sábado, 25 de outubro de 2025

MEARSHEIMER: PAZ SABOTADA PELOS GOVERNOS OCIDENTAIS

 


O Prof. Mearsheimer apresenta aqui um discurso notável: o seu realismo mostra como os dirigentes ocidentais falharam por ausência de estratégia. Um discurso que desmonta as retóricas e ações inconsequentes.

-------------------
Comentário de Manuel Banet:

Os políticos europeus, que dirigem os governos do Reino Unido, Alemanha e França, são tão medíocres e falhos de visão em questões internacionais, como ao nível interno. 
Durante decénios, o poder «liberal-democrático» habituou-se a governar à custa de slogans, de efeitos pirotécnicos, de «campanhas morais», etc... Sem dúvida, esqueceram as suas funções, os seus deveres principais como governantes. Mas, sobretudo, nunca estiveram confrontados com situações dramáticas, para eles próprios e para seus regimes. Na Europa (e no Mundo), vivem-se agora momentos trágicos e decisivos para o futuro, não apenas  do continente, como da humanidade.
Porém, os partidos de poder, que mais têm empurrado para a guerra, são liderados por medíocres. Por pessoas que, em situações trágicas e de grande perigo, não fazem senão perorar frases-feitas, de retórica vazia, como as que produziram durante toda a sua carreira. Isto é o que se pode esperar deles. Nem, ao menos, estão imbuídos duma qualquer visão histórica. Eles navegam ao sabor das conveniências. E as conveniências, digamos francamente, é manterem-se a flutuar na esfera do poder (enquanto governo, ou oposição), evitando a ira popular. O que mais temem, é que venham a conhecimento público suas inúmeras manobras  protegendo os interesses de grandes financeiros e industriais, e assim comprando a sua protecção. Não vou aqui demonstrar, de novo, como a chamada «democracia liberal», cada vez tem menos de «democracia», ou de «liberal». Alás, basta ver o que se passa nos países tidos como «faróis da democracia», naquilo em que se transformaram.
O fracasso consiste não só na guerra Ucrânia-Rússia, em si mesma, como no bloqueio da sua resolução, por via dum acordo de paz que confira estabilidade e segurança a todos os países europeus, incluindo a Rússia.
Este fracasso é inteiramente devido à pusilanimidade de chefes de governo, de altos responsáveis da OTAN e de toda a pseudo-elite que tem produzido campanhas de ódio e de falsificação dos factos no terreno. 
Qualquer pessoa, independentemente das suas convicções, deveria desprezá-los, pois eles arrastaram a situação duas vezes para o impasse, daí resultando a continuação da guerra e seus muitos milhares de mortos (1ª vez em Istambul, em abril de 2022; 2ª em Budapest em out. de 2025). 

A propaganda poderá enganar um certo número de pessoas, durante um dado tempo; porém, nunca poderá enganar todas as pessoas, durante todo o tempo.

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

ÁFRICA, DISTORCIDA NAS NOSSAS IMAGINAÇÕES

 

 África e a Projecção de Mercator [*]


Durante mais de 450 anos, a nossa visão do mundo tem sido moldada por um mapa que é enganador. Na realidade poderíamos encaixar os EUA, a China, a Índia, o Japão e muito da Europa, dentro de África, que ainda ficariam espaços de terra restantes...


Analogamente, a Gronelândia parece semelhante em tamanho à África, em muitos mapas, quando de facto, a África é 14 vezes maior. O Alasca parece ter o mesmo tamanho que a Austrália, embora a Austrália seja 4,5 maior.


A causa destas distorções, reside na projecção de Mercator, que aumenta as massas terrestres tanto mais, quanto estas estiverem distantes do equador. Em consequência, regiões como a Gronelândia ou a Antártida parecem muito maiores do que seu verdadeiro tamanho, enquanto as terras equatoriais ficam diminuídas em tamanho.

[ * Traduzido a partir de https://www.james-lucas.com/ ]

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

JOHN MEARSHEIMER ANALISA A GUERRA UCRÂNIA-RÚSSIA [CRÓNICA DA IIIª GUERRA MUNDIAL, Nº50]


A lição que o Prof. Mearsheimer nos dá a todos, é memorável a vários títulos:

É a defesa apaixonada da realidade sobre a política de sentimentos
A retórica foi substituir as realidades no terreno, por dirigentes europeus e norte-americanos 
Não é com discursos que se modificam as realidades; é abordando as realidades sem viseiras
As relações dentro da Aliança Atlântica entre a parte europeia e dos EUA
Mostra-nos o que aconteceu à Ucrânia em resultado da  «cruzada moral» do Ocidente

... E muitos outros tópicos. 

Se juntarmos os pontos de vista deste prof. com a de vários membros (nos EUA) da comunidade de defesa e de inteligência, verificamos que existem muitas pessoas qualificadas, que articulam críticas de fundo à maneira como o poder presidencial se tem comportado desde o tempo de Obama, passando por Trump 1º , Biden e Trump 2º.
De facto, a OTAN e a UE estão em grave crise, experimentam divisões internas e um divórcio crescente com as populações dos respectivos países.  
Mearsheimer aponta o dedo para a crise moral, para a incompetência e apego ao poder das classes dirigentes destes países. 
Penso que a confiança é o capital que pode manter a aceitação pela cidadania da sua liderança, num contexto de «não-ditaduras totalitárias».  Porém, agora, todos sabemos, a confiança popular nos governos dos países da Europa ocidental desvaneceu-se. As sondagens não mentem: Os dirigentes dos mais fortes países da UE (Reino Unido, França, Alemanha) estão com uma popularidade extremamente baixa, assim como a Presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen. 
Nestas circunstâncias, a forma que eles encontram para se conservarem no poder, é  fazer com que passe uma imagem falsa, propagandística, de uma Rússia inimiga, agressiva, desejosa de se expandir a Oeste. Como esta e outras imagens de propaganada se vão desgastando, porque a realidade acaba sempre por vir ao de cima, a credibilidade dos dirigentes europeus aproxima-se de zero.
Como podem eles (elas) pretender mobilizar uma boa parte do continente para uma guerra, quando as populações recusam fazer sacrifícios porque sentem que o que lhes pedem é completamente absurdo? 
Na minha opinião, os dirigentes europeus globalistas decidiram fazer a guerra contra as próprias populações. Temos visto exemplos de terrorismo de Estado e subversão de quaisquer laivos de Estado de Direito que restem, para levar à guerra (e inevitável derrota) seus respectivos países. 
Não ficarão as presentes lideranças muito tempo no poder, pois a ilusão de «derrotar a Rússia» está a desfazer-se como um castelo de cartas. Bem depressa, espero, os povos vão acordar e perceber que os dirigentes estão desesperados, e que encontraram uma escapatória nesta política de «guerra à outrance».


quarta-feira, 22 de outubro de 2025

ROUBO DE JÓIAS DO MUSEU DO LOUVRE COLOCA MÚLTIPLAS QUESTÕES

 MUSEU DO LOUVRE, 19 -10- 2025


O roubo, efetuado com grande profissionalismo e à luz do dia, mostra até que ponto as peças mais valiosas dos museus estão sujeitas a roubos.

Não há dúvida que o Museu do Louvre é um dos mais bem dotados, não apenas em financiamento estatal, como também por doadores privados. Logo, coloca-se a questão de saber porque motivo os museus com as peças mais representativas e valiosas do património nacional têm uma segurança bastante deficiente. Parece ser mais precária - a sua segurança - que a dos grandes bancos.

Basta ler o artigo «How The Louvre 'Heist Of The Century' Unfolded» para se compreender que os assaltos a museus e, em particular, a grandes museus como o Louvre, são frequentes. Por outro lado, a probabilidade de recuperar as peças roubadas é baixa, quer se trate de  quadros, de objetos de arte ou de jóias. 

As peças agora roubadas provavelmente nunca serão de novo vistas (*). Os profissionais, não apenas desmontam, como retalham as pedras preciosas, de modo que estas não possam ser detetadas. 

Outro fator muito desfavorável para a eventual recuperação do produto dos roubos, é a facilidade em transaccionar com criptodivisas. Estes podem atingir enormes cifras, movimentadas de modo que é muito difícil identificar os intervenientes na transação.

 No passado, na lavagem do dinheiro destas operações, usava-se «cash»; esta lavagem era mais difícil e arriscada para os ladrões de obras de arte e seus clientes. Com efeito, o mercado de obras de arte estava sempre estreitamente vigiado, havendo probabilidade de detecção das quantias avultadas. 

Hoje, devido aos movimentos de dinheiro não passarem por sistemas bancários e devido à total confidencialidade das transações com criptodivisas, os pagamentos tornaram-se mais seguros para  os ladrões,  os receptadores e os clientes finais.


--------------------------------------------------



(*) Excerto do artigo acima:

Tobias Kormind, managing director of 77 Diamonds, told The Associated Press: “It’s unlikely these jewels will ever be seen again. Professional crews often break down and re-cut large, recognizable stones to evade detection, effectively erasing their provenance.”

There has been speculation that cryptocurrency could play a part in the crime. British private detective John Eastham said that art-crime investigators are seeing a sharp pivot from cash-based laundering to crypto-based liquidity when stolen goods are difficult to sell openly.

“When a theft involves extraordinary value—particularly heritage items—the real question isn’t just what was taken, it’s how will it be monetized? You can’t simply walk into a bank with millions in notes or diamonds. Crypto offers speed, anonymity, and international reach in a way cash no longer can,” Eastham said in an emailed statement.

“It’s highly likely that whoever is behind the Louvre theft already had a digital exit plan—either melting down components and selling through private networks or using high-value NFTs (Non-Fungible Tokens) or stablecoins to launder the funds.”

terça-feira, 21 de outubro de 2025

COMO VIVERMOS NUM TEMPO DE CRISE



"Contra a estupidez, até os Deuses lutam em vão "

( frase atribuída a Goethe)




Este escrito não é contra uma pessoa ou partido, é somente um aviso em relação à ficção da realidade: Como algo envolvido em papel decorativo, como uma caixa de chocolates. Com a diferença de que o envólucro de que eu falo, não encerra nada.

A estupidez tornou-se traje de rigor. A imbecilidade, a marca obrigatória. As pessoas que apenas cultivaram as aparências, como sendo algo de «valor», são as que triunfam.

Quanto à «turba mediática»: Essa nunca se assume como ignorante. Está sempre disposta a servir-nos o «prato» das notícias, com a última moda, o último pseudo-pensamento, acompanhados da eterna salada da ignorância...

Só que virá um tempo em que as pessoas acima mencionadas já não triunfarão em coisa nenhuma. E esse tempo está para breve, a meu ver, porque a maré mudou.

Mas não esperem reconhecimento, meus caros leitores, se porventura pertenceis aos poucos que ainda têm curiosidade em procurar entender e alcançar as raízes dos fenómenos.

O reconhecimento será o de vós próprios, de saberdes ver a realidade e, com isso, saberdes navegar nestes tempos conturbados. Esta propriedade, que já é tão rara, vai tornar-se preciosa nos tempos mais próximos.

O mais importante, nesta época, é saber distinguir a realidade profunda, de toda a espécie de epifenómenos, que até poderão ser reais, poderão corresponder a factos ocorridos. Porém, na nossa visão, há que distinguir entre as realidades que podem vir a configurar mudanças estratégicas, das que serão somente o borbulhar, a espuma dos dias...





Sei que estas palavras, no fundo e antes de mais, a mim próprio respeitam. É certo que não pretendo conquistar discípulos, adeptos ou seguidores.

No entanto, o que deve determinar a minha ação, ou seja, os fins, são coisas que me parecem, afinal, comuns a todos: a preservação da sua pessoa, o procurar o equilíbrio, o não se deixar arrastar nas ondas de fanatismo e de intolerância que se observam, o proporcionar para a família e os amigos um porto de abrigo no sentido próprio e figurado, o esclarecimento das pessoas que comigo convivam, não para as convencer, mas para aumento do grau de lucidez e consciência no meu entorno... E, sobretudo, imponho a mim próprio a disciplina de não ceder perante meus gostos, preferências, ou afinidades ideológicas, e exercer sobre os meus pontos de vista uma rigorosa crítica e autocrítica. Assim, poderei continuar a errar, como é evidente, mas será menos provável que persista no erro.

Só gostava que as pessoas que eu estimo, não se equivoquem sobre as minhas intenções, os meus desejos: Não pretendo convencer ninguém, nem afirmar que tenha razão sobre um dado assunto, seja ele qual for. Simplesmente, se emitir uma opinião, faço-o com um máximo de dados sólidos e não de subjectivismo.

...

Quanto ao resto, julgo adequado parafrasear o escritor do início do século XX, Pierre Louÿs e o seu romance «Les Aventures du Roi Pausole».

No reino de Pausole, havia somente duas leis:

-1° Não faças nada que possa ferir, magoar, ou prejudicar alguém.

-2° Uma vez bem assimilado o significado da frase acima, faz o que quiseres.




HAVERÁ UMA FATALIDADE PARA O COLAPSO DE «DIVISAS DE RESERVA» ?

 


Temos sempre algo que aprender com a História. Mas, se não o fizermos, estamos condenados a repeti-la ... sobretudo os seus falhanços.

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

UM RABI EXPLICA O QUE É E COMO NASCEU O SIONISMO


Este vídeo parece-me muito informativo. A entrevista entre Pascal Lottaz (Neutrality Studies) e o Prof. Yakov Rabkin esclarece muito, permite-nos compreender as raízes ideológicas e influências da ideologia que se apoderou do governo de Israel: a corrente política chamada «sionismo».