Quando se souberem os resultados da primeira volta das eleições presidenciais francesas, haverá uma catadupa de análises, umas mais inteligentes que outras.
Mas, hoje, Domingo 10 Abril 2022 (antes de qualquer resultado ter saído das urnas), já posso afirmar com 100 % de certeza, quem perde, neste confronto eleitoral. É a esquerda política; arrastando consigo na sua queda a esquerda sociológica, ou seja, todas as pessoas espoliadas dos seus direitos, da sua cidadania e do fruto do seu trabalho. Ficarão a perder os trabalhadores, que não possuem um estatuto de privilégio, os que nem podem beneficiar das migalhas que os muito ricos distribuem para eles ficarem tranquilos, quando não para apoiar ativamente os candidatos escolhidos pelo sistema.
É este o resultado final da incúria de hierarcas de esquerda, sem dúvida alucinados com a possibilidade de partilhar o poder com a classe oligárquica. Quanto a esta, chamá-la burguesia já não seria correto, visto que a casta oligárquica se conta - num país como a França - pelas centenas de indivíduos, enquanto a burguesia inclui muitas dezenas de milhares, muitos deles empreendedores, muitos dos quais também esmagados pelo poder opressor dos monopólios e oligopólios que detêm o verdadeiro poder.
Mas, o pior deste período de ocaso da democracia ocidental, é a inexistência de verdadeiros contrapoderes. Não existe verdadeira força sindical autónoma nas mãos dos trabalhadores, ou se ela existe, tem uma expressão demasiado minoritária no seio das classes que é suposto defender. Não existe partido de esquerda no sentido de confronto contra o poder do capital, com expressão suficiente para poder desencadear a contestação eficaz contra medidas gravosas, por parte do governo e seus agentes. O que fica então, é uma representação teatral de esquerda. Resta uma esquerda esquálida, saudosa das glórias do passado, sem qualquer hipótese de ser protagonista em batalhas significativas do presente.
De qualquer maneira, não há verdadeira oposição de esquerda ao superestado da União Europeia, com o seu parlamento fantoche, suas instituições burocratizadas, sua rígida arquitetura e seu «tratado» de Lisboa. Este último, é - na verdade - uma constituição, contra a qual não existe um repúdio, uma vigorosa e organizada contestação, como seria de esperar duma esquerda anticapitalista. Com efeito, este «tratado» obriga a que os países se rejam e se coadunem plenamente pelas regras do capitalismo.
É conveniente para a ínfima oligarquia, ter as forças antagónicas domesticadas, ao ponto da hipótese duma agitação séria, nos países que hoje constituem a UE, seja mais provável vinda de partes espoliadas e esmagadas da população, mas sem qualquer perigo. A castração da esquerda política e social significa, no pior dos casos, que haverá insurreições espontâneas, mas sem um rumo definido: apenas explosões de raiva e frustração. Quanto muito, estas manifestações, apesar dos guardiães de esquerda e direita da ordem neoliberal, serão recuperadas por grupos de ultradireita, de nacionalistas extremos, de demagogos arvorados em soberanistas. Mas, ao fim e ao cabo, isto é algo com que o poder está habituado a lidar.
A deriva neoliberal, anti- luta de classes, anti- autonomia da classe trabalhadora, ocorreu num espaço de tempo dilatado, pelo menos numa geração (25-30 anos).
As pessoas que estão enredadas na galáxia do que se chama «esquerda» hoje, são cultores do «wokismo», do pensamento «politicamente correto». Ao ponto de terem inteiramente substituído a luta de todo o povo explorado, dos oprimidos, dos proletários, pela «luta identitária», fazendo das «questões de género», de «raça», de «orientação sexual» o eixo da sua atividade militante. É exclusivamente por estas «causas» que estão ativos/as em estruturas partidárias ou sindicais.
É, portanto, uma vitoria absoluta para a classe dominante e uma terrível derrota com consequências duradoiras, para a classe dos oprimidos e explorados.
Qual a lógica comum que está subjacente à histeria do «Aquecimento Global», ao «Green New Deal» e à «Modern Monetary Theory» ou MMT?
Por muito que se tenha em conta a contribuição dos gases de efeito
de estufa, o mais importante dos quais é - sem dúvida - o vapor de água, o
certo é que o calor que mantém a temperatura da Terra é proveniente do Sol. A
quantidade vinda do próprio interior da Terra, é considerada desprezível. As
variações da atividade solar, as manchas solares e os seus ciclos de 11 anos,
são da maior importância. São igualmente importantes os ciclos de Milankovitch,
um cientista sérvio, que descreveu as oscilações do eixo terrestre em relação
ao plano de translação com ciclos da ordem de 40 mil anos, assim como outros
movimentos relacionados com a excentricidade da órbita terrestre, que varia em
ciclos da ordem de centenas de milhares de anos.
O desencadear de uma fase glaciar é um fenómeno relativamente
curto à escala geológica. Por contraste, a fase de reaquecimento (os períodos
interglaciares) é muito mais progressiva. Nós estamos num período interglaciar,
que se iniciou por volta do final do paleolítico, há cerca de 15-14 mil anos.
Não existe uma certeza matemática em relação aos inícios e fins das etapas dos
ciclos climáticos de aquecimento e arrefecimento, mas sabe-se que são fenómenos
periódicos que a Terra experimentou durante longuíssimos períodos de tempo. Sabemos
isso, nomeadamente, pelos sedimentos e rochas sedimentares, que resultam da
acumulação dos restos de seres vivos que se depositam no fundo dos oceanos.
Logicamente, a composição dessas faunas planctónicas, assim como a sua abundância,
vão variar em função da temperatura do oceano.
Temos de ter em conta a existência de múltiplos factores,
cuja escala e efeitos são muito difíceis de avaliar, até mesmo pelos
especialistas. As pessoas leigas em climatologia – por muito que tenham uma
formação científica de base – não estão conceptualmente equipadas para
intervirem no debate científico.
Porém, ao nível da media social de massas e ao nível político, o que se observa é uma
histeria com um propósito claro de empurrar para a «green new deal», a indústria
de «energias renováveis» (as quais têm impactos ambientais muito sérios, pois estes
não se limitam à «pegada-carbono»), sobretudo, um interesse muito grande em
fazer avançar uma «taxa carbono» planetária, que seria gerida pelos grandes
bancos, com a bênção da ONU e das instituições globalistas mundiais.
Também tem
como efeito desviar as pessoas dos problemas graves, originados na finança e causadores da grande crise anterior (2007-2009, na fase aguda) que se prolonga até hoje, com
a não-resolução e fuga para a frente da impressão monetária constante.
A Modern
Monetary Theory é um avatar dessa fuga para a frente, pois admite que os
governos podem imprimir dinheiro a preceito, para satisfazerem os mais diversos
programas, sem que isso implique um disparar da inflação. Tal não é mais do que
uma falácia, pois o que se passou e passa com o Zimbabwe, a Venezuela e
Argentina, nos dias de hoje, e com a República de Weimar em 1923, entre outros
exemplos, mostra o que acontece sempre, quando um governo se põe a imprimir dinheiro de
modo irrestrito: o colapso da confiança do público começa com os
credores externos ou internos, depois com o comércio e acaba por ser geral… no final, há sempre a destruição total e integral do valor da moeda-papel, sendo vítimas as pessoas pobres
e da classe média, aquelas mesmo que não tiveram culpa, que não participaram nos desmandos da oligarquia financeira e dos seus fantoches políticos.
O vídeo abaixo, de Fernando Ulrich, dá-nos uma ideia sobre
essa teoria monetária moderna (MMT) e ajuda a colocar em questão a especulação pseudo-científica de muitos «economistas»:
Na realidade, existe uma forma de corrigir ou prevenir os desmandos dos governos e bancos centrais mas, os que estão ao comando, não gostariam de a adoptar: trata-se do regresso ao padrão-ouro. Esta evolução é desejada por cada vez maior número, por razões económicas e racionais, não por fetichismo em relação ao ouro: isso seria tão ridículo como o fetichismo em relação ao dinheiro-papel. Com efeito, o ouro é uma matéria-prima rara, além de muito estável, tendo propriedades naturais adequadas para conservar o valor, ao longo de gerações (e mesmo, de milénios). A sua raridade é um factor importante de estabilidade para o sistema, pois é impossível, de um momento para o outro, inundar de ouro o mercado mundial, ao contrário das moedas-papel. A mineração aumenta o ouro existente na economia, numa proporção mínima, anualmente.
Que interesse tem isso para a economia mundial?
- Se todas as moedas estiverem indexadas ao ouro (se forem convertíveis numa determinada quantidade deste metal) os governos não poderão gastar mais do que uma certa quantidade, não poderão entrar numa orgia de despesa pública. Sabemos que o fazem por demagogia, para serem reeleitos, ou numa corrida aos armamentos com potências rivais. Isto acontece, frequentemente, porque é fácil produzir divisas que não têm por detrás qualquer garantia, além da palavra do governo. Com efeito, as «moedas-fiat», «em papel» ou sua versão digital, têm, realmente, custo zero de fabricação.
No famoso «reset» ou reforma monetária global, a grande questão será - no curto prazo - saber até que ponto a elite globalista conseguirá gerir a crise, que ela própria engendrou. Para obter ainda maior fatia de riqueza e poder, está disposta a tudo. No imediato, ela tem necessidade de desviar a atenção das pessoas, sobre o que está a ocorrer no presente: a grande transferência de activos financeiros (de riqueza e de poder), que essencialmente passa para as mãos privadas, sendo espoliados os cofres públicos, o dinheiro dos nossos impostos. É «a privatização dos lucros e da socialização dos prejuízos», mas que se quer acelerar e exacerbar, sob pretexto de «urgência climática».
Por isso mesmo, a manipulação das mentes atinge um grau muito sofisticado. Poucas são as pessoas que resistem e guardam a cabeça fria e serena, de forma que não se deixam enganar por políticos e financeiros corruptos e sedentos de poder.
Os Clinton, os Bush, George Soros, os Rockefeller, os Rothchild etc, etc. são alguns dos políticos e multimilionários mais conhecidos.
Que é que nós -cidadãos normais- temos em comum com eles? Um bando de multimilionários ou bilionários, cuja agenda é de manter o controlo das suas imensas fortunas acumuladas.
O problema é que muitas pessoas deixaram de pensar pela sua própria cabeça; cederam ao «politicamente correcto», ao «group think», ou seja, a pensar dentro do rebanho.