Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.
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quarta-feira, 19 de outubro de 2022

SOBRE O XXº CONGRESSO DO PARTIDO COMUNISTA DA CHINA

Há quem diga que a China é um «país comunista ao nível do governo, com uma economia capitalista». Se a economia é capitalista, como é possível que seja «comunista»  ou governado por um partido comunista. Não existe possibilidade de reconciliar os factos com as declarações. O poder monolítico do PCCh, não admite a mais leve dissidência, ou crítica, interna ou externa. O essencial deste regime é o de uma ditadura autocrática, com laivos totalitários. A ficção de que «é comunista» vai favorecer a clique no poder, assim como funciona como espantalho ou justificação para os governos capitalistas ocidentais. Estes, tão depressa louvam o sistema «do comunismo chinês» como fazem campanhas para denegrir o mesmo, sob pretexto (hipócrita) de defesa dos «direitos humanos». 

Os que não estão enfeudados a um «marxismo-leninismo», como justificativo de contorções mentais e de posição política mais patéticas, mas que defendem o socialismo e comunismo enquanto emancipação, não precisam de se obnubilar com a propaganda de um lado ou doutro. Afinal, a verdade é revolucionária (sempre!) e a verdadeira solidariedade deve ser com os explorados, oprimidos, perseguidos, seja qual for a sua origem, etnia, nação... 

Podemos ser críticos da casta dirigente chinesa e desejar boas relações com o governo de Pequim. Uma coisa não exclui a outra, pois a nossa liberdade e autonomia deve permitir-nos analisar todos os aspetos da questão, sem a-priori, sem sentenças drásticas. Afinal trata-se de ser realista, adulto politicamente,  não interferir nos assuntos internos do povo chinês (como de qualquer outro povo), pois «a libertação dos trabalhadores é a tarefa dos próprios trabalhadores».

Um dos pontos mais notórios da ditadura a que está submetido o povo, é a campanha de intimidação disfarçada de campanha sanitária. Não é preciso tomar posições «negacionistas» em relação ao covid, para se perceber que, do ponto de vista médico e epidemiológico, a política de «COVID Zero», não tem validade científica, é mera construção política conveniente. Isto sobressai com a utilização dos testes e das quarentenas (lockdown) (1) como forma de controlo das populações. 

Mas, todo o espetáculo encenado deste XXº congresso do PCCh é o da exibição da fidelidade aos órgãos do partido e ao seu chefe máximo, não tem qualquer papel de discussão dos caminhos e métodos para o partido e para o país. Xi Jin Pin aparece como aquele que se posiciona (2) entre Mao e Deng.


A fragilidade da economia chinesa, neste momento, não pode ser menosprezada. Com a proibição de exportação de semicondutores para a China e a interdição de quaisquer cidadãos americanos colaborarem com qualquer indústria de semicondutores sediada na China, a guerra económica e de sanções dos EUA intensifica-se. Porém, estas medidas terão consequências negativas(3) para os países ocidentais.

A política de deixar o setor imobiliário desenvolver-se até formar uma bolha enorme, (4) teve a consequência de ficarem arruinadas muitas pessoas modestas, que acreditaram que investir neste setor era seguro (70 % das poupanças privadas na China estão investidas no imobiliário; compare-se com cerca de 25% para os países ocidentais). 

A China está limitada no seu desejo de investir  massivamente na sua economia interna (consumo corrente, equipamento, educação...) não por limitação de capitais, mas por limitação de meios materiais e humanos para realizar esta viragem. Neste domínio da expansão da produção para consumo doméstico, a China pode mobilizar mais depressa (5) capital e recursos humanos do que muitos outros países.



A viragem também se dá em relação às exportações: Com a nova guerra fria, os países que crescem em termos de trocas comerciais com a China são a Rússia, (6) os países da Ásia Central, África, América Latina, muitos dos quais participando em projetos das Novas Rotas da Seda. Os países ocidentais, EUA, Austrália, Reino Unido, União Europeia, verão suas trocas comerciais com a China estagnarem ou recuarem. 

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(1) https://www.youtube.com/watch?v=VLWlMFrT7bQ

 (2) https://www.youtube.com/watch?v=CbedG2j8fmY

(3)https://asiatimes.com/2022/10/china-chip-ban-a-us-exercise-in-extreme-self-harm/

(4) https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/09/se-china-implode.html

(5) https://en.ndrc.gov.cn/news/mediarusources/202202/t20220216_1315656.html

(6)  https://www.silkroadbriefing.com/news/2022/05/10/understanding-the-china-russia-trade-investment-economic-relationship-in-the-context-of-the-ukraine-conflict/

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

[Charles Hugh Smith] A CHINA FARÁ REBENTAR A BOLHA DE TUDO

 



Autor: Charles Hugh Smith escrevendo no blog OfTwoMinds blog,


É bem seguro que a China enfrenta problemas estruturais. Uma listagem de artigos no número da Agosto da revista «Foreign Affairs» consagrada à China reflete isso:

A Aposta de Xi: A Corrida para Consolidar o Poder e Evitar o Desastre

A Conta Económica Chinesa: O Preço de Reformas Falhadas

Os Barões-Ladrões de Pequim: Pode a China Sobreviver à Sua Idade Dourada?

A Vida do Partido: Quão Seguro Está o Partido Comunista da China?

Isto são questões espinhosas, difíceis: o precipício demográfico resultante da política de uma criança apenas, a crescente desigualdade de riqueza, a corrupção alastrando, problemas de saúde pública (obesidade e diabetes, etc.), depredação ambiental e uma economia a desacelerar.

O que os analistas convencionais não conseguem compreender plenamente, a meu ver, são 1) a ameaça existencial para o Partido Comunista da China e para a economia chinesa, decorrente da sua bolha de crédito, sem precedentes, formando metástases 2) a sua crise de energia que desponta.

Como expliquei num artigo do meu blog, What's Really Going On in China?, («O que está realmente a ocorrer na China?») o PCC e o governo institucionalizaram informalmente a «irresponsabilidade» (a desconexão entre o risco e as suas consequências) como estando no âmago da sua política.

Qualquer perda financeira, não importa quão arriscada ou quão cheia de dívidas, era coberta pelo Estado (por resgate externo, pelo refinanciar da dívida, por novos empréstimos, etc.). Tal era visto  enquanto "custo do desenvolvimento rápido", consequência da visão de que a ineficiência e o desperdício eram inevitáveis no rápido desenvolvimento da indústria, da infraestrutura imobiliária e de uma economia virada para o consumidor.

Aquilo que os dirigentes da China não compreenderam plenamente foi que esta garantia implícita de «bailouts» (resgates) - o equivalente, nos EUA, ao «A Fed guarda-nos as costas» - incentivou a especulação baseada em dívida, como sendo o «investimento» de mais baixo risco, e de mais elevado retorno, especialmente quando comparado com os investimentos arriscados de baixo lucro, de estreitas margens, nas indústrias de exportação (Lembremos que as margens de lucro das empresas de exportação chinesas rondam os 1% a 3%).


Este é o fator oculto que está a minar a produtividade e a economia chinesas: a dívida em todos os sectores está a subir em flecha, para financiar a especulação, não os ganhos de produtividade.

Esta institucionalização da irresponsabilidade incentivou os jogos de apostas menos produtivos e de maior risco  - Não somente para grandes conglomerados como EverGrande, mas também para as famílias da classe média, que investiram no sistema de «shadow-banking» (um conjunto de empréstimos desregulamentados no sector privado, para financiar devedores com risco elevado, a juros altos) e compraram dois, três ou quatro apartamentos para «investimento».

As contradições resultantes desta massa de poupança investida em condomínios vazios, são sistémicas e perigosas: 1) logo que um andar esteja arrendado, perde valor pelo facto de ser «usado» 2) a vasta maioria dos andares de «investimento» é ilíquida, visto que a maior parte dos novos compradores quer um andar novo, não um usado, portanto o mercado para os usados é extremamente estreito, fora das localizações mais desejáveis, no interior de cidades como Pequim ou Xangai.


Este investimento maciço em apartamentos vazios e ilíquidos gerou perversidades sociais e financeiras: agora, que os andares em áreas mais cobiçadas custam 30-40 vezes o salário de um colarinho branco, os jovens têm de aspirar as poupanças da família alargada para conseguir pagar o andar. Os homens jovens incapazes de comprar um apartamento, veem suas possibilidades de casar evaporar-se.

Uma consequência da relação incestuosa do controlo de Estado com a especulação desenfreada, é o verdadeiro e vasto fosso separando os rendimentos, que se liga à corrupção, num feed-back que se reforça mutuamente: quanto mais rico te tornares, mais próximo do poder te encontras e vice-versa.

Como o sistema de «shadow banking» na China é opaco, até mesmo para os reguladores estatais, é bem possível que os líderes chineses não tenham uma noção da extensão do risco sistémico envolvido nos excessos do shadow banking. Parafraseando a célebre frase de Donald Rumsfeld, "é um desconhecido, desconhecido" para os fazedores da política chinesa.

Esta acumulação monumental de dívida e de especulação é agora uma ameaça existencial para o Partido, a dois níveis:

1) como todas as bolhas rebentam, independentemente das restantes condições, quando esta bolha o fizer, o abalo será suficientemente severo para ameaçar o controlo do Partido sobre a economia.

2) a evaporação desta riqueza fantasma, induzirá o povo a procurar um bode expiatório e o Partido é o candidato nº1, pois ele nutriu e protegeu os bem conectados e os ricos, não tendo protegido os 99% das consequências severas do rebentamento da bolha.

Ao terem criado as condições para a expansão da bolha e para a criação de montanhas de dívida e de promessas implícitas de resgates, o PCC e o governo entalaram-se eles próprios num beco: não existe maneira indolor de desinchar uma bolha especulativa de tão avassaladoras proporções.

Tendo em conta a biografia do Presidente Xi (em especial, a sua experiência pessoal na Revolução Cultural 1966-1976), os seus escritos e a sua consolidação do poder, é claro para mim que Xi compreende que a bolha está prestes a escapar ao seu controlo e portanto, o tempo é escasso e as opções de política estão limitadas a uma triagem ou seja, a salvar os mais saudáveis e deixar que a Natureza se ocupe dos que estão mais próximos de morrer.

Também vejo que Xi apreende a premente necessidade de quebrar a quase absoluta confiança de que o Estado irá resgatar («bail out») toda a gente, até mesmo a que pede emprestado e que especula da forma mais insensata, de tal modo que suas jogadas dão enormes perdas.

A opinião geral no Ocidente é que "a China não pode permitir-se que Evergrande falhe" porque este enorme conglomerado irá obviamente fazer cair muitos dominós, gerando um grande sofrimento financeiro. 
Eu penso que a visão do Presidente Xi é o oposto: «Nós não podemos permitir-nos salvar Evergrande», pois isso iria abrir as comportas das atitudes irresponsáveis («moral hazard») que Xi está a tentar fechar.

O facto do Estado resgatar os jogadores do sector privado (e de empresas estatais) foi o que levou a uma bolha baseada na irresponsabilidade, que Xi está determinado em fazer rebentar agora, quando ainda tem possibilidade de controlar o processo.

Por outras palavras, o Presidente Xi compreende que está no momento, «agora ou nunca», de retomar o controlo duma bolha financeira, inflada pela irresponsabilidade; a única maneira possível, será de fazer pagar as perdas por quaisquer que tenham exposição [aos investimentos especulativos]. A lógica subjacente, é o dilema entre retomar o controlo agora, provocando o rebentamento da bolha, ou deixar que ela se expanda e vá implodir de modo incontrolado (e portanto, ameaçador para o Partido).

Xi concluiu que o primeiro passo, para ser capaz de forçar que assumam as perdas, quaisquer que tenham exposição às apostas especulativas, era consolidar o poder num grau tal, que as costumeiras fações que se serviam do poder para evadir as consequências, fossem forçadas a aceitar sua quota-parte de perdas.
Dada a história e estrutura do Partido, tal exigirá que Xi estenda o controlo a níveis não vistos desde Deng e Mao.

No meu ponto de vista, Xi viu corretamente que estava a fazer-se tarde e que a resistência institucional ao fim dessas  promessas implícitas de resgates e a expansão sem fim da dívida, só poderiam ser superadas, se o seu poder político fosse quase-absoluto.

O rebentamento da bolha movida pela irresponsabilidade e especulação com a dívida, é uma necessidade para preservar o PCC e o poder de Estado; meias-medidas que protegessem os compinchas corruptos, apenas aumentariam a indignação popular, quando a bolha acabasse por rebentar.

É a esta luz que se deve ver a campanha de vários anos de Xi contra a corrupção mais visível e o recente reavivar do conceito de «prosperidade comum», ambos preparando o terreno para pôr fim ao comportamento de irresponsabilidade e para a demolição controlada dos excessos de dívida e de especulação que têm afetado a economia e que ameaçam retirar o controlo ao PCC.

Agora, porém, dão-se grandes ironias. Foi a capacidade da China, em gerar imensas quantidades de dívida, que basicamente permitiu o resgate da economia global em 2008-09, 2015-16 e em 2020. Sim, a Reserva Federal resgatou o setor banqueiro global (na ordem de 16 triliões de dólares em fianças e linhas de crédito) em 2008-09 e inflacionou a bolha especulativa nos EUA, ao criar 3.5 triliões de dólares pela impressão monetária (quantative easing), mas a expansão da dívida causada pela China foi igualmente uma fonte importante de procura global, o que evitou que as economias globais mergulhassem na recessão.


O custo deste «salvamento» não foi apreendido na altura: a elevação da irresponsabilidade até um estatuto quase religioso nos EUA e na China e a expansão das bolhas especulativas alimentadas pela dívida, até alturas jamais atingidas.
Só existem duas opções de políticas:
1) recolher a rede de segurança e recusar resgatar os excessos especulativos, daí fazendo rebentar a Bolha de Tudo,
ou
2) jogar o jogo de manter a bolha em expansão, até implodir por ela própria, num desfecho inevitável, devido às instabilidades sistémicas intrínsecas às bolhas.

Xi escolheu corretamente a política nº1 e ao fazê-lo, posicionou o Partido como o defensor do povo, ou seja, apresenta-se como anticorrupção, pôs na ordem bilionários como Jack Ma e está anunciando que o Estado não irá salvar EverGrande.

A política nº2 tem sido adotada pela Reserva Federal e pela liderança política dos EUA, levianamente. Ao inflacionarem a bolha, deixam que as consequências da irresponsabilidade, a bolha causadora de agravamento na desigualdade de rendimentos e a corrupção, vão -fatalmente - socavar a credibilidade de ambas, tanto da Fed, como da classe política.

As ruturas nos abastecimentos revelam que o sistema económico e financeiro estão estreitamente ligados e estão, enquanto tal, extraordinariamente expostos ao risco de colapsos em cascata, sobretudo quando os nodos-chave se tornam em pontos de congestionamento ou rutura.

Enquanto a Reserva Federal continua a imprimir triliões para continuar a inflar a bolha, a escassez na economia global já está a inviabilizar sectores-chave nas economias da China e da União Europeia. A realidade está em vias de fazer a sua intrusão na fantasia da Fed, de que as bolhas podem continuar - para sempre - desconectadas da economia no mundo real.

Em resumo: o rebentar da Bolha de Tudo não é o objetivo de Xi; este é um efeito secundário inevitável (dano colateral) do rebentamento da bolha especulativa chinesa.

Dado o facto de que todo o sistema financeiro está interconectado intimamente, o colapso de EverGrande é muito mais a história dos dominós a caírem, do que a das perdas diretas: não serão as perdas diretas que irão deitar abaixo o sistema financeiro, mas antes os dominós tombarem, quando os que sofrem perdas diretas, por sua vez, implodem e se tornam insolventes, falhando o pagamento de empréstimos, de juros das obrigações, incapazes de satisfazer as condições contratuais, e assim por diante.

O consenso no Ocidente é de que a China não pode permitir-se deixar a bolha rebentar, porque o sofrimento seria tão severo. Os que acreditam nisto, têm uma pobre compreensão da história da China, especialmente no século XX.

Sendo o rebentar a bolha na China a opção nuclear, Xi tem razões para estar confiante de que poderá fazê-lo: Se isso aumentar o nível de sofrimento para 11, ele sabe que a maioria do povo irá aceitar; quanto aos que não aceitarem, irão juntar-se a Jack Ma, na sua reforma forçada.

Eu estimo que Xi vê o fim da irresponsabilidade e o rebentamento da bolha na China, como uma situação em que o estado das coisas apenas piorará, quanto mais tempo se demorar a pôr-lhe cobro.

A grande ironia agora é que, em vez de salvar a economia global através da expansão da bolha da dívida, a China irá fazer rebentar a Bolha de Tudo Global. Para enfatizar o óbvio, o facto de estar no primeiro plano na economia global, faz da China um dominó de importância primordial. Quem pensar que a bolha especulativa da Fed nos EUA, pode tornar-se imune ao colapso dos dominós estreitamente associados, está a autoiludir-se num pensamento mágico.

Os extremos de excesso de dívida na China e a especulação já estão a desfazer-se, Xi não tem outra opção. Não existe um escape sem custos, apenas haverá como escolha, uma triagem, e Xi já estabeleceu um caminho pelo qual preserva o controlo do Partido, ao forçar todos os que têm exposição, a absorverem as inevitáveis perdas, quando as bolhas de dimensões sem precedentes rebentarem.

A fila dos dominós, que já começaram a tombar, estende-se por toda a economia global e sistema financeiro. Planifique adequadamente.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

[SKWEALTHACADEMY] A MAIOR TEORIA DA CONSPIRAÇÃO JAMAIS PRODUZIDA?

A MAIOR TEORIA DA CONSPIRAÇÃO JAMAIS PRODUZIDA? 
(com algumas pistas sobre os actuais «lockdowns»)
Tradução de parte de um artigo de SKWEALTHACADEMY (ler em inglês, na íntegra, na hiperligação): 
                

[...] 

Vamos agora discutir a mais incrível execução dos confinamentos (lockdowns) que irá fazer ferver mesmo os mais ávidos fãs de teorias de conspiração. E, embora seja pura especulação (extraída porém de factos históricos), não ficaria surpreendido que - no futuro, em 2050 - viéssemos a reconhecer que minha teoria especulativa estava correcta. A dicotomia entre o Ocidente (os EUA, Reino Unido e Austrália também), e a China foi sempre uma completa fabricação para nos distrair da realidade. O mesmo ditado estafado «Dividir para Reinar» permanece tão válido hoje em dia, porque na realidade, muito poucos de nós sabem a História real das nações, tal como ela é (não como nos ensinam nas escolas e universidades).

A realidade é que muitos ocidentais estiveram sempre conspirando com a China para levar a cabo objectivos realmente globais. Os promotores da Nova Ordem Mundial, como o WEF (Fórum Económico Mundial) e os que planeiam as políticas que orientam as economias globais em Davos na Suíça, todos os anos, foram sempre uma mistura de ocidentais e de orientais, então a crença de uma dicotomia nos objectivos financeiros/económicos que residissem nos extremos opostos do espectro ideológico é uma crença reservada em larga medida para os não analistas, os não-intelectuais deste mundo.

Por exemplo, considere a foto abaixo de Sidney Rittenberg, um cidadão americano que ascendeu a uma posição influente no interior do partido comunista chinês na época de Mao Tse Tung. Como melhor argumento para fundamentar este ponto de vista, encorajo o leitor a fazer a sua própria pesquisa para confirmar os factos: podeis pesquisar o tópico seguinte: «Ocidentais que ocuparam postos de poder no Partido Comunista ». Tal investigação irá levar à descoberta de outros estrangeiros que obtiveram posições elevadas no governo, na história do Partido Comunista da China. Saiba, porém, que ao pesquisar este tópico, irá dar com lixo anti-semita, simplesmente porque um par de não-chineses, que subiram a posições de influência na história da China comunista, eram judeus. Imagine como seria insólito nos EUA ou no Reino Unido, se alguém de nacionalidade chinesa fosse jamais nomeado como Secretário do Tesouro nos EUA, ou Ministro das Finanças britânico?

                

Para se afastar facilmente a visão anti-semita e ideológica acima referida, só precisamos de nos debruçar sobre a história de um dos bancos mais influentes na China de hoje, o famoso «Hong Kong Shanghai Banking Corporation» (conhecido por HSBC), um banco que foi fundado e que continua a ser controlado por britânicos. O facto de que o HSBC continua a exercer muito poder na China, devia alertá-lo de que a dicotomia entre a China e o Ocidente é uma fabricação completa. Os membros mais ricos dos países ocidentais têm uma longa história de trabalharem amigavelmente com a China, para dirigir a finança global por detrás do palco, embora apresentem ao público uma fachada de inimizade e discórdia. Embora o HSBC tenha sido fundado pelos oligarcas britânicos inicialmente para lavagem do dinheiro do ópio, obtido pelo comércio britânico em Hong Kong e na China continental, e certamente esta era uma actividade vista pelos oligarcas chineses como hostil, inimiga e extremamente exploradora, o facto de que o banco HSBC continua a ser um dos bancos mais poderosos na China e nunca deixou de ser plenamente controlado pelos britânicos, é muito mais revelador.
Uma tal situação seria análoga à dum adúltero que tivesse uma ligação com a esposa de alguém e tivesse permissão do marido daquela para dormir debaixo do mesmo tecto, todas as noites. 
O facto do HSBC continuar a operar na China, pese embora a sua horrível origem de exploração, mostra que os oligarcas britânicos mantêm uma espécie de acordo com os oligarcas chineses, em que ambos os lados trabalham em conjunto para os mesmos objectivos. Consegue imaginar que o «Bank of China» tivesse um passado de lavagem de dinheiro do ópio, em todo o Reino Unido, usando o porto de Londres como porta de entrada para vender ópio chinês e destruir a economia britânica? Pensa que, neste caso, haveria um «cubo de gelo no inferno» de probabilidade de que o mesmo Bank of China continuasse, hoje, a operar no Reino Unido, como um dos principais bancos?

Se isto não chega para o convencer de que existem muito bem estabelecidas e profundas parcerias económicas entre americanos, britânicos e chineses, de que os oligarcas ocidentais o facto de andarem constantemente a pintar os oligarcas chineses como a «maior ameaça» à estabilidade global,  é apenas teatro, então conheça a longa e documentada amizade entre os políticos americanos do topo e os dirigentes políticos chineses. A família presidencial Bush tem tantos investimentos na China que, após a visita de 2004, o vice-primeiro ministro Deng Xiaoping disse a George Bush Sr. (Pai de George W. Bush): “Vós sois nossos velhos amigos. Sois bem-vindos e podereis voltar sempre que quiserdes". Embora a citação seja muito conhecida, a expressão «velhos amigos» tem sido pouco apreciada ou ignorada, interpretada como Deng Xiaoping estando a oferecer a sua política de portas abertas a Bush Sr. em 2004. Lembre-se que Bush Sr. foi presidente dos EUA de 1981 a 1989, o que torna provável - durante o seu reinado como presidente dos EUA- que, apesar de qualquer animosidade apresentada em público, o relacionamento entre os oligarcas chineses e dos EUA fosse extremamente amigável. Em 16 anos, um longo relacionamento estabelecido entre oligarcas com poder global não azeda assim tão depressa, ao contrário da narrativa que tem sido apresentada ao público de hoje.

O conselheiro presidencial de longa data, Henry Kissinger, um lobo com pele de cordeiro da oligarquia global, é muito responsável pela narrativa de que “a China é a maior ameaça à estabilidade global” . No entanto, o lapso da língua «viperina» de Henry Kissinger neste vídeo de 2008, onde afirma que o recém-eleito presidente Barack Obama tem a «tarefa de desenvolver uma estratégia abrangente para a América... quando realmente uma Nova Ordem Mundial possa ser criada», talvez mostre Kissinger como alguém cujo comentário acerca de política internacional nunca deva ser tomado como sincero. A propósito, o slogan da «Nova Ordem Mundial» não desapareceu. Apenas lhe foi dado o nome de «The Great Reset» (O Grande Reiniciar). A afirmação mais reveladora no curto vídeo acima, é a de que Kissinger via a então crise económica global (em 2008) como «oportunidade» para que Barack Obama fosse usado para implementar aspectos chave da Nova Ordem Mundial.

Soa-lhe familiar? Pois não surpreende, visto que o oportunismo durante as crises fez sempre parte do manual dos oligarcas. Recordemos o projecto conservador e militarista de Washington, «Projecto para Um Novo Século Americano» (PNAC) e o seu relatório, que afirmava que levar a cabo a desejada mudança de estrutura de poder no Médio Oriente seria um longo e penoso processo, caso não «houvesse um acontecimento catastrófico e catalisador, como um novo Pearl Harbor”. Em retrospectiva, sabemos que menos de um ano passado sobre a publicação de tal relatório, o trágico acontecimento do tipo de «Pearl Harbour», o ataque terrorista do 11 de Setembro, ocorreu. Isto leva-me, neste jogo de sombras de conectar os pontos, a um comentário pelo economista dos EUA, Milton Friedman: “Somente a crise - efectiva ou percebida como tal - produz uma mudança real. Quando tal crise acontece, as acções que são tomadas dependem das ideias que estejam em circulação. Acredito que seja essa a nossa função primária: desenvolver alternativas às políticas existentes, mantendo-as vivas e disponíveis, até que o politicamente impossível se torne no politicamente inevitável."

Então, eis aqui a teoria da conspiração que vai, com certeza, causar-lhe um choque, sobre os lockdowns (confinamentos) em curso. Sabemos que a longa história de laços financeiros estreitos e relações económicas operacionais, que existem entre o Ocidente de a China, não se contam por décadas, mas por séculos (os exemplos acima mencionados, são apenas a ponta do iceberg de todas as relações factuais e numerosas, tanto políticas como económicas seculares). Deixe-me questionar o seguinte:               

Poderia a pandemia viral, que inspirou lockdowns do tipo de Wuhan em todo o Mundo, causando a destruição dos meios de subsistência económica de centenas de milhões de pessoas, ter sido uma crise artificial, manufacturada por oligarquias, coligadas entre Ocidente/Oriente, para desencadear políticas globais, especificamente concebidas para estimular a rápida digitalização da economia global, o que teria sido um processo longo e árduo,  sem esta crise, fabricada ou real, mas apreendida como real por quase toda a gente, no mundo inteiro? De facto, para servir o seu propósito, era melhor a «crise» ser na China, em vez da Lombardia (Itália), ou em Nova Iorque, nos EUA. 

Para ser sumamente claro sobre a questão que coloquei acima, não estou a postular que o vírus não seja real. Existe evidência científica indubitável, que se pode encontrar no meu canal de YouTube e no meu site de notícias. Porém, e após aturada investigação, alguma dela vinda do próprio CDC (clicar aqui e ler isto, s.f.f.), constata-se que o vírus não é - nem de longe - tão perigoso como a percepção que tem sido criada pelos lockdowns estritos e sucessivos, decretados ao nível global.

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Nota de Manuel Banet: O autor desta peça tem razão ao apontar que H. Kissinger tem uma posição de grande ambiguidade em relação à China. Embora apareça como sendo o que proporcionou a abertura dos EUA à China e desta ao Mundo, e tendo aconselhado sucessivos presidentes dos EUA a este respeito, também é verdade que ele sempre raciocinou em termos da teoria geopolítica do «Continente-Terra» de Mackinder: O seu conceito é de que é preciso colocar uma «cunha» a separar os dois gigantes euro-asiáticos, Rússia e China, para os EUA manterem a hegemonia mundial. 
O autor deste artigo insinua que - directa ou indirectamente - Kissinger foi o inspirador da viragem estratégica «pivot to Asia», do presidente Obama.