terça-feira, 2 de setembro de 2025

ÍNDIA E CHINA RECONCILIADAS. CONFIRMADO NA CIMEIRA DA OCX

 Andrew Korybko explica como o "elefante e o dragão" voltam a dançar juntos:

The SCO Finally Condemned The Pahalgam Terrorist Attack


COMENTÁRIO DE MANUEL BANET:

Quando, em Janeiro deste ano, Trump e a sua equipa tomaram conta das rédeas da Casa Branca, parecia ser um momento favorável às relações bilaterais Indo-Americanas. Havia, pelo menos do lado de Nova Delhi, a esperança de que a atitude «equidistante» dos indianos em relação a disputas asiáticas, mormente com a China, valeriam à Índia  uma atitude mais condescendente da potência hegemónica. 

Mas, qual quê? 

Os indianos estão muito dependentes do petróleo russo para a sua economia, eles não podiam sancionar o principal fornecedor de energia para as suas atividades industriais e agrícolas, sem provocar imediatamente um colapso. 

Pensaram que os americanos teriam o bom senso de fechar os olhos em relação à aplicação das sanções contra a Rússia, pela Índia. Tanto mais que estes dois últimos países têm sido, ao longo de décadas, excelentes parceiros estratégicos, não apenas no petróleo, como em relação a centrais nucleares (de tecnologia russa), a armas e dispositivos (grande parte de origem russa) e ao grande volume de trocas comerciais. 

Mas os EUA, viam a situação de maneira totalmente diferente: Viam-na ao «modo imperial», ou seja, eles decretaram as tais sanções às exportações de petróleo russo e todos tinham de as aplicar, sob pena de ficarem eles próprios sujeitos a sanções «secundárias», apenas pelo facto de terem desrespeitado o «decreto» do Império (note-se que este é que é ilegal, face à lei internacional, pois sanções só podem ser válidas se sancionadas pelo Conselho de Segurança da ONU, o que - obviamente - não é o caso).

Assim, de uma penada, os americanos ficaram sem um país neutro, mas com possibilidade de se tornar aliado, integrando a «OTAN do Indo-Pacífico», a aliança militar (QUAD), destinada a bloquear a «progressão» chinesa no continente asiático. 

Pelo contrário, os indianos perceberam que - para eles - era vital sanarem as divergências com a China, cujo inimigo comum estava realmente disposto a intensificar a guerra económica (taxas de 50% nas tarifas alfandegárias para exportações indianas destinadas aos EUA) e, de provocação em provocação, ir até ao ponto de guerra «física», para manter a sua suzerania naquela parte do mundo.

Os chineses perceberam perfeitamente a situação da Índia. Devem ter aplanado o terreno o mais possível, para que os acordos em múltiplas áreas económicas e de defesa fossem firmados, enquanto as disputas territoriais - causas de fricção do passado - eram discretamente remetidas para resolução por via diplomática, excluíndo a repetição de episódios bélicos nos Himalaias.

Razão têm os chineses, nas redes sociais, em chamar o presidente dos EUA, «camarada Trump»! Quem mais tem feito pelos interesses geoestratégicos da República Popular da China, senão o «camarada» e sua Administração?

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

domingo, 31 de agosto de 2025

ABERTURA DO TÚMULO E CIDADE SUBTERRÂNEA DO PRIMEIRO IMPERADOR CHINÊS


Uma história fascinante, a vários titulos:
- Permite-nos compreender a paranóia e brutalidade dos imperadores.
- Tem ramificações até à atualidade, pois há uma tendência de certos cidadãos chineses, a fazerem um paralelo com o tempo de Mao, olvidando as crueldades, para apenas reterem a unificação debaixo do poder imperial.
- Do ponto de vista tecnológico, verifica-se um desenvolvimento muito maior, em relação à civilização greco-romana, das artes militares, da cerâmica, da metalurgia, da mineração, da circulação monetária e do comércio, etc.
- O chamado "modo de produção asiático", termo cunhado por Karl Marx, implica a centralização extrema do poder político e concomitante controlo sobre todos os aspectos do império, desde a produção agricola, a organização social, até ao controlo do pensamento através da submissão dos intelectuais (sobretudo, dos sábios confucionistas).
- Mas existia propriedade agrária na posse de senhores feudais.
Este esquema de poder absoluto implicava a vassalagem geral de reis e nobres. Eram privilegiados, vivendo na corte. Mas, no fundo, eram reféns do imperador.

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sábado, 30 de agosto de 2025

PROKOFIEV: PEDRO E O LOBO (VOZ DE GERARD PHILIPE)


 PEDRO E O LOBO continua a ser uma das histórias  mais ouvidas no mundo inteiro graças à  grande música de Prokofiev, que soube  tornar acessível  o prazer musical a tantas gerações de crianças. Estas podiam ignorar tudo dos aspectos técnicos  da música. Porém  a sua memória musical ficou gravada com as melodias identificadoras e os timbres dos instrumentos correspondentes  aos personagens:  Pedro, o Avô, os caçadores, o gato, o pato, o passarinho... e o lobo.

Eu tive o  privilégio de ter recebido como prenda este mesmo disco, oferta dos meus pais. Digo isto, porque é um excelente meio pedagógico para os pequeninos despertarem para a arte dos sons.  Penso que continua a desempenhar perfeitamente este papel, nos dias de hoje.

sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Larry Johnson: as políticas do Ocidente são um desastre


 Larry Johnson é um ex-analista da CIA.  Com outros , membros na reforma de serviços de inteligência dos EUA, tem feito intervenções públicas na qualidade de cidadão.  Eles estão bem cientes das realidades dos países tidos como "inimigos" do Ocidente. Os seus pontos de vista públicos  são norteados pelo que creem ser os interesses verdadeiros dos EUA e do seu povo.  Infelizmente, de um lado e do outro do Atlântico, o que tem maior capacidade de influenciar os políticos  no poder, são os lobbyistas e através deles, os interesses do grande capital.
Já tenho muitas vezes referido a perversão dos regimes ditos democráticos  no Ocidente: A caricatura de legalidade democrática transformou-se ( em poucos anos ) em ditadura dos privilegiados que põem o interesse individual acima dos legítimos interesses da população.  Portanto, estamos na transição  para Estados totalitários como Hannah Arendt tão bem caracterizou, em relação ao século XX 


quinta-feira, 28 de agosto de 2025

A QUEM APROVEITOU O ASSASSINATO DE JOHN F. KENNEDY?


 Veja e oiça a entrevista com um autor expondo documentos que permaneceram secretos até  há  pouco tempo. Talvez a sua perspectiva sobre o assassinato dos Kennedy e a sua relação com a geopolítica fique modificada!

CRÓNICA DA IIIª GUERRA MUNDIAL, Nº 48: Como os governos nos conduzem ao matadouro





A oligarquia que nos desgoverna, possui dois discursos, duas narrativas: - Uma, dirigida às massas, que se pode considerar obra de propaganda; é apenas o discurso conveniente para forçar a plebe a se curvar e aceitar os sacrifícios em nome da "paz, da democracia e da civilização ".

Claro que este discurso não tem nenhuma coerência com a acção política e governativa por eles realizadas. Nem tem que ter. Tal discurso destina-se a distorcer a realidade, a encurralar o espírito das pessoas num misto de afirmações falaciosas, que se substituem aos factos e de emoções que têm a sua raiz no medo resultante de representações fantasmagóricas do inimigo. Estas representações são, na maioria das vezes, projecções disfarçadas das intenções da oligarquia, mas atribuídas ao outro campo, aos inimigos.

- Mas, existe um outro discurso, que não consta nos media controlados pelo poder. Um discurso interno aos círculos da oligarquia. Este não se pode ler no sentido próprio. Ele nunca é explicito, nunca se traduz em palavras claras. Ele mantém-se restricto ao círculo fechado dos poderosos, nunca dai extravasa. Porém ele é legível para os analistas que não se deixam enredar em palavras, mas dedicam o seu tempo a analisar os factos; as acções concretas, não o palavreado que os criados do poder atiram como um manto, para encobrir as acções.

Laura Ruggeri avança com o conceito de «Thatcherismo de Guerra»; ela desmente que estejamos a regressar a um "Keynesianismo de Guerra " , como muitos têm afirmado de forma pouco rigorosa.

Penso que é um conceito com capacidade de nos revelar o verdadeiro intuito da classe dirigente, qual o seu verdadeiro objectivo em forçar a sociedade e a ecomia a se reconverterem, com explícita vontade de levar a guerra às fronteiras da Rússia.

Não irei adiantar mais, aqui, pois aconselho vivamente a leitura do artigo de Laura Ruggieri.




What we are witnessing in the West is not "Military Keynesianism", which was rooted in the post-World War II economic boom, but "War Thatcherism" — governments hype national security concerns to implement far-reaching neoliberal restructuring and fiscal austerity that would otherwise encounter significant resistance. This approach entails a deliberate reallocation of resources, shifting budget priorities from social welfare programs to military and defense-related expenditures — a reconfiguration of the economic landscape.

War Thatcherism involves more deregulation, privatization, and labour market flexibility (i.e. labour precarity and worker exploitation) under the pretext of national security threats while governments reduce their social obligations.

Take Germany as an example. Berlin is touting investment in defense R&D and manufacturing as a path to economic growth and competitiveness. It may promote growth in countries that have access to affordable energy resources, but this is definitely not the case of Germany, and the majority of EU countries, after losing Russian gas (“thank you, USA”)

Cuts to welfare programs will only exacerbate socioeconomic inequalities and undermine the foundations of societal cohesion, fostering alienation, resentment and dissent.

Dissent, whether expressed through protests, strikes, or other forms of collective action, provides authorities with a convenient justification for imposing draconian measures to curb political freedoms.

In the name of maintaining public order, EU countries will continue to expand surveillance, restrict the freedom of assembly, limit free speech, and enhance their repressive powers. These measures, invariably framed as ‘necessary to restore stability’, serve to bolster authority in the absence of true sovereignty and further erode whatever is left (very little!) of democratic norms and accountability.

▪️War Thatcherism is a fraudulent scheme that benefits transnational elites, impoverishes and enslaves Europeans. Once they are destitute, powerless and fully zombified, they can be turned into cannon fodder.

PS1 : VER TAMBÉM  ENTREVISTA DE SAHRA WAGENKNECHT: