Em relação à autoria da fuga de documentos secretos da CIA, sobre a guerra na Ucrânia. Vale a pena ouvir Gonzalo Lira:
«Teixeira é o bode expiatório»...
Gonzalo explica porque razão o governo dos EUA está a fazer este show.
Em relação à autoria da fuga de documentos secretos da CIA, sobre a guerra na Ucrânia. Vale a pena ouvir Gonzalo Lira:
Gonzalo explica porque razão o governo dos EUA está a fazer este show.
O FIM DO BAILE
LETRA E MÚSICA DE VLADIMIR VYSOTSKY
[Tradução para português por Manuel Banet]
Revolução é uma das palavras mais ambíguas do vocabulário. Ela é usada a torto e a direito, desde políticos, propagandistas, ideólogos, até mesmo historiadores. Na realidade, eu penso que existe uma indefinição semântica que só permite manter a ambiguidade e é disso que vivem todos os oportunismos.
Como ninguém tem a propriedade da língua e ainda menos da sua utilização, o que posso eu criticar, afinal? Seria legítima esta autocrítica, se eu ficasse por aqui. Porém, irei mais fundo, pois este tema é dos mais estimulantes. Creio que - para um pensamento crítico e com verdadeiro substrato filosófico - é preciso fazer um ponto prévio, já aqui feito noutros textos, de que a língua humana é capaz de preencher muitas funções, simultaneamente. Se não tivermos atenção ao contexto e a outros fatores, arriscamo-nos a cair como preza dum locutor pouco escrupuloso com as palavras que utiliza.
A muitos, parecerá uma preocupação excessiva com as palavras e o seu significado. Mas, eu verifico que a propaganda, usada constantemente por Estados, governos, partidos e outras instâncias segregadoras de ideologias, tem o (mau) hábito de dar «nomes», que não correspondem à descrição clássica dos mesmos. E não faz isso por acaso!
Estudando a História, verifico que - em ocasiões de rutura de paradigma - aparecem muitas pessoas a reivindicar a qualidade de revolucionários. Muitas pessoas são levadas a fazer tomadas de posição, de que se envergonham mais tarde, caso tenham um mínimo espírito autocrítico.
Não deveríamos cair nas garras dos demagogos: Eles são tais como aqueles vendedores, que antes iam de porta em porta, agora estão no écran do «smartphone, ou tv ou doutro meio eletrónico. No caso dos comerciais, podemos acabar por comprar algo de que realmente não precisamos; mas, no caso dos demagogos de todas as cores e feitios, é muito pior: podem vender-te a guerra, como sendo o caminho para a «paz», a espoliação dos países e povos mais empobrecidos, como a sua «libertação» ou «emancipação» e por aí adiante! Reparem como o célebre romance 1984, de Orwell caracteriza o estado totalitário. Ele descreve a inversão e transformação radical da língua, a «novilíngua» e a erradicação do passado («quem domina o passado, domina o presente e quem domina o presente, domina o futuro»). Além disso, havia uma total ausência de propósito estratégico, nas sucessivas guerras que Oceânia e Eurásia se faziam, assim como na inversão das alianças, sem lógica compreensível.
Não «ressoa» isto com situações* que se estão a passar, importantes e muito reais, mas que nós - desde os mais «bem» informados, aos que estão totalmente desfasados - não compreendemos? Todos, estamos na ignorância do que será o futuro. O futuro, querem-no definir alguns megalómanos, como Klaus Schwab, que - com certeza - estudou Lenine e Mao, entre outros.
Na nossa ingenuidade, de forma implícita e explícita, estamos sempre a «dar crédito» (= a acreditar) aos indivíduos que pronunciam belas palavras e frases, que ressoam com os nossos sentimentos, convicções, ideologias... É assim que se consegue a adesão ou a simpatia de pessoas pouco ginasticadas na análise crítica, ou seja, que confundem a palavra com o ato: ora, esta distinção é fundamental para se perceber o mundo dos homens. No campo da política, são inúmeros os exemplos dos que se apresentam aos eleitores como defensores disto e daquilo, quando na verdade, o que querem é simplesmente arrebanhar votos e consciências, para levar a cabo suas ambições de poder.
Os típicos demagogos, os políticos com maior ambição e portanto com mais probabilidade de alcançar lugares cimeiros são aqueles que dominam perfeitamente o código dos sentimentos humanos, das paixões. Isto porque como dizia Robert A. Heinlein, um grande autor de Ficção Científica: «os humanos não são seres racionais; mas racionalizadores». Isto aplica-se a todas as atividades humanas. Em particular, à governação e a «conduzir as massas», a liderar as «revoluções». Trata-se da técnica de pôr as pessoas a fazerem exatamente o contrário do que seriam os seus interesses, os seus sentimentos genuínos. Mas de as levar a isso, convencidas de que estão a fazê-lo para o «bem», para «o interesse coletivo», etc.
Não é preciso o leitor estar equipado em permanência com um dicionário enciclopédico, para conseguir descortinar a profusão de sentidos da palavra «revolução», quando está a ser pronunciada ou escrita por alguém. O «segredo» é simplesmente não dar atenção exclusiva ao que essa pessoa diz ou escreve, mas antes, qual é a coerência entre o seu discurso, a sua narrativa e os seus atos concretos, neste momento e no passado.
Pense neste exemplo: Seria ridículo um ator de cinema, de teatro ou de ópera, ser tomado como alguém deveras convencido do que diz, ou representa. Assim, o talento de ator/atriz está em fazer-nos crer que ele/ela não está a representar. De outro modo, o seu desempenho soa a «falso». É o mesmo com o mundo da política, da ideologia, de «pensadores» e «fazedores de opinião».
Não pretendo anunciar nada de novo. Basta lembrar o provérbio, que existe em várias versões, em várias línguas, mas dizendo o mesmo: «Não sejas como Frei TOMÁS, FAZ O QUE ELE DIZ E NÃO O QUE ELE FAZ!»
Tome-se o provérbio acima como critério, é um bom instrumento para evitarmos ser enganados. Por exemplo, na vida real encontramo-nos com um sujeito; ele apresenta-se e fala connosco sobre diversos assuntos. Após algum tempo, descobrimos que esse sujeito estava a «fazer teatro»; na realidade, ele omitiu muitas coisas, inventou outras, provavelmente com o intuito de nos induzir a fazer qualquer coisa (no interesse dele, não no nosso!). É quase impossível não se ter encontrado um tipo de pessoa assim; pode-se ter encontrado, e não se ter percebido o que ele queria realmente.
Quanto a mim, se alguém fala de revolução, eu quero saber desde logo:
- Para quê, para que fim, com que objetivo(s) de longo alcance
- Como, ou seja, que meios serão necessários para levar a cabo essa transformação
- E quais os protagonistas: Será um grupo de revolucionários treinados? Se diz que é uma «multidão», ou é pouco inteligente, ou pensa que nós somos pouco inteligentes...
No caso em que eu fique esclarecido dos três pontos acima, depois quero ver, na prática, como agem essas pessoas que se reclamam de um objetivo «revolucionário». Pois é infinitamente mais fácil traçar um programa revolucionário, do que levá-lo a cabo. E, mais fácil proclamar os princípios, do que fazer com que todos ajam de acordo com esses mesmos princípios. Não é por um certo número de indivíduos ter uma fixação obsessiva, uma «mística» revolucionária, que estes indivíduos são realmente revolucionários!
Certamente, outras pessoas podem ter abordagens melhores que a minha. Gostava de ler as opiniões dos leitores. Se noutra língua, que não o português, podem ser escritas na língua original e traduzidas pelo app- tradutor, que se encontra no lado direito desta página.
Muito obrigado!
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(*) Um exemplo claro de ocultação de responsabilidades, pelos media ocidentais, é o caso Nordstream, leia:
https://www.unz.com/jcook/why-the-media-dont-want-to-know-the-truth-about-the-nord-stream-blasts/
Já sabemos que a guerra é um acontecimento disruptivo e uma catástrofe pessoal, familiar e social, para os povos nela envolvidos. Também sabemos que, quem governa, apresenta «motivos» para fazer a guerra. Pretextos, mais ou menos bem cozinhados, com «factos» inventados e «falsas bandeiras», como foi a «invasão polaca» dum posto fronteiriço da Alemanha, pretexto para o desencadear da invasão da Polónia pelas tropas do IIIº Reich, ou a provocação permanente, «secando» o Japão de petróleo (1) e empurrando o Japão imperial contra os EUA para, desta forma, o governo americano ter um pretexto credível junto da sua opinião pública, para entrar em guerra, juntando-se aos Aliados da coligação anti- hitleriana.
Pilotos kamikases japoneses, IIª Guerra Mundial
Mas, para manter a adesão dos próprios cidadãos dum país em guerra, a máquina de propaganda do Estado e a media ao serviço dos interesses dominantes, vão esforçar-se por fabricar uma realidade, para manter o apoio popular a essa guerra e às posições do governo, não com base em realidades mas, antes, com base na distorção dos factos. Usam uma narrativa que se impõe através da repetição exaustiva da mentira. Uma técnica aprendida com Goebbels: «Se disserem uma mentira mil vezes, ela passa por verdade». Mas também, com a omissão de factos relevantes, ou o hipertrofiar de hipóteses, mais ou menos verosímeis, como se fossem «factos» inquestionáveis.
Joseph Goebbels, ministro de Hitler
Por exemplo, a OTAN e os seus governos apresentaram a invasão russa de 24 de Fevereiro de 2022, como sendo uma «agressão não motivada». Evidentemente, com a omissão de que antes desta guerra russo-ucraniana, nos 8 anos após o golpe realizado com auxílio dos EUA e da UE, que derrubou um governo legítimo, os «ocidentais» prepararam, equiparam e treinaram, as forças militares ucranianas, de modo a que estas atingissem o nível considerado «apto para combater nas fileiras da OTAN».
O exército ucraniano (2), em Janeiro de 2022 estava posicionado no Don e preparava-se para invadir os territórios das Repúblicas rebeldes. Tal invasão iria, segundo os estrategas da OTAN e da Ucrânia, «resolver» o problema do separatismo pela erradicação da resistência por meios militares, ou seja, negando enfática e explicitamente o compromisso, a solução negociada que era substância e letra dos acordos de Minsk. Em suma: preparavam-se abertamente para completar o crime de genocídio, contra uma parte da sua própria população.
Claro que esta situação nunca é explicada ao público dos países ocidentais, quer pelos governos da OTAN, quer pelos media que alinham caninamente com a política dos respectivos governos, liderando campanhas histéricas em relação aos «inimigos».
De facto, o verdadeiro inimigo fala a nossa língua, tem lugares proeminentes nos departamentos de Estado, pode considerar-se - sem exagero - que é composto por traidores ao serviço de uma potência estrangeira ... Penso que já compreenderam que me estou a referir aos nossos respetivos governos, com as máquinas de apoio político e propagandístico, que eles manobram.
Ao fim e ao cabo, eles conseguem exercer o seu papel, ou porque as pessoas têm sido enganadas, ou porque, quem sabe a verdade, tem medo de a dizer frontalmente. A intimidação é o objetivo das campanhas de difamação contra vozes dissonantes, mesmo as vindas de dentro do próprio sistema, sejam de políticos, militares, académicos, ou de celebridades. Nestes casos, a «penalidade» habitual é o blackout e o ostracismo; mas, pode ir até ao assassinato (3) .
MLK Jr.: Assassinado por se opor à guerra do Vietname
Os vira-casacas também são de todas as épocas. Já se veem pessoas a fazer uma «conversão», a «repudiar» a causa que defenderam, como se - de repente - tivessem visto «a luz», ou como se tivessem sido «contra» em segredo. Na verdade, viram algo bem mais terra-a-terra; viram que as probabilidades do seu lado ser vencedor, se esfumaram.
No caso da presente guerra da OTAN contra a Rússia, aquela aliança militar (agressiva e não defensiva) está numa situação desfavorável e por sua própria culpa. Os EUA e "aliados" (= vassalos) mostraram imensa «húbris», nenhum senso, nenhuma precaução: Desrespeitaram os acordos de Minsk, dos quais eram cossignatários, juntamente com o governo ucraniano e os governos das Repúblicas do Don. Tudo o que fizeram durante esse período, foi encorajar a agressividade do governo da Ucrânia. Este, controlado por nacionalistas-étnicos, que têm um ódio de morte à Rússia e aos russos, queria «limpar» de russófonos as Repúblicas separatistas do Don.
O regime ucraniano estava decidido a fazer este ato de agressão contra o seu próprio povo, razão pela qual os russos invadiram a Ucrânia em Fevereiro de 2022, logo depois de terem formalmente reconhecido a independência das duas repúblicas do Don. Afinal, eles não fizeram mais do que impedir a realização do ataque iminente contra as referidas repúblicas. Um exército ucraniano de elite, com armas modernas, estava estacionado, desde Janeiro de 2022, em frente da região do Don. Quotidianamente, bombardeavam zonas citadinas das repúblicas, causando mortos e feridos civis. Nas últimas semanas antes da invasão russa, intensificaram os bombardeamentos, facto que foi observado e registado pelos observadores da OSCE.
À partida, toda a gente bem informada sobre as forças militares em presença, sabia que o resultado da guerra seria o que está a acontecer, agora. Uma derrota dos exércitos ucranianos, face à superioridade numérica, em equipamento e à produção industrial russa (sobretudo de munições) nas quantidades necessárias para abastecer as tropas do lado russo.
Do lado ucraniano, o exército foi desbaratado nos primeiros dias da invasão, a sua força aérea foi neutralizada, assim como as defesas antiaéreas. Sofreu imensas perdas em soldados bem treinados, tendo que preencher as fileiras com recrutas muito pouco ou nada treinados, arrastados muitas vezes à força (4). Quanto ao material, era desadequado, ou por ser antiquado (material da era soviética), ou dos países da OTAN, o qual ou não se adequava às condições do terreno, ou era demasiado sofisticado, obrigando a um treino longo (feito em países da OTAN; França, Alemanha, etc.); ou esse equipamento era servido por soldados da OTAN, transformados em «voluntários». Assim, para os militares e políticos da Ucrânia, a única esperança de não perderem a guerra era o envolvimento direto e sem máscara dos países da OTAN.
A Polónia, membro da OTAN, interveio com um número apreciável de efetivos (estimados em cerca de 20 mil homens) e tem sofrido pesadas baixas. Campos de treino de mercenários (quase todos de países da OTAN) no oeste da Ucrânia, perto da fronteira com a Polónia, foram atingidos por mísseis hipersónicos russos, causando muitos mortos e feridos.
Era claro que a Rússia podia usar estas mesmas armas, impossíveis de interceptar, contra os estados-maiores políticos e militares inimigos. Porém, o jogo da Rússia não era de aniquilar o governo ucraniano, mas de o obrigar a sentar-se à mesa de negociações. Conseguiu estabelecer, na Bielorrússia primeiro, e depois na Turquia, conversações com vista a um cessar-fogo e á paz. Isto passou-se pouco mais de um mês após o início da invasão. Em Istambul, as delegações tinham chegado a um pré-acordo. O presidente ucraniano, Zelensky, muito pressionado pelos Anglo-Americanos (Boris Johnson foi a Kiev para dar «o recado»), deu ordem para a delegação ucraniana congelar as conversações e recusar qualquer acordo. Nesta altura, a propaganda dos ocidentais fazia grande barulheira, fazendo crer que os russos estavam em retirada, enfraquecidos, que estavam a perder a guerra. Podemos ter a certeza que os estados-maiores e as agências de espionagem ocidentais sabiam que isso não era verdade. Mas queriam convencer as opiniões públicas, de que a sua escolha de fazer a guerra à Rússia, usando como «ariete» o regime ucraniano, estava a dar bons resultados. O estado-maior ucraniano também não podia ter ilusões, mas os políticos ucranianos ultra- nacionalistas (para não dizer nazis) queriam, a todo o custo, a continuação da guerra. Eles chegaram a assassinar a sangue-frio um diplomata ucraniano que participou nas negociações de Istambul. Fizeram isso, como sinal de que seriam impiedosos com quaisquer que, no governo e forças armadas ucranianas, se atrevessem a propor uma solução negociada com a Rússia.
Além da opinião pública ignorar (por ser desinformada) o que aconteceu, em especial, nestas conversações e como foram brutalmente interrompidas pela ingerência direta anglo-americana, ela era quotidianamente «bombardeada» com falsos relatos horripilantes, sobre a conduta dos soldados russos em território ucraniano. Nalguns casos, foi possível comprovar que os crimes foram perpetrados pelas tropas ucranianas (5) e falsamente atribuídos aos soldados russos.
A propaganda da OTAN e da imensa maioria da media ocidental, também seguiu aquela frase, que dizia que «a mentira é tanto mais facilmente engolida pelas massas, quando mais inverosímil parecer» (Goebbels).
No cômputo geral, a guerra na Ucrânia está perdida para a OTAN e os ucranianos têm um país depauperado, em ruínas, um Estado com uma dívida astronómica e incapaz de refazer um semblante de unidade nacional. Depois de tudo o que fizeram, o governo e seus apoiantes estão desacreditados perante a população.
Este resultado era previsível. Desde a guerra da Coreia (que foi uma espécie de «empate») as guerras em que os EUA se envolveram diretamente, ou que foram instigadas por eles, resultaram em desastre, mesmo quando os EUA estiveram, temporariamente, numa posição militar de domínio absoluto nas primeiras fases (lembram-se do Iraque?).
Os neocons têm a obsessão do domínio (full spectrum dominance) e sobretudo, preferem a destruição do «inimigo», a qualquer solução negociada. Lembrem-se naquilo em que transformaram a Líbia, o país mais próspero de África. Quando podem causar divisões entre países, ou entre fações num país, fazem-no, mascarando as ingerências como «revoluções coloridas»; foi assim na Síria e numa dúzia doutros países do Médio-Oriente e noutras regiões.
O problema, falando pragmaticamente, é que as guerras diretas entre superpotências são demasiado perigosas, podem transformar-se em holocausto nuclear. Nesta hipótese, afetando gravemente toda a humanidade, não haverá senão vencidos. Ou, caso sejam as chamadas guerras por procuração, vão causar a destruição dos países e o seu empobrecimento duradoiro, para além das mortes, feridos e destruição (foram os casos do Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria, Iémen e agora o caso da Ucrânia).
Por isso, um governo responsável nunca deveria empurrar outras nações para a guerra. O que chamam «diplomacia dos EUA», é apenas fazer intervir a CIA, a NED e outras agências encobertas, que promovem a subversão dos regimes que não agradam ao poder imperial dos EUA. Eles também impõem sanções brutais, destinadas a afetar as populações, por definição inocentes dos crimes, praticados ou não, pelos seus governos. São especialistas em criar casus belli, usando ataques de falsa bandeira, fornecendo o pretexto para bombardeamentos e invasões, literalmente não deixando «pedra sobre pedra». Depois, dominam esse país de modo colonial. Tal comportamento é essencialmente igual nas administrações democratas ou republicanas. Todo este caos traz imensos lucros para as empresas de mercenários (6) e fornecedoras de equipamento militar e armamento (a maior indústria e que mais exporta, nos EUA). Esta política alimenta e é alimentada pela corrupção a todos os níveis, desde as empresas com contratos para a «reconstrução» desses países, até às chorudas «comissões» aos membros do governo e do congresso.
Chegou o tempo em que o poder político e económico dos EUA se está a revelar tal como ele é, na realidade.
O que descrevi acima faz sentido, em si mesmo. Além disso, explica a muito recente movimentação de ex-aliados dos EUA, Arábia Saudita, Turquia, Japão... Estão a desertar o campo «ocidental» ou seja, os EUA, mais seus vassalos, porque temem a «benevolência» yankee!
Por estes motivos, creio sinceramente que os maiores inimigos do chamado Ocidente são, sem sombra de dúvida, OS SEUS PRÓPRIOS GOVERNOS.
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1) O Japão, nessa altura, tinha os EUA como seu único fornecedor de petróleo. O Japão era um aliado do «Eixo», com a Alemanha, Itália e outras potências.
2) Eram cerca de 80 mil, os soldados das unidades de elite do exército ucraniano, estacionados frente às fronteiras das repúblicas separatistas.
3) Martin Luther King, é um exemplo: tem sido celebrado como «mártir da causa negra», mas hoje, sabe-se que ele foi assassinado porque se ergueu contra a GUERRA DO VIETNAME.
4) Filmes vídeo mostram civis a serem arrastados e metidos à força em camiões do exército em cidades ucranianas.
5) É o caso muito falado da vila de Bucha, onde os ucranianos construíram uma encenação depois de terem matado civis «colaboradores» dos russos (pessoas que receberam ajuda sob forma de alimentos), dispuseram os cadáveres alinhados ao longo da estrada principal, muitos tinham ainda a braçadeira branca que significava que não eram inimigos dos russos.
6) Um exército sempre pronto a intervir, com mais de 50 mil homens disponíveis a qualquer momento.
Além dos aspetos circunstanciais, este concerto tem muito interesse musical, em si mesmo. Talvez pareça simples, a ouvidos pouco familiarizados com a música de Mozart. Mas, na verdade, este concerto é muito rico em melodias, em variações sobre temas e possui uma orquestração realmente excelente, pois em permanente diálogo com o piano, não se limita a acompanhá-lo.
Penso que é uma obra que exalta o que há de melhor no humano. Alegria e plenitude sobressaem e parece-me não ser indiferente que Mozart tenha escolhido a tonalidade de Sol maior. Como sabemos, as tonalidades eram escolhidas em função de características dos instrumentos (o âmbito, a afinação) mas também tinham valor simbólico: o Sol é o astro diurno e a nota «sol». Por outro lado, o modo maior infunde otimismo. Quando, em certas passagens, há modulação para modo menor, estas apenas põem em relevo o otimismo geral.
Note-se a abundância das cadenzas conhecidas, escritas por Mozart para os vários andamentos deste concerto: Eram opcionais, mas sem dúvida foram usadas, num ou noutro momento, quando o compositor interpretava o concerto, ele próprio. Sabemos que também improvisava novas cadenzas, que seriam magníficas; porém, isso não era assim tão raro: A improvisação das cadenzas era algo que se esperava da parte do solista. Mas a codificação destas, por escrito, só começou a ser usual nos finais do Século XVIII. A cadenza não tinha caráter obrigatório e, por exemplo, Beethoven escreveu uma cadenza de outro concerto para piano, de Mozart.
No romantismo, os concertos para piano tinham a cadenza escrita pelo músico-compositor, mas não era raro o próprio solista utilizar estes momentos para executar uma outra cadenza, da sua lavra.
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(*) Os estorninhos são aves muito comuns, mas muito especiais também. Não só formam bandos enormes, que executam danças espetaculares nos céus, como são capazes de memorizar muitos sons e conseguem distinguir as pessoas pela sua voz.