terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

NÃO HÁ COBERTURA DOS DISCURSOS DE PUTIN E XI JIN PIN EM DAVOS

 


No Ocidente, continuam os órgãos de comunicação social a  fazer o papel dos poderes, que preferem o black-out informativo, a realmente entrarem a contestar ou criticar aquilo com que não concordam. É evidente pelo conteúdo do discurso de Putin no fórum de Davos (em versão virtual), que este será um marco importante, que irá determinar não apenas a posição oficial russa, como também será um claro desafio aos partidários do imperialismo, neo-liberais, globalistas e toda a casta militarista altantista. 

Mas, eles preferem que os servos dos países ocidentais não tenham senão uma forma abreviada e muito edulcorada, das palavras fortes do presidente da Federação Russa. 

Mas, isto mostra somente a ausência de argumentos, mostra a ausência de razão, por parte dos atlantistas, não mostra absolutamente mais nada.   

Não teria conhecimento do importante discurso de Putin, se não fosse Pepe Escobar*, um jornalista brasileiro noticiando sobre as novas rotas da seda a partir da Tailândia, com largos anos como repórter no extremo-oriente. 

Goste-se ou não do presidente da Federação Russa, goste-se ou não das teses que defende, é absolutamente confrangedor verificar que estamos metidos numa redoma informativa (no Ocidente) e que não podemos confiar nos órgãos da media corporativa, pois eles se submetem sem limites ao mandamento do seu dono, o grande capital monopolista que os controla.

*O artigo em causa (clicar para aceder): XI and Putin Make the Case for Win-Win vs. Zero-Sum


PS1: Oiça o podcast do South China Morning Post sobre o discurso de Xi Jin Pin em Davos:

https://www.scmp.com/podcasts/china-geopolitics/3119767/xi-jinping-davos-and-global-reaction-analysing-china-eu

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

ESTAMOS NUMA ÉPOCA...BRUTA

 Estamos numa época bruta, mas não temos que nos deixar tomar pela onda de estupidez e intolerância, que chegam ao extremo do fanatismo. 

Sei que é impossível ser escutado pelas «massas» e depois? Tenho que me sujeitar, só para ser «popular»?  Desde quando é que as pessoas íntegras fazem ou deixam de fazer, por causa da maior ou menor popularidade?

Note-se, não tenho quaisquer pretensões elitistas, teria antes o oposto, o de me sentir irmanado com os meus semelhantes: Sou naturalmente e por educação tentado a considerar que os outros têm os mesmos sentimentos, preocupações comuns às minhas e capacidades intelectuais mais ou menos equitativamente distribuídas. 

E como chego a essa conclusão? 

- Pelo facto de ter ensinado muitos anos a fio, tanto adolescentes como alguns adultos, também. Não notei que tivessem capacidades cognitivas muito distantes uns dos outros, se considerarmos que aquilo que distingue o «bom aluno» do «mau», é a sua capacidade de auto-disciplina, de se impor as tarefas da aprendizagem, os hábitos de estudo regular, que eliminam grande parte da incerteza, que permitem encarar o teste, ou exame sem angústia, portanto, de modo mais eficaz. 

É tudo!

... Afinal, não se trata de algo inscrito nos genes! Eu, que sou geneticista, reclamo a primazia das condições ambientais, se considerarmos que estas incluem o ambiente humano e familiar, em particular, que cada indivíduo tem. O ambiente é factor mais marcante: condiciona o indivíduo, desde o berço, com mais ou menos estímulos, mais ou menos disciplina, mais ou menos oportunidades de cultura.

O que antecede, apenas é o intróito do que realmente desejo exprimir: A realidade é que não somos determinados pelos nossos genes, nem sequer pelo ambiente familiar e social, por  muito que desagrade ao pensamento determinista, o qual não tem cabimento nenhum na sociedade, na psicologia. O determinismo, quanto muito, poderia ser relevante nesta ou naquela disciplina científica, dita «dura» - ou seja, ciências físicas e naturais - embora, mesmo aí, tal conceito esteja ultrapassado.

Assim, as pessoas podem escrever o seu livro de vida de forma muito original, se quiserem, se tiverem oportunidade de acordar do estado letárgico, hipnótico em que a sociedade-redoma, a sociedade-crisálida os coloca. Nada está determinado, nada está inscrito no céu. Se a multidão se submete, não é senão por ter uma enorme preguiça de pensar, de reflectir, de caminhar segundo sendas que não sejam as muito batidas por todas as ideologias e religiões, o que a transforma em rebanho de carneiros...

Penso que, infelizmente, o antídoto para esta letargia social está por descobrir. Porém, a necessidade vai - em breve - acordar muitas pessoas, obrigando-as a porem em causa as suas «certezas». 

Como não pretendo «conduzir» seja quem for, apenas desejo que - nesse momento - quando despertarem, encontrem as formas apropriadas de renascer.

 

  

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

O 4º PRÉMIO ANUAL DE FAKE NEWS

  https://www.corbettreport.com/the-4th-annual-fake-news-awards-video/


«No salão palaciano dos estúdios domésticos, Corbett Report apresenta o seu 4º Prémio Anual de Fake News. As mentiras mais descaradas. A propaganda mais estúpida. A mais nojenta prestituição. Veja James desmascarar as mentiras e expondo os mentirosos por detrás das maiores histórias falsas do ano de 2020. 
Quem irá receber o Dino pela pior «fake news »do ano? Veja e descubra!»

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

DESVALORIZAÇÕES «COMPETITIVAS», DE NOVO?

                     



As desvalorizações competitivas das moedas ou divisas, também conhecidas pelo termo «guerras monetárias» são deliberadas descidas da cotação de uma moeda de um país face às outras, em especial face às competidoras. Esta política é tida como capaz de aumentar a competitividade dos produtos de exportação do país que leve a cabo essa política monetária. É suposto esta política encarecer as importações vindas de outros países, com moeda mais «forte». Esperam assim os governos enfraquecer os seus competidores e ficarem com uma economia mais forte, com uma parte maior dos mercados internacionais para os quais competem. 

Só que esta teoria está toda errada. Aquilo que se observa empiricamente, em relação a situações quer presentes, quer passadas, é substancialmente o contrário:

Os principais atingidos são os assalariados ou as pessoas reformadas, com um rendimento fixo, que sofrem o impacto da perda acelerada de valor da moeda, enquanto o montante dos salários e pensões permanece constante. Isto, obviamente, equivale a uma perda de poder de compra. Logo, o reflexo desta população é de poupar, de não fazer despesas fora do essencial. O resultado disto, é uma quebra no consumo, logo na economia interna do tal país que intencionalmente quebre o poder de compra da sua moeda. É um golpe na sua própria economia. É um castigo cruel e imerecido sobre os que têm pouco ou nada. 

Contrariando também o mito da competitividade externa, verifica-se que os outros países vão baixar os preços para exportação dos produtos em competição no mercado internacional. Isto dá origem a uma espiral descendente, em que todos perdem e ninguém ganha. 

Assim, os que resistem melhor a esta penúria auto-imposta, serão os grandes países, com muitos recursos, matérias-primas e produtos manufacturados cobrindo o essencial. 

Porém, os países médios ou pequenos, mesmo quando prósperos, irão «ao tapete» muito depressa, serão severamente castigados, mesmo que não tenham participado na «orgia de desvalorizações».

No contexto da nova administração Biden, parece que a «MMT» (Modern Monetary Theory) está triunfante como nunca esteve, ou seja, a teoria de que se pode imprimir, imprimir, imprimir, sem restrição para satisfazer o desejo de consumo do povo. Mas, o certo é que a prosseguirem no caminho, já encetado com Obama e Trump, o resultado será uma «Argentina» ou uma «Venezuela».

Nada será mais semelhante ao inferno na Terra do que os EUA, em que 30% da população já está em situação de carência alimentar.

Será uma aceleração da espiral descendente, com o efeito de destruir o resto de valor do dólar, o que irá desencadear a tal mudança de paradigma que os globalistas desejam tanto. 

Mas será o inferno, pelo menos para as pessoas comuns, em todos os países que seguem a doutrina de Washington. 

Quanto aos bilionários, estes estão sempre resguardados, mormente porque suas reservas de «cash» são uma porção diminuta dos seus activos. 

Por contraste, o grosso das poupanças de milhões e biliões de humanos, essas são denominadas em dólares ou moedas (todas, afinal) associadas - quanto mais não seja, pela sua cotação- ao dólar. 

Se a Reserva Federal fizer a vontade ao recém-empossado governo Biden, como tudo leva a crer, haverá uma aceleração da impressão monetária e uma correlativa destruição do valor da que ainda é moeda de reserva internacional, o dólar. 

Quem vê o que está «escrito na parede», põe-se ao abrigo, tendo o cuidado de transformar o máximo das suas posses em activos não financeiros. 

São exemplos destes: metais preciosos, não sob forma de ETF ou participação em fundos, mas físicos; alimentos, em especial os que possam ser armazenados por longo tempo; terra capaz de produzir em tempos de penúria alimentar, um bem ainda mais precioso... 

Por outro lado, as acções, obrigações, imobiliário... e suas bolhas respectivas, serão todas esvaziadas, com os detentores de tais activos a perderem fortunas. Já se viu isso em muitas ocasiões: o século XX teve dois grandes colapsos em 1920-23 e em 1929-36. 

A ignorância da História (aqui económica, principalmente) só conduz a que se volte a repeti-la, com as consequências trágicas que se podem antecipar.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

VERDADE BRUTAL #1 , #2 e #3

 (aviso: quem não tiver sentido do humor, abstenha-se de ver os vídeos)






Uma sociedade só possui liberdade de expressão se os pontos de vista que não agradam à maioria/aos poderes, não forem censurados ou excluídos dos meios de expressão (nos dias de hoje, são não somente os jornais e programas de rádio e tv, como as chamadas «redes sociais»)
O #1 da série foi CENSURADO no Youtube, mas pode ser visualizado neste link: 
 

SOBRE A LIBERDADE DO PENSAMENTO E DA EXPRESSÃO DO PENSAMENTO



Há muito tempo que ando magicando escrever algo sobre este tópico. Não que seja um tópico pouco abordado, antes pelo contrário. Daí que eu tenha pela frente o desafio de dizer algo significativo, nas linhas que seguem.

A condição de uma sociedade livre, uma sociedade onde os indivíduos têm a liberdade de expressão e onde esta expressão pode surgir sem problema, em qualquer suporte, seja ele escrito, falado, televisivo, internet... é uma sociedade onde cada um e todos estão seguros de seus direitos e deveres, onde os agentes da autoridade sabem quais são os direitos dos cidadãos e qual é o comportamento que devem adoptar face a qualquer situação. É o que se chamaria nos séculos idos, uma sociedade «polida», uma sociedade onde existe tolerância.

Eis o grande «palavrão» que eu deixei agora escapar: tolerância... Esta palavra significa uma coisa para uns e outra completamente diferente para outros. Se alguns a consideram como sinónimo de condescendência, como o forte deixar viver o fraco, quando o poderia eliminar... isso não é tolerância. Alguns consideram que é fazer de conta que não existem os «não-conformes», seja por motivos rácicos, comportamentais, ou sociais; assim ,«toleram» mantê-los segregados, numa espécie de gueto. Este gueto pode ser uma barreira invisível, separando os tais «parias» do resto da comunidade... Isto também não é tolerância. Também não é tolerância dizer-se que se admite a dissidência política e ideológica, excepto em relação a ... (colocar aqui o nome da corrente política ou ideológica que mais se detesta, que se odeia). 

Obviamente, ser tolerante implica reconhecer o direito ao outro de pensar e divulgar o seu pensamento, seja qual for o mesmo. Muitos objectarão: «mas então, vais permitir que um discurso de ódio, de falsidades, de demagogia se espalhe por toda a sociedade, por indivíduos que têm como objectivo fazer isso mesmo?»

Ao que eu respondo: «Primeiro, esses adjectivos aplicam-se, por vezes, ao próprio discurso do governo ou dos partidos que o apoiam, mas como têm a força do seu lado, não existe indignação, existe até o contrário, ou seja uma atitude de complacente anuência.»

«- Mas, vamos admitir que uma facção qualquer, se ponha a fazer essa tal campanha de ódio, de mentira, etc... Qual a resposta inteligente, senão de a contrariar em debate aberto? Qual a obrigação moral e social, senão desmascarar  com argumentos - não com anátemas - essa facção e o seu discurso? »

Contrapor ódio ao ódio, é a melhor maneira de o propagar e amplificar. O ódio é a mesma coisa que a violência, só que se exprime momentos antes da violência se tornar física. Estamos todos de acordo que é preciso colocar limites ao discurso odioso sim, porém é muito difícil de objectivar onde estão as fronteiras: onde acaba o discurso polémico, apaixonado, inflamado e começa o discurso de ódio? 

- Colocar a questão, já é iniciar uma resposta, pois um discurso pode ser percebido como odioso por alguns, enquanto -por outros- é apenas a expressão de um ponto de vista, em tom porventura um pouco inflamado. 

Uma sociedade dita civilizada não tem medo da polémica, da controvérsia, do confronto de ideias e de posições políticas. 

Que se coloquem sanções legais às agressões verbais, não é contraditório à liberdade de expressão. Estou a falar da calúnia, do insulto, de acusações falsas para destruir a reputação de um indivíduo, ou grupo. Pois, este problema não se pode resolver com uma censura, de qualquer espécie. Os indivíduos atingidos, não apenas devem poder replicar expondo a calúnia ou o insulto, mostrando aquilo que é, tendo o direito de fazer a sua defesa exactamente nos mesmos órgãos de comunicação social e com o mesmo destaque, como também têm possibilidade de accionar os tribunais, que irão julgar estas agressões verbais, tendo os juízes de decidir se se foi além do discurso inflamado e se passou ao insulto, ou não... etc. 

Claro que isto não é uma solução perfeita, mas é aquela que dá prioridade à liberdade de expressão, onde essencialmente todas as opiniões, mesmo as mais odiosas, podem ser expressas. Assim não se corre o risco de «deitar o bebé com a água do banho», ou seja, de desprezar e reprimir opiniões fortes, originais e que - de facto- podem contribuir positivamente para o debate. 

No fundo, trata-se de afirmar a propriedade de se ter atingido o estado adulto na cidadania, capaz de ouvir ou ler seja o que for, sem necessidade de «mentores» que lhe digam «isto é bom, isto é mau», «isto é aceitável, isto é inaceitável»... Porque, a pretexto de «salvaguardar» os ouvidos incautos do público está-se a por a mordaça em todos os discursos e manifestações que entrem em confronto com o "establishment". 

A solução mais amadurecida face a discursos e propaganda que consideremos totalmente indignos é reagir, é desmascarar, é denunciar como sofisma, etc. mas nunca censurar, ou apelar à censura. Os que assim fazem, não apenas estão a ser tão intolerantes com seus opositores; estão a criar as condições duma sociedade amordaçada, onde eles próprios estarão sujeitos a controlo e repressão, caso se desviem da «norma».

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021