, os empresários e banqueiros podem contar com a
mão amiga do Estado, que irá recapitalizar – com os nossos impostos- os bancos
descapitalizados e mal geridos. É o modelo «assistencial» (ou «Welfare State») para
os ricos e o capitalismo mais inflexível para os pobres, em toda a sua
plenitude.
O
povo e os trabalhadores deste país devem tomar consciência de que a Segurança
Social é deles: Só poderão recuperar alguma dignidade e segurança económica se
não permitirem que o fruto do seu trabalho seja «gerido» por alguns
incompetentes ou criminosos, que nunca lhes prestam contas, que não lhe
devolverão nunca o devido!
A gestão da segurança social pelos próprios trabalhadores é possível: ela foi a
base do modelo, em vários países ocidentais, com participação dos sindicatos,
associações de reformados, etc.
Em Portugal, as «Caixas de Previdência» do
regime fascista de Salazar estavam nas mãos das «câmaras corporativas» e
portanto, nunca poderiam estar sob controlo dos trabalhadores.
Lamentavelmente, aquando
do 25 de Abril e anos subsequentes, perdeu-se a oportunidade das «Caixas
de Previdência» serem geridas pelos trabalhadores, através de seus legítimos
representantes.
Houve
preocupação de manter este manancial de dinheiro nas mãos de quem detivesse o
poder político, o governo. Os responsáveis da Segurança Social foram nomeados sempre
pelo poder político vigente, nunca foram eleitos pelos trabalhadores e
reformados.
Para
se conseguir mudar algo de significativo, terá de haver uma mudança profunda na
maneira como a população encara estes assuntos. A população portuguesa está muito alheada, para não dizer alienada do que se passa.
Ela terá de compreender que - de facto - a Segurança Social não é parte do governo, não é um ministério. Ela deveria ser devolvida ao povo, não privatizada, mas sim gerida por iniciativa e com participação do povo (através de sindicatos e outras associações). A Segurança Social, na verdade, é pertença dos trabalhadores ativos e reformados portugueses, tal como os capitais por ela geridos.
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
ESTRATÉGIAS GLOBALISTAS
A
economia mundial está em estado muito mais grave agora do que há 8 anos.
A crise financeira foi «curada» graças a
uma impressão monetária, sem
contrapartida de quaisquer acréscimos de riqueza real. Os que tiveram o privilégio
(os grandes bancos, essencialmente) de obterem dinheiro grátis, fornecido pelos bancos centrais, ou colocaram
esses excessos de liquidez a render nas contas dos próprios bancos centrais, obtendo
assim um juro, pequeno, mas sem qualquer risco, ou fizeram apostas muito
arriscadas, nomeadamente em derivativos,
seguros de que tinham as costas quentes graças ao estúpido princípio de que há
«bancos demasiado grandes para falirem».
Este
princípio é afinal uma distorção monstruosa do capitalismo, pois permite que os
maus investimentos, as más apostas, sejam protegidas de falência, com prejuízo
de toda a sociedade, que é obrigada, sem qualquer contrapartida, a suportar os
erros dos «cavaleiros de indústria», dos «senhores da finança».
Ao
contrário do que autoproclama (de ser um «estímulo à economia») esta política
tem o lastimoso resultado de destruir capital
acumulado. Que acontece quando se joga uma determinada quantia de capital, um
dado investimento e não se permite que falhe? O sinal para os investidores é a
«impunidade» de tal investimento, a possibilidade de ganhar, sem o
inconveniente de perder. Assim, a quantidade de capital desperdiçado, aplicado
em maus projetos, que normalmente
não deveriam estar a ser financiados, vai crescendo.
As
sucessivas bolhas, nos setores imobiliário,
nos empréstimos aos estudantes, na aquisição de carro e nos créditos diversos
ao consumo em geral, vão crescendo, e aumenta o número e volume de créditos malparados,
sendo que quando existe um crédito que não é honrado, do outro lado está alguém
que perde o seu investimento.
Infelizmente,
o mais vulgar, no contexto presente, é o perdedor ser o Estado! Nós, os
contribuintes, somos realmente os
emprestadores de último recurso.
Enquanto
isto acontece, a dívida soberana dos
Estados vai crescendo, sem quaisquer sinais de inversão de tendência, nem mesmo
de abrandamento.
A
maior bolha de todas é a bolha das
obrigações soberanas (dívida pública) dos diversos Estados. Apesar de pesados, os
juros da dívida são suportáveis, porque os bancos centrais (nomeadamente, o
BCE) compram uma parte da dívida soberana, fazendo assim baixar os juros da
mesma.
No
Japão, há mais tempo que é seguida tal política pelo Banco Central, a cada
emissão de dívida: o Banco Central japonês é comprador na ordem de 90% dos
títulos...
Quanto
à percentagem de dívidas emitidas pelos
Estados membros do Euro, que são compradas
pelo BCE, é da ordem de 50%.
Tal
comportamento dos bancos centrais é totalmente anátema em termos de ortodoxia neoliberal, visto que é uma
intervenção intempestiva, distorcendo o mercado. Mas o desplante não se fica
por aqui, pois o BCE e bancos centrais de vários países decidiram adquirir obrigações de empresas e estuda-se a
hipótese de intervir nas Bolsas de ações…
O
termo «Capitalismo de Estado» foi utilizado noutros contextos, mas não para
designar a ação dos bancos centrais
dos países capitalistas; porém, o referido termo aplica-se muito bem agora!
Quem são as vítimas? São as pessoas comuns dos diversos países, que vêm a
qualidade e disponibilidade dos serviços
públicos a descer porque não têm financiamento adequado.
Por
outro lado, os governos e poderes públicos não
efetuam os investimentos em infraestruturas que poderiam arrancar a
economia do marasmo, desde a crise financeira de 2008, que nunca foi superada.
Além
disso, quando as pessoas põem de lado algum dinheiro, são castigadas, não apenas com uma taxa de juro muito inferior à taxa
de inflação, mas já com taxas de juro
negativas, ou seja, são obrigadas a pagar para terem o dinheiro no banco.
Paralelamente
a este cenário, que desincentiva a formação de capital, pelo desincentivo constante à poupança, querem
banir as transações em numerário («justificada» com o falso pretexto do branqueamento do dinheiro de
negócios criminosos…). Todas as transações
seriam eletrónicas.
Assim,
o Estado e o banco têm toda a possibilidade de saber - até ao pormenor- da vida
de cada um, sem possibilidade de
qualquer privacidade, como também e sobretudo viabilizam os juros negativos; de outro modo, ninguém
quereria ter o dinheiro no banco… No fundo, trata-se da política de «bail in» permanente só para as pessoas comuns, que não
podem parquear os seus capitais em paraísos fiscais …
Quando
os juros das obrigações do tesouro
subirem, quando retomarem valores mais próximos do normal, o que vai
acontecer?
- Muitas
falências vão ocorrer, cortarão de
maneira mais impiedosa ainda as verbas para gastos sociais, para poder pagar-se os juros da dívida. Uma enorme quantidade (estima-se em múltiplos do PIB global!) de derivativos vão ser acionados, agravando a espiral recessiva.
Ou
seja, está a construir-se o cenário para uma falha catastrófica no sistema financeiro e económico, sabendo-se
muito bem que existe esse risco, mas ocultado do público.
Conclusão:
em desespero, o que eles temem, os responsáveis globalistas de todas estas
loucuras, é que as pessoas compreendam quem
levou a economia mundial a esta situação.
Para
eles, é uma «saída» desencadear uma 3ª
guerra mundial, para ocultar as causas do enorme colapso financeiro que vem
aí.
O
colapso é inevitável, porém, se houver uma guerra mundial, as oligarquias
globalistas poderão «culpar» a guerra como causa
do colapso e não recairá sobre eles o odioso da situação.
Além
disso, esperam «desbastar» de humanos um planeta «sobrepovoado» e assim,
refazer o Mundo à sua medida, quando
saírem dos seus bunkers.
Pode
o leitor estranhar que esta seja a visão dos elitistas, porém, em várias
ocasiões, aquando de encontros, como de Davos ou do Clube de Bilderberg, ou até
através da média ao serviço, é este o cenário que tem transparecido.
Eles
decidiram que a «Nova Ordem Mundial» será a deles. Para construir algo de novo
é necessário destruir o antigo. É nisso que estão apostadas as «elites».
Tal
mudança não poderá ter lugar sem «algo» que mude a face do Mundo. Esse «algo» é
a guerra, com todos os seus horrores. Isso não importa para eles. A loucura
deles, dos sociopatas que nos governam, é para ser levada a sério, pois são demasiado poderosos e são destituídos que
qualquer compaixão.
sábado, 22 de outubro de 2016
CONSTRUIR O MOVIMENTO PELA PAZ
Num contexto de horrível desacerto mundial, que se traduz por centenas de milhares de mortos, milhões de feridos e dezenas de milhões de refugiados, qual o propósito de se intervir dentro de sociedades abúlicas, apenas centradas nos seus prazeres hedónicos, completamente egoístas, incapazes de traçar as origens dos males às suas próprias chefias e ao indiferentismo das massas e à sua cobardia, também?
Penso que é sempre necessário - agora, muito mais - firmar uma posição ÉTICA, ou seja, a posição com a qual nós nos identificamos profundamente, aquela que deveria estar, não apenas nas palavras, mas também nos atos dos nossos dirigentes.
Ora, uma posição ética deve começar pela denúncia, pelo desmascaramento, mas não deve confinar-se a isso. A denúnica permite uma tomada de consciência da cidadania. Mas, isso apenas pode ocorrer, caso a cidadania já esteja previamente imbuída de valores humanistas, repudiando demagogias, com sua capacidade própria de consciência crítica.
A denúncia dos crimes de guerra, sobretudo dos que são perpetrados pelos «NOSSOS» governos, exércitos e agentes é - sem dúvida - algo que se deve continuar a fazer, com a força serena da consciência, da justiça, do humanismo.
Mas, a «opinião pública» está tão amestrada, tão abúlica que os poderes já nem precisam de suprimir os «dadores de alerta»: apenas, fazem com que eles sejam desacreditados por uma média inteiramente ao seu serviço.
A média tem mostrado que se preocupa apenas com «que origem» e «como» veio a público a informação escandalosa e incriminadora para os poderes. Nunca discute o próprio conteúdo dessa informação.
Assim, eles, os que controlam a média corporativa, fazem com que em vez do político corrupto, seja o «dador de alerta» a ficar desacreditado no tribunal da opinião pública, torna então possível que não exista empatia por parte do público em relação a ele.
Algumas vezes, felizmente, eles falham nos seus propósitos, pois o público está cada vez mais simpatizando com esses dissidentes, para grande susto dos poderosos.
Porém e apesar do que se afirmou acima, os poderosos sociopatas e psicopatas que nos governam, têm conseguido defletir o debate daquilo que seria «mortal», em termos de sua própria imagem pública.
Por exemplo, em vez de se discutir os crimes de Hillary Clinton, principalmente os que praticou aquando da sua passagem pelo Governo (nomeadamente, aquando da expedição criminosa contra a Líbia e suas consequências), discute-se se a fuga de informação foi uma «piratagem» por «hackers russos» ou teve outra origem...
Este típico processo ocorreu com outros atores da política, nos EUA e em muitos outros países: não pretendi aqui somente discutir o caso patológico da Hillary Clinton.
Evidentemente, esse truque funciona porque a massa já está fortemente condicionada pela média: são infelizmente demasiados aqueles que se deixam embalar pelas conversas das «versões oficiais» dos factos... chamando «teorias da conspiração» a tudo aquilo que demonstra a inanidade dessas mesmas «versões oficiais», cheias de cortes e remendos...
Mas, entretanto, numa escala não menos grave, as Constituições são feitas em pedaços, os próprios mecanismos de funcionamento do Estado, as Leis, os Parlamentos, são transformados em «bobos», mas tudo isso na maior indiferença das massas. Se as pessoas leram Hannah Arendt e o seu magistral ensaio sobre as origens do totalitarismo, recordarão que ela escalpelizou o processo da instalação na Alemanha dum Estado totalitário; após a tomada do poder, Hitler e os nazis não revogaram a Constituição e muitas Leis democráticas da República de Weimar; ignoraram-nas completamente, ficando elas letra-morta, tal como agora acontece nas chamadas «democracias ocidentais».
As pessoas foram aprendendo que esta democracia não é senão o poder de uma oligarquia, que a representação da vontade popular é uma grotesca farsa e portanto, afastam-se e apenas se centram nos seus afazeres imediatos, em ganhar o pão, cuidar dos filhos, extrair algum prazer de suas vidas... com exclusão do resto, ou seja de qualquer dimensão de cidadania! Afinal, assim conformam-se àquilo que a elite deseja.
Por conseguinte, não chega que haja, no seio do povo, desprezo pelas elites que nos governam, elas não se importam que não as adoremos, desde que não «façamos demasiadas ondas».
O que falta para que haja paz, é que tem de haver uma consciência de paz, têm de ser as próprias pessoas a fazer prevalecer o bom-senso e o profundo sentimento de justiça e de igualdade.
Todas as pessoas que eu conheço, independentemente da sua ideologia, credo religioso, condição económica, nacionalidade, etc. não apenas estão basicamente de acordo em relação aos direitos dos indivíduos, como ao direito das diversas culturas e sociedades em viverem de acordo com os seus costumes e as suas leis, desde que elas não impeçam que outros o façam também, também sigam os seus caminhos próprios.
E eu não vivo num mundo à parte, garanto-vos: então, porque motivo um consenso difuso que parece existir, não se traduz na prática?
Esta e outras questões não carecem tanto de uma resposta lógica ou psicológica, mas sobretudo uma resposta na prática social, na prática coletiva.
Vamos, por isso, lançar iniciativas de paz dentro das nossas comunidades, debatendo como aprofundar os caminhos da paz, da recusa da guerra, do militarismo, do racismo, da xenofobia... pela positiva.
Saberemos tomar o destino nas nossas mãos, a partir do momento em que tivermos a consciência clara de que, não apenas a nossa opinião, mas também o nosso gesto conta e muito...
Por exemplo, no campo financeiro, um magnate quer investir um milhão numa campanha para nos convencer -subtilmente, como faz a publicidade - a adoptar determinado ponto de vista e comportamento.
Seria fútil, no atual contexto, tentar impedir que tal coisa aconteça, pois a acontecer, será em segredo, sem que o público tome conhecimento dos propósitos de tais campanhas de «informação» (na realidade, de lavagem ao cérebro!).
Mas seria bem melhor e muito possível que nós - pessoas comuns - fizéssemos campanha em pleno, realizando, por meios ao nosso alcance - com maior eficácia até do que os «especialistas» da publicidade - por aquilo que é justo e necessário.
Mesmo no plano estrictamente financeiro, uma campanha que atingisse um número elevado de pessoas, doando apenas - em média- um euro ou um dólar por cada pessoa, poderia ficar rapidamente com meios superiores à campanha do tal magnate.
Uma vez que as pessoas se reunam com propósito claro de construir uma cultura de diálogo de paz e de igualdade, entre elas e com todos os povos, será imparável.
O problema é mais que as pessoas estejam muito auto-anuladas. Exageram a sua impotência; descrêem do seu potencial. Isso é devido a um complexo de razões, mas deve ser também compreendido como parte da caminhada em prol da paz.
Sermos capazes de convencer os nossos semelhantes que têm muito maior capacidade, eficácia, etc. do que lhes querem fazer crer. Sem esse interiorizar da impotência, as pessoas não seriam domináveis e manipuláveis.
A cultura de paz tem de abordar esses fenómenos e tentar responder de forma coerente, adequada e criativa para se expandir e irradiar até se tornar uma maré avassaladora.
Eu acredito que seja perfeitamente possível.
Temos exemplos históricos disso, desde Gandhi e o movimento essencialmente não violento pela independência da Índia em relação ao Império Britânico (nos anos quarenta do século vinte), a luta nos EUA pelos direitos civis dos negros e outras minorias, pelo qual Luther King deu a vida (nos anos sessenta), mas também a luta contra a instalação dos Pershing II (nos anos oitenta), o movimento contra as armas nucleares e de destruição massiça, que obrigou os Estados a efetuar tratados internacionais (hoje, estão a denunciar alguns desses, o que mostra claramente o perigo da situação), etc.
Estamos a construir essa comunidade de paz, com pessoas nossas conhecidas, com as quais temos afinidade.
Daremos conta aqui e noutros sítios deste movimento DE SOLUÇÕES PARA A PAZ!
https://issuu.com/warresistersint/docs/design?e=0/38826787
https://www.youtube.com/watch?v=6_bVVAVwfSQ
https://www.facebook.com/events/187269765054832/
https://issuu.com/warresistersint/docs/design?e=0/38826787
https://www.youtube.com/watch?v=6_bVVAVwfSQ
https://www.facebook.com/events/187269765054832/
Subscrever:
Mensagens (Atom)