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domingo, 30 de outubro de 2016

ESTRATÉGIA DO MEDO E DA TENSÃO - ATAQUES DE FALSA BANDEIRA

Uma entrevista muito esclarecedora com Kevin Barret pelo site alternativo «Guns and Butter»  sobre ataques de falsa bandeira

Penso que vale a pena ouvir atentamente e tomar conhecimento de todos os dados que mostram como os ataques da maior parte do que se designa como «islamismo radical», são na realidade, fabricações, pela própria polícia que penetra as organizações, pelos governos que beneficiam com a atmosfera de medo que é criada... O entrevistado é um professor universitário que foi expulso por ter as corajosas posições que mostra na entrevista e no seu livro.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

COLONIALISMO CULTURAL / CRIAÇÃO AUTÓCTONE

Uma forma particularmente odiosa de colonialismo - pelo facto de ser insidiosa, não-detetável pelas pessoas pouco atentas, revestindo-se dos ouropéis do humanismo - é o chamado «colonialismo cultural». 
A sua forma acabada corresponde à importação pelo colonizado dos valores que pertencem ao imaginário, à cultura do colonizador. Aqui, a colonização mental chegou ao seu apogeu e será muito difícil, embora não impossível, que o colonizado acorde dos seus devaneios de «pertencer ao mesmo mundo» que o dominador. 
A maior fábrica de colonização cultural no momento presente são os media e sobretudo a chamada «indústria do entretenimento», que introduz uma forma específica de cultura de massas, com Holywood, com a música popular, os videojogos, as modas... 
Essas «modas» variam a uma grande velocidade, funcionando como identificativo de cada «geração» de adolescentes/jovens adultos.  
A utilização frequente e escusada de termos em inglês, nas línguas latinas é um sinal claro dessa colonização, ao nível mental mais profundo. As pessoas já não conseguem falar naturalmente sem introduzir anglicismos no seu discurso. Os termos na língua de origem que designam ou designavam os mesmos objectos ou conceitos, são agora descartados. A sua utilização, paradoxalmente, dá uma impressão de pedantismo, de elitismo.
A necessidade inconsciente de identificação com a cultura dominante, os «vencedores», suscita essa imitação, à primeira vista inócua. Porém, ela produz a aceitação e assimilação acrítica dos valores, modos, cultos, ideias... do opressor pelo oprimido.

Não tenho uma solução para o problema, além de verificar que é possível e desejável preservarmos as culturas de origem, de não cairmos na adoração imbecil do que vem da cultura dominante. 
Não defendo, porém, que se caia  na armadilha oposta do nacionalismo estreito, da xenofobia, da recusa do Outro. 
Penso que a cultura de um povo deve evoluir a partir de dentro. Todas as culturas podem assimilar sem macaquear, adaptando o que vem de outras culturas à suas características próprias. 
O papel genuíno dos intelectuais, dos educadores, das pessoas com maior relevo e influência dentro de uma comunidade, foi e será sempre a criação autóctone de objetos culturais - sejam eles objetos propriamente ditos, sejam eles bens imateriais. 
Podíamos imaginar um «culturómetro», ou seja uma medida de quantos objetos culturais são produzidos por uma determinada estrutura, desde uma associação de bairro, até uma academia, ou um país inteiro. Poderíamos ponderar qual a difusão relativa dos produtos culturais próprios, em relação aos estrangeiros:
- Quantas horas de música de autores portugueses em comparação com as horas totais de emissão das diversas rádios. 
- Quantos filmes portugueses projetados (quantos dias eles são visíveis e em quantas salas).
- Quantas exposições de arte apresentando um ou vários artistas portugueses e qual a sua frequência em termos de público, por confronto com a totalidade das exposições de arte, anualmente.
-Quantos livros portugueses editados e o volume das edições, comparados com livros estrangeiros, traduzidos ou não, editados em Portugal.
Se pudermos ter as estatísticas sobre um conjunto de indicadores, talvez até outros diferentes dos apontados acima, podemos acompanhar a evolução dos fenómenos. 
Parece-me o primeiro passo: dar uma imagem da vitalidade das artes e cultura autóctones, face a uma cultura cosmopolita. 



terça-feira, 25 de outubro de 2016

CRÓNICA DE UM CRIME SILENCIOSO


 A História da Segurança Social, a peça central do funcionamento do chamado Estado Social, é desconhecida da maior parte das pessoas. Mesmo as pessoas com uma formação cívica e política relativamente elevada têm falhas gritantes a esse nível, tão essencial para a compreensão da nossa História coletiva. Certamente não sou a pessoa mais indicada para retraçar essa História, que se poderia fazer iniciar muito mais cedo, mas que em termos práticos, nos países da Europa ocidental e América, se pode situar no pós-II Guerra Mundial.

Nestes países, quer fossem vencedores, quer vencidos, ou mesmo «neutrais» como Portugal, houve uma transformação das relações de trabalho e da relação dos cidadãos com o Estado. Já não era possível o Estado ser indiferente ao que se passava com os trabalhadores, com os pobres, com os doentes e inválidos, com os idosos. O chamado Estado Social foi a resposta do «Ocidente» ao perigo vermelho, ou seja, ao efeito sedutor da propaganda do socialismo «real» nos países do bloco de Leste, conferindo direitos e condições de proteção social inauditas do lado de cá da «cortina de ferro».  

Houve negociação com os sindicatos sobre toda uma série de assuntos, criando-se uma ideia de «parceria»: o conceito de que os parceiros sociais poderiam entender-se, numa sociedade onde o patronato e os trabalhadores teriam interesses contraditórios, por vezes, mas compatíveis. O papel de «conciliador» caberia ao Estado e seus representantes vistos como neutros, como «fiel da balança», etc. Esta ficção convinha a uns e a outros, impedindo uma viragem dos trabalhadores para uma visão revolucionária, contentando-se estes em reivindicar dentro do quadro institucional.

Esta política só começou a sofrer fraturas quando houve uma série de crises sistémicas que abalaram a visão interclassista de «coesão nacional». Esse período ocorreu na década que vai de 1968-69 a 1978-79, variando os momentos agudos de país para país, mas no geral, em quase todos os países do «Ocidente» (e mesmo, vários países do Pacto de Varsóvia) houve momentos de grande desestabilização política e social nessa década.
A resposta do capital internacional, que saiu vitorioso do confronto, foi logo a partir de 1980 e não se fez esperar: desmantelamento programado do «Estado Social», mas peça por peça… para não gerar convulsões.

Em Portugal, com o 25 de Abril de 1974 houve, não só uma revolução política, como também foram desmanteladas fatias importantes do tecido produtivo. 

- O país foi acumulando défices, que eram preenchidos, nos orçamentos sucessivos, com receitas da Segurança Social, através de «empréstimos» mais ou menos avultados, a juro muito inferior ao dos mercados. A reposição destas verbas forçadamente emprestadas, era tardia e como o juro era irrisório, isso equivaleu a uma descapitalização dos fundos próprios durante dezenas de anos. Recorde-se que, nalguns anos, as taxas de inflação eram acima de 10 %; isto foi um dos fatores mais importantes para socavar a sustentabilidade do modelo de Segurança Social, herdado do regime de Salazar-Caetano. 
- O outro fator foi a destruição programada (pela entrada na então CEE) dum tecido produtivo frágil, mas do qual dependia a sobrevivência da população portuguesa: destruição da agricultura, das pescas, da pequena e média indústria. Os grandes interesses financeiros/industriais e as grandes «coutadas» agrícolas reapareciam, mas numa perspetiva de saque, pondo os despojos a salvo em «offshore», protegidos do olhar intencionalmente míope dos governos …

A proporção capital/trabalho, no que toca à sustentação do Estado, é completamente desequilibrada neste país. Existe também esse desequilíbrio noutros países; também noutros países as classes mais abastadas conhecem e usam todas as artimanhas para diminuir legalmente impostos ou praticam fraudes. Mas aqui, em Portugal, o que o Estado extrai sob forma de impostos, dos que trabalham ou trabalharam, para alimentar o orçamento, é sem dúvida muito mais,  proporcionalmente.

Costumo dizer que o Estado Português sujeita o povo trabalhador a um regime de impostos de nível semelhante ao da Suécia. Porém, para nosso infortúnio, a qualidade dos serviços que o Estado presta em retorno aos cidadãos não corresponde - em nada - à do povo sueco! Em qualidade de serviços públicos, a população portuguesa pode realisticamente ser colocada ao nível do «Terceiro Mundo».
Na verdade, o Estado impõe esse pesado nível de impostos áqueles que não podem fugir, fazendo a retenção obrigatória do IRS (Imposto sobre Rendimento de Singulares) nos salários e pensões, tendo aí a base de sua receita. 
A partir daí, não faz muito esforço para ir buscar os impostos às empresas, aos acionistas, em especial à banca. Porém, em caso de insolvência, os empresários e banqueiros podem contar com a mão amiga do Estado, que irá recapitalizar – com os nossos impostos- os bancos descapitalizados e mal geridos. É o modelo «assistencial» (ou «Welfare State») para os ricos e o capitalismo mais inflexível para os pobres, em toda a sua plenitude.

O povo e os trabalhadores deste país devem tomar consciência de que a Segurança Social é deles: Só poderão recuperar alguma dignidade e segurança económica se não permitirem que o fruto do seu trabalho seja «gerido» por alguns incompetentes ou criminosos, que nunca lhes prestam contas, que não lhe devolverão nunca o devido!  
A gestão da segurança social pelos próprios trabalhadores é possível: ela foi a base do modelo, em vários países ocidentais, com participação dos sindicatos, associações de reformados, etc. 
Em Portugal, as «Caixas de Previdência» do regime fascista de Salazar estavam nas mãos das «câmaras corporativas» e portanto, nunca poderiam estar sob controlo dos trabalhadores. 
Lamentavelmente, aquando do 25 de Abril e anos subsequentes, perdeu-se a oportunidade das «Caixas de Previdência» serem geridas pelos trabalhadores, através de seus legítimos representantes.
Houve preocupação de manter este manancial de dinheiro nas mãos de quem detivesse o poder político, o governo. Os responsáveis da Segurança Social foram nomeados sempre pelo poder político vigente, nunca foram eleitos pelos trabalhadores e reformados.

Para se conseguir mudar algo de significativo, terá de haver uma mudança profunda na maneira como a população encara estes assuntos. A população portuguesa está muito alheada, para não dizer alienada do que se passa.
Ela terá de compreender que - de facto - a Segurança Social não é parte do governo, não é um ministério. Ela deveria ser devolvida ao povo, não privatizada, mas sim gerida por iniciativa e com participação do povo (através de sindicatos e outras associações). A Segurança Social, na verdade, é pertença dos trabalhadores ativos e reformados portugueses, tal como os capitais por ela geridos. 




segunda-feira, 24 de outubro de 2016

ESTRATÉGIAS GLOBALISTAS

A economia mundial está em estado muito mais grave agora do que há 8 anos.

A crise financeira foi «curada» graças a uma impressão monetária, sem contrapartida de quaisquer acréscimos de riqueza real. Os que tiveram o privilégio (os grandes bancos, essencialmente) de obterem dinheiro grátis, fornecido pelos bancos centrais, ou colocaram esses excessos de liquidez a render nas contas dos próprios bancos centrais, obtendo assim um juro, pequeno, mas sem qualquer risco, ou fizeram apostas muito arriscadas, nomeadamente em derivativos, seguros de que tinham as costas quentes graças ao estúpido princípio de que há «bancos demasiado grandes para falirem».
Este princípio é afinal uma distorção monstruosa do capitalismo, pois permite que os maus investimentos, as más apostas, sejam protegidas de falência, com prejuízo de toda a sociedade, que é obrigada, sem qualquer contrapartida, a suportar os erros dos «cavaleiros de indústria», dos «senhores da finança».
Ao contrário do que autoproclama (de ser um «estímulo à economia») esta política tem o lastimoso resultado de destruir capital acumulado. Que acontece quando se joga uma determinada quantia de capital, um dado investimento e não se permite que falhe? O sinal para os investidores é a «impunidade» de tal investimento, a possibilidade de ganhar, sem o inconveniente de perder. Assim, a quantidade de capital desperdiçado, aplicado em maus projetos, que normalmente não deveriam estar a ser financiados, vai crescendo.
As sucessivas bolhas, nos setores imobiliário, nos empréstimos aos estudantes, na aquisição de carro e nos créditos diversos ao consumo em geral, vão crescendo, e aumenta o número e volume de créditos malparados, sendo que quando existe um crédito que não é honrado, do outro lado está alguém que perde o seu investimento.
Infelizmente, o mais vulgar, no contexto presente, é o perdedor ser o Estado! Nós, os contribuintes, somos realmente os emprestadores de último recurso.
Enquanto isto acontece, a dívida soberana dos Estados vai crescendo, sem quaisquer sinais de inversão de tendência, nem mesmo de abrandamento.
A maior bolha de todas é a bolha das obrigações soberanas (dívida pública) dos diversos Estados. Apesar de pesados, os juros da dívida são suportáveis, porque os bancos centrais (nomeadamente, o BCE) compram uma parte da dívida soberana, fazendo assim baixar os juros da mesma.
No Japão, há mais tempo que é seguida tal política pelo Banco Central, a cada emissão de dívida: o Banco Central japonês é comprador na ordem de 90% dos títulos...
Quanto à percentagem de dívidas emitidas pelos Estados membros do Euro, que são compradas pelo BCE, é da ordem de 50%.
Tal comportamento dos bancos centrais é totalmente anátema em termos de ortodoxia neoliberal, visto que é uma intervenção intempestiva, distorcendo o mercado. Mas o desplante não se fica por aqui, pois o BCE e bancos centrais de vários países decidiram adquirir obrigações de empresas e estuda-se a hipótese de intervir nas Bolsas de ações
O termo «Capitalismo de Estado» foi utilizado noutros contextos, mas não para designar a ação dos bancos centrais dos países capitalistas; porém, o referido termo aplica-se muito bem agora!
 Quem são as vítimas? São as pessoas comuns dos diversos países, que vêm a qualidade e disponibilidade dos serviços públicos a descer porque não têm financiamento adequado.
Por outro lado, os governos e poderes públicos não efetuam os investimentos em infraestruturas que poderiam arrancar a economia do marasmo, desde a crise financeira de 2008, que nunca foi superada.
Além disso, quando as pessoas põem de lado algum dinheiro, são castigadas, não apenas com uma taxa de juro muito inferior à taxa de inflação, mas já com taxas de juro negativas, ou seja, são obrigadas a pagar para terem o dinheiro no banco.
Paralelamente a este cenário, que desincentiva a formação de capital, pelo desincentivo constante à poupança, querem banir as transações em numerário («justificada» com o falso pretexto do branqueamento do dinheiro de negócios criminosos…).  Todas as transações seriam eletrónicas.
Assim, o Estado e o banco têm toda a possibilidade de saber - até ao pormenor- da vida de cada um, sem possibilidade de qualquer privacidade, como também e sobretudo viabilizam os juros negativos; de outro modo, ninguém quereria ter o dinheiro no banco… No fundo, trata-se da política de «bail in» permanente só para as pessoas comuns, que não podem parquear os seus capitais em paraísos fiscais …
Quando os juros das obrigações do tesouro subirem, quando retomarem valores mais próximos do normal, o que vai acontecer?
- Muitas falências vão ocorrer, cortarão de maneira mais impiedosa ainda as verbas para gastos sociais, para poder pagar-se os juros da dívida. Uma enorme quantidade (estima-se em múltiplos do PIB global!) de derivativos vão ser acionados, agravando a espiral recessiva.
Ou seja, está a construir-se o cenário para uma falha catastrófica no sistema financeiro e económico, sabendo-se muito bem que existe esse risco, mas ocultado do público.
Conclusão: em desespero, o que eles temem, os responsáveis globalistas de todas estas loucuras, é que as pessoas compreendam quem levou a economia mundial a esta situação.  
Para eles, é uma «saída» desencadear uma 3ª guerra mundial, para ocultar as causas do enorme colapso financeiro que vem aí.  
O colapso é inevitável, porém, se houver uma guerra mundial, as oligarquias globalistas poderão «culpar» a guerra como causa do colapso e não recairá sobre eles o odioso da situação.
Além disso, esperam «desbastar» de humanos um planeta «sobrepovoado» e assim, refazer o Mundo à sua medida, quando saírem dos seus bunkers.
Pode o leitor estranhar que esta seja a visão dos elitistas, porém, em várias ocasiões, aquando de encontros, como de Davos ou do Clube de Bilderberg, ou até através da média ao serviço, é este o cenário que tem transparecido.
Eles decidiram que a «Nova Ordem Mundial» será a deles. Para construir algo de novo é necessário destruir o antigo. É nisso que estão apostadas as «elites».

Tal mudança não poderá ter lugar sem «algo» que mude a face do Mundo. Esse «algo» é a guerra, com todos os seus horrores. Isso não importa para eles. A loucura deles, dos sociopatas que nos governam, é para ser levada a sério, pois são demasiado poderosos e são destituídos que qualquer compaixão.

sábado, 22 de outubro de 2016

CONSTRUIR O MOVIMENTO PELA PAZ


Num contexto de horrível desacerto mundial, que se traduz por centenas de milhares de mortos, milhões de feridos e dezenas de milhões de refugiados, qual o propósito de se intervir dentro de sociedades abúlicas, apenas centradas nos seus prazeres hedónicos, completamente egoístas, incapazes de traçar as origens dos males às suas próprias chefias e ao indiferentismo das massas e à sua cobardia, também? 

Penso que é sempre necessário - agora, muito mais - firmar uma posição ÉTICA, ou seja, a posição com a qual nós nos identificamos profundamente, aquela que deveria estar, não apenas nas palavras, mas também nos atos dos nossos dirigentes. 

Ora, uma posição ética deve começar pela denúncia, pelo desmascaramento, mas não deve confinar-se a isso. A denúnica permite uma tomada de consciência da cidadania. Mas, isso apenas pode ocorrer, caso a cidadania já esteja previamente imbuída de valores humanistas, repudiando demagogias, com sua capacidade própria de consciência crítica. 

A denúncia dos crimes de guerra, sobretudo dos que são perpetrados pelos «NOSSOS» governos, exércitos e agentes é - sem dúvida - algo que se deve continuar a fazer, com a força serena da consciência, da justiça, do humanismo. 

Mas, a «opinião pública» está tão amestrada, tão abúlica que os poderes já nem precisam de suprimir os «dadores de alerta»: apenas, fazem com que eles sejam desacreditados por uma média inteiramente ao seu serviço.
A média tem mostrado que se preocupa apenas com «que origem» e «como» veio a público a informação escandalosa e incriminadora para os poderes. Nunca discute o próprio conteúdo dessa informação. 

Assim, eles, os que controlam a média corporativa, fazem com que em vez do político corrupto, seja o «dador de alerta» a ficar desacreditado no tribunal da opinião pública, torna então possível que não exista empatia por parte do público em relação a ele. 

Algumas vezes, felizmente, eles falham nos seus propósitos, pois o público está cada vez mais simpatizando com esses dissidentes, para grande susto dos poderosos. 

Porém e apesar do que se afirmou acima, os poderosos sociopatas e psicopatas que nos governam, têm conseguido defletir o debate daquilo que seria «mortal», em termos de sua própria imagem pública. 

Por exemplo, em vez de se discutir os crimes de Hillary Clinton, principalmente os que praticou aquando da sua passagem pelo Governo (nomeadamente, aquando da expedição criminosa contra a Líbia e suas consequências), discute-se se a fuga de informação foi uma «piratagem» por «hackers russos» ou teve outra origem... 

Este típico processo ocorreu com outros atores da política, nos EUA e em muitos outros países: não pretendi aqui somente discutir o caso patológico da Hillary Clinton.

Evidentemente, esse truque funciona porque a massa já está fortemente condicionada pela média: são infelizmente demasiados aqueles que se deixam embalar pelas conversas das «versões oficiais» dos factos... chamando «teorias da conspiração» a tudo aquilo que demonstra a inanidade dessas mesmas «versões oficiais», cheias de cortes e remendos...

Mas, entretanto, numa escala não menos grave, as Constituições são feitas em pedaços, os próprios mecanismos de funcionamento do Estado, as Leis, os Parlamentos, são transformados em «bobos», mas tudo isso na maior indiferença das massas. Se as pessoas leram Hannah Arendt e o seu magistral ensaio sobre as origens do totalitarismo, recordarão que ela escalpelizou o processo da instalação na Alemanha dum Estado totalitário; após a tomada do poder, Hitler e os nazis não revogaram a Constituição e muitas Leis democráticas da República de Weimar; ignoraram-nas completamente, ficando elas letra-morta, tal como agora acontece nas chamadas «democracias ocidentais»

As pessoas foram aprendendo que esta democracia não é senão o poder de uma oligarquia, que a representação da vontade popular é uma grotesca farsa e portanto, afastam-se e apenas se centram nos seus afazeres imediatos, em ganhar o pão, cuidar dos filhos, extrair algum prazer de suas vidas... com exclusão do resto, ou seja de qualquer dimensão de cidadania! Afinal, assim conformam-se àquilo que a elite deseja. 

Por conseguinte, não chega que haja, no seio do povo, desprezo pelas elites que nos governam, elas não se importam que não as adoremos, desde que não «façamos demasiadas ondas». 

O que falta para que haja paz, é que tem de haver uma consciência de paz, têm de ser as próprias pessoas a fazer prevalecer o bom-senso e o profundo sentimento de justiça e de igualdade. 

Todas as pessoas que eu conheço, independentemente da sua ideologia, credo religioso, condição económica, nacionalidade, etc. não apenas estão basicamente de acordo em relação aos direitos dos indivíduos, como ao direito das diversas culturas e sociedades em viverem de acordo com os seus costumes e as suas leis, desde que elas não impeçam que outros o façam também, também sigam os seus caminhos próprios. 

E eu não vivo num mundo à parte, garanto-vos: então, porque motivo um consenso difuso que parece existir, não se traduz na prática? 
Esta e outras questões não carecem tanto de uma resposta lógica ou psicológica, mas sobretudo uma resposta na prática social, na prática coletiva.

Vamos, por isso, lançar iniciativas de paz dentro das nossas comunidades, debatendo como aprofundar os caminhos da paz, da recusa da guerra, do militarismo, do racismo, da xenofobia... pela positiva.

Saberemos tomar o destino nas nossas mãos, a partir do momento em que tivermos a consciência clara de que, não apenas a nossa opinião, mas também o nosso gesto conta e muito... 

Por exemplo, no campo financeiro, um magnate quer investir um milhão numa campanha para nos convencer -subtilmente, como faz a publicidade - a adoptar determinado ponto de vista e comportamento.  

Seria fútil, no atual contexto, tentar impedir que tal coisa aconteça, pois a acontecer, será em segredo, sem que o público tome conhecimento dos propósitos de tais campanhas de «informação» (na realidade, de  lavagem ao cérebro!).

Mas seria bem melhor e muito possível que nós - pessoas  comuns - fizéssemos campanha em pleno, realizando, por meios ao nosso alcance - com maior eficácia até do que os «especialistas» da publicidade - por aquilo que é justo e necessário.

Mesmo no plano estrictamente financeiro, uma campanha que atingisse um número elevado de pessoas, doando apenas - em média- um euro ou um dólar por cada pessoa, poderia ficar rapidamente com meios superiores à campanha do tal magnate.

Uma vez que as pessoas se reunam com propósito claro de construir uma cultura de diálogo de paz e de igualdade, entre elas e com todos os povos, será imparável. 

O problema é mais que as pessoas estejam muito auto-anuladas. Exageram a sua impotência; descrêem do seu potencial. Isso é devido a um complexo de razões, mas deve ser também compreendido como parte da caminhada em prol da paz. 

Sermos capazes de convencer os nossos semelhantes que têm muito maior capacidade, eficácia, etc. do que lhes querem fazer crer. Sem esse interiorizar da impotência, as pessoas não seriam domináveis e manipuláveis.

A cultura de paz tem de abordar esses fenómenos e tentar responder de forma coerente, adequada e criativa para se expandir e irradiar até se tornar uma maré avassaladora. 

Eu acredito que seja perfeitamente possível. 
Temos exemplos históricos disso, desde Gandhi e o movimento essencialmente não violento pela independência da Índia em relação ao Império Britânico (nos anos quarenta do século vinte), a luta nos EUA pelos direitos civis dos negros e outras minorias, pelo qual Luther King deu a vida (nos anos sessenta), mas também a luta contra a instalação dos Pershing II (nos anos oitenta), o movimento contra as armas nucleares e de destruição massiça, que obrigou os Estados a efetuar tratados internacionais (hoje, estão a denunciar alguns desses, o que mostra claramente o perigo da situação), etc.

Estamos a construir essa comunidade de paz, com pessoas nossas conhecidas, com as quais temos afinidade. 
Daremos conta aqui e noutros sítios deste movimento DE SOLUÇÕES PARA A PAZ!

https://issuu.com/warresistersint/docs/design?e=0/38826787

https://www.youtube.com/watch?v=6_bVVAVwfSQ

https://www.facebook.com/events/187269765054832/

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

FILOSOFIA NATURAL?




A filosofia sempre me fascinou. Embora não me considere um filósofo, tenho alguma formação e, sobretudo, tenho-me interrogado sobre os processos cognitivos, sobre os afetos também, quer como biólogo, como professor ou como pessoa que interage e troca com os outros, seus semelhantes. 



Mas, desdenho as abordagens demasiado estruturadas, codificadas, em linguagem hermética. Não que seja impossível compreendê-las. Porém, as mais das vezes, faz-se um esforço para compreender o que o autor de um «sizudo» tratado filosófico quer dizer... e chega-se à conclusão de que o resultado não merecia o esforço. Igualmente, os filósofos de «modo de vida», que aparentam possuir afinidades com o meu pensamento, na maior parte dos casos não as possuem, pois se limitam a reforçar os lugares-comuns das massas, tendo assim venda assegurada dos seus livros. 

Mas é verdade que precisamos de filosofia como de «pão para o pensamento». Sem ela, será realmente impossível aprofundar as coisas importantes da vida - a própria vida, o amor, a amizade, o poder, a justiça, o espírito... 

Muitas vezes encontro mais poesia nos textos ou imagens que não têm a pretensão de ser «poéticos». O mesmo se passa em relação á filosofia.
Por exemplo,  Alvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro, junto com Fernando Pessoa, formam um quarteto de poesia filosófica, onde nos podemos sempre nutrir, onde nos podemos refrescar e curar das banalidades que invadem o nosso universo mediatizado.

A filosofia natural é praticada, estudada e aprofundada em múltiplas sociedades, épocas e civilizações. Porém, não é reconhecida sempre como tal. Por exemplo, a corrente conhecida por Taoismo é mais uma filosofia do que uma religião; tem como pontos centrais um estar dentro dos processos naturais, aceitar o mundo tal como ele é, não desprezar as energias que moldam o Universo, mas fazer tudo em obediência com esse Todo. 
A Filosofia Natural do Ocidente surgida, em grande parte, no seio das correntes materialistas dos séculos XVI-XVIII, mas também das correntes espirituais, deu-nos muita abertura para pensar o Mundo em moldes não estáticos, em dar o primado da experiência na busca da verdade, por fim reconhecendo na Natureza uma Mestra, que se deve seguir, por Ela nos dar as melhores soluções para os nossos problemas. 

A Filosofia Naturalista opõe-se ao racionalismo puro e duro, que deriva tudo de proposições matemáticas, chegando ao ponto de demonstrações da existência de Deus e outros absurdos. Não que seja absurdo postular a existência de Deus, entendamo-nos. Considero absurdo uma DEMONSTRAÇÃO dessa existência. 

No século XXI multiplicam-se os sinais de um renovo da Filosofia Natural, colocando a tónica numa filosofia como base e guia para a sabedoria. A vocação da filosofia está mais do lado da sabedoria do que do conhecimento científico, embora seja indispensável uma reflexão filosófica no âmago da pesquisa científica e uma reflexão sobre os resultados dessa pesquisa. 
A Filosofia Natural pode e deve estar em harmonia com os conhecimentos científicos, não os repudia, não os pretende «superar». 
Ela apenas tenta compreender a Natureza por dentro, na esperança de encontrar aí um guia para como conduzir a vida do próprio ser pensante. 
Pragmaticamente, pode ir buscar inspiração à Natureza para soluções tecnológicas que são aplicadas neste ou naquele domínio prático. 
Mas a filosofia da natureza vai muito além dessa «cópia» do natural, vai tentar estar em harmonia com a Natureza, vai tentar inserir-se harmoniosamente nos ciclos naturais.

O culto da Divina Natureza é, por vezes, algo limitado a Ela própria, como não existindo nada para além Dela (versão materialista) ou por vezes, é encarado como a expressão duma Divindade Cósmica, duma manifestação ou expressão da Divindade, mesmo como corporização do Divino.

Em ambos os casos, tem-se uma atitude de respeito para com o Mundo Natural e que, quanto mais não seja, se torna essencial para salvaguarda da vida e da saúde do nosso Planeta.

Sabemos como é frágil o ecossistema global, como o ser humano tem inflingido terríveis golpes nos equilíbrios naturais, mas ainda sem afetar de forma irreversível a possibilidade da recuperação da saúde do Planeta e dos Humanos que nele habitam. 



A Filosofia da Natureza, em todas as suas variantes, constitui um caminho sensato, pois se revela indispensável à sobrevivência de todos nós.


terça-feira, 4 de outubro de 2016

O QUE TENHO EU A VER COM O «DEUTSCHE BANK»???

- DEUTCHE BANK EM DIFICULDADES E PROVAVELMENTE INSOLVENTE... 
O QUE É QUE EU TENHO A VER COM ISSO? EU NÃO TENHO NEM UM CÊNTIMO NO «DB»! JÁ ESTOU A OUVIR AS VOZES DALGUNS, TENTANDO TRANQUILIZAR-SE E FAZEREM FIGURA DE «VALENTÕES», QUANDO SE LHES ANUNCIA QUE ESTA ECONOMIA DE CASINO ESTÁ À BEIRA DO COLAPSO.
PORÉM, ELES NÃO TÊM NENHUMA RAZÃO PARA SE VANGLORIAR, POIS O CENÁRIO DE UMA DERROCADA COMPLETA DO SISTEMA BANCÁRIO EUROPEU E MUNDIAL É MAIS DO QUE UMA HIPÓTESE. JÁ ENTROU NO DOMÍNIO DAS CERTEZAS MATEMÁTICAS, DEPOIS DE DEIXAR DE FIGURAR NO ÂMBITO DAS CONJETURAS.

- O QUE TEM O «DB» A VER COMIGO? POIS TEM TUDO, VISTO QUE É O MAIOR BANCO EUROPEU. ELE DESDOBRA OS SEUS TENTÁCULOS EM MÚLTIPLAS DIREÇÕES, SENDO CONTRAPARTIDA, ATRAVÉS DE DERIVATIVOS, DE ALGO COMO DEZANOVE VEZES O PIB DA ALEMANHA
A IMAGEM DO CASTELO DE CARTAS NÃO PODIA SER MAIS APROPRIADA. 
O «BD» FOI SALVO DA DERROCADA IMEDIATA, NA SEMANA PASSADA, ATRAVÉS DE UM BOATO LANÇADO A PARTIR DO TWITTER, SEM BASE ABSOLUTAMENTE NENHUMA. ESTRANHAMENTE -OU TALVEZ NÃO - ESSE BOATO FOI ACRITICAMENTE RETOMADO NOS SITES E JORNAIS FINANCEIROS «RESPEITÁVEIS». 
UM COLAPSO DAS AÇÕES DO «BD» DE MAIS DE 10% NO ESPAÇO DE MINUTOS FOI ASSIM REVERTIDO IN EXTREMIS. É POSSÍVEL QUE TAL MANOBRA TENHA SERVIDO PARA RESGATAR AÇÕES DE «HEDGE FUNDS», OU DE OUTROS GRANDES INVESTIDORES. O CERTO É QUE A SITUAÇÃO INCERTA DO «BD» ESTÁ A MINAR TODO O TECIDO DA FINANÇA MUNDIAL, QUE NÃO TEM ILUSÃO SOBRE AS CONSEQUÊNCIAS DE UMA FALÊNCIA DO GIGANTE. AS FRASES TRANQUILIZADORAS E AS DECLARAÇÕES DE MERKEL EM COMO «NÃO HÁ LUGAR PARA UM RESGATE», APENAS ESCONDEM O DESESPERO DE UMA CASTA POLÍTICA, ALIADA A UMA CASTA FINANCEIRA, AMBAS SEM A MÍNIMA IDEIA SOBRE O QUE FAZER PARA INVERTER O CAMINHO DE DEPRESSÃO PROFUNDA EM QUE SE ENCONTRA A ECONOMIA EUROPEIA E MUNDIAL. 
AS PESSOAS DEVEM TOMAR MEDIDAS AGORA, PORQUE UM PÂNICO NOS MERCADOS FINANCEIROS SERÁ SEGUIDO, DE IMEDIATO, POR UM CONGELAMENTO DE TODA A ESPÉCIE DE OPERAÇÕES BANCÁRIAS. HÁ INDICAÇÕES DE QUE EXISTE POR DETRÁS DA CENA UM «BANK RUN», MAS DO QUAL NÃO SE NOTA NADA AO NÍVEL DA «RUA», POIS VERIFICA-SE APENAS UMA RETIRADA MASSIÇA DO GRANDE CAPITAL, INVESTIDO EM DIVERSOS ATIVOS FINANCEIROS MAIS EXPOSTOS. ELES IRÃO FAZER TODO O POSSÍVEL PARA MANTER ADORMECIDAS AS MASSAS, ATÉ ESTAREM COM O SEU DINHEIRO EM «PORTOS SEGUROS» E ENTÃO, DEIXARÃO IMPLODIR O MONSTRO, DEPOIS DE LHE TEREM EXTRAÍDO GRANDE PARTE DAS ENTRANHAS.
APROVEITARÃO ESTA OCASIÃO PARA CRIAREM  UMA SITUAÇÃO DE «ESTADO DE SÍTIO», EM QUE NÃO HAVERÁ POSSIBILIDADE DE O COMUM DOS MORTAIS MOVIMENTAR AS SUAS CONTAS BANCÁRIAS MAIS OU MENOS LIVREMENTE, ONDE SERÁ RACIONADO O ACESSO AO DINHEIRO FÍSICO ATRAVÉS DE CAIXAS DE DISTRIBUIÇÃO DE NOTAS (COMO FIZERAM NA GRÉCIA E EM CHIPRE).
APÓS ESTA FASE DE CHOQUE, IRÃO IMPOR UM NOVO SISTEMA MONETÁRIO, DESENHADO POR ELES E FAZENDO COM QUE NÓS, OS CONTRIBUINTES, SEJAMOS POSTOS A CONTRIBUIR FORÇADAMENTE, ATRAVÉS DUMA DESVALORIZAÇÃO (DE 20 A 50%) EFETIVA DA MOEDA (DÓLARES, EUROS, LIBRAS, ETC...), PARA QUE SEJA INSTAURADO O NOVO PADRÃO MONETÁRIO. ENTRETANTO, E GRAÇAS A ESTE «RESET», UMA SÉRIE DE DÍVIDAS SERÃO APAGADAS - COMO QUE POR ENCANTO-  E ISSO SERÁ UM ALÍVIO PARA GRANDES DEVEDORES. ENTRE ELES, OS ESTADOS, RAZÃO PELA QUAL ELES ESTÃO DE ALMA E CORAÇÃO CONIVENTES NO TAL «GREAT RESET». 
AS REFORMAS DOS PENSIONISTAS E OS ORDENADOS DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS NÃO ESTARÃO NUNCA «EM RISCO», SOMENTE O PODER DE COMPRA DE AMBOS FICARÁ REDUZIDO NA PERCENTAGEM QUE FOR PRECISO, PARA AS GRANDES FORTUNAS E OS ESTADOS QUE NOS OPRIMEM PODEREM CONTINUAR A FAZÊ-LO.

ESTE É O CENÁRIO PROVÁVEL, COM MAIOR OU MENOR VARIAÇÃO  NO PORMENOR. 

É ESTE O SIGNIFICADO DE UM COLAPSO DO «DB». SE SOUBER QUE JÁ TERÁ OCORRIDO, QUANDO ESTIVER A LER ESTA NOTÍCIA DE BLOG, ISSO SIGNIFICA QUE, NESSE MOMENTO, JÁ SERÁ TARDE DEMAIS.

QUAL É O PROPÓSITO DA VIDA?


Muitas pessoas devem ter sofrido quando se interrogaram sobre o propósito de sua vida, tal como eu me interroguei, durante décadas…
Uma pergunta aparentemente tão simples, mas capaz de confundir as pessoas porque elas teriam de esmiuçar tudo o que pode ser relevante numa resposta exaustiva, ou, pelo contrário, apenas encontrar uma palavra, um conceito mágico, que exprima a essência do que seria o propósito da sua vida.
Mas eu libertei-me dessa questão, não me deixarei jamais encerrar na armadilha retórica.  
Talvez este problema não vos afete, de modo nenhum, leitor. Neste caso, apenas tereis de ler este texto como algo curioso que descreve fenómenos psíquicos noutros seres humanos. Tenho de felicitá-lo pelo feito, porém. 
Até agora, todas as pessoas que tenho tido oportunidade de conhecer a um nível mais profundo que o superficial, sentem-se incompletas, sentem-se não realizadas, sentem que haverá algo como uma misteriosa missão que devem cumprir para ficarem em paz.
Mas… se fosse tudo uma espécie de imposição autoritária do nosso super ego? Se elas fossem arrastadas a pensar que tinham de ter objetivos pela simples razão de que as pessoas comuns se «entretêm» com isso e aceitam a escravidão assalariada (ou outra) de bom grado, pois aí encontram o tal propósito? Será que nós somos feitos para desempenhar este ou aquele papel na sociedade, aquele que corresponderia à nossa «vocação»? Ou seremos antes seres com um imenso campo de possíveis, o qual se vai estreitando ao longo da vida, desde muito cedo, para que, por fim, nos pareça razoável ou mesmo lógico que nos entusiasmemos com determinada rotina que nos impõem ou que impomos a nós próprios, convencidos de que escolhemos, de que fazemos –nós- o próprio destino, etc.?
É incómodo e politicamente incorreto dizer-se que afinal, não temos objetivos, propósito, metas, fins a alcançar; que viver é um ato sem necessidade de justificação. Ele justifica-se a si próprio. Por que razão precisamos de nos convencer de que existimos para nós próprios? Deve-se compreender «nós próprios» como não-delimitado pela fronteira da nossa pele. É muito arbitrário estabelecer aí os limites, como se o nosso ser existisse a partir de e para dentro dessa fronteira da pele. Aquilo que chamamos «nós», inclui a teia das nossas relações sociais, a própria organização social mais vasta, sem a qual não poderíamos subsistir.
Quem nos quer inculcar essa ideia peregrina de «objetivo», de «propósito» na vida, talvez esteja cheio de boas intenções, porém está a fazer o jogo dos que nos dominam e nos exploram. Estes é que beneficiam das algemas que colocamos a nós próprios. Tal coisa só se torna possível como um mecanismo de denegação. Recorremos à dissonância cognitiva permanente para nos mantermos sempre dentro do medíocre emprego que nos proporciona o «pão quotidiano». Não sabemos esconder de nós próprios, de outro modo, a infelicidade: damos um propósito mais ou menos «nobre» à escravatura do trabalho, até fingindo prazer, satisfação, realização pessoal, para não sermos confrontados com uma realidade demasiado deprimente.
Eu percebo agora que não é necessário o homem livre ter qualquer projeto de vida ou propósito ou vocação. Ele determina-se a fazer algo, quer no momento, quer no médio ou longo prazo, somente de acordo com a sua vontade. Ele está ciente da realidade e a sua existência: confronta-se com a realidade, não a esconde e não se submete passivamente. Se ele estiver nesta postura, não será sempre feliz, mas terá momentos de plenitude, pois será capaz de se autodeterminar e de alcançar o que deseja. Caso não o consiga, está capaz de avaliar as razões de não ter obtido o resultado pretendido e modificar-se a vários níveis, modificando assim também as condições do seu entorno.
Esta pergunta «qual é o propósito da vida?» é bastante trivial afinal de contas. Deve ser desconstruída, pois nós sabemos que a vida vale por si própria; que os seres vivos são todos dotados de instinto vital; que, portanto, a vida é a finalidade última dela própria… não precisamos de falar de busca da felicidade, nem de harmonia, ou de plenitude… Basta dizermos que o próprio viver é que se autojustifica.
Julgo ter demonstrado a inutilidade de toda a infelicidade e angústia associadas a esta questão. Não apenas a questão costuma ser mal colocada, como nos distrai do que conta verdadeiramente.

Quais são os nossos valores legítimos, aqueles que nós próprios construímos, que assumimos como integrando a nossa ética? Essas sim, são questões relevantes para a condução da nossa vida, que nós devemos colocar e responder tentativamente nas várias etapas da nossa existência. São perguntas cuja resposta obriga o indivíduo a situar-se no campo dos valores. Valores esses que a si próprio atribui, conscientemente, como escolha amadurecida. No ambiente social que o rodeia poderá haver concordância ou não com esses valores, porém a sua autodeterminação prevalece, não se deixará subjugar pelos tiques e pelas modas que observa nos outros. Um indivíduo assim é rico interiormente, independentemente de sua riqueza material. Como é dono de si próprio, não será subjugado completamente, mesmo que tenha de sujeitar-se a algum sacrifício para poder sobreviver. Poderá mesmo assim ser escravo, talvez, mas com uma consciência de homem livre. Um homem assim, não será inteiramente escravizado e não perderá a oportunidade de romper as grilhetas da sua sujeição.  

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

ECONOMIA LOUCA

«QUANTITATIVE EASING», «TAXAS DE JURO NEGATIVAS» E «QUANTO PIOR, MELHOR» 



POUCAS VEZES TENHO OUVIDO UM DISCURSO MAIS CLARO SOBRE O ESTADO DA ECONOMIA NOS EUA E NO MUNDO.
Curiosamente, o Prof. Richard Wolff, economista marxista, apresenta um ponto de vista claramente de «esquerda» e anti-capitalista e corresponde em parte à análise dos que estão bastante à direita, os libertarianos, que de facto terão mais tendência para votar Trump.
ESTAMOS TODOS REFÉNS DUM MUNDO CAPITALISTA ENLOUQUECIDO, DUMA CRISE CAPITALISTA GLOBAL, SEM ESPERANÇA DE UMA QUALQUER MUDANÇA REVOLUCIONÁRIA. APENAS PODE HAVER UM REFORÇO DO AUTORITARISMO, PELO MENOS NO CURTO-MÉDIO PRAZO.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

ANTIBIÓTICOS E RESISTÊNCIA BACTERIANA: UMA HISTÓRIA MUITO MAL CONTADA


Num universo dominado pelo fenómeno mediático, é necessário recuar e tomar uma perspetiva histórica, para reenquadrar tudo aquilo que se diz e comenta num dado momento sobre algum fenómeno, seja ele económico, político, de sociedade ou de saúde pública.
Fala-se muito agora de aparecimento de estirpes de bactérias resistentes aos antibióticos, porquê?
Faz muito tempo que na comunidade científica e médica se sabia deste fenómeno e se alertava os poderes públicos para os perigos da distribuição indiscriminada de antibióticos.
Agora, o motivo por detrás da campanha da ONU e OMS parece ser o facto de as grandes farmacêuticas acharem que não vale a pena investirem biliões em investigação para descobrirem e desenvolverem novos antibióticos. Elas próprias se especializaram no passado a promoverem a utilização, a propósito e despropósito, dos referidos antibióticos que comercializavam… que ironia!
Têm na manga «novos» tratamentos, por exemplo, os fagos: os bacteriófagos são um tipo de vírus específico de bactérias; existem muitas estirpes de fagos capazes de atacar determinadas bactérias, com exclusão de todas as outras. Isto é uma possibilidade de tratamento para pessoas padecendo de infeção com bactérias multirresistência a antibióticos.
Já se conhecia o potencial terapêutico concreto dos fagos desde há uma data de anos!



Já se discutia  na comunidade científica a possibilidade de sua utilização terapêutica, quando se começou a usar esses fagos como ferramentas, na nascente engenharia genética, por volta dos anos  1970, quando apenas se utilizavam as bactérias para clonar genes…
Não apenas a indústria farmacêutica é culpada por disseminar resistências bacterianas aos antibióticos, pela sua agressiva propaganda nos meios médicos e na população em geral, também as profissões médicas, veterinárias e agricultores contribuíram para isso:
Há cerca de meio século descobriu-se que o gado ao qual era administrado antibiótico (neste caso, para tratamento de infeções), tinha um crescimento mais rápido. 
Explica-se o fenómeno pela presença de um ecossistema no aparelho digestivo – o microbioma – cujo equilíbrio é rompido pela adição de antibiótico, dizimando alguns grupos de bactérias, enquanto poupa outros. 
Assim, nas vacas tratadas a antibiótico, «sobravam» mais ácidos gordos voláteis – produtos da fermentação bacteriana que ocorre principalmente no rúmen:
Isto, porque as espécies de bactérias consumidoras desses mesmos ácidos gordos, eram dizimadas, mas não as bactérias que as produziam. Estes ácido gordos voláteis são absorvidos pela parede do rúmen dos animais e são efetivamente o alimento direto dos ruminantes. Tinham portanto maior quantidade de nutriente por certa quantidade de ração, logo cresciam e aumentavam de peso mais depressa.

Toca a dar a todo o gado – doente ou não- doses de antibióticos, o que fazia com que nestes houvesse as condições ideais, especialmente nas concentrações industriais para produção de leite ou carne, para a seleção e propagação de estirpes resistentes aos antibióticos. 



Graças à criação industrial de gado, tivemos assim a formação dos primeiros «monstros», muito antes de haver «engenharia genética»! Tanto assim, que não foi preciso esperar pelos anos 70 para se ver surgir- na população humana e muito em especial, nos hospitais - as primeiras estirpes de bactérias patogénicas resistentes a certos antibióticos.
Existem estirpes de bactérias patogénicas e resistentes aos antibióticos e estas tornaram-se um grave problema de saúde pública: isto é consequência direta das indústrias farmacêutica e de criação de gado, com a conivência de profissionais de saúde (médicos e veterinários), terem promovido a utilização abusiva destes medicamentos «milagre», que tinham aparecido nos finais da II Guerra Mundial…
Agora, essa mesma indústria, servindo-se da OMS (Organização Mundial de Saúde), propaga uma visão muito mais moderada sobre a utilização dos referidos antibióticos. Só que propaga esta sabedoria após ELA PRÓPRIA ter sido a instigadora e conivente do uso desbragado e totalmente abusivo dos referidos antibióticos, sabendo pertinentemente que essa irresponsável utilização iria propagar as tais resistências! Agora, que os seus antibióticos perdem a eficácia que tinham há 30 ou 40 anos atrás, propõem «novas» soluções terapêuticas, que custarão muito mais caro, mas que serão eficazes, durante algum tempo, como é o caso dos referidos fagos, ou de outras soluções…
Cada vez mais, me viro para soluções naturais e preventivas, não descurando porém o que a ciência tem trazido de bom. Nomeadamente, os pró bióticos são «medicamentos naturais», sem efeitos secundários graves, que repovoam o intestino, com estirpes de bactérias benéficas. Estas impedem a colonização do nosso tubo digestivo por outras, eventualmente patogénicas, além de nos fornecerem substanciais quantidades de vitaminas, que teriam de ser obtidas por alimentos caso não tivéssemos essas bactérias no intestino. Eu decidi-me, desde há algum tempo, a tomar diariamente pelo menos um iogurte natural* (sem adição de açúcar ou de natas). 
Realmente, tenho-me dado muito bem com isso! Prevenir em vez de remediar!
Se tiver mesmo que tomar antibióticos, irei provavelmente complementar essas tomas quotidianas de iogurte, com um reforço de bactérias e leveduras liofilizadas (designadas por pró bióticos), que se vendem, livremente, sem receita médica, nas farmácias ou nos hipermercados...


(*) Este iogurte quotidiano tem bactérias vivas que vão colonizar o nosso intestino. Apesar de muitas das bactérias ingeridas serem mortas durante a digestão, algumas sobrevivem e essas são suficientes para se instalarem e colonizarem o nosso intestino, contribuindo muito positivamente para as etapas finais da digestão, fornecendo quantidades não desprezíveis de vitaminas e sobretudo ocupando «espaços ecológicos», ou «nichos», que de outra forma poderiam ser ocupados por bactérias patogénicas.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

AOS MEUS AMIGOS DE ESQUERDA...

O IMPOSTO SOBRE PATRIMÓNIO IMOBILIÁRIO DITO DE 

«LUXO» É UMA MENTIRA!


A causa apontada deste imposto é «fazer pagar os muito ricos»:
 mas os muito ricos têm o seu capital principal em off-shores! 
Em Portugal, os bancos TODOS proporcionam a quem tiver muito dinheiro (não importa como foi enriquecido!) abertura de contas em «filiais» nos diversos «paraísos fiscais». 
Deixem-se de fitas, este imposto destina-se a tapar à custa dos tostões da classe média (sempre ela) os buracos deixados nas contas públicas pelos dinheiros dos contribuintes INVESTIDOS em salvar os bancos, enquanto os responsáveis pelas suas atividades criminosas nem sequer têm qualquer mandato judicial. 
Ai, que triste país este!



POLÍTICA DE VERDADE APLICADA AO IMOBILIÁRIO 

SERIA ISTO: 



Precisamos de uma verdadeira lei do imobiliário social. Uma lei que puna os que deixam ao abandono casas, prédios inteiros, terrenos urbanos. Eles pagam quase nada de IMI e vão continuar a pagar quase nada, de acordo com a proposta de lei em discussão. 
O que precisamos é de uma lei que diga: ou restauram e põem no mercado de renda ou venda, ou estes prédios abandonados são expropriados pela autarquia. 
Tínhamos uma data de obras com consequente reabsorção do desemprego operário! 
Pensem nisso!