domingo, 18 de março de 2018

PAUL ROBESON, A VOZ INOLVIDÁVEL

Paul Robeson (1898- 1976) continua a ter imensos cultores, devido à  qualidade da sua voz, pelo esmero e bom gosto das suas interpretações. Conheço versões das peças abaixo por outros interpretes, mas não tenho dúvida, pelo menos nestes casos, que prefiro a interpretação de Paul Robeson. Não é esta avaliação ditada por nostalgia ou pelo prestígio; este cantor tinha uma voz excepcional e grande capacidade expressiva.


«Mood Indigo» O clássico dos clássicos do blues, pelo célebre cantor negro de ópera, que por ser membro do partido comunista, foi perseguido e proibido de cantar no palco e cinema, na «democracia» dos EUA.



«Joe Hill»: era um organizador do sindicato revolucionário IWW, assassinado pelos capangas dos patrões. 


                          

«It aint necessarily so»: Esta é uma das canções de «Porgy and Bess» (de George Gershwin). Como muitas outras passagens da famosa ópera, foi inúmeras vezes interpretado pelos mais variados cantores.


                          

«Deep River»: Um espiritual negro que Paul Robeson interpreta de forma poderosa. 

quinta-feira, 15 de março de 2018

quarta-feira, 14 de março de 2018

HOMENAGEM AO HOMEM STEPHEN HAWKING

hawking

Se a ciência é algo internacional, transcultural, fora da esfera dos poderes, por um lado... também é o oposto disso mesmo, por outro. 
Os grandes vultos da ciência são reivindicados por «gregos e troianos», sobretudo quando eles deixaram de ser deste mundo.
Sendo eu muito respeitoso da ciência e admirador das mentes mais brilhantes nos seus diversos domínios, não deixo nunca de sorrir interiormente quando penso no Revolucionário Albert Einstein, no Anarquista Bertrand Russell e no Defensor da Causa Palestiniana, Stephen Hawking. 
É que o lugar deles na ciência já estava completamente firmado, já eram célebres e não diluíram as suas escolhas éticas fundamentais, que adquiriram bem cedo na juventude, ou adolescência. 
Assim, os que se servem da ciência que eles desenvolveram, que usam para a destruição e opressão das pessoas e dos povos, não estão ainda derrotados, infelizmente; porém, estão sem «argumento moral», face aqueles grandes da ciência. 

                        Foto de Pepe Escobar.
                       

Esta é minha homenagem ao Homem Stephen Hawking que, na sua complexidade, mostrou tanta sabedoria, acuidade e lucidez, também no campo das questões políticas e sociais.

JANIS JOPLIN E NÓS...

                   
As pessoas, inebriadas pela cultura hedonista, seja ela rock ou outra qualquer, apontam muitas vezes como evidência da «excepcionalidade» de algum/a artista, que este/a se mate, se destrua das mais diversas maneiras. 

Só assim ascendem ao estatuto de «mitos», incensados por multidões boçais de «adoradores». Mas estes atordoados alguma vez imaginaram o sofrimento por que passaram artistas como Janis Joplin, Jim Morrison ou muitos outros, que desapareceram demasiado cedo? 

Isto, em si mesmo, é uma monstruosidade. Mas as pessoas encontram uma série de «justificações» para isto. Algo que seria visto como tragédia, se acontecesse a um membro da sua família. 

Celebridades ou artistas que ficaram na penumbra, quantos se extinguiram assim?  Por, literalmente,  queimarem-se no altar das emoções e sensações, usando toda a espécie de drogas? Usavam-nas para atingir «estados alterados», que intensificavam o seu poder criativo e, ao mesmo tempo, permitiam-lhes aguentar o enorme stress duma vida de tournées constantes... 


ADORADORES DOS ÍDOLOS DO ROCK: OIÇAM O SEU LEGADO COM HUMILDADE, RESPEITO E GRATIDÃO.


ARTISTAS DE HOJE: NÃO TENTEM EMULAR O COMPORTAMENTO DOS QUE CAÍRAM  VÍTIMAS DO CÍRCULO INFERNAL DAS DROGAS. HÁ VÁRIAS MANEIRAS DE LIBERTAR A CRIATIVIDADE E COMBATER O STRESS, QUE NÃO PASSAM POR DROGAS.


                 

terça-feira, 13 de março de 2018

WAGNER: PRELÚDIO DE «TRISTÃO E ISOLDA»

Quando preciso banhar-me em beleza pura, oiço o prelúdio de Tristão e Isolda. 


Há ocasiões em que é algo indispensável, para mim: para que a luminosidade da manhã afaste as brumas da noite. 

É uma necessidade imperiosa do meu ser, uma pulsão que me domina inteiramente. Oiço em recolhimento, sorvendo a essência desta composição sublime. 

Fico então saciado de beleza, tendo bebido esta música, que levo à boca como água cristalina de nascente.
Com olhar sereno vislumbro a planície. Interiorizo a música como respiro. Uma música... feita da matéria dos sonhos! Feita da matéria das estrelas!



GABRIEL FAURÉ - IMPROVISATION Op. 84 Nº5

[quadro de Claude Monet, «La Falaise d'Edretat»]

Related image

                                           

segunda-feira, 12 de março de 2018

[Obras de MANUEL BANET] SE, ALGUM DIA, LHE ESCREVESSE UM POEMA DE AMOR

Se, algum dia, lhe escrevesse um poema de amor
Ah, ela nunca saberia, nunca por nunca lho diria
Dentro de mim o guardaria, sem jamais lho mostrar!

Bem melhor que ela nem suspeite estes devaneios
De palavras. São falsos brilhantes. Não merece seu peito
Tal dúbio enfeite; ou, por vezes, num punhal embainhado

Seu resplandecente olhar jamais cairá sobre versos
De Romeu de opereta, falsos como todos os 
Que dizem o que não se diz, o que não se pode...

Morram as palavras nas masmorras cranianas!
Sem qualquer piedade eu as imolo todas
As queimo diante do severo ou divertido juízo 

Este sem-sentido da vontade inebriada
Estonteada que me compele a escrever
Em segredo a dor antiga no peito calada

Nunca deixarei que sonoros bramidos fendam 
O ar em seu redor, violentando a natural harmonia
- No silêncio vivem seus nobres pensamentos

Com sinceridade e por querer jamais darei
Nome ou sinal: ela corre invisível pelas ruas; 
Em meus braços carinhosos se vem acolher 

Não, este tosco escrevinhar apenas confessa
A impossibilidade de dizê-lo, o amor
A futilidade das palavras e a nossa vaidade