terça-feira, 31 de dezembro de 2024
TICO-TICO NO FUBÁ DE ZEQUINHA DE ABREU, POR PAOLA HERMOSÍN
segunda-feira, 30 de dezembro de 2024
OPUS. VOL. III, 34: AS PALAVRAS POÉTICAS E SUA INTERPRETAÇÃO
POESIA E JOGO
Na continuidade da pesquisa sobre aquilo que faz com que algo seja considerado poesia ou não, há uma característica que não é demais enfatizar: O efeito do inesperado.
Um poema pode ser muito bem construído, harmonioso, etc, mas não estimular a atenção do auditor/leitor. Essa coisa que falta, chama-se imprevisto, aleatório, surpresa... Uma quebra no discurso, assim como nos acontecimentos descritos. O imprevisto é fundamental, tanto em poesia como em música. E a poesia é, no fundo, uma forma de música.
Outra circunstância esclarecedora em relação à importância do acaso em poesia, é o mecanismo do riso. Certas histórias são engraçadas, desencadeiam o riso: Reconhecemos-lhes qualidade humorística, enquanto outras, não. Aquilo que torna uma história humorística, é possuir elementos completamente imprevisíveis, mas da ordem do verosímil. Temos aqui uma componente poética frequente em narrativas em prosa, o conto ou o romance.
Afinal, nem o conteúdo, nem a forma, nos permitem concluir da qualidade poética duma produção. O "tour de force" poético, consiste na formulação, em apenas um verso ou estrofe, de algo complexo ou subtil, que precisaria de mil palavras para ser descrito analiticamente. Neste último caso, haveria perda total do encanto poético.
É por isso que, embora seja possível traduzir automaticamente através de algoritmos, uns pedaços de prosa, tal é impossível com poesia verdadeira: Nesta forma mais elevada de literatura, quase nao sera possivel uma tradução. Só por analogia ou semelhança, mas não literalmente, poderá a obra-prima poética ser traduzida. Mesmo que a tarefa seja levada a cabo por alguém com profundo conhecimento de ambas as línguas; a língua original e a da tradução.
Empiricamente, podemos confrontar uma tradução realizada por «robot», com a de um humano, tradutor qualificado: Se o texto poético traduzido for «pesadão», sem as subtilezas do texto original, podemos apostar que é produto de um algorítmo; se não colar exatamente ao texto original, mas transmitir a atmosfera poética deste, então terá «mão humana». Uma boa tradução é também um ato de criação literária.
POESIA E INTERPRETAÇÃO
Há que diferenciar entre interpretação e adaptação:
- É uma diferença muito evidente em música: Pode haver fidelidade à obra musical, com a sua execução noutros instrumentos, que não aqueles para os quais o compositor ideou a partitura. No domínio musical, fala-se então duma adaptação.
A interpretação de uma peça musical, refere-se a algo muito diferente: Será a forma de traduzir em discurso musical o que está na partitura; a interpretação pode servir bem a ideia do compositor, ou pode afastar-se, ao ponto de deturpar a peça em causa. Por isso, ao estudar-se música antiga, é indispensável conhecermos as convenções interpretativas, as regras implícitas de uma dada época.
Na poesia declamada, deve procurar-se a inteligibilidade imediata do texto. Nos textos antigos, é lícita a atualização de certos termos, assim como da fonética. O poema tem de ser inteligível. Deve dar-se prioridade à articulação da palavra, em relação aos efeitos expressivos. Nos textos cantados, porém, esta prioridade pode não existir, em certos casos: Por exemplo, em cantos litúrgicos com textos em latim, as palavras podem ser incompreensíveis, devido às complexidades da polifonia. Nas óperas, a compreensão imediata das palavras não é essencial, pois supõe-se que o público conheça o enredo e que vai ao espectáculo mais pelo seu lado musical, do que pelo teatral.
domingo, 29 de dezembro de 2024
OPUS. VOL. III, 33: SOBRE A ARTE POÉTICA
sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Algumas coisas SOBRE OS BRICS E O OURO
AOS MEUS LEITORES
Queridos/as leitores/as deste blog,
Queria - antes de mais - agradecer as vossas palavras afetuosas e de encorajamento. Tenho sempre na devida conta as vossas sugestões e críticas. Um blog pessoal, ferozmente independente de quaisquer "capelas" políticas ou outras, era um desafio, logo de início. Mas, desde o seu início até hoje mantive-o, pois sou teimoso comigo próprio. Nunca me afastei deste paradigma, embora isso não signifique que eu não me engane, antes pelo contrário. Mas, além disso, estou sempre pronto a reconhecer os meus erros e a corrigir .
Escrever e comunicar faz parte da minha vida, tal como da vida das outras pessoas. Quando comunicamos verdadeiramente, estamos em uma forma de relação transacional. Quando pretendemos impor aos outros as nossas "verdades", aí já não estamos no mesmo modo, mas no que se pode chamar de modo imperativo, ou indutor ou propagandístico... Enfim, numa das múltiplas vertentes do modo de ser "autoritário".
Mas, estar isolado, fechado no seu círculo estreito de relações, não é comunicar! Por isso mesmo, tenho mantido este blog. Como janela aberta ao mundo. Aproveitando aquilo que a Internet tem de melhor, sem pretender influenciar os outros no sentido de sua adesão emocional às minhas teses, à minha visão do mundo. Mas, sei que existe sempre um certo grau de coincidência do que eu escrevo, com aquilo que os meus leitores pensam. Assim, creio que embora a minha escrita seja pessoal, ela é também o reflexo de inúmeras interações fecundas, online e offline, com pessoas muito diversas, portadoras dos seus projectos próprios e que poderão coincidir comigo, em certos casos e divergir noutros.
A necessidade de ajuda mútua vai aumentando, na medida em que vamos mergulhando mais profundamente na crise do sistema capitalista global. Outros tempos virão, com certeza; talvez somente mais felizes após duas ou mais dezenas de anos de convulsões, destruições e experiências falhadas. Talvez somente a nossa descendência consiga chegar ao outro lado do túnel.
Embora todos nós estejamos na mesma "nave espacial chamada Terra", parece que estão cada vez mais fora de "moda" valores e comportamentos como a tolerância pelas ideias dos outros, a capacidade crítica e autocrítica, a procura de pontes para fora do nosso círculo social, cultural ou ideológico. É um grave problema, porque o grau de intolerância e fanatismo de alguns espalha-se como a peste e contamina muita gente, de múltiplas vivências e condições. Penso que devemos fazer um esforço para manter as nossas relações pessoais e sociais num plano de amizade e de confiança, sempre que possível e descartar as reações histéricas ou adolescentes de "tudo ou nada".
MEUS VOTOS PARA O NOVO ANO DE 2025 SÃO DE VERDADE, AUTENTICIDADE, TOLERÂNCIA, DEDICAÇÃO E RESPONSABILIDADE DE TODOS NÓS.
ATÉ LÁ, ACEITA O MEU ABRAÇO, ONDE QUER QUE ESTEJAS
terça-feira, 24 de dezembro de 2024
LOUIS DE BROGLIE (1924): QUANDO A MATÉRIA É TAMBÉM UMA ONDA
Propaganda 21 (nº 24) EM QUE SE TRANSFORMOU A PAISAGEM DOS MEDIA?
Tem a palavra uma jornalista de primeiro plano, Lara Logan, que trabalhou para meios de comunicação social conhecidos, como a CBS news, por exemplo. Ela falou numa audição, organizada pelo senador dos EUA, Ron Johnson. O seu testemunho foi gravado. Veja vídeo no link seguinte:
Discurso poderoso de Lara Logan
(Transcrição em português do Brasil, abaixo)
https://www.paulcraigroberts.org/2024/12/19/the-american-media-is-a-collection-of-whores-who-prostitute-themselves-for-money/