Aquilo que nos limita,
que te limita a ti leitor/a, ou a mim, que escrevo, não é mais do que o nosso
ego! O nosso ego é uma espécie de prisão que não se afirma como tal, algo que
te prende mas que tu não reconheces como sendo a origem das tuas inibições.
Mas o destino das
pessoas é o de viver com o ego que têm, não de se verem livres do seu
ego! E se o tentarem, como aconselham certos gurus, podem ficar completamente
alheadas do mundo real, ou não …. Porém, não ficarão mais sábias!
A nossa natureza é
assim; então, será melhor nos conformarmos e trabalharmos o ego, para que ele
seja nosso vassalo, para que ele se submeta à vontade do nosso Eu verdadeiro,
da nossa pessoa na sua integral maturidade. Caso consigamos, não poderemos ser
derrotados em nada do que empreendemos; já porque não faremos ou planearemos o
que está fora do nosso alcance, já porque estaremos capazes de apreciar as coisas
boas e menos boas que a vida nos dá, sem nos lamentarmos, sem nos sentirmos
«injustiçados».
Mas, sobretudo, teremos
alcançado a liberdade essencial de conduzir a nossa vida, não conforme o
impulso do desejo, o que será sempre um desastre, a prazo, mas duma vontade
fixada em metas, por nós decididas.
Trata-se de optar pela
consciência, pelo assumir consciente do nosso dever em relação a nós próprios e
em relação aos outros. Se assim procedermos,
seremos felizes e talvez possamos obter a estima de algumas pessoas que nós
próprios estimamos.
A maior parte das
pessoas não tem ideia própria sobre nada, não tem princípios e – por isso mesmo
- não aplica esses princípios, mesmo que os declare. Nestas circunstâncias,
mais cedo ou mais tarde, qualquer que seja a situação de partida, tais pessoas
irão confrontar-se com fracassos. Podem atribuí-los a fatores externos, sem
dúvida. Porém eles/elas ou terão de assumi-los e melhorar, ou continuar a
vitimar-se e a negar (denegação) a evidência.
Tudo – nesta civilização
- nos empurra para um aligeirar das responsabilidades, pelos nossos fracassos,
pelas nossas falhas. Mas, se formos superiores a isso, se soubermos resistir à
pressão da mediania e da mediocridade, saberemos encontrar a via de realização do
nosso ser.
Não tenho receitas para
os outros, porque não tenho para mim próprio: tenho, sim, confiança no meu
juízo, no meu sentir e no meu raciocinar.
As outras pessoas podem
ter ou não ter algo para me dar. Mas em qualquer caso, estou bem, não exijo
delas nada; se delas vier a receber algo, no sentido espiritual, fico grato.
Mas não faço questão nisso.
Sei que - a maior parte
das pessoas – embora tenha uma centelha de espírito, está dominada pela
escravidão do ter, do parecer, não está disponível para amar, para ser em toda
a sua plenitude. Seria estupidez da minha parte, esperar tal coisa do comum dos
mortais. Se algumas pessoas, na minha vida, correspondem e me pagam da mesma
moeda, já estarei muito feliz, já terei imensa sorte.