quarta-feira, 26 de outubro de 2016

HOJE, COMO SEMPRE ... MOZART!


Mozart - Piano Concerto No. 21 in C, K. 467 







Perante a estupidez humana, não há nada a fazer, senão observar com nostalgia as raras instâncias em que o espírito humano se uniu com a divindade e ser paciente.

Na época em que vivemos, a loucura suicida dos humanos excede tudo o que se possa dizer ou pensar. Só resta o refúgio da arte. Para mim este refúgio ainda existe, espero sinceramente que possa abrigar também o leitor/auditor.

A alegria, a tristeza, o entusiasmo e a nostalgia, tudo isso se exprime de dentro destas notas musicais que Mozart nos legou.

Serei parcial, mas paciência... Nunca - penso eu - a música terá atingido cumes mais altos que nas obras do mago de Salzburgo.

O que distingue o génio, do simples engenho?

- A música transporta em si sentimentos, para além das óbvias sensações auditivas. Ou seja, a música é moral. Não se limita a sensações físicas. Então, o génio consegue transportar-nos para um universo de sentimentos e não apenas nos transmite sensações físicas. 
Porém, uma música que apenas resulta do engenho, pode transmitir sensações muito prazenteiras; mas não passa disso...

terça-feira, 25 de outubro de 2016

CRÓNICA DE UM CRIME SILENCIOSO


 A História da Segurança Social, a peça central do funcionamento do chamado Estado Social, é desconhecida da maior parte das pessoas. Mesmo as pessoas com uma formação cívica e política relativamente elevada têm falhas gritantes a esse nível, tão essencial para a compreensão da nossa História coletiva. Certamente não sou a pessoa mais indicada para retraçar essa História, que se poderia fazer iniciar muito mais cedo, mas que em termos práticos, nos países da Europa ocidental e América, se pode situar no pós-II Guerra Mundial.

Nestes países, quer fossem vencedores, quer vencidos, ou mesmo «neutrais» como Portugal, houve uma transformação das relações de trabalho e da relação dos cidadãos com o Estado. Já não era possível o Estado ser indiferente ao que se passava com os trabalhadores, com os pobres, com os doentes e inválidos, com os idosos. O chamado Estado Social foi a resposta do «Ocidente» ao perigo vermelho, ou seja, ao efeito sedutor da propaganda do socialismo «real» nos países do bloco de Leste, conferindo direitos e condições de proteção social inauditas do lado de cá da «cortina de ferro».  

Houve negociação com os sindicatos sobre toda uma série de assuntos, criando-se uma ideia de «parceria»: o conceito de que os parceiros sociais poderiam entender-se, numa sociedade onde o patronato e os trabalhadores teriam interesses contraditórios, por vezes, mas compatíveis. O papel de «conciliador» caberia ao Estado e seus representantes vistos como neutros, como «fiel da balança», etc. Esta ficção convinha a uns e a outros, impedindo uma viragem dos trabalhadores para uma visão revolucionária, contentando-se estes em reivindicar dentro do quadro institucional.

Esta política só começou a sofrer fraturas quando houve uma série de crises sistémicas que abalaram a visão interclassista de «coesão nacional». Esse período ocorreu na década que vai de 1968-69 a 1978-79, variando os momentos agudos de país para país, mas no geral, em quase todos os países do «Ocidente» (e mesmo, vários países do Pacto de Varsóvia) houve momentos de grande desestabilização política e social nessa década.
A resposta do capital internacional, que saiu vitorioso do confronto, foi logo a partir de 1980 e não se fez esperar: desmantelamento programado do «Estado Social», mas peça por peça… para não gerar convulsões.

Em Portugal, com o 25 de Abril de 1974 houve, não só uma revolução política, como também foram desmanteladas fatias importantes do tecido produtivo. 

- O país foi acumulando défices, que eram preenchidos, nos orçamentos sucessivos, com receitas da Segurança Social, através de «empréstimos» mais ou menos avultados, a juro muito inferior ao dos mercados. A reposição destas verbas forçadamente emprestadas, era tardia e como o juro era irrisório, isso equivaleu a uma descapitalização dos fundos próprios durante dezenas de anos. Recorde-se que, nalguns anos, as taxas de inflação eram acima de 10 %; isto foi um dos fatores mais importantes para socavar a sustentabilidade do modelo de Segurança Social, herdado do regime de Salazar-Caetano. 
- O outro fator foi a destruição programada (pela entrada na então CEE) dum tecido produtivo frágil, mas do qual dependia a sobrevivência da população portuguesa: destruição da agricultura, das pescas, da pequena e média indústria. Os grandes interesses financeiros/industriais e as grandes «coutadas» agrícolas reapareciam, mas numa perspetiva de saque, pondo os despojos a salvo em «offshore», protegidos do olhar intencionalmente míope dos governos …

A proporção capital/trabalho, no que toca à sustentação do Estado, é completamente desequilibrada neste país. Existe também esse desequilíbrio noutros países; também noutros países as classes mais abastadas conhecem e usam todas as artimanhas para diminuir legalmente impostos ou praticam fraudes. Mas aqui, em Portugal, o que o Estado extrai sob forma de impostos, dos que trabalham ou trabalharam, para alimentar o orçamento, é sem dúvida muito mais,  proporcionalmente.

Costumo dizer que o Estado Português sujeita o povo trabalhador a um regime de impostos de nível semelhante ao da Suécia. Porém, para nosso infortúnio, a qualidade dos serviços que o Estado presta em retorno aos cidadãos não corresponde - em nada - à do povo sueco! Em qualidade de serviços públicos, a população portuguesa pode realisticamente ser colocada ao nível do «Terceiro Mundo».
Na verdade, o Estado impõe esse pesado nível de impostos áqueles que não podem fugir, fazendo a retenção obrigatória do IRS (Imposto sobre Rendimento de Singulares) nos salários e pensões, tendo aí a base de sua receita. 
A partir daí, não faz muito esforço para ir buscar os impostos às empresas, aos acionistas, em especial à banca. Porém, em caso de insolvência, os empresários e banqueiros podem contar com a mão amiga do Estado, que irá recapitalizar – com os nossos impostos- os bancos descapitalizados e mal geridos. É o modelo «assistencial» (ou «Welfare State») para os ricos e o capitalismo mais inflexível para os pobres, em toda a sua plenitude.

O povo e os trabalhadores deste país devem tomar consciência de que a Segurança Social é deles: Só poderão recuperar alguma dignidade e segurança económica se não permitirem que o fruto do seu trabalho seja «gerido» por alguns incompetentes ou criminosos, que nunca lhes prestam contas, que não lhe devolverão nunca o devido!  
A gestão da segurança social pelos próprios trabalhadores é possível: ela foi a base do modelo, em vários países ocidentais, com participação dos sindicatos, associações de reformados, etc. 
Em Portugal, as «Caixas de Previdência» do regime fascista de Salazar estavam nas mãos das «câmaras corporativas» e portanto, nunca poderiam estar sob controlo dos trabalhadores. 
Lamentavelmente, aquando do 25 de Abril e anos subsequentes, perdeu-se a oportunidade das «Caixas de Previdência» serem geridas pelos trabalhadores, através de seus legítimos representantes.
Houve preocupação de manter este manancial de dinheiro nas mãos de quem detivesse o poder político, o governo. Os responsáveis da Segurança Social foram nomeados sempre pelo poder político vigente, nunca foram eleitos pelos trabalhadores e reformados.

Para se conseguir mudar algo de significativo, terá de haver uma mudança profunda na maneira como a população encara estes assuntos. A população portuguesa está muito alheada, para não dizer alienada do que se passa.
Ela terá de compreender que - de facto - a Segurança Social não é parte do governo, não é um ministério. Ela deveria ser devolvida ao povo, não privatizada, mas sim gerida por iniciativa e com participação do povo (através de sindicatos e outras associações). A Segurança Social, na verdade, é pertença dos trabalhadores ativos e reformados portugueses, tal como os capitais por ela geridos. 




segunda-feira, 24 de outubro de 2016

ESTRATÉGIAS GLOBALISTAS

A economia mundial está em estado muito mais grave agora do que há 8 anos.

A crise financeira foi «curada» graças a uma impressão monetária, sem contrapartida de quaisquer acréscimos de riqueza real. Os que tiveram o privilégio (os grandes bancos, essencialmente) de obterem dinheiro grátis, fornecido pelos bancos centrais, ou colocaram esses excessos de liquidez a render nas contas dos próprios bancos centrais, obtendo assim um juro, pequeno, mas sem qualquer risco, ou fizeram apostas muito arriscadas, nomeadamente em derivativos, seguros de que tinham as costas quentes graças ao estúpido princípio de que há «bancos demasiado grandes para falirem».
Este princípio é afinal uma distorção monstruosa do capitalismo, pois permite que os maus investimentos, as más apostas, sejam protegidas de falência, com prejuízo de toda a sociedade, que é obrigada, sem qualquer contrapartida, a suportar os erros dos «cavaleiros de indústria», dos «senhores da finança».
Ao contrário do que autoproclama (de ser um «estímulo à economia») esta política tem o lastimoso resultado de destruir capital acumulado. Que acontece quando se joga uma determinada quantia de capital, um dado investimento e não se permite que falhe? O sinal para os investidores é a «impunidade» de tal investimento, a possibilidade de ganhar, sem o inconveniente de perder. Assim, a quantidade de capital desperdiçado, aplicado em maus projetos, que normalmente não deveriam estar a ser financiados, vai crescendo.
As sucessivas bolhas, nos setores imobiliário, nos empréstimos aos estudantes, na aquisição de carro e nos créditos diversos ao consumo em geral, vão crescendo, e aumenta o número e volume de créditos malparados, sendo que quando existe um crédito que não é honrado, do outro lado está alguém que perde o seu investimento.
Infelizmente, o mais vulgar, no contexto presente, é o perdedor ser o Estado! Nós, os contribuintes, somos realmente os emprestadores de último recurso.
Enquanto isto acontece, a dívida soberana dos Estados vai crescendo, sem quaisquer sinais de inversão de tendência, nem mesmo de abrandamento.
A maior bolha de todas é a bolha das obrigações soberanas (dívida pública) dos diversos Estados. Apesar de pesados, os juros da dívida são suportáveis, porque os bancos centrais (nomeadamente, o BCE) compram uma parte da dívida soberana, fazendo assim baixar os juros da mesma.
No Japão, há mais tempo que é seguida tal política pelo Banco Central, a cada emissão de dívida: o Banco Central japonês é comprador na ordem de 90% dos títulos...
Quanto à percentagem de dívidas emitidas pelos Estados membros do Euro, que são compradas pelo BCE, é da ordem de 50%.
Tal comportamento dos bancos centrais é totalmente anátema em termos de ortodoxia neoliberal, visto que é uma intervenção intempestiva, distorcendo o mercado. Mas o desplante não se fica por aqui, pois o BCE e bancos centrais de vários países decidiram adquirir obrigações de empresas e estuda-se a hipótese de intervir nas Bolsas de ações
O termo «Capitalismo de Estado» foi utilizado noutros contextos, mas não para designar a ação dos bancos centrais dos países capitalistas; porém, o referido termo aplica-se muito bem agora!
 Quem são as vítimas? São as pessoas comuns dos diversos países, que vêm a qualidade e disponibilidade dos serviços públicos a descer porque não têm financiamento adequado.
Por outro lado, os governos e poderes públicos não efetuam os investimentos em infraestruturas que poderiam arrancar a economia do marasmo, desde a crise financeira de 2008, que nunca foi superada.
Além disso, quando as pessoas põem de lado algum dinheiro, são castigadas, não apenas com uma taxa de juro muito inferior à taxa de inflação, mas já com taxas de juro negativas, ou seja, são obrigadas a pagar para terem o dinheiro no banco.
Paralelamente a este cenário, que desincentiva a formação de capital, pelo desincentivo constante à poupança, querem banir as transações em numerário («justificada» com o falso pretexto do branqueamento do dinheiro de negócios criminosos…).  Todas as transações seriam eletrónicas.
Assim, o Estado e o banco têm toda a possibilidade de saber - até ao pormenor- da vida de cada um, sem possibilidade de qualquer privacidade, como também e sobretudo viabilizam os juros negativos; de outro modo, ninguém quereria ter o dinheiro no banco… No fundo, trata-se da política de «bail in» permanente só para as pessoas comuns, que não podem parquear os seus capitais em paraísos fiscais …
Quando os juros das obrigações do tesouro subirem, quando retomarem valores mais próximos do normal, o que vai acontecer?
- Muitas falências vão ocorrer, cortarão de maneira mais impiedosa ainda as verbas para gastos sociais, para poder pagar-se os juros da dívida. Uma enorme quantidade (estima-se em múltiplos do PIB global!) de derivativos vão ser acionados, agravando a espiral recessiva.
Ou seja, está a construir-se o cenário para uma falha catastrófica no sistema financeiro e económico, sabendo-se muito bem que existe esse risco, mas ocultado do público.
Conclusão: em desespero, o que eles temem, os responsáveis globalistas de todas estas loucuras, é que as pessoas compreendam quem levou a economia mundial a esta situação.  
Para eles, é uma «saída» desencadear uma 3ª guerra mundial, para ocultar as causas do enorme colapso financeiro que vem aí.  
O colapso é inevitável, porém, se houver uma guerra mundial, as oligarquias globalistas poderão «culpar» a guerra como causa do colapso e não recairá sobre eles o odioso da situação.
Além disso, esperam «desbastar» de humanos um planeta «sobrepovoado» e assim, refazer o Mundo à sua medida, quando saírem dos seus bunkers.
Pode o leitor estranhar que esta seja a visão dos elitistas, porém, em várias ocasiões, aquando de encontros, como de Davos ou do Clube de Bilderberg, ou até através da média ao serviço, é este o cenário que tem transparecido.
Eles decidiram que a «Nova Ordem Mundial» será a deles. Para construir algo de novo é necessário destruir o antigo. É nisso que estão apostadas as «elites».

Tal mudança não poderá ter lugar sem «algo» que mude a face do Mundo. Esse «algo» é a guerra, com todos os seus horrores. Isso não importa para eles. A loucura deles, dos sociopatas que nos governam, é para ser levada a sério, pois são demasiado poderosos e são destituídos que qualquer compaixão.

sábado, 22 de outubro de 2016

CONSTRUIR O MOVIMENTO PELA PAZ


Num contexto de horrível desacerto mundial, que se traduz por centenas de milhares de mortos, milhões de feridos e dezenas de milhões de refugiados, qual o propósito de se intervir dentro de sociedades abúlicas, apenas centradas nos seus prazeres hedónicos, completamente egoístas, incapazes de traçar as origens dos males às suas próprias chefias e ao indiferentismo das massas e à sua cobardia, também? 

Penso que é sempre necessário - agora, muito mais - firmar uma posição ÉTICA, ou seja, a posição com a qual nós nos identificamos profundamente, aquela que deveria estar, não apenas nas palavras, mas também nos atos dos nossos dirigentes. 

Ora, uma posição ética deve começar pela denúncia, pelo desmascaramento, mas não deve confinar-se a isso. A denúnica permite uma tomada de consciência da cidadania. Mas, isso apenas pode ocorrer, caso a cidadania já esteja previamente imbuída de valores humanistas, repudiando demagogias, com sua capacidade própria de consciência crítica. 

A denúncia dos crimes de guerra, sobretudo dos que são perpetrados pelos «NOSSOS» governos, exércitos e agentes é - sem dúvida - algo que se deve continuar a fazer, com a força serena da consciência, da justiça, do humanismo. 

Mas, a «opinião pública» está tão amestrada, tão abúlica que os poderes já nem precisam de suprimir os «dadores de alerta»: apenas, fazem com que eles sejam desacreditados por uma média inteiramente ao seu serviço.
A média tem mostrado que se preocupa apenas com «que origem» e «como» veio a público a informação escandalosa e incriminadora para os poderes. Nunca discute o próprio conteúdo dessa informação. 

Assim, eles, os que controlam a média corporativa, fazem com que em vez do político corrupto, seja o «dador de alerta» a ficar desacreditado no tribunal da opinião pública, torna então possível que não exista empatia por parte do público em relação a ele. 

Algumas vezes, felizmente, eles falham nos seus propósitos, pois o público está cada vez mais simpatizando com esses dissidentes, para grande susto dos poderosos. 

Porém e apesar do que se afirmou acima, os poderosos sociopatas e psicopatas que nos governam, têm conseguido defletir o debate daquilo que seria «mortal», em termos de sua própria imagem pública. 

Por exemplo, em vez de se discutir os crimes de Hillary Clinton, principalmente os que praticou aquando da sua passagem pelo Governo (nomeadamente, aquando da expedição criminosa contra a Líbia e suas consequências), discute-se se a fuga de informação foi uma «piratagem» por «hackers russos» ou teve outra origem... 

Este típico processo ocorreu com outros atores da política, nos EUA e em muitos outros países: não pretendi aqui somente discutir o caso patológico da Hillary Clinton.

Evidentemente, esse truque funciona porque a massa já está fortemente condicionada pela média: são infelizmente demasiados aqueles que se deixam embalar pelas conversas das «versões oficiais» dos factos... chamando «teorias da conspiração» a tudo aquilo que demonstra a inanidade dessas mesmas «versões oficiais», cheias de cortes e remendos...

Mas, entretanto, numa escala não menos grave, as Constituições são feitas em pedaços, os próprios mecanismos de funcionamento do Estado, as Leis, os Parlamentos, são transformados em «bobos», mas tudo isso na maior indiferença das massas. Se as pessoas leram Hannah Arendt e o seu magistral ensaio sobre as origens do totalitarismo, recordarão que ela escalpelizou o processo da instalação na Alemanha dum Estado totalitário; após a tomada do poder, Hitler e os nazis não revogaram a Constituição e muitas Leis democráticas da República de Weimar; ignoraram-nas completamente, ficando elas letra-morta, tal como agora acontece nas chamadas «democracias ocidentais»

As pessoas foram aprendendo que esta democracia não é senão o poder de uma oligarquia, que a representação da vontade popular é uma grotesca farsa e portanto, afastam-se e apenas se centram nos seus afazeres imediatos, em ganhar o pão, cuidar dos filhos, extrair algum prazer de suas vidas... com exclusão do resto, ou seja de qualquer dimensão de cidadania! Afinal, assim conformam-se àquilo que a elite deseja. 

Por conseguinte, não chega que haja, no seio do povo, desprezo pelas elites que nos governam, elas não se importam que não as adoremos, desde que não «façamos demasiadas ondas». 

O que falta para que haja paz, é que tem de haver uma consciência de paz, têm de ser as próprias pessoas a fazer prevalecer o bom-senso e o profundo sentimento de justiça e de igualdade. 

Todas as pessoas que eu conheço, independentemente da sua ideologia, credo religioso, condição económica, nacionalidade, etc. não apenas estão basicamente de acordo em relação aos direitos dos indivíduos, como ao direito das diversas culturas e sociedades em viverem de acordo com os seus costumes e as suas leis, desde que elas não impeçam que outros o façam também, também sigam os seus caminhos próprios. 

E eu não vivo num mundo à parte, garanto-vos: então, porque motivo um consenso difuso que parece existir, não se traduz na prática? 
Esta e outras questões não carecem tanto de uma resposta lógica ou psicológica, mas sobretudo uma resposta na prática social, na prática coletiva.

Vamos, por isso, lançar iniciativas de paz dentro das nossas comunidades, debatendo como aprofundar os caminhos da paz, da recusa da guerra, do militarismo, do racismo, da xenofobia... pela positiva.

Saberemos tomar o destino nas nossas mãos, a partir do momento em que tivermos a consciência clara de que, não apenas a nossa opinião, mas também o nosso gesto conta e muito... 

Por exemplo, no campo financeiro, um magnate quer investir um milhão numa campanha para nos convencer -subtilmente, como faz a publicidade - a adoptar determinado ponto de vista e comportamento.  

Seria fútil, no atual contexto, tentar impedir que tal coisa aconteça, pois a acontecer, será em segredo, sem que o público tome conhecimento dos propósitos de tais campanhas de «informação» (na realidade, de  lavagem ao cérebro!).

Mas seria bem melhor e muito possível que nós - pessoas  comuns - fizéssemos campanha em pleno, realizando, por meios ao nosso alcance - com maior eficácia até do que os «especialistas» da publicidade - por aquilo que é justo e necessário.

Mesmo no plano estrictamente financeiro, uma campanha que atingisse um número elevado de pessoas, doando apenas - em média- um euro ou um dólar por cada pessoa, poderia ficar rapidamente com meios superiores à campanha do tal magnate.

Uma vez que as pessoas se reunam com propósito claro de construir uma cultura de diálogo de paz e de igualdade, entre elas e com todos os povos, será imparável. 

O problema é mais que as pessoas estejam muito auto-anuladas. Exageram a sua impotência; descrêem do seu potencial. Isso é devido a um complexo de razões, mas deve ser também compreendido como parte da caminhada em prol da paz. 

Sermos capazes de convencer os nossos semelhantes que têm muito maior capacidade, eficácia, etc. do que lhes querem fazer crer. Sem esse interiorizar da impotência, as pessoas não seriam domináveis e manipuláveis.

A cultura de paz tem de abordar esses fenómenos e tentar responder de forma coerente, adequada e criativa para se expandir e irradiar até se tornar uma maré avassaladora. 

Eu acredito que seja perfeitamente possível. 
Temos exemplos históricos disso, desde Gandhi e o movimento essencialmente não violento pela independência da Índia em relação ao Império Britânico (nos anos quarenta do século vinte), a luta nos EUA pelos direitos civis dos negros e outras minorias, pelo qual Luther King deu a vida (nos anos sessenta), mas também a luta contra a instalação dos Pershing II (nos anos oitenta), o movimento contra as armas nucleares e de destruição massiça, que obrigou os Estados a efetuar tratados internacionais (hoje, estão a denunciar alguns desses, o que mostra claramente o perigo da situação), etc.

Estamos a construir essa comunidade de paz, com pessoas nossas conhecidas, com as quais temos afinidade. 
Daremos conta aqui e noutros sítios deste movimento DE SOLUÇÕES PARA A PAZ!

https://issuu.com/warresistersint/docs/design?e=0/38826787

https://www.youtube.com/watch?v=6_bVVAVwfSQ

https://www.facebook.com/events/187269765054832/

terça-feira, 18 de outubro de 2016

O PRÓPRIO GRANDE CAPITAL CONFESSA...

ESPANTEM-SE…«a mudança é tão necessária quanto impossível» 

Abaixo, transcrevo um artigo de análise do Deutche Bank.
Fui buscar o referido documento ao excelente blog ZERO HEDGE 


The price of dissensus

Anti-global sentiment has been the loudest message of the current presidential campaign in the US. The most likely origin has been a buildup of discontent due to failure to develop a convincing response to economic slowdown in the last years. This has recently emerged as the main theme of public discourse. Current presidential campaign has highlighted to what extent the Change is as necessary as it is politically impossible.

The underlying problem can be traced back to the fact that economic interests have become increasingly global while politics, the ability to decide, remained passionately local and, as such, unable to operate effectively at the planetary level.

Power to act has been moving away to the politically uncontrollable, global space and political institutions have become irrelevant to the life problems. In that configuration, growth comes at social costs. Impotence of politics reinforces dominance of the global which undermines political power further. As a consequence, mainstream parties are being blamed for bad economic situations and losing their power and public support. Their representatives, both left and right, are seen as representing interests of global capital and are perceived as defenders of status quo.

Politics is viewed as a problem, instead of a solution while social costs caused by this state of affairs are being recognized and articulated by the emerging populist wings, whose main novelty has been their hostility to global oligarchies. These parties have been gaining traction in these elections. The erosion of cohesion within the mainstream parties has been causing political reorganizations that transcend traditional division into political left and right.
 
The political landscape is no longer one-dimensional. Political manifold has developed a more complicated topology. In addition to the left and right, there is a “transverse” direction which represents the antagonism between the local and the global. This is illustrated in Fig 1. Double red lines represent antagonisms. The three corners are labeled metaphorically by the political representatives who had highest visibility during the campaign.

 Relative position of the three political expressions are no longer defined by the modes of proposed social organization (left/right), but also where they stand relative to the global capital interests. The two populist wings are opposed in terms of their preferred mode of social organization, but are unified in terms of their opposition to global capital as well as to the political center which is aligned with it. Although the elections are most likely to be won by the centrist party, the voice of the populist wings have been sufficiently loud that they could no longer be ignored. In all likelihood, the new administration will be facing even more fractured consensus than before where higher level of compromise and different alliances will have to be forged -- if that is not done in the first four years, the problem will return potentially even bigger in the next elections. The concessions are expected to have protectionist overtones while compromises and alliances are expected to be made in the context of fiscal policy.

domingo, 16 de outubro de 2016

DYLAN NOSTALGIA - OU TALVEZ NÃO?




Este - o dos anos 60-  é o Bob Dylan que eu prefiro. Rebelde, mas com uma causa: A liberdade de se exprimir, de denunciar as injustiças e de apontar quem são os irmãos e irmãs e denunciando os opressores. 

 Porém, não era um canto diretamente incitando a uma qualquer ação política ou a uma determinada mobilização cívica. Apesar de preservar as suas letras do imediatismo, Bob Dylan esteve engajado na luta pelos direitos cívicos, nos anos 60.

Nunca tive dúvida, quando ouvia uma canção de Bob Dylan, de que estava escutando um grande poeta, uma pessoa de corpo inteiro, com a sua própria posição que não impunha mas que não escondia. 

Quanto a mim, isso é o mais subversivo que se possa imaginar: não se impõe um padrão de comportamento ou de opinião, deixa-se os outros se posicionarem, mas não se abdica de dizer o que nos vai na alma!

 Seja como for, parabéns Bob! os teus inúmeros auditores e leitores, não precisam de qualquer validação «nobélica» para apreciar a tua arte forte e verdadeira. Mas sabe bem termos «o nosso» Nobel...