segunda-feira, 2 de outubro de 2023

AS PALAVRAS [OBRAS DE MANUEL BANET]




 A palavra ciciada ao ouvido do amor nascente

A palavra gutural num soluço de ódio demente 


A palavra altaneira, de vazio cheia como vento

A palavra medida, calculando pelo sustento 


A palavra jocosa, saída de lábio sorridente

A palavra erudita, que revela o ignorante


A palavra bolsada com raiva e desespero

A palavra mão estendida em franca amizade


A palavra cozinhada com subtil tempero

A palavra esquecida em provecta idade


As palavras são tão diversas como as gentes

Traiçoeiras ou puras, radiosas ou cinzentas


Quem só sabe palavras, de vida pouco sabe

Viver, não é lição escolar que se aprenda





HENRY MANCINI, O COMPOSITOR DE MÚSICA DE FILMES

O compositor americano Henry Mancini deixou-nos uma profusão de músicas de filmes.  
Ele é dos que, se não existisse*, a cultura cinematográfica, a constelação de artes de Hollywood, seriam outra coisa: Sem dúvida, mais pobres.
Mancini corresponde - a meu ver - à definição implícita de triunfo do poeta ou do compositor: Parafraseando Charles Trenet, em «L'âme des Poètes», «Eles cantam suas melodias sem saber o nome do autor»...
- Quem não conhece o célebre tema da Pantera Cor-de-Rosa? 
- Quem não conhece a lindíssima canção «Moon River», cantada por uma infinidade de artistas? 
- Mas, quem sabia o nome do autor das duas composições, Henry Mancini?
Depois de "MOON RIVER" e "THE RETURN OF THE PINK PANTHER",  a minha terceira escolha "TOO LITTLE TIME" pode ser menos conhecida, mas é maravilhosa e continua a fazer parte do reportório de músicos de jazz. 


MOON RIVER

                    https://www.youtube.com/watch?v=nF5iKCMNTPs



 RETURN OF THE PINK PANTHER

                    https://www.youtube.com/watch?v=sEO0dgho9Z4


                                             TOO LITTLE TIME

                            https://www.youtube.com/watch?v=BslvmmaTEv0


                 


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* Tais como Ennio Morricone e Francis Lai

domingo, 1 de outubro de 2023

«BE HAPPY»



Be Happy by Klaus Schwab LYRICS Here's a little song I wrote You might want to hear it in your POD You own nothing And be happy Ain't got no cash, ain't go no car But 24 booster shots in your arm Own nothing Be happy You can't even buy shit in ze store Because of your low social credit score Own nothing Be happy You will own nothing And be happy Be happy and eat ze bugs
 

PROPAGANDA 21 (Nº19) : O GORILA INVISÍVEL


 Vídeo de uma experiência em psicologia social: Para melhor compreensão do que é falado, pode ligar as legendas (em inglês) [CC]. O prof. Dan Simons explora o fenómeno da inatenção não-intencional.



Comentário:

Na sequência da visualização do pequeno vídeo acima, julgo que o leitor concederá que esta experiência - que tem sido repetida muitas vezes, em várias circunstâncias - significa que grande número de pessoas, embora atentas, não conseguem aperceber-se do gorila que aparece no meio do jogo. Se viram com atenção o vídeo acima, uma das coisas que se pede aos sujeitos da experiência, que visualizam a curta sequência filmada, é que eles foquem a atenção no número de vezes que os jogadores passam a bola uns aos outros. A elevada percentagem, cerca de metade, das pessoas que «não veem» o gorila, não é constituída por pessoas desatentas, pelo contrário. São as que têm sua atenção intensamente focalizada no que lhes foi pedido, na contagem do número de passes da bola que efetuam os jogadores.

Esta experiência, ou conhecimento de psicologia daí decorrente, está na base de muita da manipulação de massas no universo mediatizado. Não estou a dizer que ela seja aplicada diretamente pelos psicólogos sociais ao serviço dos diversos poderes. Quero antes chamar a atenção para situações reais, análogas da experiência com o gorila. São ocorrências banais na realidade político-mediática. Trata-se duma fórmula, ou truque de «magia», quotidianamente usada. Refiro-me à fabricação de «notícias», ao empolamento ou multiplicação de notícias verdadeiras, mas irrelevantes. Elas saturam os espaços mediáticos (Internet, TVs, jornais, rádio), especialmente quando se passa algo desagradável para os poderes, como um fracasso, ou o desvendar dum escândalo. Para as massas ficarem iludidas, é preciso que a «realidade» fabricada seja constantemente reforçada; não pode aparecer algo (como o gorila), contradizendo a narrativa única.

Outra técnica análoga, é hipertrofiar um dado aspeto - secundário - duma notícia importante, cujo significado negativo para os poderes, não sendo possível ocultar, tem de se minorar. Nem sempre é possível passar sob silêncio factos importantes e que põem em causa, ou desmascaram, a «aristocracia» globalista. Podem os factos ser de tal modo, que seja positivamente impossível negar, ignorar, como se eles nunca tivessem ocorrido. O «plano B» será, então, a focalização do público nos aspetos irrelevantes ou secundários («quantas vezes os jogadores passam a bola?»). A insistência nesses pormenores, tem a função de desviar a atenção do público. Assim, muitas pessoas acabam por passar ao lado do que é objetivamente importante numa dada notícia. NÃO haverá reflexão crítica, numa parte do público recetor dessa notícia.

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

LEÇONS DE TÉNÈBRES de FRANÇOIS COUPERIN & outras obras barrocas

Para além da sua óbvia importância para o desenvolvimento da arte musical, dos estilos, das formas do concerto, da suite, da variação e para as técnicas de execução (do violino, da viola da gamba, do cravo, do alaúde), a música francesa barroca desempenha um papel central
É a sua característica principal, de forjar uma síntese de estilos e tendências anteriores, conjugada com sentido do equilíbrio e da proporção, o que escapa a muitos de nós, do século XXI. Mas, que não escapou, de todo, na Europa da época, aos cultores de música erudita. Tem tido a música barroca francesa, apesar disso, uma presença menor nos catálogos de discos de música clássica. Igualmente, tem sido pouco frequente a execução em recital, de peças do reportório barroco francês, excetuando uns poucos compositores mais famosos junto do grande público. Felizmente, a tendência está a inverter-se, graças a conjuntos e interpretes como os abaixo reproduzidos. 
Agora,  podemos ouvir (em disco ou em concerto) obras com imenso interesse, iguais em qualidade ao melhor da produção alemã, italiana, inglesa ou outras.



Esta obra-prima de François Couperin («Couperin, Le Grand») é um conjunto de peças (subsistem 3) baseadas no texto latino das «Lamentações de Jeremias». Eram cantadas nos Ofícios de Vésperas da Semana Santa. Esta tradição musical é sobretudo francesa: Muitos na tradição francesa  compuseram «Leçons de Ténèbres».

A excelência da interpretação das duas soprano e de William Christie (órgão e direção de "Les Arts Florissants") neste recital é, para mim, evidente.

Couperin: Leçons de ténèbres |

01:04 - Prelude 01:55 - Couperin: Première leçon à une voix 19:04 - Monsieur de Machy: Prelude en ré 23:57 - Couperin: Deuxième leçon à une voix 36:24 - Monsieur de Sainte-Colombe: Chaconne en ré 42:44 - Couperin: Troisième leçon à deux voix 59:03 - Encore Gwendoline Blondeel | Soprano Rachel Redmond | Soprano Myriam Rignol | Viola da gamba William Christie | Organ Les Arts Florissants
Conducted by William Christie