sábado, 9 de outubro de 2021

O HOMEM HOMÉRICO

 
 
Raras vezes tive tanto prazer em ouvir um diálogo desta natureza, literária e filosófica, como aquele que aqui deixo à vossa consideração. Sylvain Tesson despertou a minha curiosidade: Vou procurar os poemas épicos de Homero e lê-los numa boa tradução. Parece-me tão acertado ler Homero agora, como em qualquer outra época; a humanidade que ele descreve é a mesma, são as mesmas paixões, a mesma húbris, as mesmas racionalidades, os mesmos individualismos, os mesmos coletivismos.

terça-feira, 5 de outubro de 2021

JOHN LEE HOOKER: «BOOM BOOM»


 Uma atuação ao vivo duma das maiores lendas dos blues. Ele exerceu uma influência decisiva, não apenas na tradição negra americana dos blues, como da cena rock da época. 
Os Animals, por exemplo, retomaram esta canção. Mas, também outros grupos de rock-pop se inspiraram de John Lee Hooker, os Rolling Stones, os Doors, Eric Clapton, etc. a lista completa seria bastante longa. 
Basta dizer que qualquer banda de pop-rock nos anos 60 (de ambos os lados do Atlântico), tinha influências dos blues negros americanos, não só de John Lee Hooker, como de Muddy Waters e de muitos outros. 

Post-scriptum: Quando penso em toda a saga do rock nos anos 60,  da intrusão da música negra, desde os blues, ao Rythm & Blues, ao Rock and Roll (com Chuck Berry, Little Richard e outros músicos negros nos anos 50) e ao Jazz, em todas as manifestações de música popular, tenho a certeza que a apropriação pelos músicos «brancos», daquilo que era identificado como «música de negros», foi uma genuína manifestação de antirracismo, nos anos 60, na minha geração. Os músicos deixaram de pensar em termos de «música de negros, para negros» ou «de brancos, para brancos». Em consequência disto, muito público «de todas as cores» aderiu aos estilos musicais e às danças então em voga. 
O «wokismo» é um empobrecimento: As pessoas deixarem-se encerrar em categorias mentais estruturadas em torno de conceitos «comunitaristas» da cultura. 

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

ARTE CONCEPTUAL???

- Não, apenas... «Take the Money and Run
A arte contemporânea está repleta de cabotinos, de snobs, de novo-riquismo, de vanguardismos e de estupidez. Mas esta, «é demais»!

O artista dinamarquês Jens Haaning recebeu do Kunsten Museum of Modern Art, em Aalborg, Dinamarca, dinheiro adiantado para criar uma obra de arte, que iria fazer parte de uma exposição. 
Depois de ter recebido o dinheiro, 84 mil dólares US, enviou um e-mail ao curador da exposição, dizendo que tinha mudado de ideias e que a obra teria agora o título "Take the Money and Run".
Afinal, «a obra» são duas telas vazias, de dimensões diferentes. Ele entregou «a obra» e guardou o dinheiro, alegando que fazia parte dum projeto, em que o artista planeava usar euros (em notas reais) para descrever o rendimento médio de diferentes países.

                 "Take the money and Run"

                                   

O museu tem esperança que o artista devolva o dinheiro até 16 de Janeiro, visto ele estar contratualmente obrigado a fazê-lo. 
Se não o fizer, o diretor do museu tem declarado publicamente que "iremos obviamente tomar as medidas necessárias para que Jens Haaning cumpra o contrato."

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Nota: Veja alguns notáveis exemplos de «arte» contemporânea:

domingo, 3 de outubro de 2021

[OBRAS DE MANUEL BANET] AS MONTANHAS DA LUA

                         

                               Édouard Honoré Gandon. Paisagem de Sintra


Estou no tempo de contemplar

através da janela mais bem situada

o espetáculo sempre renovado

da natureza não desnaturada

que sempre me dá razão de viver


As montanhas da Lua

erguem-se maciças, tranquilas

com um relevo semelhante

à Deusa reclinada e esquecida


Ela veste-se de Sol e nuvens

de escuras nuvens de tempestade

ou de suave manto branco

pelas secretas encostas desenrolado 


É para junto dela que vou procurar

a frescura do arvoredo, no Verão

a cálida fermentação foliar

no Outono, o uivo do vento

nas árvores, no Inverno

na Primavera, pérolas d' orvalho

irisadas nas verdes ervas 


Sempre esteja eu próximo de ti

Deusa-Natureza,   do oceano

à terra, dos astros à montanha

                                      


                                          



sábado, 2 de outubro de 2021

CANÇÕES DE BOB DYLAN, CANTADAS PELO PRÓPRIO

 


Depois de uma lista de canções de Bob Dylan interpretadas pelos mais diversos artistas,
apresento uma lista* de interpretações originais do poeta e músico meu preferido. 
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* link permanente no lado direito deste blog, em 
MÚSICA NO BLOG «MANUEL BANET, ELE PRÓPRIO»

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

UMA MISTURA EXPLOSIVA

 


Considere-se este cenário(*) :

1- Penúria de combustíveis;

2- Penúria de géneros alimentícios e outros bens de primeira necessidade;

3- Ativação de doenças infeciosas do foro respiratório no Inverno (hemisfério Norte), confundidas com o vírus do COVID;

4- Acréscimo de casos (mortes e lesões graves, debilitantes) causados pelas vacinas ARNm, propagando a proteína viral mortífera no corpo dos vacinados. Atribuição falsa a «novos variantes» do COVID;

5- Desenvolvimento em espiral da hiperinflação. Os números da inflação «oficial» sem qualquer correlação com o quotidiano das pessoas;

6- Espiral do desemprego devido a constrangimentos nos mercados de matérias primas, ao aumento acentuado do preço, ou diminuição brusca do abastecimento dos combustíveis e, sobretudo, devido à retração do poder de compra dos consumidores;

7- Acréscimo da retórica bélica e de provocações entre Estados, uma tática usada desde sempre para desviar os cidadãos das mazelas domésticas, atribuindo-as ao «inimigo». Aumento acentuado do risco de guerra generalizada;

8- Caos financeiro, com falências de bancos em série. O FMI, ou outra instituição global, serão impotentes para socorrer as estruturas financeiras dos diversos países, que irão sucumbir ao excesso de dívida, à implosão dos contratos, não contabilizados nos balanços das instituições, com somas colossais - mas não quantificáveis - envolvidas no «shadow banking» e em «derivados». Colapso das bolsas.

9- Os Estados não conseguirão honrar suas dívidas (bancarrotas). Os bancos centrais vão inflacionar as divisas, emitindo-as sem restrição, para «salvar» as economias dos respetivos Estados. O que restará de valor das divisas será destruído, causando uma miséria global. Imposição da lei marcial nos países que foram «democracias liberais», no passado. Já se está a ver uma amostra na Ilha-continente da Austrália. 

10- A fome, a violência, o caos, o desespero, podem explodir. Serão explosões não controláveis, nem canalizáveis. Fim daquilo que nos habituámos a ter como adquirido. Será o fim da civilidade; do respeito pela lei e pela ordem; do direito a assistência médica; do respeito pelos direitos dos indivíduos; do respeito pelos contratos firmados - contratos de aluguer de casa, contratos de trabalho e de tudo o mais; fim da presunção de inocência; repressão feroz de manifestantes pelos policiais, etc...

Este, é o cenário que vejo em desenvolvimento para o chamado «Ocidente», pelo menos. Pode não vir a desenrolar-se na íntegra, em certos países. Pode demorar mais a surgir, ou ser mais rápido e brutal do que pensámos. Ninguém pode dizer. O ruir do sistema vai traduzir-se - está a traduzir-se - no agravamento de crises entrecruzadas, nos sectores económico, financeiro, monetário e do comércio. As disfunções de um sector repercutem-se nos outros; trata-se de um «efeito sinergístico», de uma destruição caótica. 

Não será a media de massas a dar o alarme: Quando ela falar abertamente destas catástrofes entrecruzadas, já será demasiado tarde para nos defendermos. Lamento dizer-vos, mas este cenário não é exagero da minha parte. Tenho acompanhado as análises de Lynette Zang, Egon Von Greyerz e de muitos outros**. Recentemente, também Bill Blain e outros gestores de fundos, esclarecem-nos sobre a gravidade da situação. Muitos dos elementos apontados, são descurados pelos economistas habituais, nos media convencionais. 


Post Scriptum: Economistas de várias escolas dirão que, no âmago do sistema capitalista, estão as crises. Estas devem-se à expansão e contração do crédito que, por sua vez, provoca a expansão e contração do consumo e da produção. Mas, o que eles não dizem, é que esta destruição periódica e violenta de capital, é também uma destruição de incontáveis vidas. Não somente no sentido literal de causar mortes (pelas fomes, guerras, epidemias), igualmente no sentido de muitas vidas ficarem destroçadas, sem possibilidade de recuperar a «normalidade do antes».  Porque o capitalismo é um sistema de predação, pela sua natureza. Os capitalistas «bem-sucedidos» aproveitaram as crises para prosperar: são como abutres, nutrindo-se dos despojos.

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(*) Tomem isto como um aviso de tsunami, de catástrofe em preparação e cujos sinais precursores são claramente visíveis, em particular por uma elite mais informada, a qual não tem hesitado em colocar a salvo as suas fortunas. 

(**) Nenhum dos nomes acima citados pode ser designado de anticapitalista. Antes pelo contrário. Quanto aos anticapitalistas declarados, quer me parecer que são particularmente míopes, muitos dos que se designam com tal. Mais raros são aqueles que realmente têm algo de interessante a dizer, como é o caso do economista marxista Michael Hudson ...