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terça-feira, 4 de novembro de 2025

ESPIRAL ASCENDENTE DA DÍVIDA AMERICANA

 



Enquanto a inflação continua elevada, a FED (Federal Reserve= banco central dos EUA) vai cancelar o programa de QT (Quantitative Tightening), o que equivale a aumentar a liquidez no mercado. Simplesmente, a quantidade de dívida que os EUA têm de pagar está a subir exponencialmente. Agora, o aumento é de 3 mil milhões de dólares por dia. Agora - no orçamento dos EUA - os juros da dívida pesam 17% do total. Esta espiral vai acabar mal, mas quem vai sofrer não são os grandes accionistas, os grandes bancos, nem a elite corrompida de Washington. O colapso vai atingir os pequenos aforradores, os pensionistas, os trabalhadores no ativo, as pessoas dependentes do Welfare State (o Estado de Bem-estar). Mas, também serão sacrificados muitos pequenos empresários, que terão de declarar falência.

Comparada com a crise de 2008, esta crise vai ser muito mais severa. A sua gravidade será igual ou maior que a da crise de 1929.

Note-se que agora, a financialização da economia está muito mais avançada que naquela altura (1929).

Enquanto na crise de 2008, os Estados puderam socorrer a banca comercial e grandes empresas, com empréstimos praticamente gratuitos (juro quase zero). Além disso, os Estados e bancos centrais compraram ativos «podres» das empresas ao seu valor nominal. Deste modo, ofereceram somas colossais por ativos que não valiam nada e que não tinham hipótese de vir, um dia, a recuperar o dinheiro investido.

Mas, agora, a crise da dívida não se confina às empresas e aos bancos comerciais; ela atinge os bancos centrais e os Estados.

Não vai haver entidade exterior para fazer um «bail-out» (resgate vindo do exterior). Em todo o planeta, não haverá entidade capaz de resgatar a Reserva Federal ou o Tesouro dos EUA. Como não haverá possibilidade de reproduzir a «solução» provisória da crise de 2008, será o povo a pagar. Não apenas o povo dos EUA, como ao nível mundial, visto que o dólar continua a ser usado em 55% das trocas internacionais.

Hiperinflação, desemprego em massa, ditaduras policiais, guerras, tudo o que já começámos a sofrer nestes últimos tempos, irá  manifestar-se num grau muito mais intenso.

Neste contexto, é melhor as pessoas agirem depressa e adquirir tudo o que não seja ativo em «papel».

A subida das ações não é resguardo, não apenas porque pode haver um crash bolsista; também pelo facto de que a «subida» das ações deve ser avaliada em relação à desvalorização da divisa fiat na qual estão cotadas: Se uma ação cotada em dólares, sobe de 10%, mas estes dólares perderam 15% do seu valor (é o que o dólar perdeu, desde Janeiro de 2025, face ao ouro), então a pessoa julga ter ganho 10% e na realidade, perdeu 5%.

As obrigações, sejam de empresas ou soberanas (títulos de dívida do Tesouro de um dado país), vão perder toda a rentabilidade, num contexto de grande inflação, pois serão geralmente de juro com  taxa fixa, a qual será menor que a taxa de inflação real. As obrigações indexadas serão um pouco menos más, porém, a subida dos seus juros nunca cobrirá a desvalorização acelerada do dinheiro.

 Ativos não dependentes de divisa fiat: Os metais preciosos (ouro em barra, prata em barra, platina e palladium) ; o imobiliário (mas atenção: O imobiliário de luxo ficará relativamente mais desvalorizado, pois em contexto de crise, ninguém terá capacidade de o adquirir ou alugar); os terrenos agrícolas (se forem cultiváveis e se houver conhecimento técnico que permita rentabilizá-los); obras de arte e objetos de coleção (deve-se conhecer o mercado de arte e de coleccionismo, pois muitos objetos estão sobrecotados).

A divisa fiat é pouco fiável para avaliar o valor de um objeto. Ela está constantemente a desvalorizar-se; esta perda de valor é ainda maior num contexto de grande inflação.

Quanto aos bens acima enumerados, eles nunca deixarão de ser possuidores de valor próprio, qualquer que seja o novo sistema monetário que vier a ser adoptado depois da grande crise.

Pelo contrário, o numerário, os depósitos, as participações em fundos financeiros, as acções e as obrigações podem descer para 0 - 20 % do valor na altura da compra, ou seja, os seus detentores irão perder entre 100% e 80% do seu investimento.

As dívidas à banca são geralmente contraídas com juros variáveis; elas podem aumentar a um nível difícil ou impossível de pagar. Por isso, é melhor liquidar as dívidas existentes e não contrair novas.

Cultivar nossos talentos, em especial, os que a sociedade considera úteis, manter e reforçar os laços com a família e com amigos, são especialmente importantes neste contexto.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

CONTAS PÚBLICAS NOS EUA - A CATÁSTROFE APROXIMA-SE

Comento algumas tabelas e gráficos, abaixo, que ilustram o artigo de Egon Von Greyerz

A tabela abaixo faz o historial dos balanços entre as colectas de impostos e os défices federais, desde 1981. Note-se o comportamento exponencial dos défices, enquanto as receitas têm um crescimento linear modesto, no melhor dos casos. 

                 

A dívida federal vai-se acumulando de maneira insustentável. Tenha-se em conta o facto de que a dívida tem sido colmatada com empréstimos obrigacionistas, as «treasuries», sendo que estas obrigações soberanas recebem juros, os quais são inscritos no orçamento federal. Em pouco tempo, o montante dos juros será superior às receitas dos impostos. 


Von Greyerz vê como provável que a dívida atinja o valor de 40 triliões de dólares, em 2025. 

Costuma-se apontar as mazelas europeias, mas a imposição dos programas de austeridade da União Europeia e a política do Banco Central Europeu estão a anular os défices, estão a conseguir controlar as contas públicas (apesar da Grécia, de Espanha, de Itália) 
... Por contraste, o défice dos EUA vai-se acentuando, sendo notória, no gráfico seguinte, a divergência entre os EUA e a UE.

                                                                      








Claro, existe o Deutsche Bank, um banco privado alemão, com uma internacionalização tal que faz dele o maior banco europeu e um dos maiores bancos mundiais: tudo indica que, ao mínimo abanão no sistema, o DB irá dar um grande trambolhão. 
Abaixo, a evolução do valor das acções do DB, em sobreposição com  a evolução do Lehman.


Não existe nenhum pedaço «saudável» na economia de casino ocidental... O colapso do DB será ressentido em todo o mundo como o de um «novo Lehman Brothers», com efeitos em todo o sistema financeiro mundial.                      

É impossível fazer o «bail in» ou «bail out» («resgate interno» ou «resgate externo») de um monstro deste tamanho. Tem activos com dimensão equivalente a 50% do PIB alemão e uma carteira de derivados de 14 vezes o mesmo PIB!