sexta-feira, 14 de junho de 2024
FRANÇOISE HARDY- A ROSA DA CANÇÃO FRANCESA ASCENDEU AO CÉU
OPUS VOL. III. N. 18 : ASSIM OS LEVA O VENTO
Era um tempo sem bússola
De parte a parte parecia
Um mundo fictício
Porém era real
Para onde quer que olhasse
Já não reconhecia
Os meus amigos
Vivia num pesadelo
Acordando em suor
Com a memória
Misturando-se de sonhos
E estes não eram doces
Mas de calafrios
As lindas criaturas
Transformadas em hienas
Meus leais companheiros
Em verdugos sádicos
Oh! Meu Deus, serei
Eu o louco, afinal?
Não sei; as conversas
Com o Senhor do Universo
Têm estado difíceis
Ultimamente
Mas, ao acordar, recebi
Uma críptica mensagem :
"Assim os leva o vento"
quinta-feira, 13 de junho de 2024
Quando a metáfora de " David contra Golias" já não é apropriada
quarta-feira, 12 de junho de 2024
HISTERIA CLIMÁTICA E BOM SENSO FUNDAMENTAL
O clima tem vindo a arrefecer de modo significativo. Pelo menos, na zona da Europa ocidental onde eu vivo. Eu recordo que existem ciclos de arrefecimento e de aquecimento, governados por fatores em que a intervenção humana é positivamente nula: Os ciclos de Milankovitch, que correspondem a mudanças subtis na órbita da Terra (e dos outros planetas) em relação ao eixo de translação em torno do Sol; a periodicidade das manchas solares (que são violentas explosões à superfície do Sol). Em anos de baixa atividade dessas manchas, o nosso Planeta recebe um pouco menos de radiação (principalmente UV), o que tem um efeito de arrefecimento, o contrário ocorrendo quando se verifica aumento destas manchas à superfície do Sol.
Nós não sabemos ao certo como se desenrolam os períodos longos dos próprios ciclos térmicos oceânicos, que podem conservar calor durante 200 anos e depois libertá-lo. Não se compreendem ainda os mecanismos complexos e subtis envolvidos.
A hipótese de que o CO2 antropogénico, produzido pelos humanos e não convertido ou assimilado, será o fator principal do aquecimento, é uma falácia. O fenómeno da fotossíntese foi bastante estudado por mim, enquanto biólogo; a fotossíntese teve sempre um aumento substancial nas eras quentes: Naquelas, produzia-se maior quantidade de biomassa. Por exemplo, no carbonífero, grande parte do globo tinha um clima tropical e os teores de carbono atmosférico eram muito superiores aos do presente. Os animais estavam perfeitamente adaptados, também houve um desenvolvimento espetacular dos dinossauros e de outros grandes animais. O principal «sorvedouro natural» do CO2 são os oceanos, com o plâncton que, depois de morto, deposita-se no fundo dos oceanos e contribui para a formação da rocha calcária mas, o carbono encerrado nas conchas e outros materiais de origem biológica não é suscetível de ser libertado para a atmosfera, permanecendo centenas de milhões de anos encerrado nas rochas calcárias.
Se os acima referidos grupos de pressão estivessem genuinamente interessados em resolver os problemas, iriam fazer campanha, forte e contínua, para que os oceanos deixem de ser o vazadouro de todas as porcarias tóxicas que destroem as algas, o plâncton microscópico, assim como muitos peixes e outros animais marinhos. Pois estas formas de vida são importantes e merecedoras da proteção maior possível, não apenas pela preservação das espécies, como objetivo em si mesmo. Tem-se verificado que o ecossistema marinho absorve de modo estável o dióxido de carbono, mas isso depende primariamente das formas de vida, da sua capacidade em realizar as tarefas, que são naturalmente as suas: fotossíntese, reciclagem de materiais, circulação destes do substrato marinho para a superfície e vice-versa, armazenamento do C em conchas e outras formas ricas em carbonato. Portanto, a destruição dos ecossistemas oceânicos é um processo que põe em risco todo o planeta; a vida humana, a sua alimentação, mas também a estabilidade do clima.
Tudo isto que escrevi acima é consensual entre cientistas: Os climatologistas, oceanógrafos, biólogos, etc. E todos eles vos dirão que se investiga insuficientemente, neste campo dos oceanos, pois as verbas para investigação são escassas. No entanto, está fora de dúvida que esta investigação (principalmente de campo, com sondas e estudos de fauna) seria importantíssima para nos ajudar a compreender o oceano, o grande estabilizador das temperatura e do CO2 atmosférico.
As pessoas que defendem o modelo do GIEC (um painel intergovernamental da ONU, não uma instituição científica) esquecem que este modelo se compõe de dados muito escassos e que abrangem uma duração ridícula. Os dados incluídos nas simulações vão de cerca de 1850, até ao presente; enquanto o clima, tal como as alterações geológicas, se mede em dezenas de milhares de anos!
O modelo computorizado do GIEC - no seu próprio programa - recorre a muitas simplificações, que são outras tantas hipóteses de trabalho NÃO confirmadas. Eu terei atenção ao que dizem e propõem, se forem capazes de analisar e investigar os fenómenos na sua complexidade e se não estiverem amarrados a uma narrativa linear e catastrofista. Lembro que este modelo linear começou por ser proposto em 1970, pelo Clube de Roma, em que alguns dos intervenientes estavam apostados em validar a ideia malthusiana do crescimento incontrolado da população humana mundial, só combatível através de restrições de toda a ordem.
Pena é, que tais malthusianos não apliquem estas restrições a eles próprios e diminuam drasticamente sua «pegada ecológica» individual; provavelmente, ela será o dobro ou mais, da minha ou dos meus leitores/as.
terça-feira, 11 de junho de 2024
DEEPFAKE? O QUE É AFINAL?
segunda-feira, 10 de junho de 2024
FERNANDO LOPES GRAÇA: A REDESCODERTA DAS RAÍZES (Segundas-f. musicais nº4)
3 esconjuros
vamos embora à alvinha do dia
a deus me encomendo e à virgem maria
e à santa bela cruz
que me guarde de cão danado
e por danar
de homem vivo, inimigo
de homem morto, mau encontro
de águas correntes, fogos ardentes
nosso senhor nos livre das bocas de má gente
contra os maridos transviados
deus te guarde sol divino
que corres o mundo inteiro
viste lá o meu marido?
se tu viste não mo negues!
não mo negues! não negues não!
que esses raios que vais deitando
ao seu nascimento
sejam dores e facadas
que atravessem o seu coração
que ele por mim endoideça
não possa comer
nem beber
nem andar
nem com outra mulher falar
nem em casa particular
que todas as mulheres
que ele veja
lhe pareçam cabras velhas
e bichas feias!
só eu lhe pareça bem no meio delas
contra as trovoadas
santa bárbara de alevantou
se vestiu e se calçou
suas santas mãos lavou
e o caminho do céu andou
lá no meio do caminho
a jesus cristo encontrou
-para onde vais? bárbara vais?
eu não vou nem quero ir,
mas ao céu quero subir
- vou arramar aquela trovoada
que lá anda, lá anda armada
arrama-a bem arramada
lá prós lados do marão
no alto cerro maninho
onde não há vinho nem pão
nem bafo de menino
nem berrar de cordeirinho
só há uma serpente
com 25 filhas
que lhes dá água de trovão
e leite de maldição
sábado, 8 de junho de 2024
PORQUE É QUE O COMPLEXO MILITAR INDUSTRIAL NOS ESTÁ MATANDO A TODOS
Quando uma bomba explode, rasga a carne, quebra os ossos, rebenta com caixas cranianas, faz mortes e pessoas estropiadas, diminuídas para toda a vida. Mas também há alguém que aproveita, que lucra com isso, que fica rico.
Mas o mal não se limita às vítimas diretas das bombas. Cada dólar* gasto com bombas (e material militar em geral) é um dólar que foi subtraído a programas com efeitos imediatos na dinamização da economia, na educação, no sistema de saúde, na investigação médica, etc. Todos ficamos mais pobres. O Estado de que somos cidadãos, em vez de arcar com despesas que - por sua vez - vão gerar mais produtividade e bem-estar social, vai «enterrar» essas somas em instrumentos de destruição.
A indústria armamentista é a mais poluidora que se possa imaginar. Além dos consumos de energia fóssil, para construção e operação das suas máquinas, é preciso termos presente que a mineração de metais raros e outros, para as ligas metálicas especiais, é muito depredadora do ambiente.
As bombas e outro armamento só podem ter dois fins, ou são utlizados, causando um tremendo custo humano e destruição ambiental (mil vezes pior na emissão de poeiras e de gases com efeito de estufa que quaisquer outras indústrias). Se não forem utilizadas estas munições e armamento, ficarão armazenados, o que tem os seus custos próprios . No final, acabarão por ser descartados, sem que os materiais sejam reciclados, as carcaças inúteis serão enterradas, causando contaminação permanente dos solos e subsolos, algo não visível pelo cidadão comum.
Nós ouvimos muitas vezes críticas dirigidas aos Estados, por irem em socorro de empresas em maus lençóis, ou em risco de falência. Pois a indústria armamentista não apenas tem um excelente cliente único (as forças armadas do Estado), como este cliente não regateia preços e costuma fazer encomendas abundantes, além de apoiar (e pagar) investigação aplicada com fins bélicos e de isentar de impostos essas indústrias benfeitoras da humanidade.
Note-se que, em termos de PIB, este pode ser inflado pelo aumento de produção de armamento. Porém, isso não significa que o país em causa esteja a nadar em prosperidade, nem que essa produção seja, de algum modo, impulsionadora de maior bem estar, de mais recursos para desenvolver outras indústrias, ou para o desenvolvimento dos países para onde os armamentos são exportados.
A utilização bárbara para fazer a guerra, não só se traduz num sofrimento humano infinito, sobretudo afetando a população civil, também causa a destruição em larga escala do equipamento, infraestrutura produtiva e vias de comunicação dos países em contenda. Isto significa incontáveis biliões de dólares investidos, que se transformam em ruínas e que - no melhor dos casos - irão ser de novo gastos, durante largos anos, para reconstruírem essas infraestruturas civis: Muitas vezes, os países ficam totalmente de rastos e não têm capitais próprios para fazer tal coisa. Caem no ciclo de dependência, de pedir empréstimos a países ricos, ou a instituições internacionais por estes controladas.
Podeis perguntar: «Mas se afinal é um mau negócio para o Estado, os cidadãos e todas as atividades que não sejam as próprias fábricas de armamento, como é possível que esta indústria floresça e tenha sempre investimentos abundantes sob forma de capitais públicos ou privados?» A resposta é simples e complexa, ao mesmo tempo:
- os industriais têm os políticos no bolso, através de doações milionárias que fazem para as campanhas eleitorais dos políticos, sem as quais estes não têm qualquer hipótese de serem eleitos, nem mesmo de ficar entre os mais votados.
- A máquina de suborno é apenas um pormenor (importante), mas é o sistema inteiro do capitalismo decadente que está afinal em causa. O capitalismo passou há muito a era construtiva. Precisa de capital e de mais capital, para alimentar a especulação financeira. O grande e o pequeno especulador sabem perfeitamente que um investimento nas indústrias de armamento tem um retorno assegurado: é uma garantia que não é dada por nenhum outro investimento no setor industrial; por exemplo, vemos grandes construtores automóveis ficar em maus lençóis e mesmo irem à falência, o mesmo se passa com grandes empreendimentos imobiliários, ou turísticos, ou cadeias de restaurantes ou qualquer outro setor civil. Tal não acontece na indústria militar; note-se que empresas de aeronáutica civil estão associadas com empresas de aviação militar. De facto, são os mesmos grandes acionistas que controlam os dois ramos industriais, embora nominalmente apareçam como distintos (exemplo: a Boeing).
Conclusão: A própria sociedade civil está refém dos grandes construtores de material bélico; eles conseguem fazer inflectir as elites políticas com muita facilidade, para que estas adotem as políticas que mais os favoreçam. Os políticos sabem isso, mas não vão revelar a «galinha dos ovos de ouro» ao público, era o equivalente a matar a dita galinha. A media, o jornalismo de massas, também não revela, apenas sublinha o «avanço tecnológico», a «eficácia» de novos sistemas de armamentos, faz publicidade grátis ou mediante subornos, criando no público a ideia (falsa) de que forças armadas assim equipadas poderão vencer quaisquer inimigos em combate. Neste contexto, não nos deve admirar que surjam constantes focos bélicos, em várias partes do Mundo. Só ainda não começaram com guerras diretas entre grandes potências, ainda que as guerras por interpostos («proxi wars») não tenham cessado, desde o fim da II. Guerra Mundial, até hoje!
O mercado da morte, da morte industrial, é o produto desta sociedade: Todas as pessoas que ingenuamente se preocupam com a habitabilidade do planeta, daqui a 20 , 30, 40 ou 50 anos, deviam refletir, sem dúvida. O efeito das indústrias de armamento traduz-se por:
- Causar enorme mortandade e destruição nas sociedades (sendo civis as principais vítimas, em geral)
- Causar destruição de capital produtivo, fábricas e instituições diversas (hospitais, escolas, centros de investigação, etc.).
- Distorção do próprio funcionamento das instituições dos países, através da corrupção dos que exercem cargos políticos
- Desvio de enormes somas, que poderiam ser investidas de forma produtiva. Cada dólar investido em armamento, é um dólar perdido para o investimento produtivo em indústrias civis, etc.
- Aumento dos riscos de guerra generalizada e portanto, da destruição da vida no planeta, pois o fomentar de guerras parciais ou locais, é o método eficaz para se gerar uma situação internacional de grandes tensões, desembocando numa guerra nuclear entre as grandes potências.
- A destruição dos ecossistemas, dos habitats naturais, extinção de espécies, poluição marítima, aérea e dos solos, não esquecendo a sempre possível poluição de longo termo, gravíssima, causada pela explosão de engenhos nucleares.
Eu renunciei a encadear estas consequências acima em ordem crescente de gravidade, pois há uma relação intrincada de causas e consequências. Isto só reforça a ideia de extrema perigosidade e parasitagem sobre a sociedade do complexo militar-industrial.
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* O orçamento de «defesa» dos países da OTAN perfaz, anualmente, dezenas de milhares de milhões de dólares (mais de 10 000 000 000 $). Os EUA são, de longe, o país que mais gasta em armamento.