terça-feira, 15 de maio de 2018

ALERTAR PARA O PERIGO IMINENTE, SEM ALARMISMO

Como explicar as coisas aos meus leitores sem parecer alarmista? 
- O problema é real; o de uma opinião pública adormecida, que se deixa conduzir onde a elite financeira quiser, sem «tugir nem mugir»... 
- Se eu disser em público que estamos à beira de uma implosão do sistema financeiro, muito mais grave do que o colapso de 2008, muitos virarão a cara em denegação e continuarão preguiçosamente a manter-se iludidos nas suas rotinas do quotidiano. Até que...
- Para este «crash» não será possível convocar forças conjugadas dos bancos centrais, como foi o caso da última vez, pois o próprio cerne da crise reside nas políticas desses mesmos bancos centrais, nos últimos oito anos, pelo menos. 

Não irei aqui retomar os argumentos extensivamente, como tenho feito em várias páginas deste blog, ao longo dos anos. 
Basta dizer que a dívida (a dos estados, mas também das empresas e dos particulares) está a tornar-se incomportável. Por mais que os governos manipulem estatísticas, dando falsos sinais positivos, nomeadamente, duma inflação muito moderada ou baixa, ou de um mercado de emprego em recuperação, tendo reabsorvido grande parte do desemprego gerado aquando da última grande crise... a verdade vem ao de cima! É que os mercados da dívida (os bonds do tesouro EUA e outros instrumentos) são um barómetro sensível, capaz de detectar as alterações do clima económico. Isto, apesar da supressão sistemática dos juros, praticada pelos próprios bancos centrais, com a conivência dos respectivos governos (dos EUA, do Japão, da UE, e de muitos outros países ocidentais). Esta supressão consiste em comprar somas colossais de dívida, que surge no mercado, mantendo deste modo os juros historicamente baixos (a média histórica é 6-7% e eles têm estado abaixo de 3%, nas principais economias ocidentais). Isto tem resultado, até certo ponto; é fundamental para que continuem os governos a pedir emprestado a baixo juro, alimentando os défices públicos, «fazendo rolar» as dívidas próximas de serem vencidas, com novos empréstimos para cobrir os anteriores.  Assim, os EUA tornaram-se devedores de cerca de 21 triliões dólares, sendo isto uma soma astronómica e sempre crescente. Especialistas financeiros estimaram que, ao ritmo actual, a dívida americana sobe de 52 mil dólares por segundo, o que corresponde a mais do que um trabalhador da classe média americana consegue auferir de salário, num ano. 

Agora, um dirigente dum grande «hedge fund» (fundos gestores de grandes carteiras de capitais financeiros), Bill Gross, vem dizer publicamente que o nível de juros dos «bonds» do Tesouro americano se aproxima do ponto crítico, daquele ponto em que o orçamento de Estado, obtido à base dos impostos, já não poderá suportar o pagamento dos juros, sem graves perturbações. 

                          Resultado de imagem para Bill Gross 












   O resultado disto é previsível*: a utilização (o saque) da segurança social para colmatar o défice, agravamento de impostos, privatização acelerada de serviços públicos (para obter dinheiro, não para aliviar supostos «pesos» burocráticos, pois os compradores irão apenas apostar nos sectores e empresas estatais que já sejam rentáveis). 
A tais manobras, completamente insuficientes, embora geradoras de maior conflitualidade social, irá somar-se a única receita que bancos centrais e governos são capazes de levar a cabo: O aumento da impressão monetária, mais dívida para «tapar» os buracos da dívida existente! É pior que «tapar o Sol com uma peneira», é o meio de desencadear uma hiper-inflação, incontrolável, com toda a miséria e revolta que acarreta. Mas não sabem agir de outro modo, têm de continuar a ficção, dê lá por onde der, só tendo esperança de que quando a grande crise estoirar, eles possam esconder as suas responsabilidades de crimes económicos persistentes  despudorados. 
Se as principais vítimas das suas manobras não suspeitarem de nada, eles esperam conseguir manter-se no comando, «pilotando» a reestruturação do sistema monetário mundial (o famoso «reset»). 
Mas se, porventura, houver coragem da parte de pessoas cultas e bem informadas, não apenas nos negócios, como da comunicação social e de toda a sociedade civil, estes criminosos serão desmascarados e colocados - por longos anos, espero - nos «bancos que merecem», os bancos das prisões... 
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*infelizmente as economias europeias estão na mesma rota e os dirigentes dos governos e do BCE aplicarão com toda a probabilidade as mesmíssimas receitas que seus congéneres dos EUA

segunda-feira, 14 de maio de 2018

DESVENDADA A CAUSA PROVÁVEL DO DECLÍNIO MUNDIAL DE ANFÍBIOS










http://science.sciencemag.org/content/360/6389/621.full

Aqui há alguns anos, começou a constatar-se um declínio brusco e inexplicável dos batráquios (rãs, sapos, salamandras...), pondo em risco mesmo aquelas espécies dos ambientes pouco ou nada poluídos. 
Isto alimentou muita especulação de que estariam a ser vítimas de efeitos globais, como a perda de espessura  na camada do ozono, protectora da penetração dos raios ultra-violeta na alta atmosfera. Havendo uma maior penetração de raios ultra-violetas, alguns organismos - especulava-se - eram mais susceptíveis a mutações nefastas e acabavam por entrar em declínio e mesmo em extinção. 
Assim nos foi apresentada a «explicação» para o fenómeno. Não se inibiram de dar outras causas: o «aquecimento global» nomeadamente, entre outras causas, era peremptoriamente afirmado, mais para satisfazer uma agenda política (globalista) do que para defesa dos ecossistemas. 
Desde muito cedo, os biólogos e ecologistas (científicos) avaliavam os efeitos devastadores do comércio a longa distância de animais vivos, ou de plantas vivas, verificando que muitas catástrofes ecológicas tinham sido desencadeadas pela introdução das espécies em habitats completamente diferentes dos de sua origem. 
Também sabiam que as espécies introduzidas eram frequentes portadoras de parasitas (protozoários, fungos, bactérias ou vírus), capazes de exterminar populações inteiras doutras espécies aparentadas e, por vezes até, bastante distantes do ponto de vista genético. 
Algumas doenças com origem em animais selvagens são transmissíveis aos humanos, mas estas são raras, pois acabam por ser sujeitas a um controlo mais apertado.  
As doenças infecciosas globalizadas estão na raiz do declínio populacional em várias espécies, ao nível mundial, mas a sua origem permanece frequentes vezes ignorada.
Os autores de um artigo agora publicado usaram uma sequenciação de todo o genoma de um fungo (Batrachochytrium dendrobatidis), considerado o provável causador do declínio das populações de batráquios ao nível mundial. 
Conseguiram localizar a origem da pan-infecção na variedade da península coreana, BdASIA-1. Com efeito, esta exibe os marcadores genéticos de uma população ancestral, a partir da qual se disseminaram as variedades aparentadas, causando a pan-zoonose. Segundo os mesmos autores, a emergência deste fungo patogénico ocorreu no início do século XX, coincidindo com a expansão global do comércio de batráquios e tal transmissão intercontinental continua a ocorrer. 
Estas variedades de fungos, patogénicos de anfíbios, têm origem no Leste da Ásia, que é a zona onde esta espécie apresenta maior biodiversidade, sendo daí que provêm as variedades parasitas ao nível mundial.

domingo, 13 de maio de 2018

A LOUCURA DE ACUMULAR MAIS DÍVIDA PARA RESOLVER UM PROBLEMA DE DÍVIDA

Os bancos centrais do mundo Ocidental apenas sabem uma coisa: produzir dinheiro, inflacionando a quantidade em circulação das suas respectivas moedas. Não importa que o referido dinheiro não corresponda a uma expansão dos negócios, da riqueza produzida. Apenas querem que as pessoas tenham a ilusão de receber «mais» de salário ou de pensão, por forma a induzir um comportamento gastador e fazendo arrancar uma economia exausta.
Porém, o «remédio» apenas agrava a doença, não cura nada! Os índices de crescimento económico do mundo ocidental indicam que, em termos reais, ou seja, com criação verdadeira de riqueza através de bens e de serviços, esta «recuperação» desde o grande abalo de 2007/2008, apenas se pode caracterizar como um crescimento anémico.
O crescimento vigoroso deu-se apenas em sectores onde impera a especulação: o imobiliário e a bolsa. O que significa que a injecção contínua de somas astronómicas nos sistemas bancários pelos bancos centrais tem apenas perpetuado uma inflação nesses sectores, mas não em sectores chave da economia, os sectores de bens e serviços. Caso a inflação de fizesse sentir nestes últimos, isso seria acompanhado por aumento de salários e pensões, um aumento que não tem existido, antes pelo contrário. 
A economia do mundo Ocidental está em estagnação nos sectores produtivos e  em inflação nos sectores financeiros; a «estagflação» que reúne «o pior dos dois mundos».

Com o andar das coisas, o que vai acontecer inevitavelmente é um «crach», porque os juros tendem a subir: já as obrigações do Tesouro, as «treasuries» a 10 anos dos EUA atingiram um valor de 3% e muitos especialistas calculam que os aumentos da taxa de juro de referência da FED - programados para este ano - vão impulsionar os juros para níveis de 4% ou mais. 
Nesta situação, os que pediram emprestado para comprar acções perderão dinheiro. Vai deixar de existir «combustível» para sustentar a subida das bolsas. As bolsas subiram muito nestes últimos tempos devido aos «buy-backs», efectuados pelas grandes companhias cotadas em bolsa, comprando acções delas próprias, usando empréstimos a juro barato.
O estado da economia real não é famoso, mas o efeito «euforizante» das subidas das bolsas tem mascarado, até agora, o panorama verdadeiro. Quando as bolsas começarem a sofrer grandes quebras, o estado real das economias, em particular nos EUA e Europa, vai tornar-se totalmente patente, mesmo aos olhos das pessoas anestesiadas pela media, ela própria possuída pelos grandes grupos económicos. 

                                 

A possibilidade de uma hiper-inflação aumenta, à medida que o tempo passa; muitos analistas pensam que as elites globalistas estão a tentar provocar uma quebra controlada, para poderem impor a reestruturação do sistema financeiro mundial e de cada economia nacional, de acordo com os seus interesses. 
Penso que esta fase é particularmente perigosa, pois não hesitarão, como no passado, em desencadear (ou reactivar) guerras para distrair a atenção das massas. Poderão culpar o inimigo pelos males da economia, não ficando vistas - elas, as oligarquias - como as verdadeiras causadoras (e aproveitadoras) de toda esta instabilidade económica...
Ao nível individual é necessário as pessoas terem algum dinheiro em notas fora do banco (um mínimo de duas vezes as despesas mensais habituais); reforçar a dispensa com diversos tipos de mantimentos não perecíveis (legumes secos, arroz, conservas diversas) , que permitam aguentar uma fase de grande escassez por desorganização dos mercados; moedas de prata e ouro para preservar a riqueza em períodos de inflação e que permitem efectuar transacções, mesmo quando a confiança na moeda-papel desaparece por completo... 

As pessoas devem entender aquilo que tentam ocultar da sua vista, têm de perceber os jogos dos poderes globalistas. 
Os grandes bancos, grandes corporações e os seus lacaios, quer nos governos, quer em instituições internacionais (na ONU, no FMI, etc.) vão fazer tudo para que as massas fiquem convencidas que o colapso é devido às manigâncias de governos «inimigos» (Rússia, China...) e irão suprimir as mais elementares liberdades e garantias em nome da «segurança», sempre com o argumento de «preservar» o modo de vida ocidental, a democracia, etc.
Cabe às pessoas possuidoras de bom-senso e de coragem desvendar aos outros (familiares, amigos, colegas...) a realidade do que se está passando; creio ser esta a resposta prática mais eficaz; quem fica desmascarado, perde a possibilidade de prosseguir com os seus jogos perversos...eles (os globalistas) têm tido o jogo facilitado pela enorme ignorância do público.

sábado, 12 de maio de 2018

MAIO DE 68... HÁ ALGUMA COISA A COMEMORAR??

Estava eu na minha adolescência quando as imagens e palavras confusas do Maio-Junho de 68 vieram agitar a mente deste jovem burguês imberbe e afrancesado (no Lycée Français de Lisbonne), mas sem ter qualquer perspectiva do que realmente estava em jogo. Tinha esperança que uma revolução europeia varresse o continente, mas temia um endurecimento do regime fascista português, então encetando a transição «pós-cadeira partida de Salazar», ou seja, do salazarismo mais «moderado» de Caetano. Era «moderado» entre aspas, ou seja, para não embaraçar demasiado os seus verdadeiros donos: a grande banca e indústria, as grandes corporações internacionais e os governos da NATO, seus garantes e protectores. 

No plano dos princípios, nada de muito perene restou: basta ver a deriva direitista de cerca de 90% dos protagonistas de então, quer na França, quer noutros países. 
Em Portugal, os mais vocais «herdeiros» de 68 foram os chamados esquerdistas, nomeadamente marxistas-leninistas, tendo os grupos que se reivindicaram do maoismo um protagonismo particular. Porém, apesar de alguns indefectíveis dessa época, a imensa maioria tornou-se o mais reaccionária ou burguesa que se possa imaginar. Digo isto com pesar, pois muitos eram meus conhecidos; muitos, pois foram meus colegas na faculdade (entrei em 1973 em Medicina, para pouco depois me transferir para a Faculdade de Ciências, um «bastião» dos esquerdistas maoistas).

                          Resultado de imagem para gauchisme mai 68

No plano das experiências auto-gestoras das lutas, talvez haja algo a aprender, mas não dos que se auto-proclamavam «revolucionários». 
A classe operária de então, consciente da fraqueza do poder da burguesia, devido às revoltas estudantis, pôs-se em luta nas fábricas, dando origem a muitas greves-ocupação, formas revolucionárias de combate anti-capitalista e que assustaram verdadeiramente o patronato e o governo, na França e noutros países. 
Em Portugal e Espanha, houve movimentações estudantis, acompanhadas de repressão, mas a classe operária de Portugal continuou largamente ignorante de tudo, salvo a que participou directamente nas grandes greves em França, nos meses de Maio-Junho. É dessas pessoas humildes que porventura estiveram envolvidas nos acontecimentos do Maio revolucionário, que valeria a pena ouvir os relatos... Muitos portugueses emigrantes dessa altura, estarão vivos, com cerca de setenta e tal anos...

O Maio de 68 não foi uma revolução, foi uma «válvula de escape», aproveitada pelas forças operárias (verdadeiras, as organizadas nos sindicatos). 
Foi também um grande susto para a burguesia e para os seus suportes políticos/ideológicos, que souberam no imediato  e na época seguinte, disfarçar-se de «revolucionários» para fazerem passar a sociedade de consumo de massas, o hedonismo, o egoísmo, como a «realização» das aspirações revolucionárias do Maio de 68: assim, de uma penada, desviavam e anestesiavam jovens ingénuos e desejosos de um caminho revolucionário «criativo», enquanto impunham discretamente na sociedade contemporânea a sua hegemonia ideológica, a sua ditadura «soft» (sempre convertível em «hard», quando as circunstâncias exigiam). 

Pode-se dizer que o Maio-Junho de 68 foi uma revolução que ficou a meio... porém, todas as revoluções que ficam a meio... regridem: ou são completamente derrotadas e afogadas no sangue ou, muitas vezes, os regimes supostamente herdeiros do movimento revolucionário tornam-se mais opressores do que o regime pré-revolucionário... 

sexta-feira, 11 de maio de 2018

AI, QUEM ME DERA...

(Vinicius de Moraes/ Toquinho)  cantado por CLARA NUNES

 

Ai, quem me dera terminasse a espera

Retornasse o canto simples e sem fim
E ouvindo o canto se chorasse tanto
Que do mundo o pranto se estancasse enfim

Ai, quem me dera ver morrer a fera      

Ver nascer o anjo, ver brotar a flor
Ai, quem me dera uma manhã feliz
Ai, quem me dera uma estação de amor


Ah, se as pessoas se tornassem boas
E cantassem loas e tivessem paz
E pelas ruas se abraçassem nuas
E duas a duas fossem casais


Ai, quem me dera ao som de madrigais
Ver todo mundo para sempre afim
E a liberdade nunca ser demais
E não haver mais solidão ruim


Ai, quem me dera ouvir o nunca-mais
Dizer que a vida vai ser sempre assim
E, finda a espera, ouvir na primavera
Alguém chamar por mim

Uma das mais belas poesias/canções da autoria de Vinicius de Moraes, com música de Toquinho.

A aparente espontaneidade da letra, evolui rapidamente para um registo onírico e utópico, muito ao jeito de toda a geração de sessenta, a geração do amor e da revolução. 
Mas a beleza lírica do comentário da flauta envolve a melodia simples numa aura de encantamento. 
Para mim, isto é musica clássica / popular brasileira. 
O lirismo e a energia interior da voz de Clara Nunes, são o modo adequado, e o bom gosto, de cantar este trecho. A alma não se diz, nem se escreve; emana como uma melodia, como uma voz quente e vibrante de quem sente o que está cantando.

REALMENTE, HÁ UMA NAÇÃO DO MÉDIO-ORIENTE QUE POSSUI ARMAS NUCLEARES NÃO DECLARADAS


De novo, os EUA estão à «trela» do governo de Israel e do seu chefe - o ex-contrabandista de armas nucleares, Natanayhu!

quarta-feira, 9 de maio de 2018

A CONSTANTE VIOLAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL TEM UM PREÇO

Falamos do comportamento dos EUA, evidentemente. A sua saída do acordo multi-potências que punha termo a uma hipótese de o Irão se dotar da arma nuclear é simplesmente um passo em falso da sua diplomacia. Aos olhos dos observadores e sobretudo dos diversos governos do médio oriente, surge como apenas uma cedência (mais uma) aos israelitas, um meio para Trump se mostrar «durão» face aos sectores mais conservadores e pró-Israel. 

                             

Com efeito, o acordo «nuclear» com o Irão, nunca foi verdadeiramente o que se proclamou, pois o Irão não podia constituir uma verdadeira ameaça do ponto de vista de uma guerra nuclear ou mesmo convencional, a não ser no caso do Irão ser atacado directamente (por Israel, ou pela Arábia Saudita, ou Estados Unidos, ou uma coligação de seus inimigos). Manter o poder de retaliação no caso de um ataque surpresa pelos israelitas constitui a pedra de toque na estratégia de defesa da República Islâmica. 

                    

A demonização do Irão e do seu regime são apenas passos na escalada mediática, que tem por objectivo calar os protestos das sociedades civis, aquando de uma guerra (de agressão) anunciada. Convém apresentar o inimigo a abater como o mauzão, que se tem de reprimir a bem dos direitos humanos, da democracia, da estabilidade na região.
Só que os ataques do Ocidente, liderado pelos EUA, o seu desprezo ostensivo pelos acordos internacionais, a parcialidade completa, que leva a que feche os olhos perante os crimes de Israel (contra os palestinianos e com a guerra contra a Síria que está travando agora mesmo), têm um preço.
Creio que nenhum país se sente seguro perante tal «liderança» mundial. Os regimes que não agradam a Washington, obviamente. Mas, mesmo os vassalos, os «aliados», podem temer a ira do seu poderoso senhor feudal. 
O preço a pagar é que assim que se torne menos perigoso, muitos países vão desertar o campo «ocidental» e vão acolher-se na grande aliança em construção da China, Rússia, Irão e dezenas de países pequenos ou médios (em todos os continentes). É que a aliança estratégica, com elementos militares, mas também com um banco de investimento, uma «auto-estrada» para grandes investimentos em infraestruturas, uma circulação livre do comércio... correspondem ironicamente, muito mais aos desejos de um capitalismo avançado, liberal, do que a política de sanções, o terrorismo de Estado, a guerra preventiva, a ameaça permanente, o «torcer o braço» inclusive a aliados... do império decadente dos EUA. Ele revela, pelo constante bullying dos seus rivais e parceiros, que já não tem possibilidade de funcionar como entidade estabilizadora, promotora de um equilíbrio e paz entre as diversas nações... portanto, que é nefasto, dispensável e quanto mais depressa for obrigado a retrair-se para dentro das suas fronteiras nacionais, melhor!!