Uma empresa de confecções para adolescentes utiliza nas roupas inscrições relativas aos locais de crimes/tiroteios de massa, onde dezenas de crianças perderam a vida.
A indignação de alguns, no entanto... parece não afectar demasiado o negócio!
Ao que chegou o absurdo da sociedade capitalista decadente!
Eu gostava que as pessoas com educação científica, que lêem o meu blog, reconhecessem a importância da palestra do Dr. Soon, na medida em que, com argumentos, destrói a PSEUDO-ciência (ou mitos) e a adesão acrítica ao chorrilho de falsidades, por parte das pessoas. Encheram-lhes os ouvidos e a cabeça com uma suposta unanimidade no mundo científico sobre o assunto... o tal «consenso».
Mas a ciência não é, nem nunca foi, uma questão de consenso. A decisão política pode sê-lo. Decidir se adoptamos ou não um determinado programa, ou lei, ou medida governamental, será equivalente a procurar o consenso mais alargado possível na cidadania. Simplesmente, aqui trata-se de leis ou medidas feitas e decididas pela sociedade, pelos humanos.
Quando lhes quiserem insinuar que a «ciência opera por consensos» ou que «existe um consenso entre os cientistas sobre isto, ou sobre aquilo...» devem duvidar da honestidade da pessoa, sobretudo se ela se intitula cientista.
Nada, no modo de proceder da ciência, tem a ver com consensos, mas sim com a experimentação, que vem validar ou invalidar determinado modelo, hipótese, ou teoria.
Se um único facto (e, mais ainda, um conjunto de factos) vem contradizer uma teoria, então ela fica INVALIDADA.
Não importa que um exército de «cientistas» feitos à pressão, ou de políticos mascarados de cientistas, clame que tal teoria é verdadeira. No caso de haver facto(s) que a contradiz(em), ela será sempre considerada como falsa, ou como não provada, ou não validada pela experiência e pela observação.
Agora, o que se passa [e isto é muito grave], é uma campanha massiva de media, políticos, activistas sociais, etc. que pensam ter razão. Para eles, tudo o que contradiz essa razão (a razão deles) é desonesto, ao serviço de forças obscuras, etc. O Dr. Soon chama a atenção para o significado disto, para além da própria controvérsia em torno das alterações climáticas: é a própria ciência que pode estar a ser descredibilizada, junto do grande público. Com efeito, toda esta montagem, envolvendo prestigiosas instituições e nomes sonantes da ciência, acabará por ser vista como aquilo que é, mais cedo ou mais tarde. Muitas pessoas ficarão de tal maneira decepcionadas, que deixarão de ter confiança na ciência em geral, confundindo a má ciência e o abuso de poder no «establishment» científico, com a ciência em si mesma! O cepticismo, em qualquer domínio do saber, é uma atitude saudável se ele estiver aberto a examinar - sem preconceitos - quaisquer evidências a favor, ou contra, a teoria que o próprio defende. O espírito científico não é «partidário». As pessoas verdadeiramente científicas sabem que se deve lutar contra o seu próprio subjectivismo.
Quando virem que um argumento é rejeitado, não por falha de lógica intrínseca, não por insuficiente suporte experimental, não por incompatibilidade com o conjunto dos dados disponíveis, mas por ataques ad hominem, insinuando que são «agentes de lóbis» pró-indústria poluidora, etc... fiquem de pé atrás, exerçam o vosso espírito crítico, tentem perceber quais as motivações subjacentes a tais campanhas.
Uma perturbação numa refinaria, por mais importante que seja, não vai causar uma carência de petróleo ao nível do mercado global. Os sauditas garantem que o nível de produção voltará ao normal até ao fim do mês. Mesmo que a afirmação seja um bocado optimista, não é nada que tenha uma repercussão planetária no mercado do crude ou do petróleo refinado.
Então, por que razão os mercados, não apenas dos combustíveis, mas também os mercados financeiros estão em estado pré-comatoso?
Por que razão há um quase congelamento do mercado «overnight» de empréstimo entre os bancos, que causa a intervenção do banco central dos EUA (a FED)?
- Sabe-se que a FED despejou nos bancos (através de um «bail-out» que não se confessa como tal) em 3 dias sucessivos, muitos biliões de dólares para fornecer liquidez ao mercado de empréstimo interbancário...
Isto revela a gravidade da situação: Porque é muito anómalo o comportamento da FED. A explicação que encontro para este pânico interno (ignorado do «grande público», pois a media corporativa faz bem o seu miserável papel de DESinformar as massas), é o seguinte:
- Os bancos encontram-se quase insolventes em circunstâncias normais e podem rapidamente passar a estar mesmo insolventes, ao contrário do que o público é informado e do que os responsáveis dão a entender.
Mas, se um «cisne negro» atingir o sistema financeiro global, estes bancos ficam em apuros. O sistema está, neste momento, em apuros porque o petróleo subiu em flecha, muito para lá das expectativas de muitos investidores e especuladores, inclusive dos peritos que trabalham nos bancos sistémicos.
Ora, a quantidade (nos EUA e internacional) de empréstimos e de alavancagem sobre esses mesmos empréstimos, à indústria do petróleo de xisto é avassaladora. O processo de extracção de petróleo do xisto é intrinsecamente um processo não rentável; são necessárias mais unidades de energia para extrair gás ou petróleo de xisto do que as quantidades respectivas obtidas são capazes de fornecer. A rentabilidade aparente resulta de operações financeiras, que consistem em fazer o público, em última instância, financiar os projectos, através de obrigações. Estas são negociadas nos mercados e usadas para originar complexos produtos derivados. Uma engenharia financeira dos bancos, tendo rentabilidade somente para eles e para os poucos negócios de exploração de petróleo de xisto que não fizeram falência.
Para que esta indústria do petróleo de xisto seja financiada, uma montanha de empréstimos tem de ser colocada nos mercados: o juro dos empréstimos é que vai variar, ao sabor dos mais diversos acontecimentos no mundo, incluindo as guerras. Ora, se um «cisne negro» surge, como foi o caso há dias, abrindo-se a possibilidade de uma guerra contra o Irão, todas as «apostas» (que são, afinal de contas, os derivados) vão estar completamente desequilibradas: É como se num jogo Benfica - Belenenses, este segundo clube tivesse a vitória. Seria algo tão inesperado, que somente alguns adeptos mais fiéis do clube de Belém teriam apostado nele.
Portanto, muitas apostas terão sido perdidas (neste caso, devido ao aumento súbito do petróleo) causando uma enorme drenagem de liquidez no sistema (para pagar as tais apostas, muitos activos financeiros terão sido vendidos).
A fragilidade do sistema financeiro é enorme, o que equivale a dizer a fragilidade do capitalismo dos nossos dias. Sim, o sistema está à mercê de um grupo de guerrilheiros suficientemente determinado para atingir um órgão vital (a refinaria saudita, a maior refinaria do mundo) ou uma artéria principal (o estreito de Ormuz). Hoje, são os Houthis, amanhã, quem sabe?
Esta é a realidade: aquilo que a «filtragem» da media corporativa não permite que o público perceba, neste imbróglio.
Quer isto dizer que os EUA vão para a guerra ou vão recuar e não atacarão o Irão?
-Não faço a menor ideia, agora. Porém, sei que é muito fácil desencadear uma guerra... mas, os que a desencadeiam não sabem qual será o seu desfecho.
«Foram noticiadas explosões enormes em duas instalações de petróleo da Aramco a empresa exploradora de petróleo da Arábia Saudita. Embora, no imediato, as autoridades sauditas tenham recusado designar os culpados, a média, incluindo a BBC começou imediatamente a insinuar que ou os Houthis do Iémene ou o Irão eram os responsáveis.» (Retirado de artigo de Tony Cartalucci, em Global Research)
O problema com estas atribuições é que apenas reforçam um dos lados, como sendo o «agredido»: Neste caso, a Arábia saudita. Se os Houthis são considerados agentes do Irão (quer isso seja exagerado, ou não), automaticamente estão a dar pretexto para uma retaliação, um contra-ataque. Estão a legitimar a transformação de uma guerra local, a agressão da Arábia saudita, dos Emirados Árabes Unidos e dos seus aliados ocidentais, Americanos, Australianos, Britânicos (que se sabe terem mercenários no Iémene), numa guerra «defensiva» contra a suposta «agressão» do Irão. De facto, a media ocidental, parece ser mais o porta-voz dos governos, do que meios independentes noticiosos, que informem com objectividade o que se está passando. Desde há quase cinco anos, está em curso uma guerra brutal contra os grupos Houthis, que derrubaram, no Iémene um governo que tinha o apoio dos sauditas.
Por muito que aleguem, a luta dos Houthis é um problema interno ao Iémene, os sauditas não têm legitimidade para se imiscuírem e, muito menos, pretenderem reinstalar pela força um governo totalmente desacreditado. Mas esse é o pretexto, pois a verdadeira razão é ainda e sempre o petróleo. Com efeito, as reservas de petróleo sauditas são muito menores -na realidade- que as que apregoam. Para conseguir bombear um litro de petróleo para fora dos poços, têm de bombear muitos litros de água (salgada, retirada do mar, e canalizada para os poços petrolíferos). Pelo contrário, a fronteira norte do Iémene tem grandes reservas de petróleo intactas, as quais seriam exploradas pelos sauditas em condições favoráveis, caso dispusessem de um governo «dócil», do outro lado da fronteira.
É esta a verdadeira razão da guerra de genocídio, em que a ONU - repetidas vezes - apelou a que levantassem o bloqueio que estava a causar uma mortandade, por fome e por epidemias não tratadas, à população civil iemenita. Os sauditas têm cobertura plena ocidental, com fornecimento de material de guerra e de vigilância, pelos sofisticados satélites espiões americanos e outros meios guiando e aumentando a eficácia dos ataques aéreos sauditas e dos emirados.
Se tivessem um mínimo de decência, as potências ocidentais já teriam feito parar esta criminosa guerra. Mas ela ocorre longe, sobretudo longe dos olhares dos «virtuosos zeladores» dos direitos humanos…
É evidente que uma agressão constante como a que o povo iemenita tem sofrido, vai desencadear uma resposta forte, face a um poder que não recua perante nenhuma atrocidade.
Que os drones tivessem incorporada tecnologia do Irão, parece-me absolutamente verosímil, mas isso não pode legitimar um ataque contra o Irão, da mesma maneira que -hipoteticamente – o ataque dum grupo de guerrilha na Síria, só pelo facto de utilizar armamento americano contra instalações russas, não poderia legitimar um ataque russo contra os EUA!
Drones dos Huthis
Este ataque com drones assinala uma viragem na situação estratégica mundial, pela simples razão de que uma força como a dos Houthis, com capacidade técnica para operar drones, pode causar danos sérios num gigante, quer em termos militares, quer económicos.
Note-se que estes drones estão (em alguns mercados, pelo menos) acessíveis ao público em geral, por somas da ordem de 1500 dólares. Ora, isso corresponde a um efeito multiplicador da ordem de mil, um milhão, ou mais ainda, pelos prejuízos directos que um atentado destes pode trazer – como foi o caso – a uma instalação ultra-sensível, quer em termos de economia dum país, quer mesmo mundial.
Não existe maneira absolutamente segura de proteger instalações gigantes de refinação de petróleo ou outras, de outro tipo, que existam noutros pontos do globo. É impossível sequer imaginar uma protecção eficaz dos múltiplos oleodutos e gasodutos que percorrem milhares de quilómetros nesta e noutras regiões do globo.
É, portanto, uma viragem no que se poderá chamar de guerra assimétrica; pode significar uma viragem também na forma como os poderes encaram as situações de conflito, se tiverem o mínimo de bom-senso. Torna-se impossível uma guerra convencional ser ganha, nestas circunstâncias.
Não existe maior fragilidade do que a das civilizações tecnologicamente avançadas, dependentes de redes cibernéticas e de aprovisionamento de energia, sob formas diversas (petrolífera, eléctrica). Mesmo as redes de abastecimento de água e alimentos, estão completamente fragilizadas.
Um grupo guerrilheiro com uma logística bastante leve pode, em qualquer momento, causar um enorme caos, uma paralisia completa do adversário.
A guerra com armas nucleares é uma loucura, pois não há dúvida que acabará por destruir as próprias condições de habitabilidade do Planeta, numa escalada bélica inevitável.
Mas a guerra com armas convencionais nunca poderá realmente desembocar numa vitória completa sobre os adversários, pois pequenos grupos serão capazes de actos de sabotagem eficazes e com efeitos catastróficos, devido à fragilidade do próprio tecido que sustenta as nossas comunicações, as redes energéticas, os circuitos de abastecimento de víveres…
Se houvesse bom-senso, as grandes potências militares tratariam de encontrar meios não militares, mas antes diplomáticos, de resolver os seus conflitos.
Quantos milhões de mortos e de vítimas da brutalidade da guerra tecnológica haverá no Iémene e em muitos outros pontos do Globo, até que esta simples e clara evidência de estratégia seja compreendida pelos responsáveis políticos e militares:
Não há possibilidade de vitória militar. O único meio de resolver os diferendos é por via diplomática.
Yuja Wang oferece-nos a frescura duma interpretação original. Ela faz-nos descobrir novas maravilhas neste 3º concerto para piano de Rachmaninoff, o mestre absoluto do piano no século XX. A orquestra da Staatskapelle de Dresden, acrescenta o apoio inteligente indispensável, sob a direcção de Xian Zhang.
O visionamento de um vídeo de entrevista com o Prof. Richard Wolff, um celebrado economista e professor universitário dos EUA, sobre o sistema classificativo/ notação, pelo qual passam inúmeros alunos em todos os graus de ensino, que os arrumam em «casas» de acordo com a «avaliação» que professores fizeram deles, dá-nos apenas um aspecto, mas um aspecto muito sintomático, de como funciona - realmente - a instituição escolar.
Mas - para além da instituição escolar - na sociedade também, nas empresas, na função pública, etc. o papel da classificação dos indivíduos vai muito além do trivial de «separar os competentes e os sabedores, dos menos adaptados». O problema é que aquilo que este tipo de ensino faz, nada mais é que internalizar as desigualdades, atribuindo o «sucesso» e o «fracasso» sempre ao indivíduo, visto como uma espécie de máquina de responder a testes, ou de fazer os trabalhos mais apreciados pelos seus avaliadores. O controlo das pessoas é assim máximo, pois a instituição no seu todo (e até as pessoas individuais que se sentam em lugares de comando e de selecção) decide quem, como e quando... Decide se determinado indivíduo vai, ou não, entrar como estudante ou empregado/a. Obviamente, as pessoas sabem que assim é: todas mimetizam os gestos, recitam as fórmulas encantatórias, etc. que passam por «saberes». No domínio da realidade nua e crua, estão de facto a mostrar até que ponto vão a extremos de absurdo para conseguirem o que pensam ser a sua «tábua de salvação».
Entregam-se nas mãos de avaliadores, entregam-se para serem avaliadas, ou seja classificadas, seleccionadas (eventualmente) para... para... serem exploradas!
Elas sabem todas isso, de uma forma confusa, ou até de forma perfeitamente lúcida. Não importa!
- Estão convencidas de que não existe outra escolha, de que não existe outro caminho para singrar, para ter o seu pequeno quinhão, que lhes permitirá sobreviver e - talvez -constituir família!
Elas darão ao empregador o seu trabalho, a sua energia, o melhor delas próprias, a troco de um bocado de «pão», mas tudo é virado do avesso, para que se sujeitem a fazer o que, de outra maneira, seria considerado indigno fazerem. Alguém se submeter a escravatura, a ser propriedade de outros, será algo invejável?
- Pelos vistos sim, pois há imensa gente jovem, saída das classes médias ocidentais (e não só) que se submete voluntariamente, em troca de um diploma, de um certificado que diz (no sub-texto) «Fizeste tudo aquilo que consideramos necessário para nos garantir a tua conformidade com a norma, tua submissão,tua aceitação acrítica do sistema, tua disponibilidade infinita para seres explorado/a e agora damos-te este certificado/diploma, para que vás competir com outras pessoas como tu, por empregos em que os lugares estão disponíveis, não para os criativos, não para os originais, não para os sérios trabalhadores, mas para pessoas submissas como tu».
As pessoas só se submetem, porque lhes deram uma matriz falsa (a «meritocracia») que lhes impede de VER a sua condição de exploradas, de servas ao serviço de um semi-deus qualquer, seja numa empresa, ou no Estado...».
É isto que esta sociedade faz, aos seus próprios filhos e filhas.
Além disso, as pessoas individualmente, sempre com óptimas autojustificações, tentam «furar» os princípios e pressupostos das tais «regras» de competição, através da cunha, da corrupção, do compadrio, do nepotismo...
A existência generalizada deste fenómeno da corrupção em todas as regiões geográficas e em todas as camadas sociais, mostra como é impossível de reformar o sistema por dentro, com «reformas» para deixar tudo o resto intacto!
Qual a alternativa?
Há a capacidade de auto-organização dos indivíduos, quer em associação formal ou informal. Há a possibilidade de ser membro da socidedade, de não se ser um(a) marginal, sem no entanto cair debaixo do jugo do novo feudalismo. Mas, isso implica analisar até que ponto nos baixámos, vendendo-nos (e vendendo nossos filhos e filhas) ao moloch, ao deus dinheiro/deus lucro.
Se alguém reflectir bem sobre como se chegou a este ponto, se compreender quais os mecanismos que perpetuam as nossas cadeias, talvez seja muito mais fácil do que parece, esse alguém construir alternativas, aqui e agora, que funcionem e que tenham viabilidade económica e social.
O medo de falhar é inibitório e existe muita gente que não consegue ter confiança na sua própria energia, embora saiba que tem energia suficiente para ser explorada e dar o seu trabalho por uma soma de «papel» ou de dígitos electrónicos...
O processo de apoderamento é complexo e longo: eu assimilo-o ao tratamento de um adicto de «drogas duras», que precisa de apoio.
Mas, à diferença do que é comum com a adicção «química», o processo de libertação psíquica em relação ao sistema, pode fazer-se sem que restem sequelas no paciente.
Centenas de jovens chineses, em frente ao Consulado Britânico, em Hong Kong, cantam “Deus Salve a Rainha” e gritam “Grã-Bretanha, salva Hong Kong”, apelo reunido em Londres por 130 parlamentares, que pedem para dar a cidadania britânica aos moradores da antiga colónia. Assim, a Grã-Bretanha é apresentada à opinião pública mundial, especialmente aos jovens, como garantia da legalidade e dos direitos humanos. Para fazê-lo, elimina-se a História. Portanto, é necessário, antes de outras considerações, o conhecimento dos acontecimentos históricos que, na primeira metade do século XIX, conduzem o território chinês de Hong Kong ao domínio britânico
Para penetrar na China, então governada pela dinastia Qing, a Grã-Bretanha recorreu à venda de ópio, que transporta por via marítima da Índia, onde detém o monopólio. O mercado de drogas espalha-se rapidamente no país, provocando graves danos económicos, físicos, morais e sociais que suscitam a reacção das autoridades chinesas. Mas quando elas confiscam, em Cantão, o ópio armazenado e o queimam, as tropas britânicas ocupam, com a primeira Guerra do Ópio, esta e outras cidades costeiras, constrangendo a China a assinar, em 1842, o Tratado de Nanquim.
No artigo 3 estabelece: “Como é obviamente necessário e desejável que os súbditos britânicos disponham de portos para os seus navios e para os seus armazéns, a China cede para sempre a ilha de Hong Kong a Sua Majestade, a Rainha da Grã-Bretanha e aos seus herdeiros".
No artigo 6 o Tratado estabelece: “Como o Governo de Sua Majestade Britânica foi forçado a enviar um corpo de expedição para obter uma indemnização pelos danos causados pelo procedimento violento e injusto das autoridades chinesas, a China concorda em pagar a sua Majestade Britânica, a quantia de 12 milhões de dólares pelas despesas envolvidas”.
O Tratado de Naquim é o primeiro dos tratados desiguais através dos quais as potências europeias (Grã-Bretanha, Alemanha, França, Bélgica, Áustria e Itália), a Rússia czarista, o Japão e os Estados Unidos asseguram na China, pela força das armas, uma série de privilégios: a transferência de Hong Kong para a Grã-Bretanha, em 1843, a forte redução de impostos sobre mercadorias estrangeiras (assim como os governos europeus estabeleceram barreiras alfandegárias para proteger as suas indústrias), a abertura dos portos principais a navios estrangeiros e o direito de ter áreas urbanas sob a sua administração (as “concessões”) subtraídas à autoridade chinesa.
Em 1898, a Grã-Bretanha anexou a Hong Kong, a península de Kowloon e os designados New Territories (Novos Territórios), concedidos pela China “por aluguer”, durante 99 anos. O descontentamento generalizado sobre estas imposições fez explodir uma revolta popular, no final do século XIX – a Revolta dos Boxers - contra a qual interveio um corpo expedicionário internacional de 16 mil homens sob comando britânico, no qual a Itália também participou.
Desembarcou em Tianjin, em Agosto de 1900, saqueia Pequim e outras cidades, destruindo numerosas aldeias e massacrando a população. Posteriormente, a Grã-Bretanha assume o controlo do Tibete, em 1903, enquanto a Rússia czarista e o Japão dividiram a Manchúria, em 1907.
Na China reduzida a condições coloniais e semi-coloniais, Hong Kong torna-se o principal porto de comércio baseado na pilhagem dos recursos e na exploração esclavagista da população. Uma massa enorme de chineses é forçada a emigrar, sobretudo para os Estados Unidos, Austrália e Sudeste Asiático, onde é coagida a condições semelhantes de exploração e discriminação.
Surge, espontaneamente, uma pergunta: em que livros de História estudam os jovens que pedem à Grã-Bretanha para “salvar Hong Kong”?