quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

ANATOMIA DE UM ATAQUE DE FALSA-BANDEIRA [James Corbett]

Surgiram provas, fornecidas por dadores de alerta da OPCW (organização supostamente «independente», que inspeciona a utilização  de armas químicas), de que os alegados ataques de Douma (Síria), tinham sido forjados, com o objetivo de justificar uma ofensiva americana contra o governo sírio. 
O mais grave, é que a OPCW sabia que se tratava de uma encenação de grupos de oposição ao governo sírio, usando falsas provas, mas ocultou esses factos e produziu um relatório incriminando o governo sírio.
James Corbett, no vídeo aqui apresentado, junta uma impressionante série de factos e evidências que desmontam este ataque de falsa-bandeira.

A media ocidental, ao serviço dos seus donos, tem silenciado ou menosprezado a importância destes factos.
Infelizmente, estes casos são muito frequentes, mas poucas vezes se tem oportunidade de desmascarar totalmente as montagens, como neste caso. Quase sempre, os casos de falsa-bandeira são resultantes de manipulação de grandes potências, usando grupos de «terroristas» e as redes dos media. 
O público fica com uma visão totalmente distorcida (fictícia) do que se passa no terreno. Mas, se o público ficar consciente dos truques usados, será mais difícil usar o mesmo tipo de mentira. 


quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

«DEMOCRACIA»... PALAVRA VAZIA DE SENTIDO?

   Acontece com esta palavra, carregada de conteúdo político e ideológico, o mesmo que com muitas outras: liberdade, socialismo, justiça, igualdade... 
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As definições das palavras têm algo de arbitrário, num certo sentido, visto que resultam do costume de se utilizar uma dada palavra, num determinado sentido, numa dada sociedade e numa dada época. 

- Pertencer a tal ou tal «pátria», nem sempre significou pertencer a «uma nação, a um estado». 

O mesmo se pode dizer com muitos outros vocábulos: antes e nos primeiros decénios do século XX, a palavra comunismo teve muitos sentidos diferentes do que hoje em dia se classifica como tal (a versão marxista-leninista).

- Também, se eu pronunciar a palavra democracia, não se vai pensar que estou somente referindo o significado etimológico. Nem ninguém pensa que quero designar especificamente o sistema de governo praticado por gregos da antiguidade, a não ser que utilize uma expressão como «a democracia ateniense», ou algo equivalente...

A democracia moderna é resultante do século XIX, das diversas lutas pela emancipação dos povos em relação aos jugos imperiais ou monárquicos. Pesem embora as democracias europeias antigas e monárquicas, como a Grã-Bretanha, a Holanda ou a Suécia, o facto é que a democracia enquanto sistema de representação do povo, foi marcada pelos modelos republicanos da revolução americana e da revolução francesa. 

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Ora, no contexto dessas revoluções, tratava-se de derrubar o poder da aristocracia, que tinha como cabeça o monarca e legitimar um sistema onde os cidadãos, colectivamente, eram os detentores da soberania. Mas, essa tal soberania - desde o início - foi proclamada e exercida «em nome do povo», por representantes eleitos do mesmo. O modo de eleição variou nos mais de dois séculos e só a partir do século vinte existiu um verdadeiro sufrágio universal.
No entanto, poucos foram os casos em que se registaram formas de governo directo, ou «democracia directa»; essas formas foram muito transitórias, na maior parte dos casos. Das poucas excepções que se mantêm na actualidade, contam-se certos cantões da Confederação Helvética, em que as decisões são tomadas por voto de braço erguido, na praça pública, pelos cidadãos do respectivo cantão. 

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Hoje em dia, poucas pessoas defendem uma democracia directa como método generalizado de governo, por oposição a um governo eleito, directa ou indirectamente. 
Quem tem objecções a essa forma de organização da sociedade pensa, em geral, que essa democracia directa tem de ser feita com grandes assembleias, em que centenas de pessoas votam, de braço alevantado, as diversas resoluções.

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 Este tipo de assembleias acontece, em circunstâncias muito especiais: por exemplo, numa assembleia de grevistas (que podem ser várias centenas) onde são tomadas, por este método, muitas decisões relativas à organização da greve. Mas, no dia-a-dia, não existiria possibilidade de realizar frequentemente tais assembleias, reunindo todo o povo. 
Aparentemente, então, a democracia directa só poderia ser exercida em pequena escala ou, se numa escala maior, apenas em circunstâncias muito excepcionais. 

Porém, tal não é o caso. A democracia directa pode ser exercida de forma constante e permanente, desde que se tenha em conta as experiências passadas.
É certo que, historicamente, formas mais ou menos espontâneas de organização surgiram em contextos de luta acesa, de guerra civil, nalguns casos. Porém, isso não retira validade às mesmas. Nomeadamente, a experiência dos primeiros sovietes, durante a revolução russa de 1905 e o sindicalismo revolucionário, do início do século XX até aos anos 30 do mesmo século.
Os sovietes, erguidos pelo movimento operário e sindical no início da revolução de 1905, em São Petersburgo, Moscovo e noutros sítios, eram compostos de vários grupos participantes na insurreição. Neles, estavam presentes várias facções políticas e também os operários agrupados em sindicatos ou em assembleias de fábrica. 
Para garantir a continuidade e levar à prática as decisões tomadas nas sessões dos sovietes, eram mandatados delegados, que tinham um mandato preciso e imperativo. Eles eram eleitos para fazer determinada coisa, de determinada maneira. Os cargos eram - a qualquer momento - revogáveis pelas assembleias que os elegeram: ou seja, se houvesse alguém que - por qualquer motivo - não estava a desempenhar bem a tarefa incumbida, podia ser demitido e substituído por outro. 

Este modelo de tomada de decisão era corrente na época nas associações operárias dos finais do século XIX, inícios do século XX e foi assumido por muitos sindicatos regidos pelos princípios do sindicalismo revolucionário. 

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Os seus princípios foram consagrados na Carta de Amiens, no Congresso dos sindicatos da CGT francesa, em 1906. 
Esta poderosa corrente, em Portugal formou a CGT, em 1919, seguindo o mesmo princípio dos mandatos delimitados, imperativos e revogáveis como norma estatutária. Nenhum dirigente se podia arvorar em «ditador» dos restantes sindicalizados, visto que o controlo sobre a sua actuação repousava sempre nos seus camaradas, que o tinham eleito. Estes participavam realmente na vida interna do sindicato, a sua «associação de classe», na terminologia adoptada. A participação permanente dos associados na vida interna de uma estrutura é o que permite manter a sua democracia interna.

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As mesmas regras de funcionamento podem aplicar-se em muitas outras instâncias, com as necessárias adaptações. Tem sido aplicada em várias ocasiões e em várias latitudes, em associações culturais, em assembleias populares, em associações de vizinhos, etc. Em todos os casos, a democracia interna tem de ser garantida pela participação regular dum conjunto vasto de associados, nas reuniões. 

Quando se passa de um nível local, a um mais geral, haverá necessidade de órgãos coordenadores: para estes, as diversas assembleias mandatam (esta é a palavra-chave) alguém, ou um certo número de entre seus membros. Este mandato é, como referido acima, temporário, revogável a qualquer momento e deve incluir uma orientação concreta, da parte da assembleia que os elegeu, sobre qual o sentido do seu voto, ou a sua orientação. 
Esta forma de projectar a vontade das assembleias de base, através de delegados devidamente mandatados, chama-se federalismo. [Não tem nada que ver com as estruturas estatais que assim se denominam, ou designações dadas por medíocres analistas políticos.] 
Image result for fédéralisme proudhon oeuvreO verdadeiro federalismo corresponde à aplicação da democracia directa, em vários patamares, onde os patamares de base elegem e controlam o modo como os eleitos exercem seus mandatos.
As resoluções duma estrutura federal são, em princípio, o resultado da confluência dos elementos federados. Numa assembleia federal ou confederal pode haver e é natural que existam, uma maioria e uma minoria, mas não de forma permanente, constante, o que seria equivalente a partidos parlamentares. Pois, numa verdadeira federação, os elementos das bases podem estar em contradição entre si, mas isso será temporário e não incidirá sobre todas as questões. 
Num movimento democrático autêntico, não se evacuam ou reprimem as visões discordantes, elas são tidas em conta, sempre. Mas isso não implica nenhum consenso forçado. Alguns manipuladores têm recentemente tentado instaurar uma espécie de «religião do consenso», mas esta imposição do consenso é essencialmente estranha ao federalismo e à democracia directa. 
Na democracia directa, existe maior liberdade de opinião e mais facilidade em manifestá-la, por muito minoritária que seja. É, aliás, uma das «pedras de toque» de uma tal organização, o respeito pelas minorias: o permitir, sem coação, a expressão de qualquer ponto de vista.

Penso que a democracia directa está ainda na sua infância, embora seja a forma mais natural e mais real de participação na «coisa pública». 
Estou convencido que a questão da escala não é um problema insolúvel: a democracia directa pode ser exercida de forma articulada com o federalismo autêntico, onde assembleias de base definem os mandatos e controlam os portadores desses mesmos mandatos.
Os sistemas ditos de «democracia representativa», não são representativos, verdadeiramente, nem são, de facto, democráticos. Invariavelmente, têm segregado novas oligarquias: os «representantes», uma vez eleitos, quase sempre «esquecem» os compromissos assumidos perante os eleitores. 
Não nos pode surpreender que a democracia representativa esteja cada vez mais desacreditada. Perigosamente, tem desacreditado também a própria ideia de democracia, de participação política, de exercício da cidadania. 
Tem-se perpetuado tal estado de coisas, pela passividade dos cidadãos, pelo alheamento de muitos, pela desistência em participar. Isso é desejado e promovido pelas «elites» que nos governam, embora, hipocritamente, digam o contrário. Os poderes querem reduzir a democracia a uma escolha de «representantes», de tantos em tantos anos; essa é a «participação» desejada por eles, mas afastam e mesmo reprimem, qualquer tentativa de participação na resolução directa dos problemas pelas pessoas. 

Só uma retomada em mãos pelo povo, colectivamente, dos instrumentos de governação, poderá trazer maior democracia. 
Neste século, com o aumento da cultura e do esclarecimento das pessoas, com a exigência maior de transparência, a democracia terá de evoluir. 
Se, em vez de evoluir, a vida política se fossilizar ainda mais, a disjunção entre os princípios proclamados pelos Estados e as suas práticas, irá tornar-se muito patente, a governação será cada vez mais autoritária e isso irá catalisar transformações. 
A democracia directa será, duma ou doutra forma, cada vez mais adoptada: primeiro, em pequena escala e depois, de modo generalizado.

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

[Manlio Dinucci] USO MILITAR ESCONDIDO DA TECNOLOGIA 5G

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A Arte da Guerra

O uso militar escondido da tecnologia 5G
Manlio Dinucci


Na Cimeira de Londres, os 29 países da NATO  comprometeram-se a “garantir a segurança das nossas comunicações, incluindo a 5G”. Por que razão esta tecnologia da quinta geração da transmissão móvel é tão importante para a NATO?

Embora as tecnologias anteriores fossem destinadas a fabricar 'smartphones' cada vez mais avançados, a 5G foi concebida não só para melhorar o seu desempenho, mas principalmente para ligar sistemas digitais que precisam de grandes quantidades de dados para funcionar de modo automático. As aplicações mais importantes da 5G serão realizadas, não no campo civil, mas no campo militar.

Quais são as possibilidades oferecidas por esta nova tecnologia, explica-as o relatório Defense Applications of 5G Network Technology, publicado pelo Defense Science Board, uma comissão federal que fornece consultoria científica ao Pentágono:

Ø   “A tecnologia 5G emergente, comercialmente disponível, oferece ao Departamento da Defesa a oportunidade de usufruir a baixo custo, os benefícios desse sistema pelas próprias necessidades operacionais”. Por outras palavras, a rede comercial 5G, construída por empresas privadas, será usada pelas Forças Armadas dos EUA com uma despesa muito inferior àquela que seria necessária, se a rede fosse construída apenas para fins militares.

Ø  Os especialistas militares prevêem que a 5G desempenhará um papel determinante no uso de armas hipersónicas: mísseis, armados, também, com ogivas nucleares, que viajam a velocidades superiores a Mach 5 (5 vezes a velocidade do som). Para guiá-los em trajectórias variáveis, mudando o curso numa fracção de segundo para escapar aos mísseis interceptores, é necessário recolher, processar e transmitir enormes quantidades de dados muito rapidamente. O mesmo é necessário para activar as defesas em caso de ataque com essas armas: não havendo tempo para tomar uma decisão, a única possibilidade é confiar nos sistemas automáticos 5G.

Ø  A nova tecnologia também desempenhará um papel fundamental na battle network (rede da batalha). Sendo capaz de ligar, simultaneamente, numa área circunscrita, milhões de equipamentos receptores e transmissores, permitirá aos departamentos, e  aos militares individualmente, transmitir entre si e praticamente em tempo real, mapas, fotos e outras informações sobre a operação em curso.

Ø  Extremamente importante, será a 5G para os serviços secretos e para as forças especiais. Tornará possíveis sistemas de controlo e de espionagem muito mais eficazes do que os actuais.

Ø  Aumentará a mortandade dos drones assassinos e dos robôs de guerra, dando-lhes a capacidade de identificar, seguir e atacar determinadas pessoas, com base no reconhecimento facial e noutras características.

A rede 5G, sendo um instrumento de guerra de alta tecnologia, tornar-se-à também, automaticamente,  num alvo de ataques cibernéticos e de acções bélicas efectuadas com armas da nova geração. Além dos Estados Unidos, esta tecnologia é desenvolvida pela China e por outros países. Portanto, a disputa internacional sobre a 5G não é só comercial.

As implicações militares da 5G são quase completamente ignoradas porque, mesmo os críticos dessa tecnologia, incluindo vários cientistas, concentram a sua atenção nos efeitos nocivos para a saúde e para o meio ambiente, devido à exposição a campos electromagnéticos de baixa frequência. Empenho esse, da máxima importância que, por conseguinte, deve ser combinado com o uso militar dessa tecnologia, financiada indirectamente pelos utentes comuns.

Uma das principais atracções, que favorecerá a difusão dos 'smartphones' 5G, será a de poder participar, pagando uma assinatura, em jogos de guerra de realismo impressionante, em transmissão contínua (in streaming), com jogadores de todo o mundo. Desse modo, e sem se aperceberem, os jogadores financiarão a preparação da guerra - da guerra real.

il manifesto, 10 de Dezembro de 2019

NdT: Embora tenha visto mencionado em vários artigos da especialidade 'o 5G', traduzo 'a 5G' porque esta sigla refere-se à Tecnologia ou à Rede da Quinta Geração. Assim sendo, esses vocábulos (Tecnologia, Rede, Quinta, Geração) são substantivos do género feminino, portanto, o artigo que os precede tem de estar em concordância com os mesmos.

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http://www.natoexit.it/ -- ITALIANO


DECLARAÇÃO DE FLORENÇA
Para uma frente internacional NATO EXIT, 
em todos os países europeus da NATO
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos 
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: NO WAR NO NATO

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

FALSA CIÊNCIA CLIMÁTICA E FALSA CIÊNCIA ECONÓMICA


Qual a lógica comum que está subjacente à histeria do «Aquecimento Global», ao «Green New Deal» e à «Modern Monetary Theory» ou MMT?

Por muito que se tenha em conta a contribuição dos gases de efeito de estufa, o mais importante dos quais é - sem dúvida - o vapor de água, o certo é que o calor que mantém a temperatura da Terra é proveniente do Sol. A quantidade vinda do próprio interior da Terra, é considerada desprezível. As variações da atividade solar, as manchas solares e os seus ciclos de 11 anos, são da maior importância. São igualmente importantes os ciclos de Milankovitch, um cientista sérvio, que descreveu as oscilações do eixo terrestre em relação ao plano de translação com ciclos da ordem de 40 mil anos, assim como outros movimentos relacionados com a excentricidade da órbita terrestre, que varia em ciclos da ordem de centenas de milhares de anos.
O desencadear de uma fase glaciar é um fenómeno relativamente curto à escala geológica. Por contraste, a fase de reaquecimento (os períodos interglaciares) é muito mais progressiva. Nós estamos num período interglaciar, que se iniciou por volta do final do paleolítico, há cerca de 15-14 mil anos. Não existe uma certeza matemática em relação aos inícios e fins das etapas dos ciclos climáticos de aquecimento e arrefecimento, mas sabe-se que são fenómenos periódicos que a Terra experimentou durante longuíssimos períodos de tempo. Sabemos isso, nomeadamente, pelos sedimentos e rochas sedimentares, que resultam da acumulação dos restos de seres vivos que se depositam no fundo dos oceanos. Logicamente, a composição dessas faunas planctónicas, assim como a sua abundância, vão variar em função da temperatura do oceano.
Temos de ter em conta a existência de múltiplos factores, cuja escala e efeitos são muito difíceis de avaliar, até mesmo pelos especialistas. As pessoas leigas em climatologia – por muito que tenham uma formação científica de base – não estão conceptualmente equipadas para intervirem no debate científico.

Porém, ao nível da media social de massas e ao nível político, o que se observa é uma histeria com um propósito claro de empurrar para a «green new deal», a indústria de «energias renováveis» (as quais têm impactos ambientais muito sérios, pois estes não se limitam à «pegada-carbono»), sobretudo, um interesse muito grande em fazer avançar uma «taxa carbono» planetária, que seria gerida pelos grandes bancos, com a bênção da ONU e das instituições globalistas mundiais. 
Também tem como efeito desviar as pessoas dos problemas graves, originados na finança e causadores da grande crise anterior (2007-2009, na fase aguda) que se prolonga até hoje, com a não-resolução e fuga para a frente da impressão monetária constante. 

A Modern Monetary Theory é um avatar dessa fuga para a frente, pois admite que os governos podem imprimir dinheiro a preceito, para satisfazerem os mais diversos programas, sem que isso implique um disparar da inflação. Tal não é mais do que uma falácia, pois o que se passou e passa com o Zimbabwe, a Venezuela e Argentina, nos dias de hoje, e com a República de Weimar em 1923, entre outros exemplos, mostra o que acontece sempre, quando um governo se põe a imprimir dinheiro de modo irrestrito: o colapso da confiança do público começa com os credores externos ou internos, depois com o comércio e acaba por ser geral… no final, há sempre a destruição total e integral do valor da moeda-papel, sendo vítimas as pessoas pobres e da classe média, aquelas mesmo que não tiveram culpa, que não participaram nos desmandos da oligarquia financeira e dos seus fantoches políticos.   

O vídeo abaixo, de Fernando Ulrich, dá-nos uma ideia sobre essa teoria monetária moderna (MMT) e ajuda a colocar em questão a especulação pseudo-científica de muitos «economistas»: 


Na realidade, existe uma forma de corrigir ou prevenir os desmandos dos governos e bancos centrais mas, os que estão ao comando, não gostariam de a adoptar: trata-se do regresso ao padrão-ouro. 
Esta evolução é desejada por cada vez maior número, por razões económicas e racionais, não por fetichismo em relação ao ouro: isso seria tão ridículo como o fetichismo em relação ao dinheiro-papel. 
Com efeito, o ouro é uma matéria-prima rara, além de muito estável, tendo propriedades naturais adequadas para conservar o valor, ao longo de gerações (e mesmo, de milénios). A sua raridade é um factor importante de estabilidade para o sistema, pois é impossível, de um momento para o outro, inundar de ouro o mercado mundial, ao contrário das moedas-papel. A mineração aumenta o ouro existente na economia, numa proporção mínima, anualmente. 
Que interesse tem isso para a economia mundial? 
- Se todas as moedas estiverem indexadas ao ouro (se forem convertíveis numa determinada quantidade deste metal) os governos não poderão gastar mais do que uma certa quantidade, não poderão entrar numa orgia de despesa pública. Sabemos que o fazem por demagogia, para serem reeleitos, ou numa corrida aos armamentos com potências rivais. Isto acontece, frequentemente, porque é fácil produzir divisas que não têm por detrás qualquer garantia, além da palavra do governo. Com efeito, as «moedas-fiat», «em papel» ou sua versão digital, têm, realmente, custo zero de fabricação. 

No famoso «reset» ou reforma monetária global, a grande questão será - no curto prazo - saber até que ponto a elite globalista conseguirá gerir a crise, que ela própria engendrou. Para obter ainda maior fatia de riqueza e poder, está disposta a tudo. No imediato, ela tem necessidade de desviar a atenção das pessoas, sobre o que está a ocorrer no presente: a grande transferência de activos financeiros (de riqueza e de poder), que essencialmente passa para as mãos privadas, sendo espoliados os cofres públicos, o dinheiro dos nossos impostos. É «a privatização dos lucros e da socialização dos prejuízos», mas que se quer acelerar e exacerbar, sob pretexto de «urgência climática». 

Por isso mesmo, a manipulação das mentes atinge um grau muito sofisticado. Poucas são as pessoas que resistem e guardam a cabeça fria e serena, de forma que não se deixam enganar por  políticos e financeiros corruptos e sedentos de poder.
Os Clinton, os Bush, George Soros, os Rockefeller, os Rothchild etc, etc. são alguns dos políticos e multimilionários mais conhecidos. 
Que é que nós -cidadãos normais- temos em comum com eles? Um bando de multimilionários ou bilionários, cuja agenda é de manter o controlo das suas imensas fortunas acumuladas. 
O problema é que muitas pessoas deixaram de pensar pela sua própria cabeça; cederam ao «politicamente correcto», ao «group think», ou seja, a pensar dentro do rebanho.

VARIABILIDADE SOLAR E CLIMA


PARA UMA INTRODUÇÃO GERAL SOBRE CLIMATOLOGIA PELA PROFª. JOANNA D. HAIGH (Física que estuda os registos de temperaturas, a circulação oceânica e o aquecimento global) consulta o video abaixo:


A climatologia é uma ciência complexa, que tem beneficiado dos avanços em astronomia, geologia, em tecnologia de satélites artificiais e noutros domínios associados.

A professora Haigh, do Imperial College, apresenta o básico da sua ciência de modo claro e inteligível para  não iniciados. [Quem entende o inglês falado pode captar bem o que ela diz; a sua dicção é boa.]

domingo, 8 de dezembro de 2019

«A Batalha», centenário: Apresentação de livro sobre Stuart & mesa-redonda

Na próxima terça-feira, 10 de Dezembro, pelas 18 horas, o livro
Renda barata e outros cartoons de Stuart Carvalhais n'A Batalha
será apresentado na Biblioteca Nacional de Portugal, por Nuno Saraiva.

Com concepção gráfica de Joana Pires.

Co-edição A Batalha / Chili Com Carne

PVP: 10€ (8€ para assinantes do jornal)

Pedidos podem ser feitos para o nosso email: jornalabatalha@gmail.com
No mesmo dia, na mesma biblioteca, o plano de festas é o seguinte:

15h00
Abertura
Visita guiada à exposição Centenário do jornal A Batalha

16h00
Mesa-Redonda | Moderação de António Cândido Franco
Imprensa e Edição Libertárias no Portugal de Hoje

jornal A Batalha
revista A Ideia
jornal Mapa
revista Flauta de Luz
revista Erva Rebelde
Portal Anarquista
Projeto Mosca
Barricada de Livros
Letra Livre
Textos Subterrâneos
BOESG
17h00
António Sérgio, o jornal A Batalha e as organizações operárias da Primeira República, por Quintino Lopes

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

CIMEIRA NATO, REFORÇA-SE O PARTIDO DA GUERRA [MANLIO DINUCCI]



                            NATO London summit

Macron falou de "morte cerebral" da NATO, outros definem-na como “moribunda”. Será que estamos, portanto, diante de uma Aliança que, sem uma cabeça pensante, está a desmoronar-se devido a fracturas internas? As brigas na Cimeira de Londres parecem confirmar tal cenário. No entanto, é necessário olhar para o âmago, para os interesses reais em que se fundamentam as relações entre os aliados.
Enquanto, em Londres, Trump e Macron discutem sob o olhar das objectivas, no Níger, sem tanta publicidade, o US Army Africa (Exército dos EUA para a África) transporta nos seus aviões de carga, milhares de soldados franceses e os seus armamentos, para vários postos avançados na África Ocidental e Central, para a Operação Barkhane, em que Paris lança 4.500 soldados, sobretudo das forças especiais, com o apoio das forças especiais dos EUA, também em acções de combate. Ao mesmo tempo, os drones armados Reaper, fornecidos pelos EUA à França, operam a partir da Base Aérea 101, em Niamey (Níger). Da mesma base, levantam voo os Reaper da US Air Force Africa (Força Aérea dos EUA para África), que estão agora redistribuídos na nova base 201, de Agadez, no norte do país, continuando a operar em conjunto com os franceses.
O caso é emblemático. Os Estados Unidos, a França e outras potências europeias, cujos grupos multinacionais competem para conquistar mercados e matérias primas, convergem quando os seus interesses comuns estão em jogo. Por exemplo, aqueles que têm no Sahel, riquíssimo em matérias primas: petróleo, ouro, coltan, diamantes, urânio. Mas agora os seus interesses nesta região, onde as taxas de pobreza estão entre as mais elevadas, estão ameaçados pelos levantamentos populares e pela presença económica chinesa. Daí o Barkhane que, apresentado como uma operação antiterrorista, força os aliados numa guerra de longa duração com drones e forças especiais.
O aglutinador mais forte que mantém a NATO unida é o interesse comum do complexo industrial militar de ambos os lados do Atlântico. Ele sai fortalecido da Cimeira de Londres. A Declaração final fornece a principal motivação para um aumento adicional da despesa militar: “As acções agressivas da Rússia constituem uma ameaça à segurança euro-atlântica”. Os Aliados comprometem-se não só a elevar a sua despesa militar a, pelo menos, 2% do PIB, mas a destinar, no mínimo, 20% dessa verba para a compra de armamentos. Objectivo já alcançado por 16 dos 29 países, entre os quais, a Itália. Os USA investem, para esse fim, mais de 200 biliões de dólares em 2019. Os resultados podem ser vistos. No mesmo dia em que se desenrolava a Cimeira da NATO, a General Dynamics assinou com a US Navy, um contrato de 22,2 biliões de dólares, ajustável a 24 biliões, para o fornecimento de 8 submarinos da classe Virgínia, para operações especiais e missões de ataque com Mísseis Tomahawk, também com ogiva nuclear (40 por submarino).
Acusando a Rússia (sem nenhuma prova) de ter instalado mísseis nucleares de alcance intermédio e de ter, assim, destruído o Tratado INF, a Cimeira decide “o reforço adicional da nossa capacidade de nos defendermos com uma combinação apropriada de capacidades nucleares, convencionais e anti-mísseis, que continuaremos a adaptar: enquanto houver armas nucleares, a NATO permanecerá uma aliança nuclear”. Neste contexto, insere-se o reconhecimento do Espaço como o quinto campo operacional; por outras palavras, anuncia-se um programa espacial militar da Aliança, extremamente caro. É um cheque em branco dado em unanimidade, pelos Aliados, ao complexo industrial militar.
Pela primeira vez, com a Declaração da Cimeira, a NATO fala do “desafio” proveniente da crescente influência e da política internacional da China, sublinhando “a necessidade de enfrentá-la como uma Aliança”. A mensagem é clara: a NATO é mais do que nunca necessária a um Ocidente cuja supremacia está hoje a ser desafiada pela China e pela Rússia. Resultado imediato: o Governo japonês anunciou ter comprado, por 146 milhões de dólares, a ilha desabitada de Mageshima, a 30 km das suas costas, para usá-la como um local de treino de caça-bombardeiros americanos instalados contra a China.

il manifesto, 6 de Dezembro de 2019


Manlio DinucciGeógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios Editores 2018; Premio internazionale per l'analisi geostrategica assegnato il 7 giugno 2019 dal Club dei giornalisti del Messico, A.C.
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos 
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: NO WAR NO NATO