segunda-feira, 26 de dezembro de 2016
domingo, 25 de dezembro de 2016
TESTEMUNHOS DE UM PASSADO LONGÍNQUO
Sonhei, há alguns anos, que visitava povos da civilização megalítica. Este sonho fez-me pensar intensamente.
Cheguei à conclusão de que a civilização mundial de hoje, que se constroí pacientemente, apesar dos brutais recuos episódicos ... resulta afinal da gesta dos nossos antepassados, da distante civilização megalítica, que ergueram os dolmens, menhirs e outros monumentos, que cobrem uma vasta extensão de território, desde os brumosos recantos da Irlanda e da Escócia até aos territórios do Extremo-oriente.
Tive consciência clara desta realidade ao deparar-me, alguns anos depois, com os monumentos da civilização megalítica na Coreia.
Esta península mágica preserva ciosamente os vestígios dum tesouro de sabedoria.
A ciência megalítica dos povos euroasiáticos é igualmente a ciência dos astros, da verdadeira comunhão universal.
Sabiam alinhar as pedras pelos solstícios, conheciam técnicas para transportar imensos blocos a grandes distâncias.
Tinham uma devoção profunda, como se pode inferir pelo trabalho árduo, oferecido à Divindade, para erguer seus templos e outros locais de culto...
Pensei que, estudando e divulgando esta civilização megalítica, verdadeiramente transcontinental, iria abrir a compreensão de que, sem anular as variadas culturas, existe uma grande unidade na imensidão do espaço continental Euro-Ásia. A tomada de consciência destes factos poderia facilitar um horizonte de paz, de abundância e de trocas frutíferas entre povos. Se isso ocorreu há 3000 ou mais anos atrás, por que não agora?
A civilização megalítica partilhava as mesmas tecnologias da pedra e do metal em toda a extensão do Continente Euro-Asiático. Os mesmos processos técnicos resultaram em formas notavelmente semelhantes.
Existem diferenças culturais nas decorações, mas são pouco relevantes para o nosso olhar de hoje. Não existem diferenças notáveis entre muitos artefactos da mesma época, recolhidos nas margens do Atlântico ou do Pacífico.
Trata-se de um contínuo étnico, cultural: tal é o sentido da existência de obvias semelhanças nos monumentos ou utensílios produzidos na mesma época e separados por dezenas de milhares de quilómetros!
Trata-se de um contínuo étnico, cultural: tal é o sentido da existência de obvias semelhanças nos monumentos ou utensílios produzidos na mesma época e separados por dezenas de milhares de quilómetros!
- Então, como foi possível, na ausência de meios seguros e rápidos de comunicação, estabelecer-se tal unidade?
A transmissão cultural é muito rápida e vários fatores podem ter sido propícios: Houve grandes migrações dentro do continente Euroasiático. Nota-se a existência de um corpo de mitologias comuns, ou interconectadas. Verifica-se uma transmissão célere tanto dos saberes técnicos, como de crenças religiosas.
Os mitos e as narrativas heroicas, as tradições orais, as línguas, os Deuses e seus atributos, são muito semelhantes e não podem ser fruto do acaso. Têm de resultar de tradições comuns ou afins, que se foram cristalizando em cultos, ciclos épicos, lendas, em práticas e ritos... Estas diversas manifestações de cultura dos povos têm tal ar de parentesco que não podem ser devidas a uma «convergência evolutiva».
É muito mais sensato postular uma origem comum, pois não se trata de escassas coincidências pontuais; as culturas que brotaram nos espaços euro-asiáticos foram realmente todas descendentes do mesmo substrato, da civilização megalítica.
Os mitos e as narrativas heroicas, as tradições orais, as línguas, os Deuses e seus atributos, são muito semelhantes e não podem ser fruto do acaso. Têm de resultar de tradições comuns ou afins, que se foram cristalizando em cultos, ciclos épicos, lendas, em práticas e ritos... Estas diversas manifestações de cultura dos povos têm tal ar de parentesco que não podem ser devidas a uma «convergência evolutiva».
É muito mais sensato postular uma origem comum, pois não se trata de escassas coincidências pontuais; as culturas que brotaram nos espaços euro-asiáticos foram realmente todas descendentes do mesmo substrato, da civilização megalítica.
As sociedades desse tempo tinham uma densidade populacional fraca; quaisquer humanos que surgissem no seu território, se tivessem intenções pacíficas, como o comércio, eram bem-vindos.
Penso que o Continente Euroasiático é uno, não apenas em termos físicos, mas também de geografia humana. As montanhas dos Urais não constituem um verdadeiro obstáculo às migrações. Na Eurásia existem povos muito diversos, mas um elo ténue une os seus povos, de um extremo ao outro; ele existiu no passado e continua no presente, nunca se quebrou.
A emergência de Estados e de impérios, impostos pela violência, veio ofuscar - transitoriamente- esta profunda unidade cultural.
Porém, agora podemos viajar pelo vasto mundo, podemos nos maravilhar e nos reencontrar, numa escala nunca antes sonhada.
Devemos celebrar este feito, mas não atribuí-lo ao «globalismo», que é uma ideologia. O respeito pela diversidade cultural é o contrário dele. O globalismo é destruidor da diversidade dos povos e das culturas, é a imposição dum modelo cultural único.
O meu voto para 2017 é que a luz do espírito e da fraternidade dos povos seja capaz de superar as forças da destruição e obscurantismo.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2016
ANTÍDOTO PARA A CONSPIRAÇÃO GLOBALISTA
Os políticos e os banqueiros não gostam de pessoas que realmente expõem à luz do dia e denunciam as CONSPIRAÇÕES que os mantêm no poder...
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
NATAL… NÃO É AQUILO QUE PENSAS
O Natal é celebrado nos diversos recantos do mundo, não apenas nos sítios em que
existe devoção cristã e prática assídua dos ritos, como em muitos outros
sítios, por muitas pessoas que não estão a pensar no nascimento do Menino
Jesus, ao comemorarem o Natal.
O
Natal paganizou-se ao longo do século XX, perdendo o cariz estrito de festa
religiosa, nos nossos países ditos cristãos, na exata medida em que eles mesmos
se paganizavam.
A
nova «religião» do consumismo ia progredindo, à medida que eles se tornavam
países mais ou menos afluentes ou onde os elementos mais afluentes da sociedade
exibiam o seu poder de compra, a sua alegria de consumir, comprando prendas,
fazendo festas e cometendo excessos de comida e bebida. Não creio que
estivessem conscientes de que reproduziam, embora com adaptações, a
festa pagã do «Sol Invictus», que era celebrada na Roma antiga e no Império
Romano: Este culto solar era universal, de uma forma ou outra era celebrado em todas as grandes religiões pagãs da
antiguidade... Esta festa, em Roma, estava associada às Saturnalia, em honra do
patrono da Cidade e era pretexto para excessos de toda a ordem.
O
Deus Sol, segundo os primeiros cristãos seria uma antevisão confusa do Messias. O símbolo do solstício de Inverno, propiciador de ritos em adoração ao
Deus, foi assim subvertido completamente pelos teólogos para que o povo recém-cristianizado
deixasse de celebrar as Saturnalia e adorasse o nascimento da Luz do Mundo, de
Cristo Redentor.
Nestas épocas, em que as pessoas comuns tinham uma vida curta
e bastante dura, em que a tradição oral era poderosa, tal
conversão de símbolos foi eficaz. Também o foram a cristianização de símbolos
de fertilidade pagãos (os ovos, os coelhos de Páscoa), por ocasião da Páscoa. Embora, neste caso, a tradição da
Páscoa judaica impôs-se naturalmente na religião recém-constituída, tendo sido
associada à Paixão e Ressurreição de Cristo.
O
que os poderes civis e religiosos sempre fizeram e continuam fazendo é
estabelecer e perpetuar uma série de comemorações, de feriados e de rituais,
que têm como efeito imediato marcar o tempo vivido, o tempo subjetivo das sociedades
em geral, mas também de todos os indivíduos, seja qual for o seu credo
religioso. Também num país muçulmano os feriados marcarão o calendário e os não
seguidores desta religião terão de se conformar com tais ocasiões, mesmo que
não partilhem esses significados simbólicos.
Nos
países de capitalismo de Estado, quer na defunta URSS e satélites do Leste,
quer na China e outros, houve campanhas oficiais para abolir a religião,
sobretudo no período do estalinismo, mas essas campanhas não tiveram o resultado esperado: o povo permaneceu, em segredo, profundamente religioso.
Podemos
ver que, em geral, a repressão da religião traz sempre um reforço da mesma, fanatismo gera
fanatismo, intolerância gera intolerância, é assim que se originam as divisões
no seio dos povos, que se originam conflitos com base religiosa.
No
Islão, conflito entre sunitas e xiitas - sempre latente desde o grande cisma –
estava adormecido e foi reavivado na sequência das invasões ocidentais do Iraque e dos
outros países do Médio Oriente. Aí, os EUA e vassalos
da NATO (países ditos «cristãos», com excepção da Turquia) têm tentado impor a sua «democracia» a ferro e fogo.
Embora
as circunstâncias sejam diferentes, vemos que existem analogias mais do que
superficiais com as guerras de religião que assolaram a Europa dos séculos XVI
e XVII.
Tanto
os países de religião oficial católica como protestante, tinham uma política de
total intolerância e discriminação dos cidadãos do próprio país que tivessem o credo minoritário. Perseguiam e suprimiam com enorme
crueldade toda a dissidência religiosa. Iniciavam guerras religiosas que
devastavam grande parte dos países, comparáveis às guerras contemporâneas. As alianças entre chefes de Estado
seguiam, no geral, a linha divisória Católicos/Protestantes.
Muito do
comportamento político-religioso dessa época reproduz-se agora, no mundo de hoje.
O
conceito de laicidade, que o filósofo Espinoza defendeu no seu «Tratado
Teológico Político», foi uma resposta inteligente da elite intelectual da época, retomada
pelas sociedades e por fim pelos próprios Estados a esta vaga de intolerância destruidora
do tecido social, económico e das relações internacionais.
A
laicidade não significa que as diversas religiões estejam «em pé de igualdade». No
sentido inicial que lhe deram Espinoza e outros filósofos políticos era antes
a neutralidade estatal perante a religião: O Estado não se imiscuía nos assuntos
religiosos, as leis não refletiam as escolhas pessoais dos monarcas por esta ou
aquela religião.
Em
caso algum, se tinha o objetivo de colocar no mesmo pé, dar igual oportunidade nos
media do Estado, às diversas confissões religiosas, ou ter aulas de religião
nos estabelecimentos de ensino do Estado, ministradas pelas diversas religiões.
Essa
interpretação da laicidade é realmente muito falsa, pois significa realmente a
perpetuação da «mão do poder estatal» nos assuntos religiosos.
Penso
que é muito importante, compreender que a paz civil, a concórdia entre pessoas
com credo religioso diverso ou sem religião, é um valor positivo muito
importante agora, não apenas no século XVII e aqui também, na Europa, não
apenas no Médio Oriente.
Especialmente,
quando as fanatizações político-religiosas de diversos elementos conduzem a
intensificar os ataques terroristas, dirigidos indiscriminadamente a pacíficos
cidadãos.
A
ideia de que se deve dar uma tribuna às diversas religiões, nos meios de
comunicação públicos estatais é mortífera. Bem entendido, considero essencial
para o exercício da liberdade de imprensa e de opinião, que toda e qualquer corrente
religiosa tenha o direito de produzir e difundir sua propaganda, como entender. Mas que o faça com seus meios próprios, não com os meios do Estado. Não considero lícito que o Estado censure e persiga judicialmente alguém ou uma
entidade, apenas por fazer ataques contra a religião A ou B.
Defendo que é ao nível da
sociedade civil, na opinião pública, que tais comportamentos devam ser
energicamente combatidos pelas pessoas esclarecidas da sociedade, cientes do
risco dos elementos fanáticos tomarem a dianteira da cena e desencadearem vagas de intolerância.
A
não-ingerência do Estado nos assuntos religiosos tem um efeito benéfico na
liberdade religiosa, em geral. Esta noção deveria ser compreendida pelos
hierarcas das diversas religiões, minoritárias ou maioritárias.
Nos países de tradição cristã, países que hoje se declaram «laicos», as hierarquias
católica, ortodoxa, anglicana ou luterana estão muito imiscuídas em assuntos de Estado, embora em graus
diversos, quando são maioritárias.
Argumenta-se
em defesa deste estado de coisas com a tradição. Mas a tradição não pode ter
maior importância do que a paz civil.
- Haverá
algo pior do que uma guerra civil?
- Resposta:
Não, nada pior ...a não ser uma guerra civil de religião.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
COMO SE INSTALA A CENSURA, HOJE EM DIA
Para se poder delimitar, isolar e combater esta hidra, devemos descrever as formas de que se reveste, os seus disfarces e pseudo justificações.
A censura é a forma mais acabada de autoritarismo, vai de par com as derivas securitárias, pois quanto mais autoritário for um regime maior é o aparato de censura.
Porém, mesmo nos regimes onde - supostamente - é reconhecida a liberdade de expressão e de informação, existem formas de censura muito eficazes - ou mesmo mais - dos que nos regimes abertamente autoritários.
A auto-censura é um deles; é vulgar haver pressões em relação a este ou aquele assunto ou personagem. Essas pressões são subtis em muitos casos, não permitindo que, quem sofre o ato discriminatório ou censório, possa apontar uma ação concreta.
É muito banal a media ignorar um acontecimento, uma iniciativa, uma tomada de decisão coletiva, uma manifestação ou uma greve. Trata-se da técnica que designo de «não inscrição». Uma forma mais refinada da mesma técnica pode passar por referir esse acontecimento, mas de maneira que não permita ao público compreender a sua relevância.
Sobretudo, o poder tem sempre a palavra, a voz do poder está omnipresente, quer esse poder seja governo, oligarquia, ou até os cortezãos de uns e outros.
Este monopólio do poder faz com que o espaço-tempo não sobre para o que seria menos conveniente relatar. Isto, porém, tem de ser disfarçado; só assim conserva a eficácia junto dos espectadores/auditores: tem de haver de vez em quando, algumas referências ao anti-poder, senão o jogo torna-se demasiado óbvio.
A media corporativa está sempre disponível para distorcer, eludir, truncar, quando não mesmo, falsificar o discurso, a mensagem de entidades anti-sistema. Mas o melhor, para a média vassala do poder, é ignorar essas vozes. Só recorre à distorção quando já não pode ignorar
Na era da Internet, este joguinho tornou-se mais difícil.
Trata-se agora de demonizar abertamente as fontes independentes, classificando-as como «pró-russas» (amanhã será outra etiqueta, se isso convier às oligarquias reinantes).
Tudo o que essas fontes produzem como notícias é então considerado «fabricado» (fake) mas quem decide o que é ou não é fabricado?
Temos a instalação de autênticas comissões de censura na Internet, nas redes sociais, por exigência dos poderes, que irão excluir certos blogues, certas páginas, certas fontes...
Os pretextos são sempre os de «proteger» contra coisas que todos nós achamos horríveis, tais como «pedofilia, terrorismo, crueldade contra animais, etc.» São justificações que «passam» muito bem, que tranquilizam as pessoas meio-adormecidas.
Será ingenuidade ou conformismo ou pior, não sei. Mas como se pode acreditar que os governos e meia-dúzia de corporações que dominam tudo (televisões, redes Internet, rádios, jornais, magazines) ...estão realmente preocupadas com nossa segurança?
Como dizia Benjamin Franklin: «Quem aceita perder a liberdade em troca de maior segurança, não merece nem uma, nem outra...»
terça-feira, 20 de dezembro de 2016
DEFINIÇÃO DE IDIOTA ABSOLUTO
Podemos ter, num ou noutro momento, tomadas de posição pouco consentâneas com a racionalidade e o bom-senso; não estou a referir-me a essas situações pontuais, que - de facto- acontecem aos melhores, aos mais inteligentes! Refiro-me a casos persistentes, constantes, previsíveis:
- Um idiota absoluto é aquele que persiste com a sua própria narrativa, com as suas teorias, seja qual for o desenlace dos acontecimentos.
- Aquele que não examina os factos, a realidade, no sentido de corrigir aquilo que tem de ser corrigido na sua posição.
- Aquele que recusa a sentença da realidade: se a realidade contradiz a sua teoria, é a realidade que está errada e que tem de ser modificada.
- Aquele que se julga forte por manter a sua leitura dos acontecimentos, apesar de todas as evidências, porque a «maioria» adoptou essa mesma postura.
Muita gente confunde «ter convicções», ter «determinação», com estas posturas típicas de idiota absoluto.
- Uma pessoa inteligente e que tem convicções, não teme que alguém venha examiná-las, pô-las à prova, ou pô-las em causa.
- Alguém inteligente sabe que uma teoria não é mais do que uma hipótese que ainda não foi destronada por factos concretos e que deverá dar prioridade aos factos, se estes contradizem essa tal teoria, no todo ou em parte.
- Finalmente, uma pessoa inteligente não tem receio de confessar que errou e está, por isso mesmo, em condições de corrigir-se.
- Um idiota absoluto é aquele que persiste com a sua própria narrativa, com as suas teorias, seja qual for o desenlace dos acontecimentos.
- Aquele que não examina os factos, a realidade, no sentido de corrigir aquilo que tem de ser corrigido na sua posição.
- Aquele que recusa a sentença da realidade: se a realidade contradiz a sua teoria, é a realidade que está errada e que tem de ser modificada.
- Aquele que se julga forte por manter a sua leitura dos acontecimentos, apesar de todas as evidências, porque a «maioria» adoptou essa mesma postura.
Muita gente confunde «ter convicções», ter «determinação», com estas posturas típicas de idiota absoluto.
- Uma pessoa inteligente e que tem convicções, não teme que alguém venha examiná-las, pô-las à prova, ou pô-las em causa.
- Alguém inteligente sabe que uma teoria não é mais do que uma hipótese que ainda não foi destronada por factos concretos e que deverá dar prioridade aos factos, se estes contradizem essa tal teoria, no todo ou em parte.
- Finalmente, uma pessoa inteligente não tem receio de confessar que errou e está, por isso mesmo, em condições de corrigir-se.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2016
INQUIETUDE
Seja-me permitido, num blogue pessoal, dar vazão aos meus sentimentos pessoais, subjetivos.
Sinto inquietude pelo que vejo à minha volta.
Sinto um certo grau de angústia pela observação de comportamentos estranhos, segundo a minha maneira de ver as coisas.
Tento compreender porque pessoas amigas, infelizmente demasiadas, estão sempre a postar no facebook coisas totalmente pessoais e irrelevantes mas como se outros devêssem estar ao corrente...
O efeito é insólito, assemelha-se ao célebre « espiar pelo buraco da fechadura» só que ao contrário: aqui, quem convida a ver «através do buraco» é o próprio observado... estranho!
Outros, fazem questão de fotografar ou filmar as poses e brincadeiras dos seus animais de companhia. Assim, pensam eles, serão assimilados às «coisas fôfinhas» que vemos nessas fotos, nesses vídeos?
Outros ainda, esmeram-se a repoduzir pratos de suculenta cozinha feitos em casa ou comidos no restaurante... para fazer inveja???
Enfim, a grande maioria usa a Internet para cultivar o seu ego, o seu narcisismo...sem qualquer disfarce, sequer.
O narcisismo sem disfarce, egolâtrico, é provavelmente o traço que eu menos aprecio e mais me afasta quando o vejo em alguém. Serei um bicho esquisito? Provavelmente, sim...
Gostava de contactar com pessoas que têm curiosidade e vontade de aprender todos os aspetos da vida humana, da natureza, do universo. Será assim tão difícil encontrar indivíduos que sejam genuinamente interessados?
A revolução da Internet, veio banalisar o acesso aos saberes, mas não fez com que as pessoas se tornassem mais desejosas de obter esses saberes.
Pelo contrário, as pessoas fecharam-se dentro dos seus mundos virtuais ou dos seus pseudo-relacionamentos sociais, que não trazem - aparentemente- mais do que um reforço do seu narcisismo.
O narcisismo é típico de pessoas com estrutura pouco sólida, mas não é vulgar - pelo menos não se manifesta abertamente - naqueles que têm forte personalidade.
As pessoas boas estão «contaminadas» pela visão ingénua de notícias chocantes, nacionais ou internacionais, que lhes fazem «pintar» o mundo com certas cores, exatamente as cores que convém aos corporatistas e globalistas!
Neste momento em que o mundo está à beira da catástrofe, ou seja, que se dirige a passos largos para uma IIIª guerra mundial, é muito difícil debater com alguém, mesmo pessoas com uma certa formação de base, que se julgam informadas: na verdade, estão adormecidas ou iludidas, porque estão (estamos todos) sujeitas a doses maciças de propaganda disfarçada de informação.
As pessoas não ficaram melhores, nem mais informadas, pelo facto de possuírem virtualmente um acesso ilimitado a toda a espécie de «informação».
A propaganda constante, fez com que grande parte das pessoas se retraísse, deixasse de tomar qualquer parte ativa na cidadania, na sociedade: ficam-se por círculos mais ou menos herméticos, sobretudo muito confortáveis, pois aí, cada pessoa só encontra reforço positivo, não encontra pessoas com uma visão contrastante do real; mesmo que esses círculos não sejam seitas, têm um pouco a sua postura, as chamadas «capelinhas».
Não consigo ter a frieza de alguns, que dizem: «pois têm aquilo que merecem!» - O que vem aí, ou já está aí, é uma espécie de autoritarismo ou fascismo «soft».
Muita gente vê esse monstro cada vez mais perto e depara-se com uma indiferença, denegação e/ou cobardia de seus concidadãos. De certeza essas, pelo menos, não o «merecem». Também os povos dos países do Terceiro Mundo, na sua imensidão, não têm responsabilidade na corrida aos armamentos, na deriva para uma guerra cada vez menos fria e para a escolha ou passiva aceitação de líderes demagógicos, agressivos, corruptos.
Mas quem tem um mínimo de formação, quem vive nos países ricos e goza de um certo grau de liberdade de opinião (ainda)... não terá obrigação de acordar e de alertar sobre o que se está a passar?
Parece que sou eu que estou louco e que todos os outros são equilibrados. A ver vamos, como reagirão eles nas circunstâncias do colapso de um mundo que davam como «certo e seguro».
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