O que os bem informados não se apercebem, é que, em contraste com a «Guerra Fria Nº1», os poderes usam os avanços da tecnologia e da I.A. para fabricar uma falsa realidade, uma informação «cientificamente» manipulada. Isso, é uma situação inteiramente nova.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

JULIAN ASSANGE É UM PRESO POLÍTICO


O caso Julian Assange é falsamente percebido pelo público como de alguém que infringiu leis, que cometeu crimes. Isto acontece porque uma certa media mainstream dá como aceitável que ele seja perseguido e preso pelo facto de ter publicado informações incómodas para o governo dos EUA. 
Pois, embora se trate essencialmente disso, esta é uma acusação que poderia ser aplicada aos editores dos órgãos de informação mainstream como o New York Times, o Washington Post, ou o Guardian. Todos eles fizeram, na essência, o mesmo que Wikileaks fez, ou seja, publicar documentos confidenciais do governo, que lhes chegaram às mãos. 
Aliás, a própria Administração dos EUA, sob Obama, recuou de processar Julian Assange, pois sabia que - se o fizesse - estaria a fragilizar as instituições de jornalismo do seu país e a liberdade de imprensa. 

Uma prova adicional do facto de Julian Assange ser um preso político nas mãos da justiça britânica, tem a ver com os seguintes factos: 
Isto ocorreu meses antes de Assange ser vergonhosamente entregue pelo corrupto governo do Equador e capturado dentro da embaixada pela polícia britânica. A certa altura, as acusações de violação foram retiradas pela procuradora sueca, visto que as supostas vítimas, elas próprias, declararam não ter havido violação. 
Nesta altura, os advogados de Assange, tentaram obter uma saída negociada junto do tribunal britânico, pelo facto dele ter escapado (pois ele tinha razões para temer o pior) quando em liberdade provisória [estava sob fiança]. 
Isto, segundo a defesa de Assange, era resolúvel dentro da lei britânica com o pagamento de uma multa. Mas a juíza encarregue do caso, recusou. 
Se fosse alguém menos célebre que Assange e, sobretudo, não tendo um pedido (cujo conteúdo era secreto, nessa altura) de extradição para os EUA, a justiça britânica teria - com certeza - aceite resolver, através de uma multa, a referida infracção. Uso a palavra «infracção», porque dificilmente se poderá chamar crime a isso, o de se refugiar numa embaixada, quando se tem a vida em perigo! 

Não tenho dúvidas de que o que se passa com Assange é um péssimo sinal para a liberdade de imprensa, em geral. 
As pessoas que acham legítimo acusar e prender o editor de Wikileaks pelo «espionage act», ignoram que esta lei de 1917 - na altura em que os EUA entraram na 1ªGuerra Mundial - foi feita para criminalizar os dissidentes, os que faziam propaganda contra a guerra, pacifistas, comunistas, socialistas (Eugene Debbs, dirigente do partido socialista dos EUA, por exemplo). Não foi feita para condenar espiões, traidores, etc. Vejam no Youtube o excelente video sobre o assunto, de Kim Iversen :


Um artigo do excelente jornalista independente Jonathan Cook analisa como é que o caso de Julian Assange, não é um autêntico caso jurídico mas de uma perseguição política, disfarçada de processo jurídico. Leiam, vale a pena:


Infelizmente, as pessoas que deveriam estar mais preocupadas com a situação, não se mexem, não levantam a voz, não fazem campanha... mas elas serão as próximas vítimas, se as coisas correrem de forma como quer a (in)justiça nos EUA!


https://www.youtube.com/watch?v=ErW1taJEPrs


DOCUMENTÁRIO: ORIGENS DA LINGUAGEM - DO GESTO À PALAVRA

Um documentário muito interessante sobre a abordagem da ciência contemporânea acerca da capacidade da fala.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

O CLIMA E O QUARTO PODER

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Vem em muito boa hora o manifesto/carta aberta de um grupo de cientistas brasileiros, de várias áreas do saber, explicando porque razão o clima não pode ser tratado segundo a agenda mediática culpando um hipotético aumento da temperatura global com um efeito antropogénico causado pelo aumento das emissões de dióxido carbono:


Muito me preocupa a negação constante e persistente, também em Portugal, de dados e factos científicos para satisfazer uma agenda completamente dominada por grupos de interesses. Outrora, os grupos ecologistas eram grupos que tinham realmente um foco de preocupação em problemas reais, que afectavam as pessoas, as sociedades, não se limitando à salvaguarda da floresta equatorial-tropical e suas espécies, ou outros ecossistemas pouco perturbados (até aqui) pelo homem.
Porém, com o domínio cada vez maior dos bilionários, dos oligarcas, como Soros, Gates, Rockefellers, etc. o que é que se verifica:
- Uma monstruosa campanha mediática, alarmista e ocultando, ou difamando as vozes contrárias à visão simplista e catastrofista, que eles parece terem como missão fazer passar. Mas quem os incumbiu de uma tal missão? Não serão os que pagam seus salários, os que detêm os referidos meios de comunicação social, e pagam as publicidades que sustentam os mesmos?
- Uma completa subversão da «radicalidade verde», por ONG's, as quais não são independentes dos governos (muitas estão dependentes economicamente dos governos para a sua subsistência), nem dos grandes grupos de interesses. Por exemplo, basta ver como a empresa de petróleos British Petroleum - BP - financia generosamente vários grupos ecologistas. 
- Um número considerável dessas ONGs recebe apoios de bilionários que estiveram e estão apostados em programas eugenistas: Bill Gates, Rockefeller, ... 
- São bem conhecidas ONGs, dependentes da Fundação Soros, instrumentalizadas nas «revoluções coloridas», ou seja, a subversão de regimes em benefício do capital multinacional, não para a emancipação dos povos em relação a este (veja-se, no caso da Ucrânia em 2014: a fundação de Soros interveio em grande escala...).

As pessoas deviam abrir os olhos, deixarem de ter um reflexo de conformidade com o que lhes é impingido: sobretudo os professores, e outros, que têm uma influência decisiva na juventude. 
A climatologia é uma ciência complexa e não se compadece com simplistas reduções a modelos computorizados. Qualquer coisa que se coloque nos modelos, vai dar um resultado de acordo com os pressupostos das modelizações neles incluídas. Ora, essas modelizações são muito deficientes. 
Além do mais, não obedecem a um critério fundamental de validação científica. 
No entanto, existe uma validação perfeitamente acessível do clima, se nos debruçarmos sobre o passado, não na escala de uma ou duas centenas de anos, mas na de milénios ou centenas de milénios.  Ora, a Climatologia é uma ciência que desenvolveu os seus métodos experimentais e consegue dar-nos, conjuntamente com a Geologia, informações precisas, resultantes de medições numa escala de tempo semelhante à Geologia, ou seja de milhões de anos.  Conhecemos o clima do passado, ano após ano, durante milhares de anos, pelas sondagens nos gelos da Antárctida, ou da Gronelândia, assim como dos sedimentos marinhos. Hoje em dia, pode-se conhecer a composição da atmosfera dessas épocas remotas, pelas bolhas de ar capturadas no gelo e sua composição isotópica. 

Tenho escrito bastante a este respeito. Nos meus escritos, tenho feito notar os mesmos pontos que o grupo de cientistas brasileiros. 
Infelizmente, o papel conjugado de grupos pseudo-ecológicos e da media corporativa, impede um debate livre, como será sempre fundamental em ciência. 
Está-se, com a questão climática, perante uma situação análoga à do lysenkismo, um episódio dos mais trágicos relacionados com a ciência na URSS do tempo de Stalin, que tinha referido noutro artigo.

segunda-feira, 27 de maio de 2019

PORQUE É QUE EU NÃO VOTEI NAS EUROPEIAS

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Não tenho nenhum preconceito em relação a votar ou não votar, em geral.
Porém, no caso das eleições para o «parlamento europeu» (com muitas aspas) eu tenho a absoluta convicção de que o único caminho certo é o boicote, é negar e denunciar a fraude em si mesma, da «democracia» europeia e, sobretudo, explicar isso às pessoas que me queiram ouvir, ler, sem ouvidos tapados e sem vendas nos olhos!

1º A União europeia só poderia ser a expressão legítima de democracia, se fosse concebida como uma confederação de Estados livres, eles próprios determinados interiormente por leis e instituições livremente escolhidas e sufragadas pelos povos respectivos.

2º A possibilidade de democracia está definitivamente arredada por força dos tratados europeus, nomeadamente o Tratado de Lisboa, os quais arredam qualquer veleidade de se transformar «por dentro»  as regras institucionais. É impossível na prática reformar a UE! 

3º Votar «como se» tal não fosse assim, é -na verdade- dar o aval ao projecto imperial, defensor do ordoliberalismo ou neoliberalismo, na sua expressão mais pura. Seria como dar o aval a todos os recuos, que têm desapossado os povos dos seus Estados Sociais (Welfare State), em proveito de uma minoria de capitalistas que se apropriou dos bens públicos privatizados, para seu benefício pessoal, enquanto as condições de vida diminuem - sob todos os aspectos - para a massa da população.

4º É dever de honestidade dizer as coisas como elas são: se a esquerda tivesse vergonha na cara, não participava na farsa. O que acontece é que ela, tal como as outras correntes políticas - está corrompida ao nível mais fundamental de esquecer os seus princípios e objectivos base, para participar num teatro em que ela terá sempre um papel secundário, apenas para legitimar a pseudo-democracia do sistema


Conclusão: 

As pessoas, os grupos, os partidos, etc. têm de ser responsáveis. Se assumem a participação num sistema, é porque encontram nele alguma virtualidade de o reformar por dentro. 

Ora, é isso precisamente que eu contesto. É isto que está na base da contradição fundamental. Ou a UE é reformável ou não é. 
A minha análise (e não sou o único) é que - na prática - não é. Ninguém, dos diversos partidos e tendências que se dizem anti-capitalistas, na Europa, me apresentou argumentos convincentes de que eu estava errado. 

Muito pelo contrário. 
Trinta anos de Maastricht provaram que a UE era apenas o esteio de CONTRA-reformas -ou seja- o meio de provocar e facilitar a passagem de um sistema de Welfare State, para um sistema neo-liberal. 

O que é que as organizações de esquerda têm a dizer perante isto? Se são contra o neo-liberalismo, contra a política de Maastricht, etc, como podem elas se apresentar aos eleitores, dando o seu aval a esta mascarada? 

Considero que a possibilidade de democracia tem de ser exclusivamente baseada em mecanismos nacionais. É ao nível nacional que se pode debater - de forma aprofundada - os assuntos. O soberano, o povo, tem de ser perfeitamente informado dos debates e tem de saber o que seus eleitos estão fazendo. 

As relações entre os diferentes povos devem ser baseadas no respeito mútuo, no respeito pelas suas independências, pelos seus modos de gerir os respectivos Estados, não tolerando ingerências nos assuntos internos, fazendo acordos com base em vantagens recíprocas. Uma assembleia de Estados soberanos da Europa deveria estar organizada segundo o modelo da Assembleia Geral da ONU. 

domingo, 26 de maio de 2019

JIMMY CLIFF - MANY RIVERS TO CROSS

            

Jimmy Cliff é um dos inventores do que depois veio a ser conhecido, no mundo inteiro, como «Raggae». 

A sua criatividade faz dele uma lenda viva, originada nos anos 60 e 70. 

Talvez muitas pessoas conheçam "I can see clearly now" ou "The harder they come" sem saber que ele é o autor destes sucessos. 

Sua música não é «folklore», nem música «exótica». Não nos devemos enganar: ela apela ao nascimento de uma nova consciência, tem a qualidade de mensagem sentida e partilhada por milhões de pessoas. 

Letra



Many rivers to cross

But I can't seem to find my way over
Wandering I am lost
As I travel along the white cliffs of Dover
Many rivers to cross

And it's only my will that keeps me alive
I've been licked, washed up for years
And I merely survive because of my pride
And this loneliness won't leave me alone

It's such a drag to be on your own
My woman left me and she didn't say why
Well I guess, I have to try
Many rivers to cross

But just where to begin, I'm playing for time
There are times I find myself 
Thinking of committing some dreadful crime
Yes, I've got many rivers to cross

But I can't seem to find my way over
Wandering I am lost
As I travel along the white cliffs of Dover
Songwriters: Jimmy Cliff

Many Rivers to Cross lyrics © Universal Music Publishing Group


sexta-feira, 24 de maio de 2019

UMA EXPLOSÃO DE VIDA... THE ANIMALS

Uma explosão surgiu nos idos anos 60, os míticos anos 60: eu recordo-me de ter visto estes senhores num espectáculo ao vivo, em 66, no então Teatro Monumental em Lisboa.


Compreende-se que tal explosão tenha exercido um efeito muito forte nos neurónios adolescentes; porém, hoje, interrogo-me: 

- Por que razão não encontro a mesma força, a mesma criatividade, nos grupos e cantores de hoje, 50 anos depois? Não consigo compreender! 

- Ou estou completamente caduco e incapaz de apreciar jovens talentos por aquilo que valem, ou realmente houve uma explosão nos anos sessenta e ficámos, durante este meio século, a viver e reviver do ribombar, dessa explosão inicial!?

Fiz uma difícil selecção das 3 canções que mais gosto, mas admito que inicialmente queria colocar, pelo menos, uma dúzia delas para cobrir - aproximadamente - a enorme gama de criatividade e talento deste grupo. 
Mas, afinal de contas, é melhor ser o leitor/auditor a pesquisar e escolher o seu álbum de «O melhor dos Animals»!







                                          




                                         

A GUERRA COMERCIAL, O PONTO DE VISTA CHINÊS (E MEU COMENTÁRIO)


Foi com grande interesse que li o artigo do South China Morning Post, Donald Trump’s trade war and Huawei ban push China to rethink economic ties with US 

https://www.scmp.com/economy/china-economy/article/3011319/donald-trumps-trade-war-and-huawei-ban-push-china-rethink

                      A Chinese diplomat in Pakistan tweeted this picture of an apple, sliced to look like the Huawei logo, in a series of social media posts on Tuesday defending the tech company. Photo: Twitter 
                     [foto de maçã cortada, simulando o logo da Huawei]

Este artigo estimulou-me a redigir as considerações seguintes:

Quanto a mim, a guerra comercial dos Estados Unidos com a China estava programada pela equipa de Trump (incluindo Bannon, mesmo que este já não tenha uma posição oficial na Casa Branca): a prisão em Vancouver (Canadá) e as acusações (com pedido de extradição) contra a directora financeira Meng Wanzhou não foram coincidências infelizes, foi tudo programado para ocorrer PRECISAMENTE durante o G20 (1 Dez de 2018). 

Por outro lado, o avanço da tecnologia 5G chinesa, faz com que não seria possível uma empresa ocidental, mesmo a mais forte, obter uma fatia dominante do novo mercado, caso houvesse uma competição «saudável» entre empresas. A Huawei está muito mais avançada que as suas concorrentes no que toca à tecnologia 5G, o que aliás é reconhecido pelos especialistas ocidentais. 

Finalmente, a obsessão da política americana actual em fazer com que as empresas voltem para o solo americano, para que se re-industrialize o país, só pode ser conseguida através dum corte dramático, duma interrupção da economia mundializada, globalizada, funcionando segundo as regras da OMC. 
Tudo se passa como se os americanos descobrissem finalmente, com espanto, como os chineses souberam tirar partido da globalização, desenvolveram uma inteligente estratégia para penetrar os mercados mundiais com seus produtos e desenvolveram infraestruturas em numerosos países (as Novas Rotas da Seda).

Penso que o desenvolvimento da China é irreversível, no médio prazo. Podem existir alguns atrasos, mas são ultrapassáveis. Pelo contrário, a possibilidade dos EUA se manterem como potência hegemónica, que dita a sua lei às outras, acabou. 
Agora, os EUA estão a jogar para manterem dentro da sua esfera uma parte do mundo (o Ocidente), cercando-a e proibindo-a de fazer negócios ou comércio com as outras potências, que não estão para se sujeitarem à vassalagem.

No fundo, isto insere-se na lógica de Washington em criar uma nova guerra fria mas, em vez da «cortina de ferro», teríamos um «cinto de castidade de ferro», com ameaças de sanções económicas, e até ameaças militares, para aliados recalcitrantes, que teimem em manter boas relações com o lado proibido. 

Repare-se que tudo o que se passa agora com a China, não é inédito. 
Foi o que, de certa maneira, se passou com o golpe na Ucrânia, na origem do esfriar das relações entre a Rússia e os países da Europa ocidental: estes tiveram de fazer, sob mando dos EUA, uma guerra de sanções económicas, para sua desvantagem. 
Depois, agravaram-se ainda mais as relações entre os EUA e a Rússia, com a denúncia do tratado sobre mísseis intermédios; aqui de novo, a Europa é a grande vítima da situação pelo aumento de riscos de deflagração de guerra nuclear no seu solo. 
O mesmo raciocínio vale para a retirada dos EUA do acordo do nuclear civil com o Irão, envolvendo várias potências, incluindo europeias, a colocação de sanções contra o Irão, etc. 

Tudo isto ocorre sob a batuta dos neo-cons. Estes dominam completamente o presidente Trump, na esfera da política externa. Terão feito com ele um acordo informal, em como o poupavam ao «impeachment» e, em contrapartida, ele seguia as directivas deles, em matéria de política externa.

Creio que, a um nível mais geral, os EUA não podem aspirar a mais do que uma nova versão do tratado de Tordesilhas. Isso significa que os EUA, a Rússia e a China têm de chegar - mais cedo ou mais tarde - a um acordo. 
Os EUA terão o domínio incontestado do Ocidente (Europa ocidental e Continente Americano). A Rússia e a China terão suas esferas de influência no Extremo Oriente, Ásia central e Europa oriental. 
Além disso, haverá uma maior fluidez na circulação de mercadorias (livre-trânsito) ao longo das rotas terrestres e marítimas que ligarão as várias partes do super-continente euro-asiático ...