Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

NOVENTA SEGUNDOS PARA A MEIA-NOITE

 https://www.reuters.com/lifestyle/science/what-is-doomsday-clock-how-does-it-work-2023-01-23/


NOVENTA SEGUNDOS  PARA A MEIA-NOITE no «relógio do dia FINAL», a guerra nuclear é o equivalente à extinção da  vida no Planeta. 

Fico realmente estarrecido com a estupidez e criminalidade dos que nos levam a estes estados de extrema tensão. Só é possível porque os que mais poder têm, sempre estão com a obsessão do poder, o poder por cima de tudo e de todos. É ilusão que eles terão uma sobrevivência que valha a pena, depois da catástrofe acontecer. Isso é completamente impossível. Os cientistas sabem muito bem que é impossível, no longo prazo, a sobrevivência de formas de vida superiores, vegetais ou animais. Pelo que a extinção de todas as formas de vida (das formas superiores, pelo menos) é o que está em causa. 
O jogo que eles estão a jogar é cruel, já causou muitos milhares de mortos, de estropiados para toda a vida, de destruição de sociedades, de comunidades, de famílias. Ainda é possível evitar mais destruição e ainda estamos a tempo de inverter as coisas. 
É preciso que os humanos, praticamente todos, se concentrem na questão da guerra nuclear, dos seus perigos e que equacionem o que está a acontecer neste momento na Ucrânia e na Europa, à luz dos perigos que representa, não só para o continente europeu, mas para a humanidade. 
Espanta que haja de um lado e do outro dos beligerantes, pessoas inteligentes, mas que põem a sua própria inteligência entre parêntesis, quando se trata de advogar o esmagamento total do opositor.  
Ou não são nada inteligentes, de facto, ou sua inteligência é posta de lado, perante a paixão destruidora, o ódio sem limites, a ausência de sentido humano. Temo que esses sejam os que conseguem arrastar - com falsidades - o entusiasmo das multidões, como aconteceu no passado, tantas vezes, com os péssimos resultados que a História regista. 
A inteligência consiste em ver as coisas sob vários ângulos, em ser capaz de pôr em causa as nossas próprias «certezas», sobretudo de nos colocarmos no exterior e distantes das paixões desencadeadas pela brutal sucessão de acontecimentos, que a todos choca. 
É preciso nos colocarmos bem acima e alcançarmos todos os aspetos da situação. Se o fizermos, cedo veremos que a guerra tem sempre um perigo enorme desde  que se iniciou a era nuclear, de extravasar o cenário relativamente confinado de um teatro de guerra (agora, o da Ucrânia) e de literalmente explodir numa guerra global, conduzindo à destruição do planeta. 
Um resultado que é tão horrível, que muitas pessoas se negam a acreditar que seja possível. No entanto, cientistas de diversas áreas, avaliaram os perigos da deriva para uma guerra nuclear e  avançaram o ponteiro do «relógio do dia FINAL» até aos nove minutos para a meia-noite. 
Não podemos aceitar que alguns loucos queiram prolongar a guerra, queiram esmagar o inimigo (de um, ou de outro lado), ao ponto de arriscarem que a conflagração nuclear global seja desencadeada. 
A possibilidade de uma guerra nuclear localizada é um mito. Vários analistas militares chegaram à conclusão de que é impossível confinar a guerra nuclear; não pode haver guerra nuclear «limitada». 
Haverá escalada, o que significa que utilizarão armas termonucleares de grande potência, longe do cenário imediato de confronto, atingindo centros nevrálgicos das potências inimigas. Qualquer um dos lados em confronto tem o potencial para aniquilar o outro, com mísseis nucleares que não estão localizáveis pelos radares inimigos, por exemplo, submarinos que se deslocam em águas profundas, portadores de mísseis nucleares. Portanto, qualquer que seja o modo de desencadear a guerra nuclear, a potência que sofreu o primeiro golpe, tem sempre a possibilidade de retaliar. Esta é a realidade. 

Os media e todos os intervenientes no espaço público (líderes de opinião, políticos, religiosos, artistas, cientistas, etc.) deveriam estar preocupados em mostrar pedagogicamente às pessoas, aos seus públicos, a realidade disso. Logicamente, ajudando as pessoas a compreender que não haverá salvação, qualquer que seja o país, se a guerra atingir este patamar. 

Noventa segundos para a meia-noite é tão pouco tempo: A indiferença ou a insistência em «soluções» implicando o esmagamento dos adversários, equivale a uma sentença de morte. 
A morte por irradiação ou inalação de partículas radioativas é horrível; não haverá qualquer assistência, as pessoas morrerão lentamente de cancro, de queimaduras internas e de fome. As que sobreviverem, no imediato, às explosões nucleares irão preferir o suicídio, a terem que morrer aos poucos, de morte atroz.




2 comentários:

Manuel Baptista disse...

Este artigo ajuda a compreender a dificuldade de uma des-escalada, quando a confiança está no grau zero: https://thecradle.co/article-view/20878/a-panicked-empire-tries-to-make-russia-an-offer-it-cant-refuse

Manuel Baptista disse...

Chris Hedges faz a descrição daquilo que tem sido a mentalidade belicosa dos poderes ocidentais, em particular do establishment de Washington. A arrogância misturada com a ignorância, dá o resultado que se vê:
https://consortiumnews.com/2023/01/30/chris-hedges-ukraine-the-war-that-went-wrong/