Veja o que o mais conceituado oncologista japonês diz sobre vacina anti- COVID e os "turbo cancros": https://www.globalresearch.ca/video-oncologist-condemns-mrna-vaccines-evil-practices-science/5856356
Mostrar mensagens com a etiqueta ecologia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta ecologia. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 26 de novembro de 2019

GUILLAUME PITRON: «o automóvel eléctrico polui tanto ou mais que o diesel»


Não só no seu ciclo de vida completo, um automóvel eléctrico emite mais CO2 do que um veículo a diesel... mas, também causa uma grande depredação dos ambientes naturais pelo mundo fora, devido à voracidade das baterias dos automóveis eléctricos, em lítio e em metais raros.
Guillaume Pitron chama a atenção para o facto de que uma conversão do mercado automóvel a energias ditas «não poluentes», apenas vai reforçar o nosso estilo de vida consumista, com desprezo pelos danos causados noutras zonas do globo e seus povos (China, Mongólia, Rép. Dem. Congo, Bolívia, etc), que pagam o preço das modas «ecológicas» dos ricos. Tudo isto, para maximizar os lucros de gigantes corporativos, Tesla, Apple, Samsung, etc...
Afinal, trata-se de esventrar a Terra, com mineração destruidora de ecossistemas, culturas, comunidades, etc. Como essas minas estão «longe» da vista, também não fazem estremecer o coração, ou os miolos, dos afortunados consumidores do 1º Mundo!
As energias «renováveis» são apenas os painéis publicitários do novo consumismo, dito ecologicamente responsável ou «verde», como se tal não fosse uma impossibilidade lógica e factual!!




sábado, 31 de agosto de 2019

AMAZÓNIA... PARAÍSO COBIÇADO


                              

Segundo o ministro brasileiro do ambiente, Ricardo Salles, o que esteve em jogo na vaga de fogos de floresta na Amazónia foi uma conjugação de factores climáticos: «o tempo seco, vento e calor». Mas, as evidências amontoam-se de que esta crise tem relação directa com a crescente desflorestação, que tem ocorrido em resultado da política pró-liberalização, do governo do presidente Jair Bolsonaro.
As zonas incendiadas surgem com os padrões típicos do desbaste pelo fogo, para obtenção de terras de cultivo. Esta constatação é feita por Paulo Artaxo físico da atmosfera da Universidade de São Paulo. 
As moto-serras vão à frente, seguidas pelas chamas e, por fim, o gado. «Não há dúvida de que este crescimento em incêndios está associado ao crescimento acentuado da desflorestação», disse ele. 

Neste assunto, tem havido imensa exploração mediática, mas muito pouca objectividade em explicar os fenómenos que estão ocorrendo, ocultando a verdadeira responsabilidade dos grandes fazendeiros. 
É preciso compreender - antes de mais - o que são 5,1 milhões de quilómetros quadrados de «Amazónia Legal», dos quais são brasileiros cerca de 4,2 milhões de quilómetros quadrados (uma área equivalente à Europa ocidental: Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha...). Esta vastíssima área tem uma densidade populacional muito baixa e sobretudo uma população muito pobre, pois as condições económicas dos habitantes nos vários Estados englobados são das piores do Brasil: Cobrindo... «61% do território brasileiro, tem menos de 13% da população e corresponde a menos de 8% do PIB do país».
A questão do desenvolvimento desta vastíssima área não pode ser vista, nem tratada, com demagogia. 
Não se trata de entregá-la à voragem do agro-negócio e das explorações minerais e de madeira, obviamente, mas - igualmente - não se pode aceitar que, em nome de uma natureza divinizada, as cerca de 25 milhões de pessoas, que aí habitam, sejam condenadas a um perpétuo subdesenvolvimento... 
Um desenvolvimento sustentável é necessário e imprescindível. É a melhor solução, tanto em termos de  preservação de riquezas naturais, como do bem-estar das populações, que deveriam alcançar padrões de qualidade de vida decentes. 
Agora, verifica-se que é dada luz verde (incondicional) para uma exploração insustentável da Amazónia. Isto é falsamente equiparado a «desenvolvimento», quando deveria estar claramente caracterizado como depredação. 
Muitos disparates científicos são ditos - com ares muito doutos - por políticos e por pseudo-ecologistas, como denuncia Geraldo Luís Lino, um geólogo brasileiro, num artigo recente de «Global Research»

Os  interesses reais, a médio e longo prazo, das populações são convergentes com a preservação dos ecossistemasEstes interesses não são defendidos, longe disso, na política-espectáculo da globalização: 
- Enquanto ocorriam as devastações dos incêndios na Amazónia, os chefes de Estado e de governo do G7, reunidos em Biarritz (França), faziam declarações ribombantes e ocas para disfarçar sua absoluta incapacidade em fazer algo de positivo, tanto no que respeita à Amazónia, como em relação à economia mundial. Com efeito, esta começou a entrar em recessão, em parte devido à crise sistémica do capital, mas ela tem sido agravada pelas suas intervenções. 

Como vivemos numa bolha mediática, também «celebridades» e outras nulidades se sentiram na «obrigação» de fazer declarações bombásticas, juntando até fotos aos seus tweets que nada tinham que ver com os fogos na Amazónia, mas de outros locais do mundo e tiradas há anos atrás!

A dramatização é incentivada pela media, que prefere ocultar factos científicos que a contradigam, como expõe William Engdahl
As narrativas globalistas não toleram a contradição; são como dogmas religiosos. Porém, revestem-nas de uma «capa» de ciência. Estas narrativas, veiculadas incessantemente pelos media, postulam que o «Homem é responsável pelo aquecimento global» e que «o efeito de estufa, acentuado pela emissão de CO2 pela indústria humana, está a mudar rapidamente o clima» (são hipóteses não provadas, no melhor dos casos). 
Simplesmente, outras interpretações dos dados, ou outros dados diferentes e contraditórios, e que eles nos ocultam, são arredados sem serem seriamente considerados, sob a (falsa) etiqueta de «anti-científicos e ao serviço das indústrias poluidoras»! Tenho exposto, há vários anos, esta fraude, apresentando dados e teorias demonstradas.
Porém, tudo lhes serve para deitar mais achas para a fogueira (!), alimentando a histeria mediática e política, que nos quer empurrar para uma política dita «verde», mas afinal, cujo «verde» é o das notas de dólar, não o verde da fotossíntese!



quarta-feira, 21 de novembro de 2018

NÓS, OS PEQUENOS DEUSES (Nº4)

[ver artigos anteriores nº1, nº2, nº3]

Embora eu use, por vezes, um vocabulário comum em autores marxistas, não o sou, pois não considero existir uma direccionalidade, um sentido da História. Para a minha forma de pensar, bem mais úteis do que as categorias teóricas marxistas, são a teoria do caos, a termodinâmica dos sistemas abertos e a antropologia, aplicadas nas análises das sociedades contemporâneas.

Com efeito, não existe imutabilidade do humano. Não existe uma «natureza humana» imutável. Por mais que se diga, a natureza do Homem de Cro-Magnon, embora totalmente «moderno» na sua anatomia, não é a mesma que o homem dos períodos históricos. Atrevo-me mesmo a dizer que o homem de depois da revolução informática não é exatamente o mesmo que o homem das épocas anteriores.

No entanto, existem constantes antropológicas, existem aspetos psíquicos que se traduzem em comportamentos visíveis (ou retraçáveis pelos arqueólogos) cujo fundamento profundo tem a ver com nossa pertença ao grupo dos primatas antropoides. 

O estudo das espécies símias é de grande valor para compreensão da espécie humana. Com efeito, observamos nestes animais comportamentos originados por forças internas cuja manifestação nos humanos é semelhante, apenas com uma sofisticação maior. Nomeadamente, os seus comportamentos em sociedade, revelam o seu parentesco com a nossa espécie. Aqui, não se trata de projeção antropomórfica, de interpretação subjetiva que os cientistas façam de comportamentos não-humanos.

O entorno material e social, do animal e do homem, são decisivos na construção do sentido de todos os seus gestos, de todas as reações e comportamentos. Assim, o organismo, como totalidade, vai ter uma resposta, dentro do contexto em que está imerso. Esta resposta, que define o comportamento social, tem um valor de sobrevivência. Ao contrário de que alguns possam pensar, a importância em termos de sobrevivência do comportamento, acentua-se com a artificialidade do meio, do entorno imediato do indivíduo.

Ao criar «cultura», uma redoma artificial que o separa dos perigos e carências, que são o desafio quotidiano do animal selvagem, o homem cria também um ambiente completamente novo, ao qual terá que se adaptar. A seleção social torna-se muito exatamente o substituto da seleção natural: Na seleção natural, as forças às quais o ser vivo se confronta, são primariamente originadas «externamente», pela natureza físico-química e pelos outros seres vivos. Na seleção social, o entorno é moldado por uma teia de relações sociais, tão densa e sofisticada, quanto a complexidade dessa mesma sociedade.

Nesta perspetiva, o meio em que evoluiu o ser humano condiciona-o de uma maneira indelével. A ficção de se transportar imaginariamente para os nossos dias, um bebé de há cinquenta ou cem mil anos atrás e de imaginar que, integrado numa família, na sociedade contemporânea, ele evoluiria e se tornaria indistinguível de outras crianças da sua idade, é justamente …. uma ficção.

Conhecem-se vários casos de pessoas provenientes de culturas de caçadores-recolectores forçadamente, transportadas para a «civilização» (fenómeno que ocorreu muitas vezes na expansão dos europeus no século XVI e seguintes). Eles foram exibidos como se fossem uma espécie diferente, como animais de zoo. As pessoas contemporâneas ficam chocadas com a crueldade dos «civilizados» no século XIX, que assim trataram homens e mulheres, caçadores-recolectores, os Bosquímanes da África austral, aborígenes australianos, etc…
Porém, a um nível mais profundo, devemos ter a noção de que, embora se trate da mesma espécie humana, esta tem uma grande adaptabilidade coletiva a um certo viver, a um certo entorno natural e social.
Os índios do Amazonas, que nunca estiveram em contacto com «civilizados», ou outros grupos de caçadores-recolectores, têm maior capacidade de se auto- sustentar, de sobreviver e de prosperar, em contextos onde um grupo «civilizado», atirado de paraquedas, ficaria dizimado e extinto pela fome, pelas doenças, pelos ataques de animais selvagens…
Para qualquer espécie, a capacidade de adaptação tem limites, pois qualquer espécie foi «ensinada» pela evolução a interpretar o ambiente (os sinais vindos do exterior) de determinada maneira, a dar determinadas respostas perante certos desafios, etc. Portanto, a capacidade do ser humano evoluir num ambiente cada vez mais artificial e sofisticado, também foi sujeita a seleção ao longo de muitos séculos. Os humanos com maior flexibilidade e adaptabilidade ao meio social complexo, foram os mais bem-sucedidos ao longo de milhares de gerações e isso condicionou a história da humanidade, desde os seus alvores.
O que se tem tendência a esquecer é que, numa evolução adaptativa, enquanto certos traços se reforçam, outros se atenuam ao ponto de desaparecer. Como espécie essencialmente social, não interessa tanto analisar as performances individuais dos humanos, mas sim os seus desempenhos em contexto social, de grupo, em comunidade. O ser humano contemporâneo, mergulhado na sociedade que lhe é própria, pode ser muito eficaz, brilhante mesmo, desenvolvendo os seus talentos e relacionando-se com sucesso, ao nível social. Mas, o mesmo é completamente incompetente – como uma criança – se for mergulhado, repentinamente e sem preparação prévia, noutra sociedade, por exemplo, num meio rural, já para não falar da sociedade de caçadores-recolectores.
A minha hipótese é de que se deve aplicar a teoria da evolução e seus conceitos associados, à análise das sociedades contemporâneas. Não o faço no sentido reducionista e simplificador, como o fizeram várias ideologias que se serviram do darwinismo, aliás deformando completamente o pensamento original de Darwin. Coloco, porém, a hipótese complementar de que a evolução cultural se tenha tornado o motor principal da evolução da espécie humana, embora não anulando, nem atenuando, a evolução biofísica, bioquímica, anatómica, fisiológica… mas, sendo os componentes culturais que agora determinam todos os restantes, incluindo os «orgânicos».
Por exemplo, a seleção natural será inflexível em relação a organismos portadores de mutações debilitantes. Muitos não chegarão à idade adulta, praticamente nenhum se reproduzirá… assim, não haverá propagação de genes defeituosos nessas populações.
O contrário passa-se nas populações de hoje: o aumento da incidência de doenças genéticas, como a hemofilia, o diabetes, etc., etc., é perfeitamente detetável. Se, por um lado, podemos considerar que é um bem haver maneira de se tratar e manter em vida pessoas com doenças que – na ausência de medicina sofisticada – estariam condenadas a morrer cedo, por outro, devemos interrogar-nos como fazer em termos coletivos. 
Constata-se que, hoje em dia, é aceite nas sociedades mais afluentes, um eugenismo e não apenas no sentido de eliminar traços genéticos claramente negativos, debilitantes, mas também no sentido de obter uma descendência que corresponda a uma imagem idealizada, projetada pelos pais. Este eugenismo pode facilmente evoluir para as formas mais abjetas de comportamentos racistas e de exclusão dos «fracos», «inadaptados», etc. Tal deriva não está dependente, nem das técnicas de manipulação da vida, nem de legislações restritivas, relativas a como usar (ou não) essas mesmas técnicas. Sabemos que, no regime nazi, as condições técnicas de manipulação dos humanos eram muito menores que hoje e, no entanto, foram aplicados, de modo generalizado, os princípios racistas de seleção na espécie humana. 
O principal obstáculo será sempre de ordem moral, de consciência dos humanos: Por outras palavras, de auto- limitação na aplicação de um saber técnico, cujo resultado possa originar piores problemas, do que aqueles que pretenda remediar.

Contrariamente ao período de há cerca de 75 mil anos atrás, em que houve quase extinção da espécie humana, num período de arrefecimento e de escassez de alimentos, como resultado da explosão de um super- vulcão, a ameaça de extinção agora é devida à multiplicação desordenada dos humanos e simultânea escassez de recursos alimentares, causada por uma atitude depredatória em relação aos solos, aos oceanos, aos ecossistemas, que são a sustentação da vida de todas as espécies e da vida humana, em particular, neste planeta.
Um tal processo pode arrastar-se durante milénios, eventualmente, mas a questão fundamental e à qual ninguém consegue cabalmente responder, é a seguinte: Qual o nível mínimo de biodiversidade, que permita o restauro completo dos ecossistemas naturais, após degradação dos mesmos?
- Sabemos que a floresta tropical-equatorial não se consegue auto- regenerar facilmente, quando é muito explorada, quando vastas áreas são desflorestadas para obter madeiras, ou outras matérias-primas. Até mesmo, quando se deixam «ilhas de floresta não depredada», um repovoamento por espécies autóctones não ocorre. A razão disto, tem a ver com mudanças irreversíveis no solo e nos micro- climas, afetando as condições de germinação de plantas nativas e devido também à competição com espécies «oportunistas», que aproveitam as condições criadas pelo desbaste, para se multiplicarem rapidamente e dominarem.
Como cada espécie que se extingue, é uma experiência da evolução biológica que fica irreversivelmente cortada, não poderá haver uma depredação em larga escala, como há agora, sem consequências no longo prazo. 
O empobrecimento dos ecossistemas pode estar na origem de muitas situações, que já trazem consequências graves, atualmente. O sistema é de tal maneira complexo, que não conseguimos equacionar essa complexidade. Efeitos que parecem, à primeira vista, pontuais podem trazer consequências numa escala muito alargada. O clima e os ciclos climáticos podem ser afetados. 
Outras consequências com efeitos catastróficos podem observar-se: o alastramento de doenças epidémicas a novas zonas, onde antes só havia uma presença esporádica.
O que é crítico - no longo prazo - será a reversão para um estado que permita a sustentação do ecossistema planetário, onde o consumo de recursos seja contrabalançado por sua renovação ou reciclagem. 
 Antes da espécie humana se tornar um fator de grande peso no funcionamento dos ecossistemas, estes tinham a capacidade própria de se regenerarem, de reequilibrarem as populações das diversas espécies. Havia momentos com perdas súbitas, por exemplo, por ação de um tufão ou duma erupção vulcânica, mas essas perdas eram rapidamente compensadas. 
A depredação causada pelos humanos é - pelo contrário – de efeitos muito mais duradoiros, em geral.


Não devemos contar com uma consciência planetária global e generalizada, da parte dos humanos, mesmo das elites. Tal não se verificou no passado. Duvido que se venha a manifestar no futuro.
Os cenários futuros possíveis são muitos mas, afinal, resumem-se a dois: 

-A extinção da espécie humana, devido às depredações constantes do ambiente,

-Ou a sobrevivência da nossa espécie, após uma fase de transição, havendo salvaguarda dos equilíbrios ecológicos globais e possibilitando a regeneração de zonas anteriormente depauperadas pela sobre-exploração.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

OS INCÊNDIOS FLORESTAIS DE GRANDES PROPORÇÕES: UMA FATALIDADE?

No fim de semana passado (6 e 7 de Outubro) no Parque Nacional de Sintra-Cascais , deflagrou um incêndio de grandes proporções. Não irei aqui especular sobre as causas próximas e se a origem do incêndio foi ou não criminosa. O facto de que na zona havia projectos de aproveitamento turístico, com investimentos já efectuados e aprovação (?) dos mesmos pelas autoridades camarárias - como foi relatado por alguma imprensa - será talvez um factor a considerar no inquérito da polícia judiciária. Porém, o meu objectivo é antes o de chamar a atenção para as causas profundas, por oposição às causas próximas.
O domínio florestal, mormente o que é propriedade do Estado ou das Autarquias, deveria ser um domínio que primasse pelo cumprimento das regras de boa gestão da floresta. Ainda por cima, havendo uma classificação de «parque nacional» associada a muitas destas áreas florestais estatais, é de todo indesculpável e criminoso, à luz da lei vigente, pois são criminosos os comportamentos de «deixa-andar», de não intervenção, muito antes das matas e florestas arderem. 


                                         [a- caminho pedestre, Sintra] 




                                     
                                        [b- zona ardida na Beira Interior]


                                    
[c - árvores autóctones, Mata do Buçaco]





Assim, o Estado e órgãos políticos estão directamente postos em causa, não por alguns «exaltados anarquistas», mas por eles mesmos, por manifesta e claramente violarem e ignorarem suas próprias leis! O Estado e órgãos políticos do mesmo, desde o governo central às autarquias, são efectivamente os responsáveis. Mas, não são os únicos: infelizmente, neste país a população ainda está a um nível de analfabetismo político muito primário, pois acaba por se satisfazer com «medidas» e promessas, solenemente anunciadas depois de cada fogo maior, que vão supostamente prevenir os fogos mas que, ou não são cumpridas, ou não têm real impacto ao nível da prevenção.

A hipocrisia consiste em atribuir exclusivamente a mãos de criminosos, a pirómanos, ou até ao desleixo de pessoas que deixaram uma fogueira mal apagada... a responsabilidade do que se passa. Não que seja falsa a existência desses casos; sabemos que eles existem, numa certa percentagem. 



Mas a responsabilidade de cuidar da floresta, de manter as matas limpas, de promover a renovação das espécies, aumentando a diversidade, reduzindo as áreas plantadas com eucalipto e pinheiro e aumentando as áreas com árvores folhosas autóctones, é colectiva: vai dos proprietários privados de terrenos florestais, das autarquias e do Estado central, aos cidadãos em geral, que deveriam exercer enorme pressão para que sejam realizados os trabalhos de manutenção e correcta gestão florestal. 
Do ponto de vista ecológico, evidentemente a questão é de primeira importância, mas também do ponto de vista económico: como emprego directo e indirecto, como fonte de matérias-primas importantes. Note-se que o eucalipto e o pinheiro são madeiras com pouco valor, o primeiro serve apenas para fabrico de pasta de papel e o segundo para carpintaria, sobretudo. 
Os terrenos plantados com estas espécies são maioritariamente deixados ao abandono, vê-se um crescimento de forma desordenada, tendo plantas com os mais variados tamanhos, não havendo espaçamento entre as várias árvores, nem recolha do restolho, nem corte e remoção do mato rasteiro, tudo isto formando uma enorme pira de combustão, pronta a incendiar-se quando as condições climáticas sejam favoráveis.  
Haveria, por isso, que desenvolver um programa de replantação com espécies autóctones, menos susceptíveis ao fogo, com maior valor comercial e conferindo maior diversidade ecológica.
Muito poderia ser transformado, com enormes vantagens. Mas a opção dos parasitas que nos governam é sempre de produzir «lindas e boas» palavras, mas fazer o menos possível! 
Porém, os investimentos estatais ou os incentivos fiscais, de crédito bonificado, etc. para que privados invistam seriamente na renovação da floresta portuguesa, poderiam ser uma enorme alavanca para o desenvolvimento do país. 
O turismo, que tanto é acarinhado, teria muito  a ganhar. Actualmente, os turistas típicos já não são do género de ficar nas praias, no litoral apenas, durante toda a sua estadia: gostam de fazer excursões no interior, de visitar lugares com beleza natural, de fazer caminhadas em floresta...

Não serei eu a inocentar os que ateiam fogos com objectivo criminoso, nem tão-pouco os que por desleixo deixam que fogos acidentais de grandes proporções se declarem... Mas, afinal de contas, existem outros criminosos, nos governos sucessivos, nas vereações camarárias, assim como em muitos gabinetes do aparelho estatal, que deveriam ser responsabilizados. 
A conivência com um crime é crime; a indiferença com que se trata o património de todos, crime é....e também a gestão danosa, ou fraudulenta, ou incompetente. 
Enquanto ficarem impunes estes crimes e sobretudo, enquanto a população não acordar da sua letargia  e não tomar em mãos a resolução dos seus problemas, vamos continuar a assistir a incêndios como o de Pedrógão Grande e do Pinhal de Leiria, em 2017, ou como em 2018, de Sintra-Cascais !!!



segunda-feira, 17 de setembro de 2018

A SOLUÇÃO PARA REDUÇÃO DO CO2 ATMOSFÉRICO? - CONHECIDA HÁ BILIÕES DE ANOS...

... E CHAMA-SE FOTOSSÍNTESE

                         Resultado de imagem para panneau solaire feuille photosynthèse

Tentarei fazer aqui a crítica dum artigo na revista suíça Bilan, «o CO2 Torna-se uma Matéria-prima», sobretudo da realidade subjacente ao mesmo. Este artigo revela algo típico de uma certa miopia, quando alguns só se interessam pelo ganho em termos monetários.
A natureza faz bem melhor em termos de recuperação do CO2 emitido: 
As enzimas que presidem à fixação do carbono atmosférico e sua «fixação» em moléculas de glúcidos são enzimas cujo óptimo está bem acima daquilo que são as concentrações médias de CO2 atmosférico: 300-400 ppm (partes por milhão). 
Para um funcionamento óptimo destas enzimas (PEP carboxilase e RuDP carboxilase/oxidase) seria necessária uma concentração dez vezes maior... 
A razão da maior produtividade das estufas, advém da elevada concentração (por falta de dispersão) do CO2, na maioria originado no solo pelas raízes das plantas e pelos micróbios do solo. Não é a temperatura no interior da estufa que é benéfica para o crescimento das plantas. Esta seria benéfica, quanto muito, para o amadurecimento dos frutos.

Assim, um aumento da cobertura verde, não apenas terrestre, como também de fitoplâncton, irá aumentar a captação do CO2 em excesso. 
As grandes causas contemporâneas do aumento do CO2 na atmosfera são a existência de fogos de grandes proporções, em simultâneo com o abandono da agricultura em vastíssimos espaços, por um lado e, por outro, diminuição da produtividade dos oceanos, causada pela quantidade de plásticos, detergentes, venenos químicos que são constantemente atirados aos mares...
Um retorno a uma agricultura, em termos modernos, com tecnologia apropriada, com os recursos disponíveis hoje em dia, que fazem com que a vida no campo possa ser tão ou mais confortável que nas melhores cidades mundiais, esta seria a aposta inteligente, mas ela não implica algo a ganhar pelas grandes multinacionais. 
Não cultivaria a dependência dos indivíduos, mas pelo contrário a sua independência, pois um agricultor bem sucedido e - sobretudo - uma comunidade destes, tem auto-suficiência, autonomia. 
Os políticos corruptos não querem isso, de forma nenhuma: querem as pessoas a depender deles, da distribuição dos apoios do Estado, o que lhes permite manter todos os tráficos de influência e corrupções. 
Por esta razão, não se fala do retorno à agricultura em relação à geração do milénio, que seria uma dupla solução: em termos ambientais e em termos de acabar com a crise de emprego. 
- Em termos ambientais, os jovens, na sua actividade agrícola, seriam consumidores líquidos do CO2 atmosférico, seriam produtores de biomassa, de produtos agrícolas, salvariam as paisagens e preveniriam os grandes fogos florestais, pois deixaria de haver grandes manchas de território, que se podem designar de desertos verdes, onde não existem povoações, apenas uma vegetação totalmente abandonada, crescendo sem cuidados (remoção da camada arbustiva, pistas de acesso para carros de bombeiros, etc). 
- Em termos de emprego, seriam eles próprios os geradores de emprego, para si próprios e suas famílias, mas também fariam reviver o tecido de aldeias que houve em tempos, as infraestruturas que essa vida implica também iriam requerer muita mão de obra... Os desempregados nos grandes centros urbanos poderiam ser canalizados para zonas rurais carentes de mão-de-obra, especializada ou não. 
Mas isto implicaria um outro modelo de sociedade, baseado na descentralização, na autonomia dos indivíduos e comunidades locais, na própria descentralização do poder, que tal transformação na distribuição demográfica traria em paralelo. 
Mas tal «utopia*» (*entre aspas, pois ela existe e está realizada, é o modo mais antigo de as sociedades humanas se auto-organizarem, desde que abandonaram o modo de vida de caçadores-recolectores) deveria ser desejada, tornada apetecível, deveria ser cultivado o amor pela Natureza, mas um amor não platónico, não romântico, mas sim um amor feito de conhecimento profundo e verdadeiro da mesma, em todo o seu esplendor. 

O maravilhoso das soluções naturais, da engenharia natural, deveria ser mostrado em todos os media de massas, ensinado de modo criativo nas escolas: 
- Em vez de uma colectânea de «curiosidades» apenas, a Biologia deveria ser ensinada como a chave do nosso futuro. 
- A Ecologia deveria ser central na formação científica dos jovens do novo milénio, através de um estudo dos ecossistemas, não na visão «fundamentalista» duma «ecologia New-Age».

O ponto central do artigo que mencionei é o do «mercado de carbono», ou seja, como transformar o ar, a atmosfera em mercadoria, e colocá-la numa bolsa de carbono...

segunda-feira, 14 de maio de 2018

DESVENDADA A CAUSA PROVÁVEL DO DECLÍNIO MUNDIAL DE ANFÍBIOS










http://science.sciencemag.org/content/360/6389/621.full

Aqui há alguns anos, começou a constatar-se um declínio brusco e inexplicável dos batráquios (rãs, sapos, salamandras...), pondo em risco mesmo aquelas espécies dos ambientes pouco ou nada poluídos. 
Isto alimentou muita especulação de que estariam a ser vítimas de efeitos globais, como a perda de espessura  na camada do ozono, protectora da penetração dos raios ultra-violeta na alta atmosfera. Havendo uma maior penetração de raios ultra-violetas, alguns organismos - especulava-se - eram mais susceptíveis a mutações nefastas e acabavam por entrar em declínio e mesmo em extinção. 
Assim nos foi apresentada a «explicação» para o fenómeno. Não se inibiram de dar outras causas: o «aquecimento global» nomeadamente, entre outras causas, era peremptoriamente afirmado, mais para satisfazer uma agenda política (globalista) do que para defesa dos ecossistemas. 
Desde muito cedo, os biólogos e ecologistas (científicos) avaliavam os efeitos devastadores do comércio a longa distância de animais vivos, ou de plantas vivas, verificando que muitas catástrofes ecológicas tinham sido desencadeadas pela introdução das espécies em habitats completamente diferentes dos de sua origem. 
Também sabiam que as espécies introduzidas eram frequentes portadoras de parasitas (protozoários, fungos, bactérias ou vírus), capazes de exterminar populações inteiras doutras espécies aparentadas e, por vezes até, bastante distantes do ponto de vista genético. 
Algumas doenças com origem em animais selvagens são transmissíveis aos humanos, mas estas são raras, pois acabam por ser sujeitas a um controlo mais apertado.  
As doenças infecciosas globalizadas estão na raiz do declínio populacional em várias espécies, ao nível mundial, mas a sua origem permanece frequentes vezes ignorada.
Os autores de um artigo agora publicado usaram uma sequenciação de todo o genoma de um fungo (Batrachochytrium dendrobatidis), considerado o provável causador do declínio das populações de batráquios ao nível mundial. 
Conseguiram localizar a origem da pan-infecção na variedade da península coreana, BdASIA-1. Com efeito, esta exibe os marcadores genéticos de uma população ancestral, a partir da qual se disseminaram as variedades aparentadas, causando a pan-zoonose. Segundo os mesmos autores, a emergência deste fungo patogénico ocorreu no início do século XX, coincidindo com a expansão global do comércio de batráquios e tal transmissão intercontinental continua a ocorrer. 
Estas variedades de fungos, patogénicos de anfíbios, têm origem no Leste da Ásia, que é a zona onde esta espécie apresenta maior biodiversidade, sendo daí que provêm as variedades parasitas ao nível mundial.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

VAGA DE FRIO ÁRTICO

JANEIRO 2018
                                              
                        

Por muito que desagrade aos adeptos da nova religião do «Aquecimento Global», nas diversas estações climatológicas do planeta tem-se verificado a severidade de uma vaga de frio, vindo do Ártico, com repercussões sérias ao nível da saúde e da economia, especialmente no Norte da América e da Europa.
Para além da circunstância pontual deste Inverno, pode-se conjeturar que pode estar a ocorrer uma viragem no ciclo de aquecimento/arrefecimento periódico do planeta, ele próprio tributário de ciclos solares (quantidade e intensidade da insolação é variável devido às manchas solares, fenómeno periódico). Assim, após os últimos 35 anos de aquecimento, em que os valores de temperatura médios globais foram aumentando, iniciou-se - segundo vários cientistas climáticos - uma nova era de descida das temperaturas. Ninguém sabe  qual o ponto extremo deste ciclo. 
Ninguém sabe se a Terra estará ou não  a iniciar uma nova etapa que eventualmente desemboque, não num aquecimento global, mas antes no arrefecimento global.  
O certo é que tenho ouvido e lido nos últimos tempos as maiores barbaridades sobre o clima, por auto-encartados «cientistas» que nos querem convencer a todo o custo de uma «realidade» a qual se manifesta apenas em «modelos», ainda por cima feitos tendo em conta fatias diminutas da História Climática do Planeta. Com efeito, a rede de estações metereológicas cobre, de forma minimamente satisfatória, as várias zonas do Globo e tem efetuado registos regulares e fiáveis há demasiado pouco tempo (desde há menos de 200 anos).  Efetuar uma modelização com base em uma amostra de tempo tão curta, face a fenómenos da escala de muitos milhares de anos, parece pouco razoável. 
Existem ciclos de aquecimento e de arrefecimento climático, totalmente comprovados! 
Para além dos dados das estações meteorológicas, tem-se as sondagens em gelos da Antártida e em Oceano profundo, os  quais têm a possibilidade de revelar o clima numa escala muito mais dilatada. Estas sondagens são como uma cápsula de tempo, revelando o clima de há muitos milhares de anos. Os cientistas climáticos aprenderam a tirar partido da composição dos sedimentos, ou das composições de isótopos dos vários elementos (oxigénio, azoto, carbono, etc...)  do ar encapsulado nas camadas compactas de gelo. 
O quadro geral do clima é da maior variabilidade, de múltiplos ciclos e oscilações: no longo prazo, tem-se as eras glaciares e interglaciares (estamos numa era interglaciar, que se iniciou no paleolítico recente!); no médio prazo, verificam-se oscilações significativas (por exemplo, a mini idade do gelo em finais 
do séc. XVII). 
                                   












Há uma plétora de fenómenos pontuais que podem provocar aquecimento num ciclo de arrefecimento ou vice versa (como a explosão de um vulcão da Indonésia, no início do século XIX, que induziu o «ano sem Verão»). 
Por cima disto tudo, existe efetivamente uma ação humana, notável, mas que é estranhamente passada sob silêncio. 
A agricultura, iniciada há cerca duma dezena de milhares de anos, com extensivas queimadas, desflorestações, a exploração não racional dos aquíferos, as obras de rega, etc... teve efeitos climáticos, por vezes catastróficos: basta pensar-se que, no início da época histórica, quando foram criadas as narrativas da Odisseia e da Ilíada (há 10 a 8 mil anos antes da actualidade), a periferia do Mediterrâneo ainda era uma vasta região - a Norte e a Sul - com florestas, bosques e terras verdejantes, com variadas espécies de animais selvagens. 
A transformação destas vastas zonas em «celeiros» (devido ao cultivo do trigo e de outros cereais) para o benefício das diversas civilizações que prosperaram aí, desde a Egípcia até ao Império Romano, degradou muitas partes do mesmo ecossistema mediterrâneo, em zonas de produtividade biológica fraca, quase desertos. 
Não é caso único: pode-se observar transformações depredadoras também no Novo Mundo pré-colombiano, nos Aztecas, nos Maias...
A insistência de que o CO2 antropogénico (produzido por humanos) é «o factor» causador do agravamento do efeito de estufa* (*o qual é, afinal, uma coisa benéfica, pois senão a temperatura média do planeta seria cerca de -18º centígrados e haveria o permanente congelamento de todas as zonas que não fossem equatoriais ou tropicais!), é uma sobre-simplificação,  um mito «científico», para consumo das massas.

Por que razão querem dar como indiscutível e totalmente «comprovada» uma hipótese? Ainda por cima uma hipótese que tem muitas deficiências conceptuais, contraditória com uma miríade de  factos bem estabelecidos pela ciência climatológica contemporânea?

A razão é simplesmente política e económica: a «elite» globalista, que quer controlo sobre os recursos, as sociedades, enfim sobre tudo, ela lançou o mito, para avançar com a sua agenda sobre os povos e nações, controlando quanto poderiam emitir ou não como «gás de efeito de estufa». Estas nações comprometem-se a auto-limitar seu desenvolvimento industrial, a troco de ajudas (ou seja, de créditos), os quais «generosamente» serão despejados nessas economias ... desde que continuem abaixo do limiar internacionalmente definido como «aceitável». 
Entretanto, os países com excesso de emissões são obrigados a pagar o direito de emissão de CO2 para a atmosfera, mediante compra de taxas-carbono. 
Assim se cria um gigantesco mercado, com transações de «direitos» de poluir, negociados numa espécie de bolsa mundial do carbono. É nisto em que consiste e resume a «solução» segundo certos governos, apoiados pelos lóbis industriais pró-energias ditas «limpas», e por «ecologistas» políticos. 
Todos eles, desde o protocolo de Quioto, juram que esta é a única via de salvação do Planeta Terra. Quem não estiver de acordo com o «mantra» é perseguido, difamado, assassinado publicamente como vendido, reaccionário, agente do tenebroso lóbi das energias fósseis, etc.

Eu penso que a economia mundial e a ecologia bem entendidas não são incompatíveis e que há muitas (imensas!) razões para se fazer uma transição de energias muito poluentes (tais como as centrais a carvão, ou os automóveis movidos a gasolina, etc.) para soluções mais amigas do ambiente, embora não existam soluções «100% ecológicas», isso é mitologia também.
              
Penso que é uma derrota da ciência e da inteligência do século XXI que se confunda a urgência em preservar os equilíbrios naturais e a renovação dos Ecossistemas Terrestres, sua diversidade, com uma teoria manca, erigida em dogma, com as mãos sujas, propriamente!
Pois os defensores da sua intangibilidade querem transformar a questão climática, numa questão de negociação da «taxa carbono» cujos grandes bancos seriam inevitavelmente os grandes intermediários e  logo, beneficiários! 

     

Ambientalistas sinceros e coerentes não podem deixar-se enganar pelos poderes globalistas, cuja agenda é o domínio global - um único governo mundial. 
É trágico que pessoas sinceras estejam a ser usadas para tal finalidade!

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

A CIÊNCIA DO VINHO; O ABANDONO DA AGRICULTURA

CIÊNCIA DO VINHO, ENOLOGIA 

O vinho é um sumo de uva fermentado. 
A fermentação realiza-se graças a leveduras que transformam os açúcares presentes na uva em álcool e dióxido de carbono. 
As leveduras não são visíveis à vista desarmada, são micro-organismos. Estão naturalmente presentes na adega, na vinha, na superfície da uva e, geralmente, em todos os lugares onde exista o cultivo da vinha. 
Foram estas, as leveduras ditas «indígenas» ou naturais, durante muito tempo utilizadas para produzir o vinho. As leveduras «indígenas» estão a regressar à produção vinícola - nomeadamente - nos vinhos ditos naturais. 

A ciência do vinho é multissecular em Portugal. 
As nossas vinhas e as castas de origem portuguesa são cuidadosamente  inventariadas, catalogadas e experimentadas, em institutos públicos e nas grandes empresas do sector. 
A genética molecular, as técnicas de recombinação, clonagem e de transformação de leveduras, têm encontrado ultimamente numerosas aplicações no domínio da vinificação. 
Para se fazer vinho digno desse nome, são tão importantes as condições climáticas, do solo, das variedades de vinha, como os micróbios que fazem parte dum ecossistema. 
Além destes factores, evidentemente, há toda uma série de saberes, de técnicas de cultivo da vinha, do processamento do vinho, transmitidos de pais para filhos, mas que também se podem ensinar e aprender, como parte integrante da cultura científica e técnica.

Do ponto de vista económico, o sector vinícola em Portugal tem três tipos distintos de empresas;  as quintas familiares, onde se produz vinho para o auto-consumo e pouco mais; as pequenas e médias empresas, que têm frequentemente uma cooperativa vinícola a apoiá-las, onde se recolhem as uvas, se fermentam, se engarrafam e comercializam e por fim, as grandes empresas exportadoras, organizadas para a conquista dos mercados internacionais. 
Estas grandes empresas estão «verticalizadas» ou seja possuem os terrenos, as vinhas, as adegas, os circuitos de comercialização. Tiveram origem, muitas vezes, em capitais estrangeiros, como na produção de vinho do Porto, na região do Douro. 
Estas três tipificações mostram que há possibilidade de uma economia se diversificar e crescer a partir do sector agrícola e obter um rendimento apreciável, não apenas um auto-sustento. 
A exploração familiar que faz vinho, além de outras produções, porém, não é de desprezar. Muitas famílias do Norte da Europa vieram para Portugal fazer este tipo de agricultura, usando seus conhecimentos técnicos e científicos para construir explorações viáveis e ecológicas. As explorações pequenas e médias para o mercado «bio» têm também futuro no nosso país. 
O sector agrícola em Portugal tem futuro, obviamente, se as condições ambientais excepcionais  forem preservadas. 
  
ABANDONO DA AGRICULTURA

A vocação natural e histórica de Portugal é agrícola.  
Porém, o país é um importador de alimentos; as exportações são muito mais baixas do que as importações, ano após ano, quer em termos de dinheiro, quer em volume de produtos. A produção agrícola e as pescas nacionais não chegam a cobrir 50% das necessidades do mercado interno.

Portugal é um país de clima atlântico sob influência  mediterrânica. Possui os melhores solos para a vinha (solos xistosos) em várias zonas do território. Mesmo noutras zonas, a vinha pode ser cultivada, pois existem castas e técnicas adequadas a essas condições.

Em geral, o que a agricultura de Portugal precisa mais é de água. 


                     Paisagem da Beira, perto de Monsanto                    
                     
A água disponível, na maior parte do território continental, é suficiente para as diversas necessidades humanas, incluindo a agricultura, mas está irregularmente distribuída. Por outras palavras, uma irrigação apropriada é necessária para corrigir esta irregularidade. 
Igualmente, as precipitações também estão irregularmente distribuídas no tempo; embora se possa usar, nalguns casos, uma «rega de emergência» para salvar culturas, numa altura de seca excepcional, o mais adequado será fazer-se a criteriosa selecção das espécies, variedades e cultivares, mais apropriados aos factores climatéricos. Tem também aqui lugar uma genética agrícola, respeitando e tirando partido das características do ecossistema. 
Mas a escassez e/ou irregularidade das precipitações ao longo do ano, faz com que a água seja o factor limitante. 

Pinheiros no campo, quadro a óleo de E. H. Gandon

O abandono dos campos, principalmente na Beira interior e no Alentejo, ao longo de meio século, fez com que se criasse e alargasse a mancha de «deserto verde» ou «floresta de produção», baseada no eucalipto, cujo único escoamento é a produção de pasta de papel. 
Um motor deste fenómeno foi o facto de que, só assim, podiam obter das terras um rendimento pecuniário os proprietários absentistas, perante a quase ausência do trabalho assalariado.  Desde a década de 1960 até hoje, os trabalhadores agrícolas têm emigrado massivamente para as cidades do litoral ou para países europeus com necessidade de mão-de-obra. A emigração rural, o abandono da agricultura, propiciou ainda mais o alargamento do «deserto verde», que impediu na prática a  manutenção das comunidades, obrigando a um maior êxodo, num ciclo vicioso...

Quando penso nisto, fico muito triste, porque é um lento e frio assassinato de um país, de uma cultura, de um povo, de um saber agrícola (que deixou de estar...) enraizado na memória.

As pessoas jovens que estão sem emprego ou com um emprego de má qualidade (mal pago, precário) podiam formar cooperativas e reconverter-se à agricultura. 

Penso que um país com boa sustentabilidade alimentar terá um melhor viver e guardará capacidade para se desenvolver nos restantes sectores. Pelo contrário, a indústria, nesta fase de transição energética, só poderá ter futuro, se não for baseada no petróleo.
A aposta «fácil» mas não sustentável (aqui, em Portugal) é o turismo, que se desenvolve no curto prazo. Deixa determinados sectores inflacionados, tais como o imobiliário e restauração, mas sem reprodução do capital e dos saberes. Pode o turismo ser uma alavanca, mas apenas se este sector for integrado com o sector agrícola e das pescas, numa visão de longo prazo. 

Gostaria de saber a tua opinião sobre este assunto.
 Escreve para manuelbap2@gmail.com
Obrigado!
Manuel Banet