A IIIª Guerra Mundial tem sido, desde o início, guerra híbrida e assimétrica, com componentes económicas, de subversão, desestabilização e lavagens ao cérebro, além das operações propriamente militares. Este cenário era bem visível, desde a guerra na Síria para derrubar Assad, ou mesmo, antes disso.

domingo, 3 de junho de 2018

CONCERTO PARA CLARINETE K. 622 DE W.A. MOZART


Uma das últimas obras instrumentais de Mozart, estreada por seu amigo Stadler em Praga, em 16 de Outubro de 1791, apenas dois meses antes da morte do compositor. 

Este concerto é de estrutura muito clássica. Porém, o charme na melodia do solista, a sua aparente espontaneidade, fazem dele um dos meus preferidos concertos mozartianos. 
O original desta peça terá sido escrito para clarinete baixo: foram tentadas várias reconstituições da forma inicial do mesmo, partindo de tal hipótese, visto que o manuscrito de Mozart não é conhecido.

A interprete solista, Arngunnur Árnadóttir, é excelente! Está acompanhada pela orquestra sinfónica da Islândia, sob direcção do maestro Cornelius Meister



sábado, 2 de junho de 2018

UM GENE ESPECÍFICO RESPONSÁVEL PELA EXPANSÃO CEREBRAL



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Nos dias de hoje, saturados com notícias sensacionalistas, que supostamente dão uma informação sobre os progressos em biologia, é difícil de não se cair no cepticismo. Porém, algumas descobertas transportam a marca do que se pode designar - sem exagero - de pequenas revoluções no conhecimento da biologia evolutiva. 


É o caso de um gene, especificamente humano, que se designa por NOTCH2NL. Possui a propriedade de retardar a vinculação das células cerebrais, no caminho da diferenciação  em direcção ao estado de neurónio. Ou seja, graças à actividade deste gene uma linhagem celular vai ficar mais tempo no estado indiferenciado, na forma de células estaminais. Ora, as células estaminais vão continuar a dividir-se e dar origem a novas células. Temos assim um mecanismo de diferenciação que é atrasado, retardado, na espécie humana, por comparação com o que se passa nos tecidos equivalentes dos símios, os quais não são possuidores deste gene activo. Assim, certas zonas do cérebro humano - córtex frontal, nomeadamente - continuam mais tempo em divisão activa durante a gestação, comparativamente aos nossos primos símios. 

Esta diferença explica uma parte do aumento da massa cerebral, que se observa justamente a partir da bifurcação que deu origem ao género Homo. 
Outra parte, deve-se a um complexo de causas e consequências, um mecanismo de selecção, em que o surgimento de seres dotados de maiores cérebros, correspondia a comportamentos mais aptos à sobrevivência; o que, por sua vez, permitia a perpetuação desta característica nas gerações seguintes.

Os autores desta importante descoberta fazem notar que o surgimento deste gene poderia ter ocorrido (por reparação de genes similares) em qualquer momento da evolução dos primatas. Mas esse acontecimento terá ocorrido, segundo estudos da divergência de sequências de ADN, há cerca de 4 milhões de anos. Foi nessa altura, na origem deste gene, que se iniciou a divergência evolutiva entre os símios antropoides (chimpanzés, gorilas, etc) e a linhagem ancestral de todo o género Homo.

Outra curiosidade importante deste estudo, foi a relocalização do gene, noutro ponto do genoma humano. Estava mapeado noutro sítio do genoma humano, que não aquele onde ele efectivamente se encontra. 
Ora, a sua verdadeira localização é extremamente interessante, pois é a zona onde ocorrem  genes associados a macrocefalias e microcefalias, mas igualmente genes envolvidos nas doenças do desenvolvimento cognitivo, como o autismo e outras patologias. 
O gene NOTCH2NL pode ser sujeito a deleção ou duplicação, originando anomalias por si próprio ou pode sua alteração ser causadora de perturbação no seu entorno, na expressão doutros genes.  



sexta-feira, 1 de junho de 2018

FIM DO GOVERNO RAJOY: INSTABILIDADE POLÍTICA À VISTA

                    

Rajoy foi «corrido» do posto de presidente do governo, horas depois do tesoureiro do partido PP ter sido incriminado no escândalo de corrupção. Foram desvendados os mecanismos pelos quais industriais vertiam avultadas somas para os cofres do partido, através de esquemas como a sobre-facturação de serviços durante as campanhas eleitorais e também dinheiro líquido directamente entregue para as campanhas locais e regionais.
O parlamento (as cortes), ao subscrever maioritariamente o voto de não-confiança proposto pelos socialistas, designou o secretário-geral do PSOE, Pedro Sanchez. 
Mas esta maioria circunstancial dificilmente se irá transformar numa maioria operacional: não apenas as negociações do PSOE com o PODEMOS se anunciam complicadas, como também os partidos  regionalistas do País Basco e da Catalunha, irão fazer uma máxima pressão para obterem, em troca do seu voto na câmara, uma maior autonomia.
A economia da  UE, depois do abalo italiano, sofre agora outro factor político de instabilidade. 
O Euro desceu imediatamente em relação às outras moedas, em particular, o dollar. 
É previsível que o BCE (ECB), em vez de desacelerar o programa de compra de activos como tinha anunciado, vá manter - ou mesmo reforçar - a compra de obrigações soberanas italianas  e espanholas.

DEUTSCHE BANK oficialmente reconhecido como banco «com problemas»

                         

Conforme Martin Armstrong aponta muito claramente no seu artigo, o problema da consolidação das contas do DB é insolúvel dentro do sistema instaurado pelo Euro. 


             
                   [descida brusca das acções do DB]


O problema principal do DB é a excessiva exposição a derivados (exposição num montante muito maior que o próprio PIB da Alemanha!).
Com efeito, a excessiva alavancagem em relação a derivados, neste banco global, torna inviável um «bail in». Ou seja, a utilização de activos dos accionistas e dos depositantes do próprio banco para tapar o buraco não serviria, neste caso. 
Restava a fusão, mas esta não é viável com o outro grande banco alemão (Commerce Bank), justamente pela quantia excessiva de capital em risco, investido em derivados, que o DB iria trazer como «dote». Quanto à fusão com outro mastodonte bancário europeu mas não alemão, com o BNP francês por exemplo, ela seria mal vista, por uma questão de nacionalismo (embora o capital não tenha pátria, como bem sabemos!).
A UE está metida numa série de becos sem saída e já ninguém sério se atreve a vaticinar-lhe um «grande» futuro. Nem sequer se sabe muito bem como irá ultrapassar a actual borrasca da transformação política em Itália e a mais que provável colocação em referendo da retirada do Euro.
O sistema do Euro poderia ter sido viável, segundo Armstrong, se - desde o princípio - tivessem sido mutualizadas as dívidas de cada país da zona Euro. 
Tal faria com que houvesse uma base de confiança suficiente na moeda, viabilizando a caminhada para um sistema fiscal unificado, assim como condições comuns de operação das empresas (legislação referente a contratos de trabalho, legislação de concorrência, do ambiente, etc...).
Contra toda a lógica, mas com toda a ganância, os grandes empórios que pilotaram a transição para o Euro queriam «tudo para as empresas e nada, ou quase, para os trabalhadores e para os bens comuns, investimento social, etc». 

Pena que sejam os mesmos de sempre a pagar as «vistas curtas» e os fracassos decorrentes NA CONSTRUÇÃO DE UM MODELO INVIÁVEL À PARTIDA E CUJO DESFECHO FOI PREVISTO POR MARTIN ARMSTRONG! 

quinta-feira, 31 de maio de 2018

JOHN LENNON - (JUST LIKE) STARTING OVER




(Just Like) Starting Over

Our life together is so precious together
We have grown - we have grown
Although our love is still special
Let's take our chance and fly away somewhere alone
It's been so long since we took the time
No one's to blame
I know time flies so quickly
But when I see you, darling
It's like we both are falling in love again
It'll be just like starting over, starting over
Everyday, we used to make it love
Why can't we be making love nice and easy?
It's time to spread our wings and fly
Don't let another day go by my love
It'll be just like starting over, starting over
Why don't we take off alone?
Take a trip somewhere far, far away
We'll be together on our own again
Like we used to in the early days
Well, well darling
It's been so long since we took the time
No one's to blame
I know time flies so quickly
But when I see you darling
It's like we both are falling in love again
It'll be just like starting over, starting over
Our life together is so precious together
We have grown, hm, we have grown
Although our love is still special
Let's take our chance and fly away somewhere
Starting over
Oh oh oh oh oh
Ah ah ah


(Será Como) Começar de Novo

Nossa vida a dois é tão preciosa juntos
Nós crescemos - nós crescemos
Embora nosso amor ainda seja especial
Vamos nos arriscar e voar a sós para algum lugar
Faz tanto tempo desde que nós aproveitamos o tempo
Nenhuma pessoa para culpar
Eu sei que o tempo voa tão rápido
Mas quando eu a vejo, querida
É como se estivéssemos nos apaixonando novamente
Será como começar de novo, começar de novo
Todos os dias, nós tornávamos isto o amor
Por que não podemos fazer o amor agradável e fácil?
Está na hora de abrir nossas asas e voar
Não deixe outro dia passar por meu amor
Será como começar de novo, começar de novo
Por que nós não decolamos sozinhos?
Fazer uma viagem para algum lugar bem longe
Nós estaremos juntos por nossa conta de novo
Como nós fazíamos antigamente
Bem, bem, querida
Faz tanto tempo desde que nós aproveitamos o tempo
Nenhuma pessoa a culpar
Eu sei que tempo voa tão rápido
Mas quando eu a vejo, querida
É como se estivéssemos nos apaixonando novamente
Será como começar de novo, começar de novo
Nossa vida a dois é tão preciosa juntos
Nós crescemos, é, nós crescemos
Embora nosso amor ainda seja especial
Vamos dar uma chance e voar para algum lugar
Começar de novo
Oh, oh, oh, oh, oh
Ah, ah, ah

quarta-feira, 30 de maio de 2018

ITÁLIA: GOLPE PRESIDENCIAL, SOB ENCOMENDA DA NATO E UE

Na Itália, nada será jamais como dantes.

                                   Resultado de imagem para Five Star Movement (M5S)

 O governo em formação - resultante da coligação de dois partidos eurocepticos, reunindo larga maioria - tinha um primeiro-ministro escolhido pelos dois partidos (M5S e Lega) e estava praticamente completado. O ministro das finanças indigitado - Paolo Savona - tinha, no passado, mostrado uma posição crítica em relação às políticas da UE. Foi este o pretexto para o presidente da república, Sergio Mattarella, recusar empossar o governo. Um pretexto, pois, na realidade, aquilo que doía mais aos imperialistas e seus lacaios era a independência dos dois partidos constituintes do governo - Lega e M5S. Eles tinham uma posição de repúdio em relação à política de sanções dirigidas contra a Rússia. Ora, estas não poderiam manter-se, caso a Itália se recusasse a apoiar a sua continuidade; elas não poderiam ser mantidas pela UE, pois era requerida unanimidade. 
A política de submissão ao imperialismo dos EUA tem sido tal, que os governos, apesar de saberem que as sanções contra a Rússia não têm qualquer justificação e que dão um prejuízo muito real para as economias dos respectivos países da UE, ainda assim não hesitam em renová-las com medo de causarem uma ruptura ao nível da NATO. 
São governos submissos ao Império, não são sequer governos que representam a vontade popular. Todas as camadas da população estão maioritariamente contra as sanções. 
Isso não sobressai com maior evidência porque a media corporativa está totalmente ao serviço dos interesses belicistas. 
Veja-se a forma como ela relatou a situação rocambolesca de envenenamento (?) dos Skripal, atribuindo «a culpa» automaticamente à Rússia. O mesmo, em relação a um simulacro de «ataque químico» na Síria, fabricado pelos «capacetes brancos», mas que foi pretexto para bombardeamentos com mísseis, por parte dos EUA e da França...  Mas o que a media corporativa já não consegue esconder, é o enorme descontentamento dos empresários alemães e agora dos franceses também

Penso que esta situação italiana é de uma grande perigosidade. 
Os que estavam por detrás da decisão do presidente italiano e o induziram a tomar essa decisão, sabiam o que isso significava: haveria novas eleições e, caso elas decorressem normalmente, haveria uma maioria ainda maior, constituída pelos que rejeitam o controlo da UE sobre a política interna e externa italiana. 
O povo italiano não se irá deixar enganar. Com certeza, compreende que querem retirar-lhe - através de manobras de bastidores - o seu direito de escolha do governo, de acordo com a sua preferência política. 
O mais preocupante é que, se os que arquitectaram este golpe palaciano sabem isto tão bem como nós, então - logicamente -pretendem desestabilizar e fabricar um evento de «falsa bandeira», como pretexto para a subversão completa da democracia parlamentar em Itália.
Não esqueçamos que os eurocratas são capazes de tudo para a manter as aparências duma ficção de «União» Europeia, quando - em boa verdade - se trata de um projecto falido e sem conserto possível.

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INFOGRÁFICO: o peso relativo das economias

           

segunda-feira, 28 de maio de 2018

CIMEIRA KIM - TRUMP: HAVERÁ, NÃO HAVERÁ?

                       US officials in talks with North Korea over Trump-Kim summit – State Department
     [soldado sul coreano, fotografado no local de reuniões na linha de separação norte-sul coreana, em Panmunjom]

Decididamente, Kim Jon Un tem-nos habituado a sensações fortes, a voltefaces inesperados, a jogos diplomáticos subtis... tudo no oposto da pesada máquina da «diplomacia» americana, que apenas sabe jogar com o registo da ameaça da força bruta, militar, para vergar as outras potências, aliadas inclusive.
As afirmações de Pence estão na origem de um incidente diplomático, duma atitude de repúdio muito compreensível, expressa por uma ministra do governo Norte Coreano, portanto, para tomar como um aviso muito sério.  Em substância, o vice-presidente dos EUA, em entrevista televisiva, afirmou que a «solução líbia» (ou seja, o invadir, arrasar e assassinar o presidente) era a opção, caso as conversações de paz não chegassem a bom termo. Isto numa altura em que as diplomacias dos dois países se ocupavam com os pormenores para a cimeira Trump - Kim. 
Não há dúvida que Pence é um instrumento dócil do «Estado profundo» dos EUA, tanto mais que, na abertura dos jogos olímpicos de inverno, na Coreia do Sul há apenas alguns meses, tinha feito declarações muito ofensivas, pouco diplomáticas, até uma total ausência de cortesia para com a Coreia do Sul, ao comentar de forma provocatória os contactos exploratórios e a aproximação «olímpica» entre as duas Coreias.

Estes episódios rocambolescos que antecedem a famosa cimeira não devem dar qualquer ilusão de que é neste cenário que coisas importantes se vão decidir. Quando a cimeira ocorrer, se tiver lugar, tudo já estará tratado. Mesmo  assim, vai ser importante para Trump, como um golpe de publicidade para a sua capacidade na arena internacional e para Kim, como consagração do regresso (se é que jamais lá esteve) aos circuitos «normais» da diplomacia e da abertura da Coreia do Norte a um diálogo  com a República Sul Coreana...

Nos EUA  - e, mesmo, na Coreia do Sul - não são poucas as forças que desejam e apostam no fracasso destas iniciativas de paz. 
A guerra é o seu sustento: Literalmente, no caso dos fabricantes de armas e seu poderoso lobby; mas indirectamente, em relação a todos os que, quer sejam democratas, quer republicanos, têm feito a sua carreira em torno da reactivação da Guerra Fria. 
São estas as pessoas que fazem parte do «Estado profundo» (altos funcionários da CIA, NSA, Pentágono, Departamento da Defesa...), ou que por ele se deixam manipular. 
Pence, embora vice-presidente de Trump, mais parece um vice-presidente do «Estado profundo». É um actor secundário, mas ficámos a saber - pela sua própria boca - como é que seria - ao nível das relações internacionais - a «presidência Pence», caso ocorresse algo ao actual presidente (morte súbita, assassinato, impeachment...). 

Curiosamente, nos EUA, maior potência mundial, as políticas externas são ditadas - numa larga medida - pelas intrigas da política interna. Não existe visão geoestratégica de largo alcance, ao contrário do que seria de esperar, de quem pretende guardar para si a hegemonia mundial.