A IIIª Guerra Mundial tem sido, desde o início, guerra híbrida e assimétrica, com componentes económicas, de subversão, desestabilização e lavagens ao cérebro, além das operações propriamente militares. Este cenário era bem visível, desde a guerra na Síria para derrubar Assad, ou mesmo, antes disso.
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terça-feira, 26 de novembro de 2019

MANLIO DINUCCI: A Itália na primeira linha da 'guerra dos drones'

                           Image result for reaper drone



Por Manlio Dinucci
Aterrou na base USA/NATO, em Sigonella, na Sicília, depois de um voo de 22 horas a partir da base aérea de Palmdale, na Califórnia, o primeiro drone do sistema AGS (Alliance Ground Surveillance) da NATO, uma versão aperfeiçoada do drone Global Hawk dos EUA (Falcão Global). De Sigonella, principal base operacional, este e mais quatro aviões do mesmo tipo com pilotagem remota, apoiada por diferentes estações terrestres móveis, permitirão “vigiar”, ou seja, espiar vastas áreas terrestres e marítimas do Mediterrâneo e de África, do Médio Oriente e do Mar Negro.
Os drones NATO teleguiados por Sigonella, capazes de voar a uma altitude de 16.000 a 18.000 m, irão transmitir para a base os dados recolhidos. Estes, depois de serem analisados pelos operadores de mais de 20 estações, serão inseridos na rede criptografada, chefiada pelo Supremo Comandante Aliado na Europa, sempre um general USA, nomeado pelo Presidente dos Estados Unidos.
O sistema AGS, que se tornará operacional na primeira metade de 2020, será integrado no Hub de Direcção Estratégica para o Sul: o centro de Serviços Secretos/Inteligência que, no quartel general da NATO, em Lago Patria (Nápoles), sob comando USA, tem a tarefa de recolher e analisar informações funcionais para operações militares, sobretudo, em África e no Médio Oriente.
A principal base para o lançamento dessas operações, efectuadas, principalmente, em segredo, com drones de ataque e forças especiais, é a de Sigonella, onde estão localizados os drones US Reaper, armados com mísseis e bombas guiadas por laser e satélite. Os drones de ataque e forças especiais, enquanto em acção, estão ligados, através da estação MUOS, de Niscemi (Caltanissetta), ao sistema militar de comunicações por satélite de alta frequência que permite ao Pentágono controlar, através da sua rede de comando e comunicações, drones e caça-bombardeiros, submarinos e navios de guerra, veículos militares e divisões terrestres, enquanto estão em movimento, em qualquer parte do mundo.
No mesmo âmbito, operam os 15 drones Predator e Reaper e os outros da Força Aérea Italiana, teleguiados pela base de Amendola, em Puglia. Os Reaper italianos também podem ser armados com mísseis e bombas guiadas a laser, para missões de ataque.
O sistema AGS, que potencia o papel da Itália na “guerra dos drones”, é realizado com “contribuições significativas” de 15 Aliados: Estados Unidos, Itália, Alemanha, Noruega, Dinamarca, Luxemburgo, Polónia, Roménia, Bulgária, República Checa, Estónia, Letónia, Lituânia, Eslováquia, Eslovénia. A principal entidade contratada, que fabrica este sistema é a firma norte americana, Northrop Grumman. A empresa italiana Leonardo, fornece duas estações terrestres transportáveis.
A “contribuição” italiana para o sistema AGS consiste, além de nela estar incluída a disposição da principal base operacional, em comparticipar nas despesas, inicialmente, acima de 210 milhões de euros. Outros 240 milhões de euros foram despendidos na aquisição dos drones Predator e Reaper. Incluindo os outros já adquiridos e os que se espera que sejam comprados, a despesa italiana com os drones militares aumenta para cerca de um bilião e meio de euros, à qual se juntam os custos operacionais. Pago com dinheiro público, no contexto de uma despesa militar que está prestes a passar da média actual de cerca de 70 milhões de euros por dia, para cerca de 87 milhões de euros por dia.
Os investimentos italianos sucessivos em drones militares acarretam consequências que vão mais além das económicas. O uso de drones de guerra para operações secretas sob o comando USA/NATO, retira ainda mais ao Parlamento, qualquer poder real de tomada de decisão sobre a política militar e, consequentemente, sobre a política externa. A destruição recente de um Reaper italiano (que custou 20 milhões de euros), ao sobrevoar a Líbia, confirma que a Itália está envolvida em operações militares secretas, violando o Artigo 11 da nossa Constituição.

il manifesto, 26 de Novembro de 2019

quarta-feira, 30 de maio de 2018

ITÁLIA: GOLPE PRESIDENCIAL, SOB ENCOMENDA DA NATO E UE

Na Itália, nada será jamais como dantes.

                                   Resultado de imagem para Five Star Movement (M5S)

 O governo em formação - resultante da coligação de dois partidos eurocepticos, reunindo larga maioria - tinha um primeiro-ministro escolhido pelos dois partidos (M5S e Lega) e estava praticamente completado. O ministro das finanças indigitado - Paolo Savona - tinha, no passado, mostrado uma posição crítica em relação às políticas da UE. Foi este o pretexto para o presidente da república, Sergio Mattarella, recusar empossar o governo. Um pretexto, pois, na realidade, aquilo que doía mais aos imperialistas e seus lacaios era a independência dos dois partidos constituintes do governo - Lega e M5S. Eles tinham uma posição de repúdio em relação à política de sanções dirigidas contra a Rússia. Ora, estas não poderiam manter-se, caso a Itália se recusasse a apoiar a sua continuidade; elas não poderiam ser mantidas pela UE, pois era requerida unanimidade. 
A política de submissão ao imperialismo dos EUA tem sido tal, que os governos, apesar de saberem que as sanções contra a Rússia não têm qualquer justificação e que dão um prejuízo muito real para as economias dos respectivos países da UE, ainda assim não hesitam em renová-las com medo de causarem uma ruptura ao nível da NATO. 
São governos submissos ao Império, não são sequer governos que representam a vontade popular. Todas as camadas da população estão maioritariamente contra as sanções. 
Isso não sobressai com maior evidência porque a media corporativa está totalmente ao serviço dos interesses belicistas. 
Veja-se a forma como ela relatou a situação rocambolesca de envenenamento (?) dos Skripal, atribuindo «a culpa» automaticamente à Rússia. O mesmo, em relação a um simulacro de «ataque químico» na Síria, fabricado pelos «capacetes brancos», mas que foi pretexto para bombardeamentos com mísseis, por parte dos EUA e da França...  Mas o que a media corporativa já não consegue esconder, é o enorme descontentamento dos empresários alemães e agora dos franceses também

Penso que esta situação italiana é de uma grande perigosidade. 
Os que estavam por detrás da decisão do presidente italiano e o induziram a tomar essa decisão, sabiam o que isso significava: haveria novas eleições e, caso elas decorressem normalmente, haveria uma maioria ainda maior, constituída pelos que rejeitam o controlo da UE sobre a política interna e externa italiana. 
O povo italiano não se irá deixar enganar. Com certeza, compreende que querem retirar-lhe - através de manobras de bastidores - o seu direito de escolha do governo, de acordo com a sua preferência política. 
O mais preocupante é que, se os que arquitectaram este golpe palaciano sabem isto tão bem como nós, então - logicamente -pretendem desestabilizar e fabricar um evento de «falsa bandeira», como pretexto para a subversão completa da democracia parlamentar em Itália.
Não esqueçamos que os eurocratas são capazes de tudo para a manter as aparências duma ficção de «União» Europeia, quando - em boa verdade - se trata de um projecto falido e sem conserto possível.

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INFOGRÁFICO: o peso relativo das economias

           

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

[Florença, 25/04/2020] CONFERÊNCIA INTERNACIONAL LIBERTEMO-NOS DA GUERRA

                
CONVITE PARA ASSISTIR À CONFERÊNCIA INTERNACIONAL LIBERTEMO-NOS DA GUERRA, 25 DE ABRIL -- FLORENÇA, ITÁLIA


Caro Amigo, Cara Amiga,

De 1945 até hoje, a guerra não terminou. À Segunda Guerra Mundial segue-se a Guerra Fria, que aumenta o risco de uma guerra nuclear catastrófica.
A guerra, de utilidade para os interesses das elites económicas e financeiras, continua a fazer vítimas, especialmente entre as populações mais pobres. Também é realizada com armas económicas que, geralmente, causam mais vítimas do que as armas propriamente ditas. Tudo isto causa emigrações forçadas e enormes tragédias sociais.
Por esta razão, em 25 de Abril, no 75º Aniversário da Libertação, de onde nasceu a Constituição italiana que repudia a guerra, encontramo-nos em Florença com a consciência de que é necessário formar a maior frente interna e internacional para:
Ø Libertarmo-nos do sistema de guerra de que somos prisioneiros,
Ø Travar a louca corrida armamentista nuclear, que é a principal ameaça ao meio ambiente da Terra,
Ø Reivindicar como direito humano fundamental, uma economia de paz e não de guerra, pondo fim ao desperdício de enormes recursos para fins militares,
Ø Obter direitos concretos de informação e de palavra sobre os principais problemas dos quais o nosso futuro depende.
Perante o avanço da guerra, incluindo a possibilidade de uma guerra nuclear catastrófica, é vital esclarecer as causas encobertas, a começar pelas económicas e construir uma vasta frente de resistência. Por este motivo, convido-te a estar connosco, em 25 de Abril.

Uma saudação cordial
Giuseppe Padovano 

Conferência internacional no 75º Aniversário da Libertação e fim da Segunda Guerra Mundial

LIBERTEMO-NOS DA GUERRA 


Cinema Teatro Odeon Piazza degli Strozzi 2, Firenze, Itália, Sábado, 25 de Abril de 2020

Temas da Conferência
Armas nucleares & Ambiente
Guerra & Economia & Sociedade
Informações & Participações
Campanha para a libertação de Julian Assange

Intervêm oradores da América do Norte, América Latina, Rússia, África, Europa

Primeiros oradores confirmados:
Michel Chossudovsky (Canadá), Professor de Economia, Director do Centro de Pesquisa sobre a Globalização (Global Research).
Vladimir Kozin (Rússia), períto principal do Centro de Estudos Políticos e Militares do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Professor da Academia de Ciências Militares.
David Swanson (Estados Unidos), autor, activista, jornalista e apresentador da rádio. Director executivo de World Beyond War. Laureado com o 2018 Peace Prize da US Peace Memorial Foundation.
John Shipton (Austrália), pai de Julian Assange, jornalista e programador, fundador do WikiLeaks, detido na Grã-Bretanha, com o risco de ser extraditado para os Estados Unidos e de ser condenado à prisão perpétua ou à pena de morte. 
Giorgio Bianchi (Italia), fotojornalista, fotógrafo documentarista e filmmaker, autor de reportagens dos teatros de guerra da Síria, Ucrânia e outros países.
Franco Cardini (Itália), Historiador e ensaísta, especializado em estudos medievais.
Giulietto Chiesa (Itália), jornalista, escritor, Director da Pandora TV.

Manlio Dinucci, escritor, jornalista, analista de geoestratégia e geopolítica.

Promotores:
ASSOCIAZIONE PER UN MONDO SENZA GUERRE
CNGNN (Italia) / GLOBAL RESEARCH (Canadá)
ASSOCIAZIONE PER UN MONDO SENZA GUERRE
CNGNN (Italia) / GLOBAL RESEARCH (Canadá)
em colaboração com Pax Christi Italia, Commissione Giustizia e Pace dei Missionari Comboniani,
Sezione Italiana della WILPF (Lega Internazionale Donne per la Pace e la Libertà) e outras associações.

INSCRIÇÃO NA CONFERÊNCIA
Comunicar o nome próprio, residência, email e/ou telemóvel/celular, a
Giuseppe Padovano
Cell. 393 998 3462

ASSINATURAS
Os organizadores da Conferência, desejando manter uma autonomia total, não solicitaram contribuições financeiras de órgãos públicos e privados, nem de partidos políticos. Portanto, pedem aos participantes que contribuam para as despesas significativas pagando, no momento da reserva/inscrição, 5/10 euros ou mais, se possível. A maneira mais fácil de efectuar o pagamento é através do PayPal, que encontrá no site http://www.natoexit.it

Se ainda não teve a oportunidade de abri-lo, aconselhamos a fazê-lo pela boa qualidade das actualizações e informações que encontrará lá.
Ajude-nos ao bom êxito deste evento.

terça-feira, 27 de setembro de 2022

ITÁLIA E A ETIQUETA «FASCISTA»

ESTA ETIQUETA É DADA PELA MEDIA CORPORATIVA A TUDO O QUE VAI CONTRA A AGENDA GLOBALISTA.

Giorgia Meloni e os Fratelli di Italia podem ser conservadores e anti-imigração, mas estão longe de serem fascistas. O seu sucesso eleitoral  resulta da saturação do povo italiano pela destruição do seu modo de vida, pela burocracia globalista que lhes quer impor os seus «não-valores». Este partido conseguiu 26 % dos votos. Sendo o maior partido, pode formar governo com outras duas formações de direita (Forza Italia e Liga Norte ). Conjuntamente, terão uma maioria absoluta nas duas câmaras (deputados e senado). 

O principal problema que leva as pessoas a votar nestas formações tem  a ver com a sua sensação de que perderam o controlo sobre o seu próprio país, com as imposições da Comissão Europeia. Com efeito há dezenas de anos que tiveram de arcar, sozinhos, com as consequências das vagas sucessivas de migrantes vindos do Norte de África. De facto, o problema não é especialmente italiano, mas sim global. 

                                            Imigrantes ao largo das costas italianas

É um problema da responsabilidade de países ditos ricos e democráticos. Deveriam trabalhar sem paternalismos, nem ambições de neocolonialismo, com as instituições dos países de origem, para que haja uma solução para os problemas terríveis que assolam esses países. 

Em vez disso, como hipócritas que são, continuam com a sua ingerência permanente e com exploração das riquezas naturais desses países, mas sem os custos de países coloniais (como o foram no passado, muitos deles). 

Hipocritamente, aceitam os imigrantes económicos disfarçados em refugiados políticos, porque isso lhes permite ter mão-de-obra barata e precária nos setores desertados pelos trabalhadores de origem dos seus países. Muitas vezes, leis destinadas a acolher perseguidos políticos, servem de cobertura à aceitação indiscriminada de imigrantes económicos. A constante utilização do direito de asilo, em casos que não o são, obviamente acaba por fragilizar os verdadeiros asilados políticos. 

As economias de onde vêm os imigrantes, foram pilhadas e exploradas nas épocas colonial e neocolonial. Os problemas estruturais desses países são mantidos ou agravados pelas políticas das chamadas «democracias», que têm participado no processo de manutenção desses países sob tutela. Basta ver o que têm feito no Mali, no Burkina-Faso, na Líbia ou na Síria, e em muitos outros casos.

Quanto aos países que se tornaram pontos de acolhimento dessa migração do desespero, ficam com a estabilidade social, económica e política, postas em causa. A velocidade a que tudo ocorre, impede qualquer assimilação da população imigrada. Esta é mantida em guetos. 

As populações de origem, que vivem na proximidade desses guetos, encontram-se confrontadas quotidianamente com pessoas de outras etnias, de outras culturas. Isto faz com que aquelas se sintam acossadas e desenvolvam complexos racistas e xenófobos. 

Mas, os que, nos seus condomínios privados de luxo, nos seus bairros da classe alta, tomam as decisões - em Bruxelas, Berlim, Roma, ou Paris - não têm que partilhar o seu espaço com esses imigrantes. Não lhes custa pessoalmente nada mostrarem-se «virtuosos». Não lhes custa impor aos cidadãos do seu país, o acolhimento forçado de outras etnias e culturas. 

A verdade é que os imigrantes são um «exército de reserva», ou seja,  desempregados, disponíveis para as tarefas mais duras ou menos bem remuneradas, muitas vezes abaixo dos mínimos salariais e em condições de sobre-exploração. O estatuto de «clandestino» ou «ilegal», que aflige muitos, é mais um instrumento de pressão, para a classe patronal e para as autoridades do país em que trabalham.

Tanto na Suécia, como na Itália, estou convencido que os fatores principais da viragem à direita, foram o problema da imigração não-controlada e da agenda globalista, que os respetivos governos anteriores perseguiam. Aliás, os mais prejudicados são os mais pobres da população autóctone, os quais têm de aguentar a concorrência da mão-de-obra do exterior, sobretudo em empregos manuais (construção civil, restauração, etc.). 


                               Principais fluxos migratórios para Itália

A incapacidade de lidar com este problema é uma das razões porque a classe trabalhadora, seja na França, na Itália, na Suécia, etc. se tem desviado massivamente dos partidos de esquerda, os quais se reclamam de «origem operária», mas que se tornaram estranhos ao sentir dos trabalhadores. O mesmo se pode dizer dos sindicatos. O resultado, é que o voto na «extrema direita» é - cada vez mais - o voto das classes populares e o voto na «esquerda» é - cada vez mais - o voto das classes médias-superiores, com diplomas universitários e bons empregos.

Tenho visto pessoas ditas de «esquerda» negar a evidência, mostrando-se realmente incapazes de raciocinar. É tal o seu medo de serem consideradas «racistas» ou «fascistas»,  ou outra etiqueta do género, que são incapazes de pensar objetivamente e de encontrar caminhos para a resolução destes problemas. 

De facto, a oligarquia globalista é a única a beneficiar deste estado de coisas. Tem ao seu dispor uma massa de trabalhadores dóceis, não sindicalizados, que não se misturam com os trabalhadores autóctones, fragilizados e incapazes de fazer valer os seus direitos legais. 

O fenómeno também toca a Portugal: Veja-se a enorme quantidade de imigrantes vindos do Sul da Ásia, que estão a trabalhar na Costa Alentejana, em propriedades agrícolas e em estufas. 

Por outro lado, os oligarcas têm garantido o controlo dos diferentes países, ao nível político, pelas divisões criadas no interior da cidadania: as cidadanias desses países de acolhimento, digladiam-se em lutas fratricidas. Não sabem mais nada, senão chamar nomes de «fascistas» ou de «comunistas»! 

Por fim, a média que está sempre ao serviço do grande capital reforça - constantemente - os estereótipos. Ela é propriedade de grandes capitalistas, ou tem necessidade da publicidade, paga por esses mesmos capitalistas. 

Chamar fascista a Georgia Meloni e ao seu partido é o adjetivo fácil; mas, se a media em Portugal seguisse os mesmos critérios, seriam «fascistas» dirigentes do CDS-PP e PSD, partidos portugueses onde há /houve elementos das direções que foram fascistas, incluindo ex-membros do último governo fascista, derrubado no 25 de Abril de 74. E,  pela mesma lógica, seria fascista o PS, que teve como membro o Prof. Veiga Simão, ex-ministro de Marcelo Caetano*, que aderiu ao PS após o 25 de Abril de 74 e foi membro de governos pós-25 de Abril. O caso do Prof. Veiga Simão não é único - longe disso! - na «democracia portuguesa». 

Esta etiquetagem traduz o incómodo dos lacaios do grande capital, face a alguém que sai fora do «consenso» (fabricado por eles). Chamar nomes, como «populista», «extrema-direita» ou «fascista», esconde o facto deste governo se apresentar contra Bruxelas, contra a Comissão Europeia, pelos interesses fundamentais dos italianos. 

Resta agora ver se  o novo governo italiano está disposto a fazer frente às ingerências (que começaram antes da votação, com declarações de Úrsula von der Leyen), ou se cede perante a pressão conjugada dos globalistas europeus e americanos.

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*Presidente do Conselho de Ministros, que sucedeu a Oliveira Salazar. O seu governo foi derrubado pela revolução de 25 de Abril de 1974 

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

[Manlio Dinucci] Gasoduto explosivo no Mediterrâneo


                                 


No Mediterrâneo Oriental, em cujas profundezas foram descobertas grandes jazidas offshore de gás natural, está em curso um contencioso acirrado sobre a definição de zonas económicas exclusivas, dentro das quais (até 200 milhas da costa) cada um dos países costeiros tem o direito de explorar essas reservas.

Os países directamente envolvidos são a Grécia, a Turquia, o Chipre, a Síria, o Líbano, a Palestina, Israel, (cujas jazidas, nas águas de Gaza, estão nas mãos de Israel), o Egipto e a Líbia. O confronto é particularmente tenso entre a Grécia e a Turquia, ambos países membros da NATO. A aposta em jogo não é apenas económica.

A verdadeira discórdia que se joga no Mediterrâneo Oriental é geopolítica e geo-estratégica e envolve as grandes potências mundiais. Neste âmbito insere-se o EastMed, o gasoduto que trará para a União Europeia grande parte do gás desta área. A sua realização foi decidida na cimeira, realizada em Jerusalém em 20 de Março de 2019, entre o Primeiro Ministro israelita Netanyahu, o Primeiro Ministro grego Tsipras e o Presidente cipriota Anastasiades.

Netanyahu salientou que "o gasoduto se estenderá de Israel à Europa através do Chipre e da Grécia" e Israel tornar-se-á assim uma "potência energética" (que controlará o corredor energético para a Europa), Tsipras sublinhou que "a cooperação entre Israel, a Grécia e o Chipre, na sexta cimeira, tornou-se estratégica». 

Esta cooperação é confirmada pelo pacto militar assinado pelo governo de Tsipras com Israel há cinco anos (il manifesto, 28 de Julho de 2015). Na cimeira de Jerusalém (cujas actas, publicadas pela Embaixada dos EUA no Chipre),esteve presente Mike Pompeo, Secretário de Estado americano, sublinhando que o projecto EastMed lançado por Israel, pela Grécia e pelo Chipre, "parceiros fundamentais dos EUA para a segurança", é "incrivelmente oportuno", já que "a Rússia, a China e o Irão estão a tentar colocar os pés no Oriente e no Ocidente".

A estratégia dos EUA é declarada: reduzir e finalmente bloquear as exportações do gás russo para a Europa, substituindo-as por gás fornecido ou, de outra forma, controlado pelos EUA. Em 2014, eles bloquearam o SouthStream, que teria trazido através do Mar Negro gás russo para a Itália a preços competitivos, e estão tentando fazer o mesmo com o TurkStream que, através do Mar Negro, transporta o gás russo para a parte europeia da Turquia para fazê-lo chegar à União Europeia.

Ao mesmo tempo, os USA tentam bloquear a Nova Rota da Seda, a rede de infraestruturas concebida para ligar a China ao Mediterrâneo e à Europa. No Médio Oriente, os USA bloquearam com a guerra o corredor de energia que, segundo um acordo de 2011, teria transportado o gás iraniano através do Iraque e da Síria para o Mediterrâneo e para a Europa. A esta estratégia junta-se a Itália, onde (na Apúlia) chegará a EastMed que também levará o gás para outros países europeus.

O Ministro Patuanelli (M5S) definiu o gasoduto, aprovado pela União Europeia, como um dos "projectos europeus de interesse comum", e a Subsecretária Todde (M5S) levou a Itália a aderir ao East Med Gas Forum, sede de "diálogo e cooperação” sobre o gás no Mediterrâneo Oriental, do qual participam - além de Israel, da Grécia e do Chipre - o Egipto e a Autoridade Palestina. Também participa a Jordânia, que não tem jazidas de gás offshore no Mediterrâneo, mas que o importa de Israel. 

No entanto, estão excluídos do Fórum, o Líbano, a Síria e a Líbia, a quem pertence parte do gás do Mediterrâneo Oriental. Os Estados Unidos, a França e a União Europeia anunciaram, previamente, a sua adesão. A Turquia não participa devido ao diferendo com a Grécia, que a NATO, no entanto, se compromete a resolver: "delegações militares" dos dois países já se reuniram seis vezes na sede da NATO, em Bruxelas. Todavia, no Mediterrâneo Oriental e no vizinho Mar Negro, está em curso um destacamento crescente de forças navais dos EUA na Europa, com sede em Nápoles Capodichino. 

A sua "missão" é "defender os interesses dos Estados Unidos e dos Aliados e desencorajar a agressão ['russa']" e a mesma "missão" para os bombardeiros estratégicos americanos B-52, que sobrevoam o Mediterrâneo Oriental acompanhados por caças gregos e italianos.

Manlio Dinucci

il manifesto, 29 de Setembro de 2020


Manlio DinucciGeógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios Editores 2018; Premio internazionale per l'analisi geostrategica atribuído em 7 de Junho de 2019, pelo Club dei giornalisti del Messico, A.C.


Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos 
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com

sexta-feira, 31 de março de 2017

O OCASO DO EURO

É atribuída a Hemingway a frase seguinte: perguntaram-lhe como se entrava em bancarrota, ao que ele respondeu... «Primeiro suavemente, depois bruscamente».
É, de facto, num momento destes que se encontra a totalidade da «União» Europeia e o Euro. 
A possibilidade de - nas próximas eleições em França e Itália - triunfarem partidos defensores da saída do Euro é muito mais elevada do que se possa julgar. A média, ao serviço dos poderes, tende a minimizar os sinais por demais visíveis de que a maioria de eleitores rejeita a continuação de seus respectivos países na zona Euro. Porém, em todos os países do Sul e na França, já existe uma maioria que tem uma visão negativa do Euro nas suas economias. 
Resultados eleitorais conferindo um mandato de saída do Euro, como será o caso na eventualidade de triunfar Marine Le Pen, ou o Movimento Cinco Estrelas em Itália, serão o equivalente de uma condenação à morte do Euro, na sua totalidade. 
A implosão do sistema da moeda única será inevitável e pode mesmo contribuir para graves conflitos entre países europeus. Com efeito, no sistema do Euro, têm-se acumulado desequilíbrios de pagamentos entre os bancos centrais dos países do Sul e o banco central alemão. 
Quando um português compra um Mercedes, por exemplo, esse valor vai ser creditado como activo, no banco central da Alemanha e como dívida pendente no banco central português. Se houver um regresso às moedas nacionais, o que acontece de imediato é que as dívidas comerciais são convertidas nas novas moedas. 
As dívidas que permanecem em Euros, que não são convertíveis, serão apenas as que resultam dos empréstimos feitos ao abrigo de legislação exterior e em contratos estabelecendo que a dívida terá de ser paga em Euros. Tal será o caso de obrigações soberanas emitidas pelos vários países, que são muitas vezes colocadas no mercado ao abrigo de legislação exterior à zona Euro, por exemplo, na praça de Londres.  
Se um país importante economicamente, como a França ou a Itália, com dívidas acumuladas em Euros, sair da zona Euro, o resultado será a crise imediata nos restantes países e, mesmo, ao nível mundial. O Euro é, ao nível global, a segunda moeda de reserva, a seguir ao dólar. Além disso, uma parte importante de comércio internacional é efectuada em Euros. 
Face a esta situação, Portugal, como pequeno país, não poderá fazer uma grande diferença, quer os seus dirigentes decidam - ou não - abandonar o Euro. Porém,  ao nível interno, seria muito mais inteligente terem as pessoas, as organizações, as empresas e o próprio governo, planos de contingência realistas para uma tal eventualidade. 
Estou convencido de que - independentemente do resultado das eleições francesas e italianas - a «União» Europeia se encaminha para um aprofundar das contradições e um afundamento.
 Durante quinze anos, aproximadamente, a Alemanha tem acumulado excedentes, graças a um Euro demasiado fraco, por comparação ao Marco Alemão, o que veio fazer com que, no Sul, as economias absorvessem uma enorme quantidade de produtos alemães. Por outras palavras, o valor do Euro tornou competitiva a economia alemã, face aos seus parceiros comerciais do Sul.
Por outro lado, devido a uma política de contenção salarial, acordada por governo, patronato e sindicatos alemães, em troca de um quase pleno emprego, os produtos do Sul - essencialmente alimentares e outros, de consumo individual - não conseguiram ser absorvidos pelo mercado alemão num volume que compensasse a importação, pelo Sul, de máquinas-ferramentas, automóveis e outros produtos da indústria alemã. 
O desequilíbrio das balanças de pagamentos, que se foi aprofundando com o tempo, gerou enormes tensões e levou ao sobre-endividamento dos países menos industrializados. 
Não é por «preguiça» ou «consumo sumptuário» que os povos grego, italiano, espanhol ou português foram ficando cada vez mais pobres. Foi em resultado duma política económica em que, por um lado as trocas eram em circuito fechado, cerca de 80% das trocas comerciais eram internas à zona Euro, por outro era impossível competir com os países do Terceiro Mundo, usando o instrumento tradicional da desvalorização da moeda, restando uma desvalorização severa - em todos estes países - do valor-trabalho. 
Obviamente, o mercado interno destes países ressentiu-se cada vez mais com as políticas austeritárias impostas, havendo um efeito de círculo vicioso: menos capacidade de compra da população ---> menos escoamento de produtos destinados ao mercado interno ----> falências e despedimentos nas indústrias ---> empobrecimento da população.
Por isso, Portugal não teve, não tem e não terá, qualquer vantagem em permanecer dentro do Euro. Porém, pior seria estarmos «distraídos», não percebendo que as circunstâncias mudaram. Deverá fazer-se um debate ,abrangendo todos os sectores nacionais, sobre o que se deve fazer. 
É evidente que a zona Euro já está em crise, pelo menos, desde o rebentar da crise da dívida da Grécia em 2010. 
Não saberei vaticinar durante quanto tempo, nem como, esta construção artificial irá perdurar. O fim do Euro, porém, poderá estar muito mais próximo do que se imagina. 

terça-feira, 28 de abril de 2020

[Manlio Dinucci] GIULIETTO CHIESA NA LINHA DA FRENTE ATÉ AO FIM


                                             

ENGLISH ITALIANO PORTUGUÊS

Giulietto Chiesa morreu algumas horas depois de concluir, no 75º Aniversário da Libertação e do fim da Segunda Guerra Mundial, a Conferência Internacional de 25 de Abril, “Libertemo-nos do Vírus da Guerra”. Uma conferência de transmissão ao vivo, organizada pelo Comitato No War No NATO, do qual era um dos fundadores, e pela Global Research (Canadá), o centro de pesquisa sobre a globalização, dirigido pelo Professor Michel Chossudovsky.
Vários oradores - da Itália e de outros países europeus, dos Estados Unidos à Rússia, do Canadá à Austrália - examinaram as razões subentendidas devido às quais a guerra nunca terminou desde 1945: a Segunda Guerra Mundial foi seguida pela Guerra Fria, depois houve uma série ininterrupta de guerras e o regresso a uma situação análoga à da Guerra Fria, que aumenta o risco de um conflito nuclear.
Os economistas, Michel Chossudovsky (Canadá), Peter Koenig (Suíça) e Guido Grossi (Itália), explicaram como é que as forças económicas e financeiras poderosas exploram a crise do coronavírus para dominar as economias nacionais e o que devemos fazer para impedir esse plano.
David Swanson (Director do World Beyond War, USA), o economista Tim Anderson (Australia), o fotojornalista Giorgio Bianchi e o historiador Franco Cardini, falaram sobre as guerras passadas e presentes, ligadas aos interesses dessas mesmas forças poderosas.
O perito em questões politico-militares, Vladimir Kozin (Russia), a ensaísta Diana Johnstone (Usa), a secretária da Campanha para o Desarmamento Nuclear, Kate Hudson (Reino Unido), analisaram os mecanismos que aumentam a probabilidade de um conflito nuclear catastrófico.
John Shipton (Austrália), pai de Julian Assange e Ann Wright (USA), antiga Coronel do US Army, retrataram a situação dramática de Julian Assange, o jornalista fundador do WikiLeaks, detido em Londres, com o risco de ser extraditado para os Estados Unidos, onde o aguarda a sentença de prisão perpétua ou a pena de morte.
Giulietto Chiesa direccionou a sua intervenção sobre esse tema. Em resumo, estas são algumas passagens:

“O facto de que se queira destruir Julian Assange significa que, também nós, todos nós, seremos amordaçados, obscurecidos, ameaçados, incapazes de compreender o que está a acontecer no nosso país e no mundo. Isto não é o futuro, é o presente. Em Itália, o Governo organiza uma comissão de censuradores encarregados, oficialmente, de ‘limpar’ todas as notícias que se afastem das notícias oficiais. É a censura do Estado, como é que pode ser chamado de outra maneira? Também a RAI, a televisão pública, institui uma ‘task-force’ contra as “fake news” para apagar o rasto das suas mentiras diárias, que inundam todos os seus écrans de televisão.
E há, ainda pior, os misteriosos tribunais muito mais poderosos do que esses caçadores de ‘fake news’: são o Google e o Facebook, que manipulam as notícias e, com seus algoritmos e truques secretos, censuram sem apelação. Já estamos cercados de novos tribunais, que apagam os nossos direitos.
Recordam-se do artigo 21 da Constituição Italiana?
Está escrito: “Todos têm o direito de manifestar livremente o seu pensamento”.
Mas 60 milhões de italianos são forçados a ouvir um único altifalante, que grita através dos sete canais televisivos do poder.
Por esse motivo é que Julian Assange é um símbolo, uma bandeira, um convite para a reconquista dos direitos civis, políticos e económicos, para nos acordar antes que seja tarde demais.
É indispensável unir as forças que temos, que não são assim tão pequenas, mas têm um defeito crucial: o de estar divididas, incapazes de falar a uma só voz. Precisamos de um instrumento que fale aos milhões de cidadãos que querem saber”.

Estas são as últimas palavras de Giulietto Chiesa. Confirmadas pelo facto de que, imediatamente após a transmissão, o vídeo da Conferência ficou obscurecido, porque “o seu conteúdo foi identificado pela comunidade do YouTube, como sendo inapropriado ou ofensivo para certos tipos de público”.

Manlio Dinucci
il manifesto, 28 de Abril de 2020

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: NO WAR NO NATO

PS1: Vídeo da conferência de 25 de Abril: 
https://www.youtube.com/watch?time_continue=778&v=RTcz-jS_1V4&feature=emb_logo

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

A GRANDE BANCA EUROPEIA JÁ SABE O QUE AÍ VEM

Nós  - quase todos - somos vítimas da subordinação dos Estados à grande banca. Desde a crise/quase colapso de 2008, que tenho analisado as consequências das medidas que governos, bancos centrais e entidades financeiras internacionais, têm tomado. Todas estas entidades e instituições, por mais que digam que tais medidas se destinam a «sustentar a economia», mais não fazem do que sustentar a grande banca. 
Mas o processo tem limites inultrapassáveis: a impressão monetária ao infinito, seria adotada universalmente desde há muito tempo e o Zimbabué seria a mais sólida e próspera economia do Mundo, se essa estratégia tivesse o anunciado efeito de «sustentar a economia».
Porém, do outro lado, no interior dos edifícios envidraçados das sedes dos grandes bancos europeus e mundiais, não se deixam enganar pelas propagandas destinadas às massas. 
No caso da Société Genérale, um desses mega-bancos ditos «demasiado grandes para falharem», chega a anunciar o fecho de 300 agências e despedimento de 3450 empregados.  
                          

Mas porque fariam eles uma coisa destas, agora? Não é verdade que a economia europeia tem estado a melhorar paulatinamente desde 2009? 
- Eles sabem que a política de «quantitative easing» ou seja, de impressão monetária, a compra de obrigações do tesouro de países muito endividados, como a Grécia, Itália, Portugal, pelo BCE não  pode trazer senão uma enorme distorção do mercado. Ora, no capitalismo, se o mercado não funciona, nada funciona.
Temos de compreender o que sustenta o Euro: tem havido transferências massivas de dinheiro do norte para o sul da Europa, nomeadamente Portugal, Espanha, Itália e  Grécia. 
A crise do Euro, está toda ela contida na medida de conversão das dívidas prévias desses países em Euros, seguida de uma duplicação do valor do Euro. O sul viu-se a braços com uma dívida insustentável e para cumprir os compromissos exteriores, as suas economias sofreram um golpe brutal, que teve como consequência que as jovens gerações têm 60% de desemprego, nalgumas regiões. 
Esta «geração do milénio» tem sido a geração perdida, sacrificada, para satisfazer o poder de Bruxelas, a todo o custo, assim como os seus súbditos nos respetivos países do sul, fieis cumpridores dos decretos do império bruxelense. 
 Tanto a UE como o BCE são completos fracassos. O resgate da Europa do Sul criou uma pseudo-valoração do Euro e das obrigações soberanas denominadas em Euros, que não poderá sobreviver ao sopro de uma crise anunciada, mas cujo desencadear tem sido evitado... até agora. 
Os bancos europeus de grande dimensão sabem - melhor do que ninguém - qual o estado verdadeiro da economia da Europa e do Mundo. Eles tomam medidas preventivas de contenção de gastos, porque sabem que não irá haver expansão ou normalização da economia nos próximos anos. Estão já a tomar as precauções devidas. 
Todos os economistas sabem que é impossível a Grécia jamais pagar o que deve. 
Além disso, tornou-se claro que a Itália está no limiar de uma nova crise e  que as despesas do Estado Espanhol não estão sob controlo. 
Mas nada disso é tido em conta, na media «maistream»: eles especializam-se em dar uma imagem cor-de-rosa, «positiva», do descalabro da UE, porque estão visceralmente ligados ao «establishment» político e económico, na sua grande maioria. 
Vozes como a minha e como a de alguns analistas dispersos pela Internet, não terão - pensam eles - um efeito massivo de contrariar a narrativa dominante. Os oligarcas e seus lacaios pensam que a sua teia de mentiras nunca será desmascarada perante o grande público.
É nisso que eles apostam.

sábado, 1 de setembro de 2018

MAQUIAVEL ERA ITALIANO...NÃO ESQUEÇAMOS!

Num artigo intitulado «Ministro Savona: o Euro é o plano do Reichsbank alemão de 1940, a Itália devia retirar-se dele!» (1), o GEFIRA  retraça os dilemas e as escolhas da elite italiana, a que está discretamente a puxar os cordelinhos do teatro do poder,  qualquer que seja o governo de turno: de «esquerda», «direita» ou mesmo «populista». 

 É muito interessante notar a enorme divergência das contas correntes entre a Alemanha e restantes países do Euro (ver gráfico, retirado do referido artigo). 
O facto é que este sistema, embora altamente favorável para a Alemanha, não é sofrível pelos restantes países, sobretudo, os que tiveram anos de medidas de austeridade, retracção brutal do poder de compra da população e altos níveis de desemprego e de emigração.

                         

O artigo é extenso e merece ser lido na íntegra. Segundo ele, será a elite italiana que irá determinar o momento do «grande terramoto» da saída do Euro. A população apenas é ouvida e atendidas as suas aspirações, quando isto é compatível com os planos da tal elite. 

Considero que é um artigo muito informativo e bem pensado sobre a relação da Itália com a UE. Resta  tirar as consequências práticas do mesmo, pois o que é previsto para Itália, também terá repercussões importantes em Portugal. 

Neste cenário político-económico-financeiro, caminha-se, ou para o abandono puro e simples do Euro, ou para sua transformação em moeda contabilística, para cálculo do «deve e haver» com o exterior, com a lira a circular novamente no mercado interno do país.  

O artigo termina com o parágrafo seguinte (tradução minha): 
«O establishment italiano compreende que é a classe no poder, não o povo, que gere o país. Que o Euro seja abandonado  ou não, isso não é assunto do povo.  
Se e quando eles decidirem fechar o interruptor do Euro, irão fazê-lo de modo que o público aplauda. Ao fim e ao cabo, Maquiavel era italiano.»

domingo, 29 de dezembro de 2019

[Comissão No Guerra No Nato] VOTOS DE FELIZ 2020?


                     


Sessenta e duas (62) pessoas detêm a riqueza correspondente à de 3.5 BILIÕES de pessoas.

Queremos desejar-lhes os nossos votos de Bom Natal e Feliz Ano Novo?

Os Estados Unidos da América declararam publicamente que têm uma missão no mundo e que, por esse motivo, nenhum outro país deve pensar apenas em afrontar esse destino manifesto e divino que se traduz:

a) na presença de bases militares dos EUA em todo o mundo (mais de 800, com ou sem o consentimento dos respectivos povos, ver Guantánamo);

b) na presença permanente de frotas militares, incluindo porta-aviões, submarinos, bombardeiros e drones em cada uma das seis áreas de controlo nas quais os Estados Unidos dividiram o mundo inteiro (incluindo o gelo dos pólos e a atmosfera que cerca e protege a Terra);

c) de longe, a maior despesa militar (700 biliões de dólares por ano – 35 biliões a Rússia e 49.5 biliões a China). A notícia de hoje é que também excederam esta cifra.

Queremos desejar um Feliz Ano Novo a todos aqueles que criaram esse mecanismo de guerra e de destruição dos recursos da Terra?

Desde o final da Segunda Guerra Mundial, os governos italianos que se sucederam, abriram mão de cada vez mais partes da soberania e da riqueza do nosso país a outros - com a adesão, cada vez mais convencida e não debatida, à NATO - que levaram a cabo, de facto, a ocupação do nosso país (113 bases), a participação da Itália em actos de guerra que nada tinham a ver com a defesa do nosso território e a exposição desnecessária a represálias nucleares devido à presença de 70 bombas nucleares, violando os tratados internacionais assinados pelo nosso país e, sobretudo, violaram a nossa Lei Fundamental da Constituição que não se limita a condenar as guerras, mas que as REPUDIA, como meio de solucionar conflitos internacionais.

Também queremos desejar um Feliz Ano Novo a todos os parlamentares actuais que continuam a apoiar essa escolha política, económica e militar, suicida?

Os mercados considerados lei natural, absoluta e indiscutível para a regulação das actividades económicas, na realidade o que é que produziram? Tomando o exemplo do golpe no Chile, de 11 de Setembro de 1973, considerado o baptismo de fogo do neoliberalismo que prevalece agora universalmente, descobrimos que o mundo foi verdadeiramente unificado na economia, na informação e no tipo de consumo, mas que, simultaneamente, viu o crescimento das desigualdades entre os seres humanos como nunca na História: não apenas entre os países pobres e ricos, mas também dentro dos países mais ricos. Quais são então esses mercados? São presenças automáticas, autónomas, extraterrestres ou são governados por pessoas físicas e jurídicas bem definidas e bem delimitadas? São aquelas famosas 62 pessoas que, através de empresas multinacionais e instituições financeiras estritamente privadas e opacas, controlam uma economia que não tem nada a ver com as necessidades básicas dos 7.5 biliões de pessoas que, actualmente, habitam o nosso pequeno e circunscrito planeta? Seguramente, eles não nos consideram seus “iguais”.

Também queremos desejar a esses indivíduos um Feliz Ano Novo?

Confesso que não me importo nem um pouco; os melhores votos desejo a todos vós, que nos seguem há algum tempo e que compreendem a seriedade e consistência com que agimos; desejamos votos de felicidades aos 6 biliões de seres humanos que vivem no planeta, mas não contam com um acidente (independentemente de viverem nos chamados países democráticos ou não, pois os que decidem fazem-no noutro lugar, sem o controlo de ninguém). As condições sociais, culturais, técnicas e científicas da actualidade, podem garantir a todos uma vida decente e digna, não precisamos mais de lutar contra feras ou matar para conseguir comida, mas, sim e tumultuosamente, contra aqueles que estão indiscriminadamente a destruir os recursos disponíveis para produzir o supérfluo.
Por isso, desejo tudo de melhor, não às pessoas, mas aos objectivos de que, como pessoas, nos devemos empenhar para realmente defender a sobrevivência do género humano e da justiça, na sua existência conjunta.

Primeiro objectivo: esperamos evitar definitivamente o risco de uma guerra nuclear, não vejo a Rússia, o Irão e a China como inimigos que nos estão a ameaçar e dos quais nos devemos defender; no nosso país, isto significa sair de qualquer aliança militar, para uma neutralidade activa com todos os povos do mundo; significa devolver as bombas nucleares, que estão instaladas, ilegal e ilegitimamente, no nosso território, ao seu “legítimo” proprietário; significa trabalhar para garantir que a Itália respeite o Tratado de Não Proliferação e ratifique o novo Tratado ONU proposto por 113 países às Nações Unidas para proibir completamente as armas nucleares. O nosso país, através da sua Constituição, nascida no final de uma guerra mundial devastadora, não se limita a rejeitar a guerra, mas REPUDIÁ-LA como instrumento para regular as relações internacionais.

A nossa Comissão (Comitato No Guerra No Nato) e a nossa associação sem fins lucrativos “Per um Mondo Senza Guerre” estão em acção em todo o país e há dois anos também na Europa para informar, documentar, organizar reuniões, promover iniciativas conjuntas contra a guerra, contra o tráfico de armas, contra a participação da Itália na presença agressiva da NATO, agora em todo o mundo.

Finalmente, desejamos felicidades a nós mesmos (o nosso apelo original e, portanto, as actualizações semanais que fazemos aos signatários do mesmo, hoje são assinadas por cerca de 40 mil pessoas) pelo nosso trabalho totalmente voluntário, absolutamente desligado de qualquer objectivo eleitoral - ou directa ou indirectamente, de qualquer partido. Não temos nenhum financiamento ou apoio institucional, podemos contar exclusivamente com o vosso apoio operacional (organizem, sempre que possível, momentos de reuniões de discussão para debater os nossos problemas e dar-vos-emos todo o apoio e suporte possível); mas, acima de tudo, precisamos do vosso apoio financeiro (fundamental para continuar).

Os melhores votos possíveis seriam desfrutar a plataforma que construímos recentemente NATOEXIT.IT, para utilizar a avalanche de documentos, artigos, vídeos, informações que encontrarão (todos facilmente acessíveis para download) e usando o botão DOAÇÕES - na página principal e sem cobranças - permite, por meio do PayPal, oferecer doações mínimas, inclusive mensais, como o valor de um 'cappuccino' e um bolo, de vez em quando; ou doações únicas ainda mais substanciais (à espera do mecanismo gratuito de 5 por mil), que podemos certificar como associação (basta ter o vosso endereço de email) para que possam integrar na vossa declaração de impostos. Nota curta: o dinheiro que vocês pagam no Change.org para a nossa campanha vai inteiramente para o Change e não para nós. Todo o dinheiro proveniente das doações será usado na íntegra para organizar eventos e produzir documentos; não temos funcionários ou trabalhadores, mas temos de pagar serviços como o site, conferências ou reuniões via zoom, cartazes, folhetos, etc. A defesa da nossa sobrevivência pode ser uma boa motivação.


FELIZ NATAL E BOAS FESTAS EM SERENIDADE
UM ANO 2020 DE ATAQUE À GUERRA E À NATO

Giuseppe Padovano
Presidente da APS “Per un mondo senza guerre"
Coordenador do Comitato No Guerra No Nato
Mobile/Telemóvel: 3939983462
Email: giuseppepadovano.gp@gmail.com


http://www.natoexit.it/en/home-en/

http://www.natoexit.it/

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: NO WAR NO NATO