Se, algum dia, lhe escrevesse um poema de amor
Ah, ela nunca saberia, nunca por nunca lho diria
Dentro de mim o guardaria, sem jamais lho mostrar!
Bem melhor que ela nem suspeite estes devaneios
De palavras. São falsos brilhantes. Não merece seu peito
Tal dúbio enfeite; ou, por vezes, num punhal embainhado
Seu resplandecente olhar jamais cairá sobre versos
De Romeu de opereta, falsos como todos os
Que dizem o que não se diz, o que não se pode...
Morram as palavras nas masmorras cranianas!
Sem qualquer piedade eu as imolo todas
As queimo diante do severo ou divertido juízo
Este sem-sentido da vontade inebriada
Estonteada que me compele a escrever
Em segredo a dor antiga no peito calada
Nunca deixarei que sonoros bramidos fendam
O ar em seu redor, violentando a natural harmonia
- No silêncio vivem seus nobres pensamentos
Com sinceridade e por querer jamais darei
Nome ou sinal: ela corre invisível pelas ruas;
Em meus braços carinhosos se vem acolher
Não, este tosco escrevinhar apenas confessa
A impossibilidade de dizê-lo, o amor
A futilidade das palavras e a nossa vaidade
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