Porque razão os bancos centrais asiáticos estão a comprar toneladas de ouro? - Não é ouro em si mesmo que lhes importa neste momento, mas é a forma mais expedita de se livrarem de US dollars!!
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terça-feira, 14 de junho de 2022

Madrid 29 de Junho: CIMEIRA DA NATO E IMPERIALISMO

                                    

A NATO vai realizar o seu "show mediático" em Madrid no final do mês de Junho de 2022. Esta cimeira - ao contrário do que os estrategas político-militares atlantistas previam - não será a ocasião para proclamar o «triunfo das forças do Bem, sobre as forças do Mal».
Será antes um cerimonial para mostrar a «legítima» inquietação da NATO perante a subida em potência do eixo Euroasiático: China, Rússia, mas também Índia, Síria, Cazaquistão, Irão e muitas outros, formando um tecido de alianças, pactos, tratados e rotas comerciais, vitais para essas nações intervenientes, mas sem aliança militar formal.
A história do Ocidente é fértil em tentativas de conquista dos territórios hoje disputados entre eslavos de Moscovo e de Kiev, de histórias de cruentas guerras que se concluíram em derrotas para os exércitos ocidentais. Isto, parece não inquietar os contemporâneos que conduziram ao abismo, à crise económica, política e moral esta Europa Ocidental, submissa ao Império Ianque. Os orgulhosos donos dos países em causa servem-se das máquinas de propaganda, da «media mainstream» que controlam, para darem a ilusão às populações de que a NATO está a apoiar eficazmente e permitir a vitória do exército ucraniano. Não irei aqui repetir o que tenho escrito - desde Janeiro de 2022 - sobre o assunto.
Quero somente relembrar o que sucede frequentemente às tentativas de expansão dos impérios, para além das suas zonas de influência tradicionais: No passado, todos eles se depararam com grandes dificuldades logísticas, que levaram a um abastecimento moroso e periclitante da(s) frente(s) de batalha, um esforço económico incomportável, quer do país central da aliança imperialista, quer de potências subordinadas, ao ponto de causar graves catástrofes económicas e sociais, em países previamente estáveis. Outra consequência, é a insubordinação de potências médias dentro da aliança, que sentem desprezados os seus interesses legítimos, posta em cheque a sua estratégia de desenvolvimento e arcando com uma excessiva contribuição para o «esforço de guerra». É neste quadro, que chegam à conclusão de que não se justifica manterem solidariedade com a potência dominante. Por seu lado, esta potência hegemónica manifesta desconfiança, tem intentos pouco claros e total ausência de respeito pela soberania dos seus «aliados». O que descrevo acima, não só pode ser ilustrado com situações de séculos passados: Verifica-se agora, com a aliança atlântica ou NATO, nos últimos anos e com especial acuidade, nos últimos meses.
Sinceramente, não irei chorar pela derrota do Ocidente, como não farei uma apologia dos aliados China-Rússia, em plena ascensão. Apenas quero destacar a desinformação que envolve o cenário: O coro de luminárias que enxameia as redações e as colunas de opinião do «mainstream», não vê o que, porém, é claramente visível: Ou tem cegueira ou miopia. Pelos vistos, a cegueira de quem não quer ver. As primeiras baixas, diz-se, quando rebenta uma guerra, são a objetividade e a neutralidade das análises. Eu penso que se passou a um novo patamar, com esta guerra russo-ucraniana. A media corporativa, não merece sequer «os bytes, os raios hertzianos, ou o papel onde está impressa». Oxalá que a cidadania acorde e veja: que seja a Berezina da coorte mediática.
Por contraste, Scott Ritter, um militar americano com experiência, escreve um esclarecedor artigo sobre o híper- expansionismo da NATO e a húbris dos seus líderes. Ele vê com objetividade como a NATO tem levado ao descalabro os países europeus: Veja AQUI.


segunda-feira, 5 de abril de 2021

DOMENICO SCARLATTI NA GUITARRA CLÁSSICA



Algo de muito especial na história da música ocorreu com Domenico Scarlatti (Nápoles 26 de Outubro 1685 - Madrid, 23 de Julho 1757). Os «exercícios» e as sonatas, especificamente para o cravo, são simultaneamente excelente música adaptável e adaptada a variados instrumentos de corda e tecla, o clavicórdio, ou o forte-piano mas também de corda dedilhada, como se pode apreciar neste recital de guitarra clássica.

A música instrumental de Domenico é popular e aristocrática, ao mesmo tempo. As formas mais puras da sonata bipartita são postas ao serviço de uma profusão de temas, muitos dos quais com inegável sabor popular. Sem dúvida, influenciaram as circunstâncias muito especiais em que produziu a sua obra, na qualidade de músico e professor da Infanta Maria Bárbara de Bragança, que depois foi Rainha de Espanha... A sua obra é ímpar pela quantidade e qualidade das sonatas, única na sua diversidade e coerência, no reportório de cravo da Península Ibérica.

Penso ser adequado considerar Domenico Scarlatti como músico ibérico de origem italiana (napolitana), pois exerceu os seus talentos na Corte portuguesa a partir de 1719, como professor da Infanta e, depois como músico na corte em Madrid, a partir de 1733, quando esta infanta se tornou rainha de Espanha. Scarlatti exerceu durante longos anos este cargo, com os seus extraordinários talentos de compositor e de cravista, até ao fim da vida. Além das peças para cravo, compôs peças litúrgicas, cantatas e óperas. Mas, a parte mais célebre da sua obra são as 555 sonatas para cravo. 

Esta obra monumental tem sido servida por notáveis cravistas, pianistas e guitarristas pois, pela estrutura e carácter, muitas sonatas, embora escritas para o cravo, adaptam-se perfeitamente a outros instrumentos.