A IIIª Guerra Mundial tem sido, desde o início, guerra híbrida e assimétrica, com componentes económicas, de subversão, desestabilização e lavagens ao cérebro, além das operações propriamente militares. Este cenário era bem visível, desde a guerra na Síria para derrubar Assad, ou mesmo, antes disso.

quinta-feira, 31 de maio de 2018

JOHN LENNON - (JUST LIKE) STARTING OVER




(Just Like) Starting Over

Our life together is so precious together
We have grown - we have grown
Although our love is still special
Let's take our chance and fly away somewhere alone
It's been so long since we took the time
No one's to blame
I know time flies so quickly
But when I see you, darling
It's like we both are falling in love again
It'll be just like starting over, starting over
Everyday, we used to make it love
Why can't we be making love nice and easy?
It's time to spread our wings and fly
Don't let another day go by my love
It'll be just like starting over, starting over
Why don't we take off alone?
Take a trip somewhere far, far away
We'll be together on our own again
Like we used to in the early days
Well, well darling
It's been so long since we took the time
No one's to blame
I know time flies so quickly
But when I see you darling
It's like we both are falling in love again
It'll be just like starting over, starting over
Our life together is so precious together
We have grown, hm, we have grown
Although our love is still special
Let's take our chance and fly away somewhere
Starting over
Oh oh oh oh oh
Ah ah ah


(Será Como) Começar de Novo

Nossa vida a dois é tão preciosa juntos
Nós crescemos - nós crescemos
Embora nosso amor ainda seja especial
Vamos nos arriscar e voar a sós para algum lugar
Faz tanto tempo desde que nós aproveitamos o tempo
Nenhuma pessoa para culpar
Eu sei que o tempo voa tão rápido
Mas quando eu a vejo, querida
É como se estivéssemos nos apaixonando novamente
Será como começar de novo, começar de novo
Todos os dias, nós tornávamos isto o amor
Por que não podemos fazer o amor agradável e fácil?
Está na hora de abrir nossas asas e voar
Não deixe outro dia passar por meu amor
Será como começar de novo, começar de novo
Por que nós não decolamos sozinhos?
Fazer uma viagem para algum lugar bem longe
Nós estaremos juntos por nossa conta de novo
Como nós fazíamos antigamente
Bem, bem, querida
Faz tanto tempo desde que nós aproveitamos o tempo
Nenhuma pessoa a culpar
Eu sei que tempo voa tão rápido
Mas quando eu a vejo, querida
É como se estivéssemos nos apaixonando novamente
Será como começar de novo, começar de novo
Nossa vida a dois é tão preciosa juntos
Nós crescemos, é, nós crescemos
Embora nosso amor ainda seja especial
Vamos dar uma chance e voar para algum lugar
Começar de novo
Oh, oh, oh, oh, oh
Ah, ah, ah

quarta-feira, 30 de maio de 2018

ITÁLIA: GOLPE PRESIDENCIAL, SOB ENCOMENDA DA NATO E UE

Na Itália, nada será jamais como dantes.

                                   Resultado de imagem para Five Star Movement (M5S)

 O governo em formação - resultante da coligação de dois partidos eurocepticos, reunindo larga maioria - tinha um primeiro-ministro escolhido pelos dois partidos (M5S e Lega) e estava praticamente completado. O ministro das finanças indigitado - Paolo Savona - tinha, no passado, mostrado uma posição crítica em relação às políticas da UE. Foi este o pretexto para o presidente da república, Sergio Mattarella, recusar empossar o governo. Um pretexto, pois, na realidade, aquilo que doía mais aos imperialistas e seus lacaios era a independência dos dois partidos constituintes do governo - Lega e M5S. Eles tinham uma posição de repúdio em relação à política de sanções dirigidas contra a Rússia. Ora, estas não poderiam manter-se, caso a Itália se recusasse a apoiar a sua continuidade; elas não poderiam ser mantidas pela UE, pois era requerida unanimidade. 
A política de submissão ao imperialismo dos EUA tem sido tal, que os governos, apesar de saberem que as sanções contra a Rússia não têm qualquer justificação e que dão um prejuízo muito real para as economias dos respectivos países da UE, ainda assim não hesitam em renová-las com medo de causarem uma ruptura ao nível da NATO. 
São governos submissos ao Império, não são sequer governos que representam a vontade popular. Todas as camadas da população estão maioritariamente contra as sanções. 
Isso não sobressai com maior evidência porque a media corporativa está totalmente ao serviço dos interesses belicistas. 
Veja-se a forma como ela relatou a situação rocambolesca de envenenamento (?) dos Skripal, atribuindo «a culpa» automaticamente à Rússia. O mesmo, em relação a um simulacro de «ataque químico» na Síria, fabricado pelos «capacetes brancos», mas que foi pretexto para bombardeamentos com mísseis, por parte dos EUA e da França...  Mas o que a media corporativa já não consegue esconder, é o enorme descontentamento dos empresários alemães e agora dos franceses também

Penso que esta situação italiana é de uma grande perigosidade. 
Os que estavam por detrás da decisão do presidente italiano e o induziram a tomar essa decisão, sabiam o que isso significava: haveria novas eleições e, caso elas decorressem normalmente, haveria uma maioria ainda maior, constituída pelos que rejeitam o controlo da UE sobre a política interna e externa italiana. 
O povo italiano não se irá deixar enganar. Com certeza, compreende que querem retirar-lhe - através de manobras de bastidores - o seu direito de escolha do governo, de acordo com a sua preferência política. 
O mais preocupante é que, se os que arquitectaram este golpe palaciano sabem isto tão bem como nós, então - logicamente -pretendem desestabilizar e fabricar um evento de «falsa bandeira», como pretexto para a subversão completa da democracia parlamentar em Itália.
Não esqueçamos que os eurocratas são capazes de tudo para a manter as aparências duma ficção de «União» Europeia, quando - em boa verdade - se trata de um projecto falido e sem conserto possível.

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INFOGRÁFICO: o peso relativo das economias

           

segunda-feira, 28 de maio de 2018

CIMEIRA KIM - TRUMP: HAVERÁ, NÃO HAVERÁ?

                       US officials in talks with North Korea over Trump-Kim summit – State Department
     [soldado sul coreano, fotografado no local de reuniões na linha de separação norte-sul coreana, em Panmunjom]

Decididamente, Kim Jon Un tem-nos habituado a sensações fortes, a voltefaces inesperados, a jogos diplomáticos subtis... tudo no oposto da pesada máquina da «diplomacia» americana, que apenas sabe jogar com o registo da ameaça da força bruta, militar, para vergar as outras potências, aliadas inclusive.
As afirmações de Pence estão na origem de um incidente diplomático, duma atitude de repúdio muito compreensível, expressa por uma ministra do governo Norte Coreano, portanto, para tomar como um aviso muito sério.  Em substância, o vice-presidente dos EUA, em entrevista televisiva, afirmou que a «solução líbia» (ou seja, o invadir, arrasar e assassinar o presidente) era a opção, caso as conversações de paz não chegassem a bom termo. Isto numa altura em que as diplomacias dos dois países se ocupavam com os pormenores para a cimeira Trump - Kim. 
Não há dúvida que Pence é um instrumento dócil do «Estado profundo» dos EUA, tanto mais que, na abertura dos jogos olímpicos de inverno, na Coreia do Sul há apenas alguns meses, tinha feito declarações muito ofensivas, pouco diplomáticas, até uma total ausência de cortesia para com a Coreia do Sul, ao comentar de forma provocatória os contactos exploratórios e a aproximação «olímpica» entre as duas Coreias.

Estes episódios rocambolescos que antecedem a famosa cimeira não devem dar qualquer ilusão de que é neste cenário que coisas importantes se vão decidir. Quando a cimeira ocorrer, se tiver lugar, tudo já estará tratado. Mesmo  assim, vai ser importante para Trump, como um golpe de publicidade para a sua capacidade na arena internacional e para Kim, como consagração do regresso (se é que jamais lá esteve) aos circuitos «normais» da diplomacia e da abertura da Coreia do Norte a um diálogo  com a República Sul Coreana...

Nos EUA  - e, mesmo, na Coreia do Sul - não são poucas as forças que desejam e apostam no fracasso destas iniciativas de paz. 
A guerra é o seu sustento: Literalmente, no caso dos fabricantes de armas e seu poderoso lobby; mas indirectamente, em relação a todos os que, quer sejam democratas, quer republicanos, têm feito a sua carreira em torno da reactivação da Guerra Fria. 
São estas as pessoas que fazem parte do «Estado profundo» (altos funcionários da CIA, NSA, Pentágono, Departamento da Defesa...), ou que por ele se deixam manipular. 
Pence, embora vice-presidente de Trump, mais parece um vice-presidente do «Estado profundo». É um actor secundário, mas ficámos a saber - pela sua própria boca - como é que seria - ao nível das relações internacionais - a «presidência Pence», caso ocorresse algo ao actual presidente (morte súbita, assassinato, impeachment...). 

Curiosamente, nos EUA, maior potência mundial, as políticas externas são ditadas - numa larga medida - pelas intrigas da política interna. Não existe visão geoestratégica de largo alcance, ao contrário do que seria de esperar, de quem pretende guardar para si a hegemonia mundial. 

sábado, 26 de maio de 2018

CHOPIN: FANTASIA IMPROMPTU


O impromptu é uma forma que pretende simular o improviso ou que é derivada do improviso. 
O que me fascina neste tipo de música é a sua adequação ao piano. 
Schubert também escreveu peças notáveis, designadas por «impromptu». 
Porém, sendo Chopin o mais notável compositor para piano de todos os tempos, segundo o meu gosto subjectivo, é com imenso prazer que eu oiço esta composição. 

sexta-feira, 25 de maio de 2018

PRESIDENTE DOS EMPRESÁRIOS FRANCESES: SANÇÕES DOS EUA CONTRA RÚSSIA SÃO «DELIRANTES»


O patrão dos patrões franceses não «brinca em serviço». A mensagem é clara. A França toda, em peso (não apenas os empresários!) está contra a imposição de sanções à Rússia.  Aliás, o mesmo se passa com a outra grande potência, a Alemanha. 

A partir deste momento, o  Oeste do continente europeu não tomará outra atitude face às sanções dos EUA, senão o distanciamento. Ou isto é um princípio de «rebelião» dos interesses empresariais contra a hegemonia americana, ou não sei como interpretá-lo!  

quinta-feira, 24 de maio de 2018

ITÁLIA: UM TRIUNFO EUROCÉPTICO

                            Les racines de la victoire des mouvements populistes en Italie: l’euro-crise de l’économie italienne
                             Retirado de :     https://francais.rt.com/opinions/50935-jacques-sapir-racines-victoire-mouvements-populistes-italie-euro-crise-economie
(verifica-se uma perda de produtividade da Itália, mais acentuada que a de Portugal, Espanha ou Grécia,  face à Alemanha)


O ARTIGO DE OPINIÃO BEM INFORMADO DE JACQUES SAPIR descreve, com rigor, como se chegou ao resultado político actual, pela constante destruição do tecido empresarial de Itália, formado pelas pequenas empresas dinâmicas, empregadoras da maioria dos trabalhadores e que têm sido castigadas pela eurocracia, embora a Itália não tenha sido sujeita a medidas tão drásticas como Portugal ou a Grécia. 

Este artigo recusa a utilização do papão da extrema-direita como explicação plausível para todos os fenómenos complexos que ocorrem na Europa. Infelizmente, este não é o posicionamento  da maioria dos analistas da media mainstream. O seu enviesamento leva-os a martelar constantemente que o eurocepticismo só pode equivaler a algo como «Marine Le Pen» etc. 
Isto é mais um exemplo em como a media corporativa, longe de nos informar, tenta incutir-nos preconceitos. Está, não a informar, mas a fazer propaganda (cada vez menos subtil) em favor da eurocracia, numa relação incestuosa (de longa data) com os políticos eurocráticos e os potentados económicos dominantes.

As pessoas deviam acordar e perceber que o «culto neokeynesiano», responsável por erros e por distorções tremendas, leva ao acentuar do domínio da grande banca e dos negócios sobre todos os outros aspectos da vida europeia. 

Depois, o resultado inevitável, com maior ou menor dramatismo, será a crise permanente das instituições, a paralisia das economias, a estagnação e inflação, a fuga de capitais para outras paragens e, finalmente, a desagregação/implosão, cujos contornos ou consequências não se podem conjecturar plenamente neste estádio. Quer seja de forma suave ou tempestuosa, o divórcio dos países do Sul e do Norte da União Europeia, já se perfila claramente no horizonte.

A União Europeia enferma de muitos males estruturais. 
Mas, afinal... uma instituição politicamente heteróclita, economicamente débil (veja-se se o caso do Deutsche Bank e da restante grande banca, vejam-se as políticas de monetização do BCE...) e culturalmente diversa, mas num sentido cada vez mais identitário...a quem beneficia? 

- A resposta é simples: não é às populações, não é à economia produtiva (a que dá emprego à imensa maioria), mas é uma forma de controlo pelas trans-nacionais e instituições financeiras mundializadas sobre este espaço europeu, assim como o pilar «civil» de uma NATO, aliança militar agressiva, arrogante, dominada pelos EUA. 

quarta-feira, 23 de maio de 2018

EDUCAÇÃO OU AMESTRAMENTO

                Resultado de imagem para dressage des chevaux

O principal factor que tem impedido um progresso verdadeiro do nosso país não é político, nem económico. Embora esse mesmo factor tenha um efeito muito extenso e profundo tanto na política (no sentido de cidadania), como na economia. Já se compreendeu, pelo título, que esse factor é a educação. Pois bem; não é completamente verdade, pois o que é crítico, neste caso, não será «mais» educação, nem «melhor» educação, mas sim OUTRA educação.

A sociedade evoluiu nos últimos 50 anos (no meu tempo de vida adulto, desde cerca de 1974, até 2018), a um ritmo tal que apenas podemos perceber se estudarmos a lentidão do ritmo das transformações tecnológicas e suas consequências sociais ao longo das épocas históricas, como o fizeram vários historiadores e antropólogos. 
Houve uma aceleração incrível das transformações sociais, decorrentes das transformações tecnológicas, com o que vários autores designam por 2ª revolução industrial ou «revolução digital».
Ora a modificação da sociedade é uma consequência, em primeiro lugar, das possibilidades de comunicação, de como se pode optimizar o trabalho, de como se podem transportar mercadorias e pessoas. Em segundo lugar, estas transformações implicam uma modificação na sociedade, que é obrigada - de bom ou mau grado - a incorporar tais mudanças na estrutura e funcionamento, sob pena de ficar estagnada, sujeita a ser «colonizada» ou «neo-colonizada».
Em Portugal, devido a um regime fascista atávico, que intencionalmente destruiu a única conquista válida da república liberal democrática, o ensino esteve demasiado tempo entregue ao que existe de mais ignorante e reaccionário. 
Salazar tinha medo que o povo tivesse conhecimentos, considerava que para o «bom povo», bastava «saber ler, escrever, contar e elementos da História pátria». 
Podia aqui fazer um longo discurso sobre o que representou não apenas em termos do analfabetismo sensu stricto como em termos culturais. Não é por acaso que Portugal foi considerado durante muito tempo (e ainda será parcialmente verdade, hoje...) o país dos três F (futebol, Fátima e fado).

O ensino em Portugal não está verdadeiramente mudado, desde o 25 de Abril, na sua essência, pois os políticos que têm ocupado postos no ministério da educação são - quer tenham experiência pedagógica prévia, quer não - imbuídos de «espírito de missão», ou seja, convencidos/as que eles/elas é que sabem. 
Na verdade, vemos os sucessivos textos legislativos, leis, decretos-leis, etc., com preâmbulos anunciando as mais puras intenções e com referência às mais progressivas teorias e correntes na pedagogia. 
Mas, ao nível da aplicação, tudo falha! Por exemplo, não existe quase nunca compatibilização: não existe preocupação em que os programas sejam compatíveis entre si; o aluno não os consegue integrar por si próprio, nem essa preocupação existe ao nível dos docentes, muitas vezes.
No geral, há uma total despreocupação em avaliar realmente o estado do ensino, no concreto. Esta afirmação pode parecer estranha, se recordarmos que, desde os anos 90 até hoje, tem havido uma autêntica inflação de «estudos de avaliação», uma avaliacionite generalizada...para se perceber que, afinal a contradição é só aparente e não real, temos de ter em conta os factos seguintes:
- Este ensino não é fundamentalmente mais que AMESTRAMENTO, ou seja «treinar» para o teste ou o exame; esta é a verdadeira norma à qual alunos terão de se submeter ... Isso é visto por todos, ministério, professores, pais, sociedade em geral, como a «grande questão». 
O erro é demasiado grosseiro e generalizado para não ser deliberado. Trata-se de táctica, de intenção, de um propósito definido. Claro que existe muito boa gente em estado de «denegação». Estas pessoas vão dizer que «o que é preciso é mais isto ou aquilo» (muitas vezes mais horas de aula da disciplina que, segundo ele/ela, é deixada para trás). 
Porém, eu penso que a inqualificável (porque abaixo de tudo) classe política e empresarial que nos governa, tem inconscientemente o desejo que as jovens gerações, especialmente as que pertencem às classes mais modestas, não consigam ultrapassa-los, a eles ou a seus filhos, que põem em colégios privados. 
Eles revelam assim a sua lógica de «comprar» uma «boa» educação, não a lógica republicana, que seria o oposto («aquilo que é bom para o cidadão comum, também é bom para mim e para minha família»). 
Mesmo os filhos-família, nos «bons» colégios privados, estão sujeitos a programas intensos de condicionamento. Este condicionamento não tem nada que ver com o desenvolvimento harmonioso das capacidades e a procura de que os jovens se insiram de forma produtiva na sociedade. A avaliação obsessiva e o subordinar os fins da educação à avaliação (que monstruosidade!) tem a sua própria lógica, mesmo que essa lógica seja a do doente mental.
É um condicionamento para enquadrar toda a sociedade segundo a ideologia da «meritocracia», de fazer com que as pessoas se conformem. 
As altíssimas taxas de «insucesso» são o principal produto deste sistema. Pois o sistema, na verdade, «funciona», visto de uma certa maneira ... porque está desenhado para fabricar um elevado número de «falhados», de pessoas frustradas, diminuídas e conformadas com o que as espera, na vida adulta: um trabalho precário, mal pago, intermitente, sem perspectivas nenhumas de carreira e sem um mínimo de remuneração estável, que permita fundar uma família e ter filhos.
Alias, não há dúvida que a queda demográfica acentuada dos últimos decénios em Portugal se deve, em grande parte, à deficientíssima integração dos jovens no mundo profissional. 

Assim, o bloqueio de uma verdadeira transformação da educação, trava todos os outros sectores da vida social e económica. Este bloqueio, como uma espécie de neurose obsessiva colectiva, limita a capacidade do país. Assim, Portugal não deixará jamais de ser uma espécie de «parente pobre e humilde», face às potências que têm tutelado este rectângulo, que poderia ser um belíssimo jardim, mas tem estado muito mal cuidado!

A educação não é sinónimo de amestrar. Decorar não é aprender. Saber não é regurgitar o que vem nos livros, ou aquilo que o prof. disse nas aulas... Tudo isto são evidências. Porém, vemos que as pessoas concordam superficialmente com elas, mas - na vida real - farão, ou aconselharão, exactamente o contrário: «educação» é amestrar; decorar é «aprender»; regurgitar é «saber»...

Note-se que a educação é toda ela assim, da escola básica à faculdade. 
Muitos alunos têm medo de pensar. Têm pânico, face a uma pedagogia que se proponha fazer/agir, em vez de «decorar»; a investigar, em vez de «papaguear» frases ou teoremas, ou seja o que for. Para estas crianças ou jovens,  o que se lhes pediu durante toda a vida e aquilo em que foram «amestrados», foi treinar a capacidade de decorar e reproduzir. 
Nenhum modelo pode ser mais contrário ao desenvolvimento da criatividade, da autonomia, da iniciativa, do espírito de descoberta. 
Tenho podido constatar que, se algum professor se coloca na postura de tentar uma pedagogia virada para os valores acima mencionados, é logo «posto na ordem» por colegas autoritários/as, ou mesmo pelos encarregados de educação, seguros de saberem melhor quem é «bom» ou mau «prof»!!
Ao nível do comportamento social, verifica-se o resultado desta disfunção educativa pela ausência de civismo em demasiadas pessoas; os que têm hoje 20 anos, estão imbuídos dos mesmos vícios que os das gerações anteriores. Portanto, há perpetuação de uma certa mentalidade, de geração em geração. 

Há uma hegemonia do discurso institucional e mediático a reafirmar a obsessiva primazia da «avaliação» sobre tudo o resto. 
Este discurso é a «marca d'água» duma tecnocracia pedagógica que se esmera em ver, apenas e somente, o que lhe convém ver: o aspecto quantitativo. Porque, quando «avaliam», não estão propriamente a avaliar, não estão preocupados com o aspecto de remediação, quer ao nível individual, quer de turma, quer no geral. Isto, a meu ver, mostra  a sua total incompetência e má-fé pedagógica, pois uma avaliação séria deve ter como objectivo principal (ou mesmo, nº1) detectar problemas na aprendizagem, para os CORRIGIR.
A avaliacionite é o contrário: é transformar a avaliação no fim em si mesmo, no objectivo principal e não subordinado. 
Na realidade, o nome «avaliação» está mal aplicado por essas pessoas, porque o que se pretende é somente a classificação, para seleccionar em função de critérios, supostamente transparentes, mas que - de facto- são o contrário disso.

Os sistemas educativos até se podem aferir/avaliar dum modo prático, sem dúvida. Numa sociedade capitalista, isso está um bocado limitado à «selecção pelo mercado»; mas... não é este o mantra que todos os governantes têm na cabeça? 
O modo prático de avaliar é simplesmente a empregabilidade: determinar quantos conseguem, num prazo x, ingressar numa profissão, num posto de trabalho, conforme com a formação recebida. 
Estes estudos e dados estatísticos são muito deficientes, para não dizer ausentes, em Portugal. Isso, apesar dos belos discursos, revela uma enorme despreocupação com o «desperdício» humano. 
Em Portugal, não se dá suficiente relevo ao fenómeno de muitos jovens não terem saída profissional nenhuma, uma vez percorrido um percurso (normalmente longo) de formação. Um fracasso destes tem profundas repercussões psicológicas; poucos são os que possuirão energia para enfrentar as condições adversas e tentar, mesmo assim, singrar na vida!

Apenas toquei ao de leve na questão. 
Mas o meu propósito neste escrito é antes o de «levantar a lebre», pois sei que existem leitores/as capazes de aplicar - com acuidade e bom senso - algo desta análise ao seu contexto pessoal e que conhecem casos concretos, quer no plano académico, profissional ou familiar.