Francis Lai pertence àquele pequeno grupo de talentosos músicos, cujas composições, classificadas abusivamente como «música ligeira», caracterizam uma grande parte da música do século XX.
Mau grado a promoção incessante das vanguardas por sucessivas gerações de críticos eruditos, é um facto que a música que caracteriza determinado século, é aquela que os que viviam nesse século gostavam de ouvir.
Ora, o século XX trouxe em grande abundância um novo divertimento popular - o cinema - ao alcance de todas as bolsas, o que prevenia que sua produção fosse dirigida, exclusivamente, para a audiência elitista.
A música que acompanhava os filmes de «cinema mudo» não era medíocre. Ela era composta e improvisada por músicos notáveis. Eles acompanhavam o desenrolar das cenas, que se sucediam no écran prateado, na sala escura.
Pouco tempo depois, com o aparecimento do cinema sonoro, quase todos os grandes compositores de música erudita compuseram música para filmes. Com o desenvolvimento da indústria do cinema, em Hollywood, na Cinecittà (Roma) e noutros centros prestigiosos (Berlim, Paris, Moscovo, Londres), aparecem compositores especializados em música para filmes. As produções de muitos deles são recordadas, década após década: Reproduzidas em disco ou executadas em sala de concerto.
É o caso de Francis Lai e de vários outros.
As suas músicas tornaram-se ícones. Para a geração dos anos 60 e 70, que viu os filmes mencionados, estas músicas estão bem presentes na sua memória. As bandas sonoras compostas por Francis Lai, são identificadoras dos respetivos filmes, evocadoras dos seus atores principais e, mesmo, de cenas específicas.
De qualquer maneira, irei registar aqui alguns dos grandes talentos que escreveram música para o cinema e decidi começar por Francis Lai.
O compositor americano Henry Mancini deixou-nos uma profusão de músicas de filmes.
Ele é dos que, se não existisse*, a cultura cinematográfica, a constelação de artes de Hollywood, seriam outra coisa: Sem dúvida, mais pobres.
Mancini corresponde - a meu ver - à definição implícita de triunfo do poeta ou do compositor: Parafraseando Charles Trenet, em «L'âme des Poètes», «Eles cantam suas melodias sem saber o nome do autor»...
- Quem não conhece o célebre tema da Pantera Cor-de-Rosa?
- Quem não conhece a lindíssima canção «Moon River», cantada por uma infinidade de artistas?
- Mas, quem sabia o nome do autor das duas composições, Henry Mancini?
Depois de "MOON RIVER" e "THE RETURN OF THE PINK PANTHER", a minha terceira escolha "TOO LITTLE TIME" pode ser menos conhecida, mas é maravilhosa e continua a fazer parte do reportório de músicos de jazz.
Esta canção de amor extraída do filme «The Sandpiper» de 1965, com Liz Taylor e Richard Burton, tornou-se muito famosa e foi cantada por inúmeros intérpretes.
The shadow of your smileWhen you have goneWill color all my dreamsAnd light the dawnLook into my eyes my love and seeAll the lovely things you are to meOur wistful little starIt was far, too highA teardrop kissed your lipsAnd so did INow when I remember springAll the joys that love can bringI will be rememberingThe shadow of your smile
Aqui, mais um exemplo da portentosa voz de Sarah Vaughan, da sua sensibilidade artística e bom gosto, que tornam qualquer melodia ou canção por ela interpretada, algo muito pessoal...
No final desta gravação, extraída de um documentário, ouve-se também comentar que Sarah fumava, bebia, etc. e não se importava de afirmá-lo.