A realidade «judaica do Antigo Testamento» do povo judeu de Israel atual é tão fictícia como a dos germânicos serem «arianos» e terem sido declarados como «a raça superior» pelo regime de hitleriano. Na verdade, são os palestinianos muito mais próximos geneticamente do povo judeu de há dois mil anos,. Isso não lhes confere um estatuto especial, mas apenas mostra o grotesco e a monstruosidade de basear uma política em dados étnicos ou «rácicos». Toda a política baseada em elementos raciais é uma clara negação dos Direitos Humanos, inscritos na Carta da ONU e em inúmeros documentos oficiais de todos os países (incluindo Israel).

segunda-feira, 5 de março de 2018

ITÁLIA - O ESPELHO DO FRACASSO DA UE

                      The election results were a triumph for the Five Star Movement, led by 31-year-old Luigi Di Maio




Embora as pessoas tenham sido sujeitas à lavagem ao cérebro, em modalidade intensiva, com a cerimónia dos Óscares, o mais importante acontecimento deste fim-de-semana foi, sem dúvida, a eleição parlamentar italiana, com o movimento «5 estrelas» a obter uma maioria (relativa) face a partidos e coligações à direita e à esquerda. 

Embora eu não tenha nenhuma «fé» na política eleitoral, mesmo quando esta é protagonizada por pessoas muito jovens, desencantadas com as formações políticas tradicionais, que não receiam avançar com aquilo que lhes parece ser a via de salvação para as suas vidas, vejo que existem situações, cuja maturação e desfecho obrigam a que os restantes aspectos da realidade social (e não apenas política) se «alinhem» com elas. 

No caso de Itália, temos um país que vem sendo desgovernado pelas direitas e esquerdas, um país cujo crescimento económico tem sido posto em cheque, que tem de sofrer o embate - quase isolado - de ondas de imigrantes que afluem de África às suas costas, um país onde os jovens têm uma formação de qualidade e onde não encontram emprego correspondente às suas qualificações. 
No plano financeiro, a dívida italiana tem subido constantemente, os bancos italianos estão todos falidos, sendo sustentados «a braços», pelo BCE, que lhes compra a porcaria que detêm como «activos». 
Portanto, devemos encarar Itália como o elo mais fraco da UE, não porque outros não estejam em lençóis tão maus ou piores que os italianos, mas porque a dimensão de Itália faz com que uma crise de confiança que aí desponte, irá transmitir-se automaticamente à UE no seu todo.
Ora, tal como o resultado eleitoral de 04 de Março de 2018 foi traçado, ele desenha um quadro difícil de negociações, de compromissos, tendo no centro um movimento que tem rejeitado coligações e compromissos com partidos «do sistema» e que não estará em condições de formar um governo 100% «5 estrelas». Porém, não se vê que outras forças políticas se disponham a fazer passar um governo «5 estrelas» minoritário, sem que existam compromissos de parte a parte. 
O forjar de tais compromissos não me surpreenderia, pois a conquista do governo foi sempre um factor que atraiu as forças mais radicais a abdicarem da parte mais «intransigente» do seu ideário e programa de governo, para conseguirem alcançar o poder. Seria de admirar que isso não jogasse também no interior do movimento ora vencedor. 
Mas, por outro lado, do lado dos negócios, o que se pode esperar é que - embora não exista uma deliberada campanha de boicote contra o novo poder político que emergiu em Itália - as forças do capital «votem» para sair da «grande bota». 
Uma precipitada saída de capitais significa que a montagem da falsa solvabilidade das finanças públicas de Itália e, por extensão, dos países do Sul, construída pelo BCE, fica a descoberto. 
Se a opinião pública ficar com a noção clara -por fim - de que o papel do BCE tem sido de atirar biliões sobre biliões, para que governos continuem a pedir emprestado e a gastar mais do que as economias respectivas produzem, então a subida destas «5 estrelas», será um sinal mortal para aquelas outras «doze estrelas», que compõem a bandeira da União Europeia.

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Post scriptum: mapa pós eleições de 04-03-018
A azul, as zonas que votaram à direita, a vermelho à esquerda, a amarelo «anti-sistema»

                                          Foto de Pepe Escobar.

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