A IIIª Guerra Mundial tem sido, desde o início, guerra híbrida e assimétrica, com componentes económicas, de subversão, desestabilização e lavagens ao cérebro, além das operações propriamente militares. Este cenário era bem visível, desde a guerra na Síria para derrubar Assad, ou mesmo, antes disso.

sábado, 23 de março de 2019

REFLEXÃO: O CONTRÁRIO DO AMOR...

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O contrário do amor não é o ódio, apesar de ser isto que as pessoas geralmente respondem, se lhes perguntarmos qual o oposto semântico de amor.

O oposto do amor é a indiferença. 
Embora pareça estranho que não seja o ódio ou o desamor, de facto, não é: ódio e desamor são, muitas vezes, consequência de um desespero de amor, de um amor não correspondido, ou de alguém se sentir despeitado/a.

Ora, a nossa sociedade contemporânea tem muito ódio escondido, muito desamor reprimido, porém muito pouca manifestação genuína de amor, em todos os sentidos da palavra.
Parece que a civilização do consumo e da mercadoria recalca (ou extirpa?) aquilo há de mais humano no ser humano, a empatia e a compaixão. 
Falta empatia e assim coexistem bairros de lata ao lado de condomínios de luxo. Falta empatia e as pessoas passam  por pedintes ou sem abrigo, nas ruas mais comerciais de capitais dos países afluentes com total indiferença, sem verem, sem notarem. Falta empatia; porém, as pessoas «emocionam-se» com algo que vêem nos pequenos ecrãs e até se «mobilizam», solidárias com causas distantes, a muitas centenas ou milhares de quilómetros.

A questão importante e prévia, é saber:
- Será inevitável esta mudança comportamental individual e colectiva, correlacionada com a progressão (que não progresso) da civilização tecnológica, que satura os indivíduos com bens materiais, enquanto os esvazia de empatia autêntica, de densidade humana, de espiritualidade? 
- Ou será possível reverter isso?
Na hipótese de que será possível essa reversão, como é que se pode conceber que tal aconteça? Quais os aspectos fundamentais, que a tornarão possível? 

Não sei, mas no caso de haver saída disto tudo, ela terá que ser não compatível com os valores desta sociedade, portanto em ruptura com os mesmos. Que esta ruptura seja brusca ou suave, não posso adivinhá-lo. 
Mas, aquilo que sei, é que este estado de coisas piora a humanidade em todos os aspectos, desde a dignidade das pessoas (individualmente tomadas), até ao próprio sentido da vida (na sua dimensão global e social). 

E a indiferença, então? Sim, o contrário do amor, que fazer dela, no meio disto tudo? 
- Creio que, na verdade, as pessoas mascaram de indiferença, fingem não ver, aquilo que lhes causa medo, pavor: o facto de se ver um sem-abrigo causa pavor, na medida em que - lá no fundo - se teme que isso nos possa acontecer. Uma tal eventualidade é vista como o atingir da degradação última.
A indiferença é então sinónimo de medo, de intimidação, de estar em «denegação», até mesmo, duma forma atenuada de esquizofrenia.  
A «arma» que o amor pode usar, é mostrar que não há que ter medo, que podemos abordar as questões por outro ângulo, aquele que - justamente - a media corporativa e todos os pregadores de moral se esforçam por não nos mostrar. 
Este ângulo é o seguinte: tudo tem uma ou várias causas, tudo tem a sua origem. Sabendo-se qual ou quais as causas, temos meio-caminho andado para as extirpar. O outro meio-caminho, será o procurar meios adequados para esse fim.

Todas as pessoas que sofrem e têm medo, no fundo, anseiam libertar-se desses males. 
A sua libertação passa por uma auto-educação, pelo seu apoderamento, mas tal só é viabilizado se estiverem construindo, em simultâneo, novas formas de estar e de conviver. 
Os novos valores, ou a reafirmação e plena compreensão de valores ancestrais, terão de emergir, na negação dialéctica dos quadros mentais que nos foram impostos.   

sexta-feira, 22 de março de 2019

SAIR DO SISTEMA DA NATO; SAIR DO SISTEMA DA GUERRA


[Retirado de  https://ogmfp.wordpress.com/ ]

Ver o conteúdo deste vídeo de convite para a conferência de 7 de Abril, em Florença (Itália). Vozes conhecidas irão falar, explicando qual a verdadeira história da NATO. 
A cidadania italiana e de muitos outros países estarão lá para exigir paz aos dirigentes, exigir o fim da NATO, das suas guerras, da corrida aos armamentos, especialmente nucleares.

quinta-feira, 21 de março de 2019

MESTRE DOMENICO SCARLATTI COMPÔS...

A MÚSICA SUBLIME PRECISA DOS MELHORES INTERPRETES

                   K 27 - Sonata in B minor                                   Harpsichord: Scott Ross



                   K466 - Sonata F minor

                   Piano: Yuja Wang



                                         

                   K11 - Sonata C minor 

                   Guitar: Andres Segovia

                                          

quarta-feira, 20 de março de 2019

MANHÃ DE CARNAVAL - BADEN POWELL



Esta canção (composição da banda sonora do filme Orfeu Negro) pode ser antiga, no entanto, sob os dedos de Baden Powell conserva uma frescura intemporal.

terça-feira, 19 de março de 2019

QUEM É JAIR BOLSONARO? POR GLENN GREENWALD


Dois vídeos e um artigo altamente esclarecedores sobre o Brasil de hoje.


Glenn Greenwald  é um dos fundadores do «The Intercept», um dos mais importantes meios alternativos e de jornalismo de elevado padrão ético e profissional. Glenn foi importante na divulgação das informações de Edward Snowden sobre as actividades ilegais e secretas da agência dos EUA, NSA (National Security Agency) e ajudou na fuga de Edward Snowden, em 2013.


Leia aqui mais informação não censurada sobre os meios a que realmente pertencem o actual presidente do Brasil e os seus filhos:
https://theintercept.com/2019/01/26/assista-glenn-greenwald-reporta-sobre-o-escandalo-dramatico-e-sombrio-que-esta-afogando-a-presidencia-de-bolsonaro-e-forcou-jean-wyllys-a-fugir/


O Vídeo abaixo saiu a 19 de Março 2019, no dia em que Bolsonaro visitava a Casa Branca.



segunda-feira, 18 de março de 2019

ANTI-SIONISMO, ANTI-SEMITISMO E APARTHEID

 
                                          Líder trabalhista britânico Jeremy Corbyn

                                             Ilhan Omar, membro do Congresso dos EUA


Está em crescimento uma campanha contra os que defendem justiça para o povo da Palestina, exigindo que se tomem medidas para condenar e colocar um travão efectivo às actividades do Estado de Israel, que viola constantemente os direitos humanos das populações não-judaicas.

O líder dos Trabalhistas Britânicos, Jeremy Corbyn e a Congressista dos EUA, Ilhan Omar são exemplo de vozes corajosas dentro do «establishment» ocidental, em particular anglo-americano, violentamente atacadas em campanhas de difamação, com o objectivo de que sua imagem e seu exemplo moral, não sejam seguidos.

De facto, poderosos interesses coligados querem fazer passar uma falsa equivalência entre «anti-sionismo» e «anti-semitismo», o que mostra que os meios pró-sionistas e pró-Israel, continuam a desempenhar um papel importante na arquitectura globalista mundial. 

Com efeito, os EUA gastam verbas todos os anos, da ordem de muitos biliões de dólares, em ajuda incondicional a Israel, para este se dotar dos armamentos mais sofisticados. 

Os EUA utilizam Israel como peão conveniente no combate contra os inimigos que eles não querem enfrentar directamente, em guerras por procuração. 

É o caso da guerra de longa duração que Israel trava contra o Hezbollah ou contra o Irão, mas também das acções constantes contra a população civil palestiniana, que Israel tem exercido, com especial intensidade e violência na Faixa de Gaza.

O lóbi pró-israelita, em particular, nos EUA e no Reino Unido, tem estado por detrás de campanhas para destruir a imagem de personalidades que se erguem para denunciar os crimes e as violações constantes de Israel. As violentas campanhas, numa certa media, não recuam diante dos meios mais baixos, das mentiras mais nojentas. 

Mas, também tem havido falta de resposta de muitos, que se encolhem e deixam intimidar, embora saibam que estas campanhas têm como último objectivo destruir adversários incómodos, que alcançaram uma grande popularidade.

É importante realçar que existem judeus - dentro e fora de Israel - que defendem posições anti-sionistas: de condenação enérgica do Estado de Israel, da maneira como trata a população não-judaica e da política de apartheid dirigida contra os palestinianos. Destes, quase nunca se fala nos media ocidentais. Com efeito, eles são a prova de que se pode ser anti-sionista e judeu. 

Ser anti-sionista é ser contra uma tendência política, surgida na segunda metade do século XIX, que não se limita a defender um território (Israel) como pátria do povo judeu; também reivindica a anexação de muitos territórios pertencentes a Estados vizinhos, que terão pertencido ao reino de Israel no auge do seu poderio, há muitos milhares de anos. 

O anti-semitismo é uma posição totalmente diferente; é ser-se contra o povo judeu, em si mesmo, é uma forma de racismo. 
Enquanto que ser anti-sionista é uma posição política, não implica - de modo nenhum - que se seja anti-semita.



domingo, 17 de março de 2019

A PROFUNDA TRANSFORMAÇÃO VINDA DAS ESTEPES HÁ 4500 ANOS




Há cinco mil anos, as estepes do Ponto - região que se estende do sul do Cáucaso até à Anatólia - eram  palco da primeira revolução nos transportes: com efeito, o carro puxado por parelhas de cavalos, tornava muito mais fácil a deslocação das populações, que viviam em regime nómada, criando gado nas planícies que se estendiam desde o que é hoje o Irão, até ao Danúbio, na Europa Central.
Como há alguns meses tinha relatado em vários artigos neste blog (ver aqui e aqui), a aplicação da técnica do ADN antigo aos restos fossilizados* permitiu retraçar as migrações de populações nómadas, como os Yamnaya. Estas tribos nómadas foram importantes, não apenas devido à domesticação do cavalo, como também por estarem na origem de quase todas as  numerosas línguas, desde o centro da Ásia e até à Europa ocidental. Nesta vastíssima extensão, os diversos povos falam línguas com raízes comuns, descendentes dessas culturas do Ponto, com algumas excepções: o vasto grupo linguístico indo-europeu




A teoria de que a substituição completa (1, 2) da população masculina dos territórios conquistados pelos povos das estepes, aquando da migração para o ocidente europeu, se deveu a um massacre em massa dos homens, sendo as mulheres autóctones tomadas à força, parece-me não reflectir os processos que terão ocorrido, nem se coaduna com aquilo que se sabe de ocorrências semelhantes de outras épocas. 

O facto dos idiótipos** do ADN do cromossoma Y, das épocas anteriores à grande migração, terem quase desaparecido na Península Ibérica, desde há 4500 anos em diante,  pode estar correlacionado com outros factores. 
Com efeito, acumulam-se evidências duma grande epidemia - tão devastadora como a peste negra, que assolou a Europa no final da Idade Média - ter ocorrido pouco antes, ou em simultâneo ao movimento migratório das populações nómadas do Leste. 
Não se sabendo, ao certo, qual a natureza exacta da estirpe responsável, sabe-se - no entanto - que esta causou uma quebra populacional nas populações da Europa central. 
Muito provavelmente, os povos do Leste foram ocupando os territórios cujas povoações entraram em colapso ou em decadência acentuada. 
Se este movimento se revestiu de aspectos de conquista militar ou não, é impossível, por enquanto, determinar. 
De qualquer maneira, quer tenha sido pacífica ou violenta nos momentos iniciais, uma tal conquista não pode ter sido genocida. 
Os romanos, os mouros e muitos outros povos conquistadores, antes e depois deles, permitiam que algo da cultura dos povos por eles dominados se exprimisse, assimilando até certos chefes e elites da mesma, tentando harmonizá-los no contexto da civilização dominante, conquistadora. 
Não vejo por que razão os homens das estepes euro-asiáticas tivessem agido de modo totalmente diferente. 
Mesmo no caso de uma conquista violenta, esta não podia causar a erradicação completa e deliberada da população masculina, pois isso significaria não haver  escravos em quantidade suficiente para cultivar as terras e servir os vencedores. 
A densidade demográfica europeia, de há cerca de 4500 anos, era muito baixa: havia extensas zonas da Europa de floresta densa e contínua, apenas com algum povoamento (povoações com dezenas, a poucas centenas de pessoas, não mais) ao longo dos grandes rios.

 As culturas anteriores às migrações dos povos indo-europeus não foram erradicadas, antes fundiram-se com as dos povos vindos do leste, num novo molde. 
Existem numerosas evidências arqueológicas desse fenómeno, como o surgimento de novas formas arquetípicas, por exemplo a cultura cujos vasos têm decoração  «cordiforme», ligeiramente posterior às vagas de migração vindas do Leste. 
Embora seja difícil a datação dos monumentos megalíticos, sabe-se que a civilização correspondente durou milénios, sobretudo na orla atlântica da Europa (desde a Irlanda, Escócia, Inglaterra até à Galiza e a Portugal, passando pela Bretanha). É seguro afirmar-se que a civilização megalítica se iniciou muito antes e continuou depois da grande migração dos povos das estepes.

A minha hipótese é de que a fusão dos elementos das várias culturas propiciou o aparecimento da «idade do bronze», ou seja, das primeiras cidades, dos primeiros Estados organizados e das rotas do comércio internacional.  

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* não apenas têm sido obtidos e sequenciados os ADN de fósseis humanos do paleolítico (alguns, com mais de 50 mil anos) como também do neolítico, do calcolítico, da idade do bronze e mais recentes.
** o ideótipo é o conjunto de marcadores de um cromossoma, neste caso, o cromossoma Y, que é apenas transmitido por via masculina.


1) https://www.dn.pt/vida-e-futuro/interior/homens-das-estepes-e-novos-misterios-a-peninsula-iberica-a-luz-da-genetica-10680408.html

2) https://observador.pt/2019/03/14/revista-science-divulga-estudo-com-colaboracao-portuguesa-sobre-o-passado-genetico-da-peninsula-iberica/