segunda-feira, 19 de março de 2018

O QUE É QUE CARACTERIZA UM ESTADO DE DIREITO?

             

Vem esta reflexão a propósito do caso do ex-espião Skripal supostamente envenenado com um gás em Inglaterra. 
Houve um acesso de histeria, ao nível na classe política, ampliada pela imprensa tablóide, perante as afirmações peremptórias de Theresa May e de membros do seu governo, as quais estão completamente fora dos procedimentos, tanto no que respeita aos acordos internacionais relativos a gases tóxicos, como até à presunção de inocência de um caso de tentativa dupla de homicídio. 
Com efeito, o incidente que causou o envenenamento de Sergei Skripal e de sua filha de 33 anos Yulia deveria ser matéria de investigação criminal, para se estabelecer os factos, o motivo e  o agente do crime.
Uma qualquer organização ou Estado, podia ter - de facto - acesso ao tal gás, podia mesmo fabricar o referido gás, usado na tentativa de assassinato. 
Torna-se ainda mais preocupante a reedição de reflexos anti-comunistas primários, que tinham sido amplamente usados para manipular o medo dos «vermelhos» e sobretudo a perseguição, a inclusão em «listas negras», de todos os que eram suspeitos de simpatias pelo «inimigo», a Rússia soviética.
As guerras contra o «terror», lançadas na época de Bush filho, foram um enorme fracasso militar e portanto político também. A oligarquia autoritária precisava de um novo perigo real ou imaginário. O caso de Putin e da Rússia, serviu tal finalidade de poder manter o eleitorado debaixo do medo. Sob o efeito do medo, as pessoas deixam de ter espírito crítico e começam a ter reflexos gregários, que se observam igualmente nas multidões arregimentadas, nos regimes totalitários.
A proximidade de um grande colapso nos mercados - ainda mais no mercado da dívida, do que nas bolsas de acções - faz com que a oligarquia se esmere em criar incidentes para poder desencadear uma guerra total, já não apenas uma guerra económica (sanções diversas), cuja intensidade aliás ultrapassa as restrições ao comércio com a URSS, durante a Guerra Fria Nº1.  
Uma situação muito preocupante para a liberdade de opinião, de palavra, quando o próprio líder da oposição, Jeremy Corbyn, é insultado no parlamento, apenas por colocar questões pertinentes ao governo.
Em resumo: o que se vem assistindo com o folhetim do ex-espião russo é um sinal de que não existe verdadeiro Estado de Direito, logo que «estala o verniz» das instâncias oficiais e se comportam de forma tipicamente autoritária, para não dizer fascista. 

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