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quinta-feira, 28 de setembro de 2023

LEÇONS DE TÉNÈBRES de FRANÇOIS COUPERIN & outras obras barrocas

Para além da sua óbvia importância para o desenvolvimento da arte musical, dos estilos, das formas do concerto, da suite, da variação e para as técnicas de execução (do violino, da viola da gamba, do cravo, do alaúde), a música francesa barroca desempenha um papel central
É a sua característica principal, de forjar uma síntese de estilos e tendências anteriores, conjugada com sentido do equilíbrio e da proporção, o que escapa a muitos de nós, do século XXI. Mas, que não escapou, de todo, na Europa da época, aos cultores de música erudita. Tem tido a música barroca francesa, apesar disso, uma presença menor nos catálogos de discos de música clássica. Igualmente, tem sido pouco frequente a execução em recital, de peças do reportório barroco francês, excetuando uns poucos compositores mais famosos junto do grande público. Felizmente, a tendência está a inverter-se, graças a conjuntos e interpretes como os abaixo reproduzidos. 
Agora,  podemos ouvir (em disco ou em concerto) obras com imenso interesse, iguais em qualidade ao melhor da produção alemã, italiana, inglesa ou outras.



Esta obra-prima de François Couperin («Couperin, Le Grand») é um conjunto de peças (subsistem 3) baseadas no texto latino das «Lamentações de Jeremias». Eram cantadas nos Ofícios de Vésperas da Semana Santa. Esta tradição musical é sobretudo francesa: Muitos na tradição francesa  compuseram «Leçons de Ténèbres».

A excelência da interpretação das duas soprano e de William Christie (órgão e direção de "Les Arts Florissants") neste recital é, para mim, evidente.

Couperin: Leçons de ténèbres |

01:04 - Prelude 01:55 - Couperin: Première leçon à une voix 19:04 - Monsieur de Machy: Prelude en ré 23:57 - Couperin: Deuxième leçon à une voix 36:24 - Monsieur de Sainte-Colombe: Chaconne en ré 42:44 - Couperin: Troisième leçon à deux voix 59:03 - Encore Gwendoline Blondeel | Soprano Rachel Redmond | Soprano Myriam Rignol | Viola da gamba William Christie | Organ Les Arts Florissants
Conducted by William Christie


domingo, 21 de abril de 2019

MESSE À L'USAGE DES PAROISSES, FRANÇOIS COUPERIN


Na riquíssima produção de música para tecla, há um pequeno número de obras que se têm mantido, ao longo do tempo, como exemplos duma época, duma estética e, mesmo, de referência para o público amante de música antiga. 
Entre este número limitado de obras, figuram as duas missas para órgão:  A missa para as paróquias  e a missa para os conventos. Ambas foram editadas num livro de órgão, em 1690, tinha então François Couperin 22 anos, apenas. 

François Couperin pertenceu a uma família de distintos músicos, dos quais seu tio Louis Couperin, cravista e organista, foi o mais célebre; também ele terá sido importante na formação de François, o futuro cravista titular da orquestra de câmara real de Luis XIV.
A influência do seu estilo exerceu-se nos contemporâneos a vários níveis. Para além da popularidade das «ordres» ou suites recolhidas nas «Pièces de Clavecin», destaca-se a importante obra pedagógica «L'Art de Toucher le Clavecin»: ensina como tanger de maneira graciosa, com os ornamentos adequados, o cravo. Este instrumento era o mais comum, nas casas aristocráticas ou burguesas, da época. 
Penso que a cristalização dum barroco tipicamente francês se deu com François Couperin, embora vários outros músicos franceses  da época, tenham produzido obras notáveis.

A sua música de órgão, embora se limite à recolha de 1690, tem uma qualidade excepcional. Esta pode ser considerada uma obra prima, apesar da juventude do seu compositor. 
Com efeito, o conjunto das duas missas para órgão, constitui uma síntese dos traços fundamentais da escola de órgão francesa do século XVII. 
Estas missas para órgão de François Couperin podem ser a porta de entrada para descobrirmos a enorme riqueza da escola francesa de órgão.